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História The Last Job - Especial


Escrita por: ManuSolaceDiAngelo

Notas do Autor


Sim, não resisti e fiz um bônus! Tem amor e fofurinhas e mais um tantinho de Mr. V.

Capítulo 2 - Especial


THE LAST JOB - ESPECIAL

“For all the time you stood by me
For all the truth that you made me see”

Seu Bebê fez falta quando Renan acordou sozinho na manhã daquele sábado. A escola de música não abria aos fins de semana. Era quando ele e Bernardo podiam passar um tempo em família com o pequeno Kevin.

Três anos haviam se passado. Três longos anos na opinião de Renan. Todas as manhãs quando acordava a primeira visão que tinha era o logo de sua loja de discos e instrumentos musicais “New York Music” decorando parte da parede do quarto. O fazia lembrar de toda a trajetória até ali.

Foi duro ser rejeitado pela sociedade quando se lembravam dos crimes de Mr. V., foi difícil não conseguir emprego na escolas devido ao seu passado criminoso, foi difícil erguer sua vida novamente como um novo homem, como um homem bom quando a memória das pessoas só viam nele o antigo Renan, o Mr. V.

E doeu muito mais quando orfanato negou o primeiro pedido de adoção de Kevin devido aos antecedentes criminais. Doeu ver Bebê triste, mesmo que ele não demonstrasse. Doeu quando, naquela madrugada, ele viu Bernardo chorar sozinho depois de não poderem adotar o filho que tanto queriam. Pensou em desistir de tudo. Pensou em largar Bernardo e deixá lo viver ao lado de alguém correto, alguém melhor que ele.

Bernardo tentou disfarçar que havia chorado quando sentiu Renan sentar ao seu lado. Olhou para o chão torcendo para o escuro esconder o olhos inchados e o nariz vermelho. Nenhum dos dois falou nada por um tempo, cada um perdido em seus próprio pensamentos.

Bernardo merecia ser feliz, era o que Renan pensava. Merecia alguém para amá-lo e dividir uma vida, uma família. Renan sentiria falta dos momentos bons que passaram juntos, de todos os sábados que Bernardo foi visitá-lo na prisão e dizia que o esperaria, de tudo o que lutaram para criar a loja de discos e instrumentos musicais. Mas era o correto a se fazer.

- Bebê, temos que conversar - ele disse tentando controlar a crescente vontade de chorar que subia por sua garganta - Eu tomei uma decisão. É o melhor para você. Eu sei que é.

- O que você quer dizer com isso? - Bernardo desistiu de esconder sua lágrimas. Primeiro era seu filho que não podia ter, agora o homem que amava também o deixaria? - É mesmo o melhor? Pra quem?

- Amor… - Renan quis ter um motivo para justificar seus atos, mas de repente tudo o que havia pensado pareceu sem sentido. Era Bernardo quem o fazia feliz, e as lágrimas no rosto do marido mostravam que o sentimento era mútuo. Desistiu de tudo - Nada, eu não quis dizer nada! Eu te amo. Não vou a lugar nenhum, Bebê.

E naquela noite, decidiram lutar com todas as armas para mostrar ao orfanato que seriam bons pais para Kevin.

E depois de insistir em deixar os currículos nas escolas da região, Renan foi contratado e passou a ensinar música para crianças do ensino fundamental. Persistiu firme na tarefa de fazer os pais confiarem em seu trabalho, e no fim valeu. Era querido pelas crianças e pelos pais. Renan se sentia como se Mr. V. nunca houvesse existido em sua vida.

E Kevin pôde ser adotado. Ele, Bernardo e Renan formavam a mais feliz das famílias.

“For all the dreams you made come true
For all the love I found in you
I’ll be forever thankful, baby
You're the one who held me up
Never let me fall
You're the one who saw me through, through it all”

*****

- Kevin, rapazinho, hora de acordar - Velásquez disse abrindo a porta do quarto do filho. Não houve respostas - Filho? Vamos acordar?

Kevin não respondeu. O garoto não estava na cama e em nenhum lugar do quarto. Renan procurou pelo banheiro, pela cozinha, na área externa da casa até se cansar e não encontrou sinal da criança pela casa. Seu instinto de pai falou mais alto. Sabia que o pequeno estava em perigo. Retirou o celular do bolso e digitou o número do marido em desespero.

- Bebê, o Kevin está com você? - perguntou antes de a pessoa do outro lado da linha pudesse dizer algo.

