1. Spirit Fanfics >
  2. The Last Kiss >
  3. Zona Neutra

História The Last Kiss - Zona Neutra


Escrita por: GiullieneChan

Notas do Autor


"Ouça, as crianças da noite, que bela música elas fazem."<br />
Drácula, de Bran Stoker

Capítulo 2 - Zona Neutra


Fanfic / Fanfiction The Last Kiss - Zona Neutra

—Vai me ouvir agora?

Ela observava-o, esperando uma reação às suas palavras. Mas o homem diante dela não demonstrava nada. Após um longo e sufocante silêncio, ele finalmente se pronunciou:

—O que tem a me dizer?

Marin sorriu, ao menos conseguiu chamar a sua atenção.

—Quer informações sobre o médico sequestrado? Eu tenho algumas...

—Qual é o seu interesse nisso? Pelo o que me disseram, sua raça está envolvida nesse rapto! -disse-lhe nada convencido. -A questão é: O que pretendem com um médico?

—Ah-Ham! -ela fez um gesto negativo com a cabeça. -Deixe-me esclarecer uma coisa...Nem todos os da Minha Raça querem dominar o mundo ou promover mortes desnecessárias! Os que levaram aquele médico foram considerados rebeldes pelos Príncipes e em consequência traidores. Mas acredito que tenham sido levados por algum motivo muito forte, pois nunca nos expomos assim! Sem mim, você não conseguirá chegar até eles.

—Diga logo o que quer. Não tenho tempo a perder! -resmungou impaciente.

—Uma aliança. Você quer o médico, eu quero os rebeldes! -ela estende a mão como se quisesse firmar um acordo, Aiolia ergue a sobrancelha e a encara. -Sem apertos de mão?

—Acha mesmo que eu me aliaria a um sanguessuga?

—Ouça bem. -ela estava ficando impaciente. -O Príncipe da cidade de Atenas não gostou nada da ideia dos rebeldes terem trazido o doutor Kido para cá. Uma porque pode parecer aos olhos dos outros que ele está de acordo com o que houve e segundo, ele se preocupa com o anonimato de nosso clã. No entanto, não conseguimos descobrir onde eles estão escondidos, o que reforça a nossa desconfiança que há um traidor em nosso clã acobertando-os. E tenho meus motivos pessoais para encontrá-los. Vamos nos unir e resolver isso.

—O que você sabe?

—Que um dos envolvidos no rapto foi visto na Boate Lamiai, que fica afastada da cidade.

—Lamiai...certo. Agora, adeus! -ele deu-lhe as costas, se afastando da mulher.

—HEI! -ela aparece diante dele como se movesse a velocidade do som. -Não pode ir sozinho até essa boate, seria suicídio!

—Só porque lá é um refúgio neutro para todos os clãs de vampiros deste lado da Europa? E que sua proprietária é uma vampira bem sanguinária quando quer? -respondeu sarcástico. -Acha que eu não conheço todos os refúgios e buracos onde se escondem?

—As Lamiais não são vampiras muito amigáveis. -ela cruzou os braços. -Se te reconhecerem ou perceberem um humano lá...você já era! Não conseguiria enfrentar dezenas de Lamiais!

—E você quer ir comigo, acertei?

—Sim. Pode confiar em mim, Aiolia.

Falou com sinceridade e ele percebeu isso naquele olhar.

—Devo acreditar no que está me dizendo?

—Quer que eu escreva um acordo com meu sangue? -ironizou. -Ora, vamos. Estamos perdendo tempo aqui.

—Está bem. -ele arruma suas armas. -Mas se tentar algo, eu a matarei sem pestanejar!

 

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

 

Boate Lamiai.

Aiolia estacionou o carro um pouco afastado daquele lugar e observou. A maioria dos frequentadores daquele antro eram vampiros ou humanos que possuíam ligações com as criaturas das trevas. Era um lugar neutro, onde era proibido se matarem, e era gerenciado por uma misteriosa mulher, que diziam ser a criança da lendária vampira grega, Lamiai, uma dos Primeiras, fundadora do clã.

Seu nome era Shina, e era muito perigosa!

Uma antiga e abandonada igreja serviu como fachada para a balada boate e abrigo das Laimiais da Grécia. Vampiras com características reptilianas e muito imprevisíveis, que possuíam o costume de manterem amantes vindos de outros clãs para atenderem seus interesses e proteção.

