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História The Last Kiss - Acertos Finais


Escrita por: GiullieneChan

Capítulo 9 - Acertos Finais


Os punhos de Aiolia se cerraram ao se ver diante de Radamanthys que o olhava com um sorriso sarcástico no rosto. O ar de superioridade do vampiro fizeram o sangue do caçador ferver.

—Tome essa arma. -avisou Radamanthys jogando uma pistola carregada para ele. -Tem balas de prata. Tem que matar o líder da matilha, entendeu?

Aiolia não respondeu, limitou-se a ouvir o vampiro que se dirigia a ele com autoridade. E ficou parado quando em silêncio ele o encarou.

—Entendeu o que vai fazer? -insistiu.

O caçador deu um sorriso de lado, se aproximou do vampiro e lhe deu um potente soco em seu estômago, tirando-lhe todo o ar, fazendo se curvar de dor.

—Entendi, mas não recebo ordens de você. -disse caminhando para dentro do túnel. -Se eu te encontrar de novo, arrancarei sua cabeça.

O vampiro ajoelhado ao chão, sentindo-se humilhado, olhou o caçador com ódio mortal, com presas à mostra jurou que o faria pagar.

 

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Muitos anos atrás...

Um garoto ruivo andava pela neve, em choque pelo massacre de seus entes queridos, trôpego pelo ferimento que tinha em seu braço, pelo sangue perdido só tinha uma velha espada samurai, que pertenceu à sua família, como apoio para não tombar de vez.

Algumas horas atrás, um homem de longos cabelos, que mais parecia um demônio, saltou sobre ele e seu pai, quando foram ver que sons estranhos eram aqueles vindo nos fundos da casa.

O monstro agarrava o pescoço de seu pai, desarmando-o do forcado que usava facilmente. Ele tentou salvá-lo, mas o soco que o monstro lhe deu o atirou tão longe, contra as árvores, que teve certeza de quebrara os ossos além do corte terrível causado por um galho.

A coisa matou seu pai cravando suas presas em sua garganta, antes de perder os sentidos, ouviu ao longe os gritos de sua mãe, caindo na escuridão, e a neve cobrindo seu corpo. Mas os gritos, os gritos de suas irmãs pareciam tê-lo tirado de seu torpor. Era seu dever protegê-las!

Com grande esforço abriu seus olhos, vendo o demônio com o rosto e as mãos cheias de sangue, saindo de sua casa. Ele sorria parecendo satisfeito com a carnificina que causou. Caminhando para dentro da floresta.

Cerrando os dentes ergueu-se, foi até a sua casa e apenas viu de soslaio suas irmãs e mãe caídas em poças de sangue, imóveis. Marin em um canto não se mexia.

Lágrimas amargas vieram aos seus olhos, e pegou a velha espada de seu avô, o tesouro de seu pai, que estava em um canto da sala e seguiu o rastro do assassino para dentro da floresta. Seu sangue caia em pingos grossos marcando a neve branca a cada passo que dava.

Não sabe por quanto tempo caminhou pela floresta, a noite logo iria embora e então o rapaz amaldiçoo o demônio pelo o que fez, e a si mesmo por ser fraco, por não ter conseguido lutar. Uivos medonhos tomaram conta da floresta, a única iluminação na floresta era a da lua cheia.

O rapaz sentiu as forças lhe abandonando e se ajoelhou na neve, segurando o cabo da espada com ambas as mãos para não cair. Ouviu passos e respirações pesadas, sons guturais que apesar de serem semelhantes aos de lobos, eram mais assustadoras.

Ele abriu os olhos, observando as sombras ganharem as formas de enormes homens lobos que o cercavam. O rapaz riu nervoso, imaginando que sua mente lhe pregava peças agora, mas notou pelo odor que as criaturas exalavam e o calor de sua respiração próxima a sua pele, que eles eram reais.

Então ergueu os olhos, fitando o maior entre eles, ele farejou algo e rosnou para o garoto, sentindo o cheiro do vampiro que caçavam.

—Seja rápido. Antes que eu o mate. -o rapaz o desafiou.

A criatura ergueu uma sobrancelha, fitando-o com a íris azul. Havia admiração pela coragem do rapaz? Os demais rosnaram diante da ameaça, mas o prateado rosnou mais alto e ameaçador, fazendo os outros recuarem.