- Imaginei que ligaria uma hora ou outra - um homem que não era Bernardo atendeu - e sim. O Kevin está comigo, e o Bernardo também.

Renan deixou seu corpo cair no sofá atrás de si. Sentiu surgir em si um sentimento desconhecido por ele há muito tempo. Suas mãos suavam de raiva. Quem aquele homem pensava que era para sequestrar sua família?

- Eu já perdi uma família por causa de gente como você - ele disse em um tom frio típico de Mr. V. - Não vou perder outra. NÃO VOU! - gritou cego de raiva.

O bandido segurava o aparelho de celular no viva voz. Entre as tentativas de acalmar ao filho,Bernardo escutou a explosão do marido. Não podia deixar Renan se afogar naquele sentimento outra vez.

- Me deixa falar com ele? - pediu ao homem mascarado que o mantinha refém - por favor!

O homem bufou impaciente entregando o telefone ao engenheiro. Bernardo se encheu de uma calma que ele não sentia para dizer.

- Amor, eu e o Kevin estamos bem - garantiu ele. Renan nada disse - Amor, por favor, não faz nada que possa se arrepender depois. Por mim e pelo Kevin, ok?

Renan sentia parte da raiva diminuir, mas não o desespero.

- Desculpa, Bebê, mas eu vou fazer o que for necessário para trazer vocês de volta - Renan falou - nem que eu tenha que matar uma última vez.

Bernardo se desesperou, mas não teve tempo para dizer algo. O telefone foi arrancado de sua mãos e o sequestrador riu anasalado.

- Lindo momento, mas vamos ao que me interessa - ele disse - sua vida pela deles. Você tem até amanhã a noite para responder. Sem resgate! A sua vida pela deles.

A ligação caiu depois disso.

*****

- Charlie, preciso de ajuda - ele disse quando teve sua ligação atendida.

- Velho amigo! Se cansou de bancar o pai de família? - Charlie zombou e Renan não respondeu. Ele entendeu imediatamente que havia algo errado - O que aconteceu?

- Preciso de uma arma - disse direto.

- Velásquez, sabe que é como um filho para mim. Porque isso agora? Achei que estivesse feliz - Charlie disse preocupado.

- Só me arruma uma arma. Vou destruir a vida do homem que ousou ameaçar minha família. - sua voz estava rouca, Charlie conhecia bem quando Renan estava dominado pela raiva. Já havia visto aquela cena muitas vezes.

- Me diz quem é. Eu mesmo vou atrás dele - Charlie tentou - Não se envolve nesse mundo outra vez, garoto. Você tem uma família para cuidar agora.

- Sim, eu tenho e é exatamente isso que eu vou fazer - Renan disse impaciente - Vai me ajudar ou não?

Charlie se viu sem alternativas. Não queria ver Renan envolvido em crimes novamente, mas sentiu que ele faria uma besteira maior ainda se perdesse sua família outra vez. Prometeu que a noite Renan teria em mãos o canivete que foi seu companheiro por tanto tempo.

*****

- Já tenho sua resposta - ele disse na ligação quando o bandido atendeu - solta minha família.

- Achou que ia ser assim tão fácil? - o homem riu - quero que morra na frente dos seus. Quero que eles chorem sobre o seu sangue.

Renan tremeu com raiva. Quis gritar, mas não queria assustar ainda mais ao filho, já que o telefone estava no modo viva voz. Respirou algumas vezes antes de concordar.

- Onde então? - perguntou.

- No bar Freddie’s - a resposta veio de imediato - vou esperar ansiosamente.

*****

Faziam quase quinze anos que Renan não ia até ali. Freddie’s, o local do último trabalho, o bar onde matou os assassinos de seus pais. O bar já havia fechado a alguns anos, a estrutura ainda estava ali. E em algum local ali dentro sua família era feita de refém. Olhou para a lâmina afiada do canivete antes de empurrar a porta e encontrar a área principal do bar. O balcão onde ele se sentou antes do crime estava ali, a mancha que o sangue de Steve Preston deixou ainda estava na madeira. Se distraiu olhando a marca escura e não viu um homem entrar no local por uma das portas laterais.

- Velásquez. - ele disse - Eu particularmente preferia quando era Mr. V., ele era menos sentimental. Vejo que virou um homem honrado, bom, honesto, enfim, um grande otário.

- Onde eles estão? - Renan perguntou inexpressivo - Eu já estou aqui. Solta eles.