—Cá estamos. -ela falou. -Vamos?

—Se tentar algo...

—Eu sei, eu sei."-ela sorriu.-"Você me enfia uma estaca no coração ou uma bala de prata na cabeça!"

E o inusitado casal seguiu até a boate, onde um porteiro enorme, com mais de dois metros de altura e cara de poucos amigos os observou. Ele era careca, com um corte estilo moicano, e olhos que pareciam os de uma serpente.

—Marin. -ele comentou. -Faz muito tempo que não aparece aqui!

—Sim, Cássius. Avise a Shina que estou aqui em nome do Príncipe do meu clã para conversarmos. -a ruiva respondeu nem um pouco intimidada pelo grandalhão.

O homem olhou para Aiolia, e fez uma careta.

—Ele é um humano. Por que está com você? –olhando-o dos pés a cabeça. –É seu carniçal?

—Ele é meu servo sim! -ela respondeu. -E o que faço com ele, não interessa a você.

—Está bem. Entre e se divirtam. Avisarei a mestra que está aqui!

Eles entraram sem problemas no local. Estava lotado, com pessoas dançando Techno, sob o comando de um D-Jay. A iluminação fraca, os jogos de cores e luzes davam um ar gótico ao ambiente. Pelos cantos, homens e mulheres se agarravam, praticando atos obscenos diante de todos.

Aiolia pode perceber que os vampiros se alimentavam dos empregados da boate, serviçais mantidos ali apenas para servi-los como desejavam, e o faziam de boa vontade na esperança de um dia serem abraçados por seus mestre e ganharem a imortalidade. Era um lugar sufocante e opressivo, e o caçador sentia seu estômago revirar e uma vontade súbita de eliminar aquele antro da face da Terra.

—Por aqui. -Marin disse, pegando em sua mão. -Aja como se tudo fosse normal, Aiolia. Precisamos falar com Shina se quisermos alguma pista sobre onde as pessoas que procuramos se escondem.

Ele concordou com um aceno de cabeça e a seguiu até um canto.

—Aquele grandalhão...não era um vampiro. -ele comentou.

—Cássius é o carniçal mais dedicado e fiel de Shina. Ele daria a vida por sua mestra com todo prazer. -Marin respondeu olhando para os lados. -Não faça nada que possa nos denunciar. Se souberem quem é você, estamos mortos!

—Olá, bonitão! -uma mulher de cabelos loiros e muito exuberante se aproximou de Aiolia. -Gostaria de me acompanhar na pista de dança?

Marin mostrou as garras e dentes e desafiou a loira, que também revelou sua natureza não humana.

—Ele é meu! -a ruiva avisou.

A loira com uma expressão contrariada, afastou-se.

—Tente ser menos chamativo. -ela falou aborrecida.

—Ela só queria dançar. -ele sorriu, se divertindo com o fato de Marin se zangar com aquilo.

—Você seria o jantar dela. -resmungou de volta. –Eles sentem seu cheiro humano.

—Há muito tempo o Santuário quer destruir esse lugar e sua proprietária! -ele comentou. -Estou aqui dentro e nada posso fazer!

—Tomaria cuidado com suas palavras. Alguém pode ouvir. -Marin apontou discretamente com o olhar um homem moreno de cabelos e olhos negros que estava em uma escada que ligava ao andar superior. Ele os observava. -Aquele lá é um homem muito perigoso. Eu não gostaria de tê-lo como meu inimigo...e é amante de Shina.

—Eu o conheço. -Aiolia comentou. -O espanhol chamado Shura. Já nos enfrentamos antes e sempre empatamos. Ele me reconheceu, Marin.

—Já o enfrentou?! -ela admirou-se. -Então, por que ainda não apareceu a segurança para tirar nossas peles?

—Pergunta para ele, está vindo.

Shura se aproximou com um andar que lembrava o de um felino, o olhar dele parecia denunciar que a qualquer momento, poderia saltar no pescoço de Aiolia e rasgá-lo. Mas sua voz soou calma e pausada ao conversar.

Ela quer que subam. Venham comigo.