—Não o mante. –pediu uma voz feminina com autoridade, sendo obedecida de imediato.

Os lobos pareciam se curvar a uma mulher de longos cabelos dourados que se aproximavam do rapaz. O garoto a fitou e sentindo que logo morreria pelos ferimentos, só conseguia pensar no quanto ela era linda.

 —Artêmis-domo. –um enorme lobo caolho se dirige a ela, com uma voz semi-humana. –Parece que perdemos o rastro dos malditos.

—Infelizmente. Causaram muitos problemas em suas terras.

—Terei minha vingança! –disse o caolho.

Ela se ajoelha diante do menino, que sorri, ainda mantendo o olhar de superioridade e tombou para frente, encontrando no corpo quente da mulher um apoio, fechando os olhos em seguida.

Quando abriu os olhos, notou que estava em um quarto aquecido e ricamente adornado. Sentou-se no tatame que havia sido sua cama e notou que seus ferimentos estavam enfaixados e estava vestido com um quimono de seda. Sabia que estava vivo, pois ainda sentia dores. Imaginava aonde estaria e por que não estava morto?

Foi quando abriram a porta de correr de seus aposentos e um homem alto, de cabelos cor de fogo e rebeldes apareceu.

—Acordou finalmente. Estava achando que não iria resistir a febre e morrer, esteve três dias desacordado. Mas, minha irmã me fez acreditar que resistiria. É um rapaz muito forte.

—Onde estou?

—No castelo de Yamamoto Tsunetomo, sou um hóspede na casa dele junto a minha irmã. Não faz ideia de que somos?

—Tsunetomo sama? O senhor dessas terras? –o garoto parecia surpreso.

—Está sob a proteção dele e deu clã. –uma mulher de cabelos dourados diz antes de entrar no quarto. –Eu sou Artemis, esse é meu irmão Apolo.

—Artêmis? Apolo? –o garoto parecia confuso.

—Nossos pais gostavam de mitologia quando nos deram esse nome. –explicou a moça. –Conhece a mitologia grega?

—Não...

—Terei tanto a lhe ensinar. –ela sorri, tocando um ferimento envolvido em bandagens no braço do rapaz.

—Como assim? –ele toca o ferimento, não se lembrando de como o adquiriu.

—Foi a única maneira de salvar sua vida. Estava quase morto pela perda de sangue. –disse Apolo.

Ele deu passagem a uma serva, que esperava até aquele momento em silêncio, cabeça baixa e ajoelhada ao lado da porta. A jovem pegou uma pequena bandeja com bandagens e remédios e entrou no quarto, ajoelhando ao lado do rapaz ferido para trocar seus curativos.

Mas sua atenção estava em Apolo, fitando-o em silêncio e arregalou os olhos ao notar que um segundo homem, oriental, de cabelos prateados e curtos, ele possuía um olho cego, com uma cicatriz sobre ele. Ele entrou no quarto, sorrindo.

—Tsunetomo sama? –Artemis o cumprimentou.

—Ele é forte e corajoso. Vi quando olhou para a morte e a desafiou! –disse o nobre japonês. –Acho que será uma boa aquisição à matilha, já que perdemos tantos irmãos caçando aqueles desgraçados ontem à noite.

—Aquelas criaturas! –Touma afastou-se da serva e de Artêmis, nervoso. –Eram vocês!

—Sim. Ela é a criatura que salvou sua vida. -o japonês sorriu, parecendo a vontade, apontando para Artêmis. –Ela lhe deu sua marca e esperou que se curasse. E você não deveria dizer seu nome a quem lhe deu uma segunda chance?

—Touma... –respondeu olhando para a dama loira.

—Deve estar confuso. Logo esclarecerei tudo a você. –Artêmis lhe diz.

—Tsunetomo-sama, vamos conversar lá fora? –pediu Apolo

O homem assentiu e ambos saíram do quarto. Touma apurou os ouvidos, para saber do que falavam.

—Quase o pegamos há duas noites atrás. -dizia Apolo. -Mas meus homens confirmaram que ele embarcou em um navio para o Ocidente antes do amanhecer.

—Maldito! -vociferou Tsunetomo, parecendo furioso. -Este maldito sanguessuga invade minhas terras e mata quem aqui vive, não posso perdoá-lo! É o fim da trégua entre nossas raças!