- Você deve amar demais aquela criança. Vai ser triste para ele crescer sem um dos pais - o homem disse como se contasse um conto de fadas - talvez ele seja levado para o fundo do poço, talvez ele tinha que viver na ruas, abusado fisicamente e psicologicamente.

- Não estou interessado - Renan cortou o homem - onde estão eles? Diga antes que eu perca a paciência.

- Me deixa contar o resto da história. Talvez você se identifique. Esse garoto aqui - apontou para si mesmo - teve que sofrer isso tudo quando um idiota assassinou o pai dele, bem aqui nesse bar,  treze anos atrás, bem aqui onde você está, bem em cima dessa mancha de sangue - a máscara não permitiu que Renan visse a expressão de raiva do bandido, mas seu tom denunciava a perturbação de sentimentos - o sangue do MEU PAI! Steve Preston! Se lembra? SE LEMBRA? Lembra do sangue dele manchando esse maldito chão?

Renan deu um passo para trás. Depois talvez arrumasse um tempo para se sentir mal pela história daquele homem, mas a cortina de frieza que o cobria naquele momento não permitiu que ele se comovesse ou sentisse culpa. Queria sua família de volta. E faria qualquer coisa para tê-la.

Ele foi o primeiro a atacar. Andou com pressa até o homem com a lâmina do canivete brilhando no escuro que o bar tomava com a chegada da noite. Chutou o estômago do sequestrador e viu o corpo dele cair no chão com um baque surdo. Cego pela raiva não notou a rasteira. Caiu ao lado do oponente e o sentiu sobre si. Sentiu o soco quebrando seu nariz e arrancando sangue do canto de sua boca. A adrenalina não deixou que ele sentisse a dor. Segurou os pulsos do homem e os torceu da maneira que conseguiu. Não quebrou nenhum osso,  mas ganhou tempo para pegar o canivete no chão e partir para cima do corpo do outro homem.

- ONDE ESTÁ A MINHA FAMÍLIA? - ele gritou indo furioso em direção ao homem - me diz ou eu faço você se encontrar com seu pai mais cedo. Aquele assassino inútil. Fiz muito bem em acabar com a vida dele. Acha mesmo que eu estraguei sua vida? Foi ELE quem destruiu a minha!

Em um canto do bar, o pequeno Kevin se abaixou assustado. Chorava baixo escutando seu pai gritar aquelas coisas. Seu herói não era tão herói assim no fim das contas. Ele não sabia o que pensar sobre seu pai.  Bernardo notou a confusão na expressão do filho.

- Papai, matar é errado, não é?  O pai quem disse. - o garoto começou e Bernardo não soube o que responder ao filho - não está certo. Isso não é certo.

Bernardo estava dividido entre parar e conversar com o filho ou tentar separar a troca de socos que tomava maiores proporções no bar. O sequestrador estava armado, Renan também, o que só o preocupava mais. Bernardo viu as lágrimas assustadas de Kevin e decidiu quem precisava dele naquele instante.

- Seu pai errou. Errou muito, mas ele se arrependeu de tudo. Ele é bom agora e ele ama muito a nós dois - Bernardo garantiu para o filho uma verdade da qual ele não duvidaria nunca - as pessoas erram, meu amor, mas elas mudam e é isso que importa no fim.

Renan não havia perdido o jeito para matar seus adversários. O sequestrador não teve chances quando Velásquez o imobilizou e pressionou a lâmina do canivete sobre a pele do pescoço do homem. Lhe veio uma sensação nostálgica.

- Foi assim que seu pai matou a minha mãe. Foi assim que ele morreu - sua voz era fria e cortante, mais que a lâmina do canivete - É assim que você vai morrer se não devolver minha família com vida.

- Me mata, eu não vou contar onde eles estão - o homem sabia desde o princípio que Kevin estava escutando a briga. Podia não sobreviver àquela briga, mas morreria manchando a imagem de herói que o garoto tinha do pai, assim como Renan havia feito muito tempo antes.

Mr. V. pode não ter reparado, mas enquanto afundava sua lâmina na jugular de Steve, encolhido no canto do balcão estava um garoto de no máximo 12 anos. Norman não sabia se chorava pela morte do pai ou por saber que ele havia matado uma família.

- Filho de uma… - Renan gritou antes de tomar a iniciativa de afundar o canivete no pescoço do homem, possesso de raiva. Antes que atingisse seu objetivo, escutou passos apressados ecoando pelo local.

- Pai - Kevin chamou choroso - Você disse que isso é errado. Não mata ele.

