Aquele garoto, em seus plenos dezesseis anos, ainda era uma criança, lembra? Ria de coisas mais que bobas, achava o mundo enorme e mágico, acreditava que tudo era um conto de fadas e que ele seria feliz para sempre. Lembra?
Aquele pequeno de coração inocente, aberto a quem quisesse experimentar da inocência que transbordava de cada parte daquela doce criança? Sim, você se lembra. Lembra daquelas mãos gordinhas que estavam sempre sujas de terra — pois ele insistia em cuidar compulsivamente das flores do jardim —, daqueles cabelos negros que estavam sempre bagunçados? Porque ele dizia, em sua plena inocência, que o que importava era sempre a essência e não a aparência.
Lembra? Que ele estava sempre sorrindo, não importava o quê? Sim, aquele lindo sorriso quilométrico que derretia qualquer um, que nunca morria. Sua justificativa? "É que se eu sorrir, as pessoas tristes vão se animar e sorrir também". Ah, sim. Bondade era seu nome do meio, daquele que chorava quando uma flor murchava e que oferecia amor ao pior assassino do mundo.
Sofrimento? Ele não conhecia essa palavra. Tristeza? Nem sabia que existia. Porque no seu céu sempre estava pincelado um arco-íris e a chuva era para regar nós, as "flores do mundo" como ele dizia. Lembra?
Claro que lembra. Também, Jungkook, lembra-se como você se ofereceu para cuidar de suas flores? Para ajudar a alegrar as pessoas? Para brincar com ele em seu jardim e para lhe dar tanto amor quanto ele dava a você? Você disse que estaria lá com ele.
E realmente esteve. Para pisotear suas flores, tornar negro seu céu. Apresentar-lhe os ferimentos da alma e transformar sua chuva em choro. Usufruíste da inocência dele por diversão e jogou-lhe em algum canto de tuas memórias como um brinquedo. Tu roubaste o seu coração para quebrá-lo e devolvê-lo torto. Aquela doce criança tornou-se um amargurado jovem.
Rancor? Talvez essa palavra esteja encravada em algum lugar de sua alma. Medo? Agora ele tem de pessoas da sua laia, que ele reconhece de longe graças à tua cara de pau sem limites. Inocência? Esvaiu-se tão rápido quanto qualquer memória ou sentimento dele ao redor de ti.
Porque ele também aprendeu a se levantar, a ser forte, e aprendeu a quebrar os corações que tentavam brincar com o seu próprio.
Lembra, Jungkook? Do dia em que tentou voltar e saiu com o coração partido? O dia no qual provaste do teu próprio veneno? O dia em que percebeu que Park Jimin não era mais uma criança.
Lembra de como se sentiu magoado? Ainda se acha no direito de se sentir assim? Depois de tudo o que fez para o pobre Park? Você mentiu para ele, mas ele está mais maduro agora. E não vai mais pagar por seus erros.
Lembra do dia em que percebeu que vivia em uma utopia? Que não podia mais tocá-lo? Perceba, Jeon. Park Jimin achou seu caminho para a saída. E você nunca mais irá machucá-lo novamente.
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