Nova Terra – 11/07/57
Justin’s POV
— QUERO TODOS ANDANDO EM UMA FILA, NINGUÉM PARA, SÓ ANDEM ATÉ O ABRIGO! — gritou o soldado com o seu tom ríspido.
Olhei para frente e comecei a seguir a fila. Observei em volta enquanto andava, tudo parecia um deserto, nenhum animal, nenhuma fonte de água, nada. Apenas areia e muitos tanques de guerra. E todo esse local era coberto por uma barreira transparente, que não possibilitava a entrada de Atrons.
Me lembro exatamente como começou tudo isso, não tem como esquecer... Estou a meses, sofrendo como nenhum ser vivo gostaria de sofrer. Na verdade como os poucos seres vivos que existem ainda gostariam de sofrer.
— NO QUE VOCÊ ESTÁ PENSANDO? SIGA A FILA SEM PARAR — o mesmo soldado que gritava sem parar, chamou a minha atenção me puxando pela manga da blusa velha que eu trajava.
— Desculpe, senhor... — falei olhando para baixo. Voltei a andar e como sempre pensando na mesma frase, todos os dias.
“ Apenas queria que tudo isso não se passasse de um pesadelo, que logo logo eu acordaria...”
FLASHBACK ON
Washington – USA, 16/02/57
— Vem papai! — April me chamava enquanto corria pelo jardim de casa.
— Não corra tao rápido, meu amor — consegui alcançá-la e a joguei em meus braços. Ela dava altas gargalhadas, esse era o melhor som do mundo.
— JUSTIN! JUSTIN! — escutei Maxine gritando, de dentro de casa — CORRA ATÉ AQUI RÁPIDO.
— Ah papai... vamos brincar mais um pouco — April começou a fazer dengo. Sorri e coloquei ela em meus ombros, fazendo ela rir.
— Depois amor. Sua mãe deve estar precisando de ajuda — fiz uma careta.
— JUSTIN! — Maxine gritou mais uma vez.
— Já estou indo! — gritei andando com April, logo entrando em casa — O que foi?
— Olhe... — apontou para a televisão.
Coloquei April no chão que logo se distraiu indo brincar e prestei atenção no que a jornalista falava.
“ — O senhor sabe em qual localização eles estão nesse momento?” — ela preguntou a um soldado.
“ — Bem, sabemos que uma grande parte deles está em Washington. Mas não causem pânico, nós estamos cuidan...”
A televisão desligou do nada e logo um enorme estrondo foi ouvido na rua. Maxine agarrou a minha mão com força fazendo a encara-la. Ela estava com os olhos arregalados e assustados. April com o susto começou a chorar e então Maxine foi a pegar. Como Maxine tinha me soltado fui ver o que estava acontecendo na rua.
— Amor, volte... — balbuciou Maxine.
— Calma... não deve ter sido nada. Apenas um curto circuito.
Fui até a janela em leves passos. Parei em frente ao vidro observando a rua, no meio dela havia uma enorme rocha que radiava umas luzes azuis. Olhei com mais cautela e percebi que a rocha estava se abrindo, como um ovo.
Logo depois uma garra saiu para fora da rocha, dando impulso para o resto do corpo sair. O corpo começou a sair da rocha e era como se fosse um felino com traços alienígenas... não sei bem como dizer.
Dei alguns passos para trás e olhei para a direção onde Maxine estava com April. Maxine me encarou e logo olhando para a janela, arregalando os olhos. Franzi o cenho e olhei para a janela, e tive um tremendo susto quando vi que um daqueles monstros que saíram da rocha estava na janela.
— Maxine, não grite... — disse, mas foi a mesma coisa que não ter dito nada. Maxine soltou um grito agudo e logo me olhou com os olhos assustados. April aproveitou a situação e abriu o choro.
O monstro que estava na janela logo se alertou do barulho e se afastou, respirei fundo dando graças a Deus. Mas ele pulou pela janela estraçalhando tudo pela casa. Arregalei os olhos e corri até Maxine a puxando pelos braços.
— SOBE RÁPIDO! — gritei desesperado de frente para a escada. O monstro reconheceu o barulho e começou a fazer um barulho pela boca.
Segui Maxine até o nosso quarto. Olhamos em volta rápido procurando um lugar rápido para se esconder. Vi o guarda-roupa e puxei as duas.
— Não faça barulhos... — sussurrei. Ela assentiu prendendo os soluços e colocou a mão sobre a boca de April, a ninando para poder acalma-la.
Pude ouvir o atrito das garras do monstro no chão do quarto e consegui vê-lo pela fresta do guarda-roupa. Ele parecia não enxergar pois cheirava as coisas e ficava atento a qualquer barulho.
Senti algo nas minhas costas como se fosse um alfinete. Tentei tirar, mas quando mexi o braço esquerdo esbarrei em uma caixa fazendo a mesma cair. Maxine no mesmo instante me olhou tensa e com os olhos cheios de lágrimas, fiz o mesmo.
Quando fui olhar pela fresta de novo o bicho já estava lá, tomei um susto e isso fez com que ele soubesse que nós estávamos lá. Então ele começou a fazer barulho altos, como rugidos e April se assustou mais ainda, a fazendo chorar horrores. Fui tentar pegar ela, mas o monstro destruiu a porta com suas garras.
Maxine começou a gritar e com isso fez o monstro enfiar as garras em sua barriga, pegando April também. Tudo parou. Só lembro de sentir uma enorme raiva crescendo em mim e a vontade de chorar.
— SEU FILHO DA PUTA — gritei voando em cima daquele ser horrível. Ele começou a se debater e fazer barulhos cada vez mais altos.
Com um desses movimentos, ele me derrubou no chão. Fiquei tonto por alguns segundos por causa do impacto, mas passou logo fazendo eu perceber o monstro que estava cara a cara para mim.
Ele começou a levantar a suas garras. Sabia que agora seria a hora então fechei os olhos com toda a força do mundo. E quando o monstro ia me atacar, um barulho de tiro ecoou no ar. Olhei para o lado e vi o ser morto. Segui meu olhar para a porta e lá vi que era um soldado. Tentei me levantar mas não consegui, olhei para minha perna e vi que estava cortada.
— O senhor esta bem? — o soldado falou chegando perto de mim e se agachou do meu lado.
— Minha mulher e filha... — sussurrei. Ele olhou para o guarda-roupa e logo voltou o olhar para mim negando com a cabeça.
— Não temos tempo para isso, senhor — falou tentando me levantar — Temos muitos para salvar em pouco tempo.
Começou a me arrastar para fora do quarto. Virei a cabeça em direção ao guarda-roupa com a esperança de encontrar a minha família bem, mas tudo que vi foi dois corpos deitados no chão cercados por uma poça de sangue. E pela primeira vez em meses eu chorei e gritei como uma criança. Chorei como um criança, sendo arrastado por um soldado e com a família morta por um ser que eu nunca tinha visto e nem ouvido falar.
FLASHBACK OFF
Essa era a minha ultima lembrança delas... e sei que nenhuma irá substituir o lugar delas. Pois o meu coração e psicológico não conseguem mais amar. Apenas lembrar das amargas lembranças daquela noite. O meu coração já está cansado de bater e está a beira de parar. Com as condições que eu estou vivendo nesse abrigo longe de tudo, com certeza ele pararia.
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