Renan largou o canivete.  Olhou para as próprias mãos sujas com o sangue do homem e sentiu nojo de si mesmo.  Desviou o olhar para Bernardo que vinha logo atrás e fez um pedido mudo de perdão.

Se lembrou o porque de ter deixado aquela vida para trás. O amor que sentia por aqueles dois era muito maior do que qualquer sentimento em si.

- Kevin, eu sinto tanto...Desculpa filho - pediu deixando algumas lágrimas escorrerem. O garoto abraçou a cintura do pai.

- O papai disse que temos que perdoar as pessoas quando elas nos machucam - ele disse - eu desculpo aquele homem. Você também tem que desculpar. É isso que os heróis fazem.

Falar ficou difícil com a enchurrada de lágrimas que ele chorou.

O som de porta sendo arrombada encheu o local. Os policiais chegaram. Norman Preston foi algemado e levado até a viatura ainda desacordado. Renan esperava que um dia ele pudesse mudar de vida, como ele fez.

*****

- Você está mudado, garoto - Charlie comentou satisfeito - fico feliz que tenha sido assim.

- Devia agradecer ao Bebê. A culpa é toda dele - Renan sorriu vendo seu marido e seu filho sendo atendido pelos paramédicos. - e obrigado por ter chamado a polícia. Não sei o que teria feito.

Charlie acompanhou o olhar de Renan e o viu sorrir para os dois homens de sua vida.

- Talvez esteja na hora de me aposentar, pagar minha dívida com a sociedade e partir algum dia com a consciência limpa - Renan foi pego de surpresa com a fala repentina de Charlie - Se minha opinião valer algo, como assassino de aluguel, você é um ótimo pai de família, garoto.

Renan viu satisfeito quando Charlie caminhou até a viatura, abordou o policial mais próximo e disse:

- Eu, Charlie Zachary, 56 anos, acho que fiz sonegação fiscal, falsidade ideológica, homicídio, porte ilegal de armas e mais umas coisas aí. Enfim,   confesso perante juízo a participação em todos esses crimes, blá blá blá e isso aí. Pode me prender agora, rapaz!

Renan se sentiu mal quando caiu sobre si a desgraça de uma criança. Aquele sequestrador, Norman Preston, havia trilhado aquele caminho por sua culpa. Agora, vendo Charlie fazer o certo, sentiu um peso sair de seus ombros. Havia transformado a vida de alguém e foi para melhor.

*****
“You saw the best there was in me
Lifted me up when I couldn't reach
You gave me faith cause you believe
I'm everything I am because you loved me

My world is a better place because of you”

- Estou orgulhoso de você - a voz de Bernardo encheu o quarto - sabia que você não ia voltar a ser… aquele cara de antes.

- Eu quase matei alguém na frente do Kevin - Renan disse - não sou motivo de orgulho para ninguém. Quase tirei a vida de outra pessoa na frente de uma criança.

- Mas não matou. - Bernardo disse enérgico - Lembra quando você prometeu que aquele seria seu último trabalho? E você cumpriu. Por mim e pelo Kevin.

Bernardo tomou as mãos do marido entre as suas. Fez carinho sobre a aliança dourada do casamento. E ele se lembrou do que prometeu a si mesmo quando treze anos antes perdoou Renan por aquelas atitudes. Não se arrependia de nenhum dos sábados que passou visitando o marido na prisão, não se arrependia de estar ali em nenhuma das batalhas para Renan conseguir um emprego.

- Eu nunca vou desistir de você - disse fitando os olhos verdes do marido - Eu te amo! Não desisti antes e não vou fazer isso agora. Somos feitos um para outro lembra?

- Acho que somos. - eles sorriram se lembrando de como a noite terminou da última vez que trocaram aquelas mesmas palavras.

Seus lábios se encontram em um beijo carinhoso. Colaram suas testas e trocaram um olhar apaixonado.

- PAI! - Kevin entrou no quarto correndo. Carregava na mão duas espadas de plástico - Me ajuda! O monstro de piche quer dominar o nosso quintal!

Renan sorriu feliz para o marido antes de se levantar. Pegou uma das espadas e gritou para o filho.

- Monstro nenhum vai dominar nosso quintal!

Bernardo só soube sorrir enquanto eles corriam casa a fora, prontos para brincar de heróis.

- Como eu amo vocês! 

Abriu um sorriso e deixou que a gritaria de pai e filho fosse trilha sonora de sua felicidade.

*****


Notas Finais


Aí está! Agora sim, declaro terminada essa história!

A música em itálico é Because You Loved Me da Celine Dion.

Bjos


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