O caçador e a vampira seguiram o outro, pelas escadas até um escritório no alto. Antes que ele abrisse a porta, Shura se virou para Aiolia e Marin.

—Não sei o que estão planejando, mas se tentarem algo contra Shina...eu acabarei com vocês dois!

—Viemos em paz, Shura. -respondeu a mulher.

—É...s e eu quiser acabar com vocês, farei isso. E suas ameaças não me impediriam! -completou Aiolia com tom mordaz.

Homem e Vampiro se encararam. A tensão entre eles era tão grande que pareciam prontos para uma luta mortal ali e agora.

—Entrem! -uma voz feminina ordenou, e Shura abriu a porta, ainda encarando Aiolia.

Entraram no escritório onde uma bela mulher de vestido preto e curtíssimo estava de costas para eles, observando a movimentação da pista de dança, cabelos esverdeados caiam pelas costas desnudas. Com graça ela se virou e sorriu para os convidados, Shura caminhou até ficar ao seu lado, de maneira protetora.

—Há quanto tempo, Marin.

—Não foi tanto assim. -respondeu.

—O que o senhor Arvanitzi Tasouli quer comigo agora? -indagou. -Seu príncipe deixou de visitar meu estabelecimento há muitos anos.

—Soubemos que um dos vampiros que se rebelaram contra as leis do meu clã esteve aqui e você o acobertou. Isso é verdade?

—E se for? O Lamiai é um refúgio, Marin. Eu o criei com essa finalidade. Até mesmos jovens rebeldes são bem vindos aqui. -ela sentou-se de maneira provocante em sua cadeira. –Eu gosto daquele rapaz, ele me pediu ajuda e eu não consegui recusar.

Aiolia se aproximou da mesa e se inclinou, encarando os frios olhos esverdeados de Shina.

—Melhor contar o que sabe, moça...não estou com paciência e fico muito nervoso perto da sua gente!

Shina sorriu.

—Tudo bem, eu conto.

—Mas, Shina! -Shura protestou.

—Deixa...O garoto que procuram me contou tudo. Acho que posso falar. O doutor Kido é um renomado Hematólogo, como bem sabe. -ela começou. -E aparentemente estudava um tipo raro de sangue, cuja amostra conseguiu de um paciente que misteriosamente fugiu do hospital após matar vários enfermeiros. Aquele paciente, era um recém abraçado que estava muito confuso. Bem, em seus estudos, o doutor descobriu uma maneira de reverter o processo que nos torna o que somos.

—O que disse? -Aiolia espantou-se.

—Uma cura. -Shina gargalhou. -Como se a maioria de nós considerasse a imortalidade uma doença.

—E esses rebeldes mataram o médico para que ele não desenvolvesse a cura? -Aiolia indagou.

—Não. Eles querem o contrário. -ela respondeu.

—Por que? -o caçador insistiu.

—Pense só nas possibilidades. -Shina continuou. -Você odeia um certo vampiro que matou aqueles que ama e o tornou um deles, você conhece outros que compartilham do mesmo sentimento e se unem para destruir esse tal vampiro. Mas ele é forte demais para você. Então, você descobre que há uma maneira de derrotá-lo, não faria de tudo para conseguir isso? Parece enredo de filme, mas pode ocorrer.

—Shina. -Marin a chama. -Você já parou para pensar que isso pode ser um erro fatal? Se essa Cura cair em mãos erradas, nas mãos de nossos inimigos, o que não garante que eles irão usar isso contra nós?

—Enquanto ficar neutra, nada tenho a temer. Nem eu e nem minhas irmãs correremos perigo. -a mulher levantou-se. -E Marin, é melhor avisar seu mestre de que seus inimigos estão a par de tudo isso, e estão ajudando os rebeldes.

—Que inimigos? -Aiolia perguntou olhando Marin.

Ela ia responder, mas um som ensurdecedor foi ouvido seguido de uma explosão. Todos correm para a janela e veem um grupo armado, formando por mais de vinte homens, entrando e atirando em todos na boate.

—Como ousam? -Shina disse alterada.

—Quem são esses? -Aiolia insistiu.

De repente, um dos vampiros na boate salta sobre um dos invasores. O homem que aparentemente caiu sob o ataque se levanta com facilidade e joga o vampiro contra as caixas de sons, ele começa a se transformar diante dos olhos de todos e assumindo a forma monstruosa de um lobo.