—Acalme-se, por favor. -dizia o ocidental. -Segundo minhas fontes, o Príncipe dos sanguessugas deste país está furioso também. Creio que ele será caçado pelos seus agora.

—Mesmo assim. Este menino... -apontava para a porta do quarto. -Sua família morava em minhas terras e o que houve com ele foi uma afronta à mim e ao tratado de paz!

—Irei pessoalmente com minha alcateia caçar aquele monstro. Os clãs exigem isso! Não é a primeira vez que ele ataca em terras protegidas pelos nossos.

A porta abriu-se com brusquidão, e Touma aparece com um olhar de pura raiva.

—Leve-me com você, Apolo Sama! EU QUERO MATAR O MALDITO QUE DESTRUIU MINHA FAMÍLIA!

Os dois homens olharam com espanto para o garoto que se ajoelhava, encostando a cabeça no assoalho, falando com uma voz que se aproximava do desespero.

—Me dê, por favor, o direito de me vingar! ONEGAI! ME DEIXE MATAR O MALDITO! ME DEIXE IR COM VOCÊ APOLO SAMA!

—Sua irmã o marcou contra a minha vontade, Apolo san. –dizia o nobre. –Creio que ele é responsabilidade sua e dela também.

Apolo fita a irmã que faz um gesto positivo com a cabeça. Touma foi incluído na alcateia liderada por Apolo e sua irmã Artêmis, por anos caçaram juntos nas terras da Grécia. Depois de saber que a irmã estava viva e era um deles, fez Touma exigir que atacassem logo o principado e os destruíssem. Apolo se negou.

Inconformado, o jovem desafiou Apolo pela liderança da matilha. Uma luta sangrenta que resultou na morte de Apolo, a ascensão de Touma como um novo líder e o auto exílio de Artêmis que nunca o perdoou, apesar de amá-lo, pelo o que fizera com sua única família.

A ausência de Artêmis fez seu coração sofrer, mas o anseio de se vingar finalmente do assassino de sua família, falou mais alto e o motivou até os dias de hoje.

 

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Hoje...

—Artêmis salvou minha vida. -dizia Touma a Marin. -E me tornou parte da sua alcateia, eu assim o quis. Queria ser forte para caçar o demônio que matou nossa família.

Falando isso, fitou Kanon, com um meio sorriso, nada preocupado por estar cercado de traidores.

—Sempre soube que era você. Nunca esqueci seu rosto...sabe. -olhou para Saga. -Podem ser gêmeos, mas os olhares são muito diferentes. Você tem um demônio que mantêm guardado, Saga. Mas seu irmão o liberta sempre.

—Espera que eu me desculpe? -Kanon ironizou, gargalhando em seguida.

—Não...espero que morra. -disse Touma.

Neste momento Touma assume sua forma lupina e salta em cima de Kanon, mas um dos lobos que serviam agora ao vampiro salta sobre o ex-líder acompanhado por Theseus. Touma morde a garganta do lobo, rasgando-a e em seguida começa a medir forças com Estevez.

Neste instante, licantropos saltavam contra Saga e Marin, mas o Príncipe de Atenas não recua, atacando com as mãos nuas e os dentes salientes, derrubando um dos lobos.

Um enorme licantropo atacaria o vampiro pelas costas, mas ele urra de dor e cai morto. Ikki estava com a espada de prata de Saga, a qual respingava o sangue do inimigo caído. Ele oferece a espada de volta, que o Príncipe aceita prontamente. Incentivados a proteger a mulher que os acolheu quando entraram no mundo da escuridão eterna, os jovens vampiros ficaram ao lado de Saga.

Kanon afasta um dos seus aliados e com as presas a mostra salta sobre Saga. Logo, a sala é tomada pelos sons e cacofonia da batalha enquanto em um canto qualquer tentado se proteger, Dr. Kido se encolhia e orava pra não ser morto por nenhuma dessas criaturas.

 

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Na superfície...

Três homens armados se aproximavam de uma das entradas que levavam aos túneis de esgotos. Eles engatilhavam as armas, mas um deles para diante da porta, parecendo indeciso com o que faria.

—O que houve, Camus? - Milo perguntou, estranhando.

—O Santuário disse que não éramos para agir sem seu consentimento.

