História The Last Photo - Ingênua

“Você deve exigir o melhor de si. Você deve começar a procurar por imagens que ninguém mais pode fazer. Você deve aproveitar as ferramentas que tem de maneira cada vez mais profunda.”

— William Albert Allard.

Starbucks Coffee Company – 07:20am.

A cafeteria começara a encher com pessoas tomando seus cafés da manhã antes de partirem para o trabalho. Para Faye, a forma mais relaxante de começar o dia era tomando um café quente e lendo um livro de seu interesse; especialmente quando tivera uma longa noite. A morena estava preocupada com seu primeiro dia na empresa e, na noite anterior após tomar seu banho e se deitar, percebeu que não conseguia pregar os olhos. Taylor havia dormido antes de Faye, e na manhã seguinte, a morena tivera que escolher uma roupa por ela mesma. Vestia uma calça social preta, e uma camisa branca. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo, e pela segunda vez de manhã ela se sentou para passar no mínimo um gloss nos lábios.

Após comprar um Baunilha Latte e alguns cookies para beliscar no parque, atravessou a rua e foi em direção ao gramado. Sentou próxima a uma árvore e pegou um livro em sua mochila, abrindo e começando uma leitura silenciosa, tomando alguns goles de seu café. Ela lia sobre fotografia, algumas coisas que havia aprendido na faculdade desde que começou. Faye colocou o livro na grama e abriu novamente a mochila, pegando sua câmera. Seu pai havia lhe dado de presente antes de viajar para Nova York, por ter sido aceita na faculdade. Ela sentia uma saudade enorme dele e também de sua mãe. Alguns flashes do dia em que ela fora embora passaram por sua cabeça, mas ela logo sorriu ao se lembrar de que eles sabiam que aquele era o sonho de sua filha. Se tornando realidade.

A cena das crianças brincando umas com as outras naquele parque ocorria repetidamente. Corriam por todos os lados e explodiam em gargalhadas ao se jogarem em um monte de folhas que as árvores derrubavam naquele início de outono.

Faye aproximou a câmera de seus olhos para capturar um momento, mas um par de pernas parou em sua frente antes mesmo que ela o fizesse. Ela quase se assustou, mas tratou logo de olhar para cima e ver o homem alto em sua frente.

— Acorda tão cedo assim para fotografar? – o chefe perguntou, abrindo um sorriso de canto, e então Faye fez o mesmo, embora estivesse surpresa por encontrá-lo ali.

— Não, na verdade eu... vim para relaxar. Também gosta do café daqui? – perguntou vendo o copo de café na mão do loiro.

— É, parece que sim – riu fraco. – Passo aqui todos os dias para comprar. Pensei que não era você, antes de eu entrar no carro, mas quando vi a câmera, logo mudei de ideia. Escuta, não é mais confortável relaxar em casa? – outra risada fraca. Faye não acreditava que era mesmo ele ali, gastando seu precioso tempo para falar com ela.

— Na verdade, não. – respondeu e sorriu de lado. – Gosto de ler à luz do dia, e de fotografar. Já ouvi dizerem que nada acontece quando você fica em casa. Fiz disso uma razão para carregar a câmera comigo o tempo todo.

— Mas qual a razão de estar com uma câmera tão boa em um parque tão... Cru? – indagou. – Não há nada aqui além de folhas secas e árvores derrubando suas folhas secas. – Faye teve de rir.

— Fotografia vai além de congelar imagens, senhor Bieber – respondeu docilmente, sentindo-se corada após falar.

Justin Bieber pareceu não esperar aquela resposta da moça, e ao mesmo tempo se agradou, sentia que, dentro dela, haviam milhares de conhecimentos.

— Nos vemos na empresa – disse o chefe e sorriu gentilmente.

— Até mais tarde, senhor Bieber – Faye respondeu, antes dele se virar e caminhar de volta para seu carro, dando partida.

. . .

Exatamente nove horas da manhã, Faye adentrava a Bieber Solutions e ia em direção a onde lhe instruíram no dia anterior. Uma moça alta, toda caprichada na maquiagem e portando um óculos em sua face, lhe dera um crachá com sua identificação e acompanhou-a até seu local de trabalho. Sua mesa ficava em um espaço consideravelmente grande próximo à sala do chefe.

— Tudo aqui nessa mesa é seu agora. Esse telefone vai tocar quando o chefe quiser que você faça algo para ele – ela dizia rapidamente e sem vontade, apontando para um telefone preto. – E esse telefone irá tocar quando alguém de fora quiser deixar recados sobre negócios para o chefe, e você o usará para ligar para dar recados á alguém daqui ou de outras empresas, agendar reuniões e tudo mais, tudo que o chefe lhe pedir – apontou para o outro telefone. – Nesse livro contém todos os números e contatos que você irá precisar, caso precise de algo extra, use o computador. – a moça jogou o livro em cima da mesa, parecendo estar mais entediada a cada segundo. – E não pense que vai ficar sentada aí o dia inteiro, algumas vezes você terá de fazer tarefas como levar e buscar papéis para alguém na empresa.

Faye concordava com a cabeça o tempo todo, tentando entender tudo aquilo, pedindo a Deus para que não se esquecesse de nada e se controlando para não dizer àquela moça o quanto ela era chata. Ela era uma ruiva com sotaque da Inglaterra. Dava instruções à Faye com desdém e sem paciência alguma, parecia até não gostar da novata. Talvez ela esteja apenas em um dia ruim, pensou Faye.