—Licantropos. -respondeu Marin.

Seguindo o exemplo do companheiro, os outros invasores começam a mudar também.

—Lobisomens? -Aiolia pegou sua arma com balas de prata.

—E eles odeiam vampiros! -a ruiva completou.

Um deles olha para o alto e vê os quatro observadores.

—O caçador está ali! -apontou, e todos os licantropos se dirigiram ao local indicado.

—Correção. -Shura comentou, olhando para Aiolia. -Esses daí odeiam usted! Tem caçado muitos licantropos por aí?

—Não caço Licantropos. -respondeu, atirando no primeiro que apareceu no vidro, fazendo todos recuarem um instante. -Mas aprendo rápido!

—Desistam de encontrar o velho! -um deles avisou.

—Ah...não dá! -Aiolia falou antes de atirar de novo, mas erra o tiro.

—Tentamos ser educados. -o lobisomem mostra as garras, desarma Aiolia e o segura pela gola da casaco, erguendo-o do chão. -Mas acho que teremos de fazer de você um exemplo para que outros não se intrometam nesse assunto!

—Ei, Totó! -Marin o chama e ao se virar a última coisa que o licantropo vê, e a vampira apontando a arma do caçador para ele. -Ele está comigo.

Os demais ficaram furiosos ao verem o companheiro cair. Enfrentar um licantropo era difícil, dois um desafio, mas vinte e zangados, era loucura! Aiolia começou a pensar nas possibilidades de fuga, quando de repente, os lobisomens deram passagem a um outro de pelagem ruiva, que encarou o caçador e os outros presentes e depois Marin.

—Não temos nada contra você, mulher! -avisou. -Mas fiquem longe desse assunto! O médico é nosso e em breve a cura também será!

—Sabe que não posso ficar parada. -Marin respondeu.

—Sugiro que aceite o que eu pedi...afastam-se desse caso, ou sofrerão!

—Sabe que isso pode dar início a uma guerra? -Marin continuou.

—Sim.

—Por que? -ela insistiu.

—O tempo dos Príncipes está terminando. Eu mesmo irei garantir isso!

—Você destruiu minha boate! -Esbravejou Shina inconformada, os olhos verdes parecendo com os de uma serpente, sendo detida por Shura.

—Agradeça por não arrancar sua cabeça, mulher cobra! -o licantropo ruivo avisou. -Caçador, se continuar a perguntar sobre o médico, então minha alcateia irá se deliciar com seus ossos. Continue seu bom trabalho de matar sanguessugas!

—Dá próxima vez...Farei um casaco com seus pêlos! -Aiolia avisou, nem um pouco abalado com as ameaças ou os rosnados dos outros licantropos.

O líder da Alcateia o encarou, olhos dourados e bestiais se encontraram com os frios olhos azuis de Aiolia. Então ele se retirou, sendo seguido pelos demais.

—Agora... -Aiolia se virou para Shina. -Acho melhor você me contar onde eles estão.

 

Continua...


Notas Finais


Nesse capítulo enfoquei mais a ação, para melhor mostrar em que tipo de guerra Aiolia e Marin estão se envolvendo. Sentiram falta de romance? Não se preocupe, vai ter no próximo!<br />
Os Primeiros seriam os criadores dos clãs, leis e principados que regem a vida imortal dos vampiros. Eles teriam nascido vampiros, alguns acreditam que sejam os filhos de Caim. A maioria deixou este mundo, adormecidos ou mortos, mas alguns ainda estão neste mundo e são temidos pelos seus.<br />
Lamiais são vampiros mitológicos da Grécia. Originaram-se da trágica história da princesa Lamia que se deixou seduzir por Zeus. Enfurecida, Hera a manteve aprisionada e a torturou, matando diante dela seu filho recém-nascido. Enlouquecida, Lamia se refugiou em uma caverna e implorou aos deuses infernais que a vingassem. Nix a ouviu e a transformou em um ser metade humana e metade serpente, que se alimentava do sangue dos recém nascidos. Costumava matá-los nos templos da deusa para profaná-los, e desafiar Hera (que além de ser a rainha dos deuses, era a deusa dos partos). Todos os Lamiais eram mulheres.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...