—Desde quando obedecemos fielmente o Santuário? –Aldebaran pergunta com um sorriso.

—Não me compare a vocês dois. -fuzilou Camus.

—Nossa. Só porque Debas e eu fomos a uma missãozinha na China ano passado sem ordem, somos rebeldes agora? -Milo fazendo carinha de choro.

—Desisto de você. -Camus suspirou. -Não que eu queria sujar meu Armani neste esgoto, mas acho que não devemos esperar mais.

—Temos que cuidar disso, antes que a situação perca o controle. -dizia Aldebaran, ajeitando socos ingleses com pontas de prata às mãos. -Não gostei de receber ordens de ficarmos parados, esperando!

—Concordo grandão. - Milo sorrindo. -Temos um amigo enfiado neste esgoto com um monte de monstros lá embaixo! Se esperarmos, pode ser tarde demais. E eu não gosto do idiota do Aiolia, mas não gostaria que ele virasse picadinho!

—Você gosta dele sim. -Camus enfatizou as palavras de Milo sacando as armas. -Vamos?

Milo deu um sorriso apoiando o cano da arma no ombro e com um chute abriu a porta entrando em seguida, sendo seguido pelos amigos.

Mas pararam ao ver que alguém se aproximava. Eram duas pessoas, uma delas hesita em continuar a andar, dando passagem a outra logo atrás de si. Esta saia das sombras revelando sua identidade aos caçadores.

—Uma menina? -espantou-se Aldebaran.

—É a neta de Kido. -diz Camus. -Saori Kido.

Com lágrimas aos olhos, ela se joga nos braços de Milo procurando refúgio e proteção, os caçadores se entreolham e quando perceberam, o rapaz que a acompanhava havia sumido nas sombras dos túneis.

 

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O local aonde seria o laboratório havia se tornado o cenário de uma luta sem precedentes. Corpos mutilados de homens que em vida mantinham a forma lupina estavam caídos pelo chão. Um dos jovens vampiros, chamado Hyoga, tentava estancar o sangue que brotava abundante de um ferimento aberto, sendo apoiado pelos amigos.

Touma havia se cansado de lutar contra Theseus, e ao ver que Marin tinha dificuldades em se defender de um de seus antigos subalternos agiu movido pela fúria. Segurando Theseus pela garganta, solta um urro terrível antes de partir a espinha deste, quebrando seu pescoço no processo, jogando o seu corpo contra o outro licantropo que ameaçava sua irmã.

A morte do autor do movimento rebelde fez os demais recuarem e fugirem por um dos túneis.

—Covardes! –brada Odisseus. –Mestre Touma, deixe que caçaremos os traidores um a um!

Touma voltando a forma humana, correndo até a irmã:

—Marin!

Enquanto isso, Saga finalmente consegue se livrar do irmão que fisicamente era tão forte quanto o Príncipe de Atenas. Kanon tenta recuperar o fôlego, olhando para Saga com ódio mortal.

Kanon grunhiu e moveu a uma velocidade antinatural e golpeou rapidamente Saga com o punho. Saga se esquivou, mas não foi rápido o suficiente para se defender com um chute em suas costelas.

Um segundo murro atingiu o Príncipe e enviando uma dor impactante a sua mandíbula. O instinto esperneou quando a besta dentro dele rugiu por viver. Presas rasgavam de suas gengivas. Sua visão se afiou. Quando Kanon veio a ele de novo, estava preparado.

Com uma cabeçada Saga o atingiu e pode ouvir com sua audição apurada os ossos e dentes trincaram. Sangue gotejou dos lábios feridos de Kanon. Suas presas rasparam para dentro de sua boca, e ele saboreou seu próprio sangue. A fome florescia dentro.

Kanon parecia uma fera incontrolável ao saltar novamente sobre seu irmão, visando rasgar a garganta de seu oponente. Saga não parou para pensar, reagiu simplesmente. Armou-se novamente com a espada que trouxera e a enterrou no ventre de seu gêmeo puxando-a em seguida respingando o chão com o sangue fraterno.

Ferido mortalmente, Kanon grunhiu, rosnou caindo de joelhos olhando o ferimento aberto, o sangue transbordando e os olhos vidrados, não acreditando em sua derrocada.

—Maldito...