— Muito obrigada pelas instruções, Chloe – disse a novata, lendo o nome da ruiva em seu crachá e sentando-se em sua poltrona.

Chloe cruzou os braços na frente de Faye, encarando-a indócil. Seus olhos pareciam soltar faíscas da mesma cor de seu cabelo liso e curto, enquanto Faye tentava não se mostrar apavorada e interrogativa.

— Está tudo bem por aqui, Chloe? – sua voz, invadiu o corredor, fazendo a ruiva dar um pequeno solavanco em seu tronco por conta do susto. – Oh, vejo que já se acomodou, senhorita Harlow – o chefe sorriu para a morena. – Por que está aí parada com esta cara, Chloe?

— Estava instruindo a novata, senhor. – respondeu, educada.

— O nome dela é Faye Harlow. Agora ela é superior, e você deve respeitá-la. Aliás, é melhor você voltar ao trabalho, os telefones estão começando a tocar lá embaixo – o chefe disse com educação, mas autoritário. Faye permanecia calada e paralisada, enquanto a ruiva sussurrava um “sim senhor” e se retirava do local. – Bem vinda a Bieber Solutions, Faye. – ele sorriu para ela e adentrou sua sala, fechando a porta.

. . .

Bieber estava confuso. Fazia seu trabalho como de costume, mas dessa vez havia um empecilho em sua mente. Havia uma jovem logo ao lado de sua sala, a quem parecia ser alguém completamente simples, porém, ele mantinha suas dúvidas de sempre. Justin sentia medo em julgar que um alguém fosse simples e verdadeiro, depois de ter passado por tanta trama em sua vida. O problema era que, havia ficado encantado pelo rosto dócil da garota e pela sua história de vida até o momento. Mas, seria mesmo ela, verdadeira? Ele sentia curiosidade em descobrir, algo que não havia sentido antes. Curiosidade em alguém que, parecia tão ingênua, mas ele continuava mantendo os seus medos.

Justin teve uma sensação boa ao ouvir a voz da moça através do telefone.

— Mas... Fotografar os corredores vazios da empresa? – indagou confusa. – Essa é minha primeira tarefa?

— Não foi você quem disse que pode fotografar coisas sem graça? – retrucou o chefe.

— Senhor...

— Não me decepcione, senhorita Harlow. Preciso atualizar o site da empresa.

Ele não tinha intenção de soar grosso, e sim autoritário. Faye achava totalmente estranho ter que fotografar os corredores vazios da empresa – sendo que ela não trabalhava ali como fotógrafa –, e todos eram com paredes brancas e quadros postos nelas. Mas ao mesmo tempo, sentia-se lisonjeada por estar trabalhando ali e podendo usar sua câmera para mais alguma coisa.

Após fazer algumas fotos, sentiu-se feliz consigo mesma por ter fotografado corredores de um lugar importante. Deu duas batidas na porta antes de entrar.

— Com licença, senhor – fechou a porta atrás de si e se aproximou da mesa do chefe, entregando-lhe um pen drive. – Coloquei aqui todas as fotos, acho até que ficaram boas. – ela sorriu orgulhosa.

Bieber não pôde acreditar que ela havia mesmo feito aquela tarefa completamente boba, crendo que fosse algo importante de verdade. Justin nunca imaginara que ficaria impressionado ao ver fotos de um corredor branco com quadros e alguns vasos de plantas aqui e ali. Admirava a ingenuidade da garota que sorria tímida, feliz por ter cumprido sua primeira – e tosca – tarefa na empresa.

— A luminosidade não ficou tão boa quanto deveria, Harlow – disse o chefe, sabendo que era uma completa mentira, retirando o pen drive de seu computador. O rosto da garota se enrubesceu e ela procurou pelas palavras por alguns instantes.

— Desculpe, senhor Bieber, eu ainda sou iniciante na faculdade, eu... Posso fazer as fotos novamente se o senhor quiser – ela sorriu ao concluir a última frase.

Mesmo com uma crítica um tanto quanto negativa, Faye não se deixava abalar e tentava encontrar uma forma de consertar o que supostamente não estava bom. O que era totalmente o contrário, pois Bieber sabia que a morena continha seu talento e seus conhecimentos, coisas que ele nem imaginava. O sorriso dela era tão puro e inocente, encaixando-se com sua meiga beleza, sem ter esforços para isso. Faye parecia um misto de amor e bondade, e Justin jamais havia contemplado algo assim.

— Não há necessidade, obrigado pelas fotos, bom trabalho, Harlow – ela sorriu satisfeita e se virou para sair da sala. – Aliás, eu não tenho conhecimento algum sobre fotografia. – ele disse rindo por dentro, fazendo-a parar e virar-se novamente.

— O senhor tem interesse?

— Talvez eu tenha, após ter visto suas fotografias de um corredor vazio e sem graça. Mas não se preocupe, esse não é o meu trabalho. – ele riu fraco, girando sua poltrona devagar de um lado para o outro.

— Você não apenas captura uma fotografia, senhor Bieber. Você a faz.

Justin sorriu com a resposta da moça, ela o surpreendia a cada frase. Sua bondade o impressionava a cada segundo. Ele tentava esconder dentro de si a curiosidade que Faye estava despertando nele sem ao menos se dar conta. Pois é como ela é: bondosa e... Ingênua.

Sorriu mais uma vez, sem mostrar os dentes, antes de prosseguir:

— Quem sabe um dia possamos conversar sobre fotografar árvores, senhorita Harlow.