Saga olhou por um momento para a sua arma e em seguida a jogou bem longe, ofegante. Foi quando notou o frasco com o soro caído ao chão, abaixando-se para pegá-lo.

—É por causa disso que toda essa loucura começou? -ele olhou para Kanon com severidade e em seguida para os garotos rebeldes.

—Por causa dela... –murmurou Kanon e Saga olhou para o irmão.

—O que disse?

—Nunca entendi porque ela escolheu você e não a mim. –Kanon sorriu de lado. –Mas respeitei isso. Eu só queria que ela fosse feliz...

—Kanon...

—Mas você a deixou morrer! –Kanon cerrou o punho, olhando-o com ira. –Foi um maldito fraco e a deixou morrer!

Saga nada disse, sentindo as palavras acusadoras do irmão em sua alma.

—Katherine estaria viva ainda se tivesse partido comigo...

—Isso não a trará de volta, irmão. Por mais que desejamos isso, não a trará de volta. –Saga se vira para os garotos. -É isso que querem? Querem usar e se tornarem humanos?

Há um momento de hesitação e Kido sai de seu esconderijo, temendo o que poderia acontecer, mas mesmo com a voz trêmula ele fala:

—Não há certeza que funcione. Quem o usar pode morrer ao invés de voltar a ser...normal.

Saga olhou para o médico que se encolheu de medo e em seguida jogou o frasco para que Seiya o pegasse.

—Não! -Kanon protesta. -Isso é meu!

—Deve ter o suficiente para vocês. -disse Saga, dando-lhes as costas. -Vão. Não podem voltar ao clã. Saia da minha cidade.

Seiya olhou para o frasco, em seguida para os amigos e Marin. Ela os fitou séria, e fechou os olhos como se soubesse o que se passava na cabeça de seus protegidos. Estes partem imediatamente do local.

—Maldito, Saga! -vociferou Kanon.

Naquele instante Aiolia apareceu notando que a situação já estava sob controle, abaixando a arma.

—Perdi algo?

Marin sorri, dando um suspiro aliviada por ver que ele ainda estava vivo e bem, sorriso este que sumira de sua face, tornando-se terror absoluto quando Kanon agarra Aiolia segurando-o pela cabeça e ombro e movido pela dor, fome e medo da morte, crava as presas profundamente no pescoço do caçador.

—NÃÃÃOOOOO!

Marin grita em vão. Tão rápido quanto o ataque começou Kanon largou o corpo de Aiolia a cair ao chão, mas aos olhos e mente de Marin pareciam uma eternidade que a separava do local aonde estava do corpo inerte do homem que amava, ajoelhando ao seu lado, tentando com a mão impedir que mais sangue jorrasse do enorme ferimento causado pelas presas de Kanon.

Com o rosto e roupas marcados pelo sangue de Aiolia, Kanon sorria exibindo suas presas de modo assustador.

—Tem o mesmo gosto do sangue do irmão.

E com a velocidade própria dos de sua raça avançou por um dos túneis, desaparecendo por ele ignorando a voz de seu irmão que o chamava.

—Maldição! -praguejava Saga, socando a parede causando danos a ela.

—Aiolia!

Marin estava com o corpo de seu amado nos braços, ele estava pálido, mal conseguia abrir os olhos, o rosto dela aos seus era apenas um borrão indecifrável, mas a voz dela o chamava das trevas que insistiam lhe envolver.

—Desculpe...me descuidei...

Em seguida silenciou, fechando os olhos. Marin o sacudiu pelos ombros, chamando pelo nome, gritando:

—Aiolia! Aiolia não faça isso comigo, por favor! Não está tudo terminado ainda, Aiolia! -Marin enterrou o rosto no pescoço dele, chorando, balbuciando. -Não desse jeito...

No mesmo instante, uma mão firme tocou-lhe o ombro. Era Touma que lhe dizia com o olhar sereno:

—Nee-san...Realmente não está terminado. Já sabe o que fazer.

Marin, com o rosto banhado pelas lágrimas fitou o irmão e em seguida Saga que concordou com um aceno de cabeça. Então, agiu. Suas presas saíram de suas gengivas com a mesma força que seus sentimentos. Com ternura, afastou a gola da camisa de Aiolia, despindo um dos ombros aproximou seus lábios rubros do seu pescoço, cravando suas presas.

Não bebeu muito, pois se ele perdesse mais sangue morreria com toda certeza, mas sentia que seu coração estava cada vez mais fraco, quase parando. Em seguida, Marin mordeu seu próprio pulso esquerdo, oferecendo o seu sangue ao amado. Aproximou o pulso aos lábios de Aiolia para que bebesse.

Sentiu uma pequena pressão quando ele começou a tentar. Foi devagar de início, mas logo ele sugava o sangue com mais avidez e depois voltou a pender a cabeça dando um último suspiro.

Aiolia acordou com um gosto doce na boca, era metálico, o sangue de Marin. Abriu os olhos verdes voltando a se acostumar com as imagens de rostos que o fitavam, um com pouco interesse, outro com ansiedade.

E foi no belo rosto de Marin que ele se concentrou podendo ver novamente seus traços que tanto amava. Foi quando notou algo diferente, sentia odores que antes não conseguia, ruídos antes imperceptíveis, um sentido de exaltação, de força e vitalidade que jamais experimentara.

—Vai se acostumar a mudança. –disse Saga.

—Pensei que tinha lhe perdido... -ela tocou seu rosto, dedos enroscavam-se em seus cabelos.

—Ainda não... -ele disse. Mas a voz não lhe pareceu a sua. Era como se viesse de longe, da outra extremidade de um longo túnel. -O que houve? KANON!

—Ele se foi. -disse Saga de braços cruzados, encostado a uma parede. -Mas meus soldados o perseguirão, não se preocupem.

—Ele...ele me mordeu!

Aiolia constatou tocando o próprio pescoço, sentando no chão. Sentia apenas que os ferimentos estavam se fechando bem rápido. Ele olhou para Marin buscando respostas.

—Você estava morrendo...eu... -Marin deixou escapar um soluço e abraçou-o. -E eu quero que você viva... Eu amo você.

—Você se tornou um de nós. -respondeu Saga, esperando uma reação negativa vinda pelo caçador diante da notícia. -Foi a única maneira que Marin teve de salvar sua vida. Seja grato!

Fitou-a, e viu a incerteza estampada nos enormes olhos esverdeados quando procuraram seu rosto.

—Você fez isso, não fez? -perguntou ele.

—Fui eu. Não me odeie por isso.

—Não conseguiria te odiar. Eu amo você, Marin, e sabe disso, não sabe?

A preocupação sumiu dos olhos dela, sendo substituída por um sorriso nos lábios.

Saga suspirou ruidosamente, chamando a atenção de ambos.

—Melhor partirem. Tenho muito o que fazer e vocês não podem ficar mais na cidade.

Aiolia beijou a testa de Marin e concordou com um aceno, levantando-se a ajudando Marin a fazer o mesmo.

—Vamos?

 

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Dias depois, no prédio da Organização chamada Santuário. Um homem jovem observava o pôr do sol pela janela, nem se mexendo quando um de seus companheiros adentrou a sala.

—E então, Milo?

—Então? Ah...o relatório da missão. Já digitei e está na sua mesa.

Mu olhou para Milo por sobre os ombros, ele parecia esconder alguma informação, pois o grego não sabia mentir, mas preferiu fingir que acreditava no que dizia, voltando a observar a paisagem pela janela.

—Eu li, mas não entendi alguns pontos. Poderia me dar um resumo do que houve naqueles túneis?

—Bem, deixa eu ver... -Milo coçando a cabeça e em seguida começa a falar. -Quando entramos no esgoto encontramos a neta perdida do Kido, sozinha. Acredito que tenha conseguido fugir. A deixei com Aldebaran. Camus eu seguimos pelos túneis e encontramos uma câmara aonde o doutor estava, vivo. Em choque pelo o que ocorreu. Matamos alguns monstros que o vigiavam, e o resgatamos. Mas nem sinal do Aiolia. Acho que morreu por lá. Depois da alta do hospital aonde estiveram, os Kidos foram enviados de volta ao Japão com nossos homens dando segurança aos dois.

—Melhor que seja assim. Pode sair.

Milo concordou, saindo da sala. Do lado de fora deu um longo suspiro. Não contara que encontrou Aiolia e estava acompanhado pela vampira ruiva e o lendário Príncipe de Atenas, e que havia se tornado um deles. Nem tampouco contou que ele e Camus concordaram em não contar nada e permitiram que ele fosse embora com a garota.

—Está na cara que ele é amarradão na garota. -falou consigo mesmo com um sorriso, colocando as mãos nos bolsos e olhando pela janela. -Boa sorte, gato vira lata!

 

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Berlim, numa reunião de Principados.

Iluminados por um enorme candelabro, sentados em uma mesa oval, estavam cerca de vinte homens e mulheres todos ricamente vestidos, olhando para um homem em pé, que os fitava com frieza.

—Saga Arvanitzi Tasouli, está ciente do crime que sua família cometeu? -um deles perguntou, um vampiro de longos cabelos negros e sorriso sádico. -Isso pode lhe condenar a morte.

—Estou ciente que fiz de tudo para proteger nosso segredo e meu clã.

—Mas o traidor, seu irmão pelo o que sabemos, fugiu. Ou deixou que ele escapasse? –uma voz feminina inquiriu.

—Você nos desapontou, Saga. -O enorme vampiro com curtos cabelos loiros e barba, socava a mesa derrubando o conteúdo rubro de uma taça de cristal, não parecia satisfeito.

Saga cerrou os punhos.

—Encontrarei meu irmão e o castigarei pessoalmente. Pois o crime maior foi contra meu clã e temos nosso meio de lidar com traidores.

—Incluindo a sua protegida chamada Marin?

—Cavalheiros...senhoras...

Uma voz maviosa se manifestou. Todos os olhares se voltaram para uma dama de longos cabelos negros como a noite e a pele pálida, que mantinha um olhar frio sobre Saga.

—Senhorita Pandora? -um dos Príncipes parecia interessado no que ela iria dizer.

—Vamos dar um voto de confiança ao nosso irmão. Afinal, por séculos foi fiel ao seu mestre e ao clã. Meu senhor Hades tem grande apreço por ele, e acredita que devemos deixar que ele resolva os assuntos de família sozinho.

Os Príncipes se entreolharam, um dos Anciões...um dos Primeiros que ainda vagava pela Terra observando e comandando os clãs estava dando um voto de confiança a Saga.

—Faço minhas as palavras da bela dama de Berlim. –dizia outro vampiro

—O senhor confia nele, Solo? –inquiriu outra mulher, de roupas chinesas.

—Sim. Assim como meu clã. –o jovem príncipe chamado Julian Solo sorri ao dizer isso. –Querem mesmo votarem contra uma decisão de um Ancião?

Com medo de irem contra um ser tão poderoso como Hades, todos concordaram com as palavras de Pandora e isentaram Saga de culpa.

Na saída do luxuoso hotel aonde a reunião havia sido feita, Saga tinha a estranha sensação de que deveria tomar cuidado com Solo, Pandora e Hades. Algo lhe dizia que eles não eram dignos de confiança.

 

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Em uma estrada a beira mar na Itália, um Sedan preto estacionava e seus ocupantes desceram observando a bela lua cheia iluminando o mar.

—Arrependido? -ela perguntou sem tirar os olhos da lua.

—De estar com você pela eternidade?

—De ter se tornado um de nós.

—Não. Posso viver sem um bronzeado. -Aiolia comentou, fazendo Marin rir. -Não posso viver sem você, Marin.

Ele se inclinou e beijou-a.

—E agora, o que vai acontecer? -ela perguntou pouco depois.

—Depois que eu encontrar Kanon e matar o desgraçado... Quer se casar comigo?

—Sim. -Ela prendeu a respiração. –Mas encontrar Kanon pode demorar anos.

—Então vamos inverter a ordem. Casa comigo e depois vamos atrás de Kanon. –ele sorri, encarando-a com o amor brilhando no olhar.

—O que faremos agora?

—Estou louco para fazer amor com você. -ele a abraçou, beijando-a com paixão em seguida.

Kanon estava lá fora, em algum lugar, e Aiolia ia encontrá-lo, não importava o tempo que demorasse, essa era uma das vantagens de ser imortal agora. Mas no momento, o ex-caçador ia dormir abraçado a mulher que amava. Tinha que estar descansado para desfrutar da maravilhosa vida que iam ter juntos.

Uma eternidade juntos.

 

FIM


Notas Finais


Eu sei... deu um ar de To be continued... talvez quem sabe?


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