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História The Last Voyage - Tudo está ligado...



Capítulo 7 - Tudo está ligado...


Aiden 

Senti minha cabeça atingir com força algo e... Ai. Eu me senti dolorido quase instantaneamente. Onde eu estava? Abri meus olhos lentamente, não tinha certeza e tudo parecia borrado. Soltei um longo bocejo de sono e tentei esfregar meus olhos para tentar ver algo. Estava em um quarto, sim, sim... As memorias pareceram invadir minha mente como uma enxurrada e logo me recordei de onde eu estava. Tinha jantado com... Quem eram mesmo? Liz e Troy se não me engano ontem, e bem tinha ido para um hotel para poder passar a noite. Não era um dos melhores de minha vida, o único serviço de hotéis que encontrei por perto era de duas estrelas, mas podendo dormir e me alimentar, era o suficiente.

                Fui direto para o banho, a agua fria com certeza me despertaria mais depressa e me retiraria desse estado de monótono que eu me encontrava, e eu precisava estar animado, Andrew não apareceria se eu não o procurasse e agora que eu sabia que ele conhecia mais duas pessoas que também haviam sido chamadas, tudo se tornava mais... Interessante.

Se for pensar bem, nenhum de nós combina muito, principalmente aquele tal de Troy, ele parece ser bem fechado para seu próprio mundo, o que me faz pensar como eu e ele podemos ser amigos da mesma pessoa, se bem que eu conheço Andrew, sei bem como ele é fácil de se interagir e como e lida fácil com as pessoas, é quase impossível não gostar dele.

Terminei meu banho e vesti rapidamente minhas roupas separadas. Tinha muito que fazer hoje e ainda pretendia dar uma volta por Bogotá para conhecer mais lugares interessantes.

Decidi que comeria Tamale novamente de café da manhã, eu tinha viciado naquilo. Encontrei a mesma senhora da ultima vez e ela me recebeu com um sorriso aberto já separando mais dois para a viagem da forma que sabia que eu pediria. Eu me dirigi rapidamente para uma pracinha próxima para que pudesse tomar meu café rapidamente.

Era um lugar agradável, as arvores que cercavam o lugar possuíam copas largas e proporcionavam uma deliciosa sombra a quem se sentassem em baixo delas e eu não perdi tempo com isso. Deitei-me contra o firme tronco de uma árvore regozijando-me ali do frescor e da sensação da grama contra minhas mãos. Não tinha penteado meu cabelo, e por isso ele caia insistentemente em meus olhos, mas isso somente me deixou ainda mais confortável já que a luz do sol não me incomodava.

Olhei para o alto vendo pequenos fractais de luz transpassarem a pequena barreira verde que se formava acima de mim e sorri, aqui era mesmo um lugar bonito, e me fazia pensar, como seria o resto do mundo?

Certo, Liz – a garota falante e tagarela – tinha dito que conhecia bem Andrew também e pude perceber que ele viaja muito. Além de que ela recebeu um mapa como o meu, somente de um continente diferente, e mesmo sem dizer nada sobre isso, aposto que aquele Troy também deve ter um como o nosso, mas de um lugar diferente. Isso me fazia devanear livremente. Andrew devia saber que tenho a mente aberta e quando penso em três mapas diferentes que três pessoas receberam, mas isso não faz sentido algum. Se ele quer que encontremos algo, deveria nos dizer quando e onde, e não dar-nos alguns mapas que não dizem mais nada.

Senti uma dor forte em minha canela e abri os olhos olhando para o lado. Um pequeno garoto que deveria ter seus 7 anos me olhava com uma cara brava. Ele vestia roupas imundas e rasgadas e tinha marcas de sujeira em seu rosto. Ele me mostrou a língua e saiu correndo, não pude deixar de sorrir com aquilo. Tão nostálgico... Pensei e voltei a fechar mais olhos.

Aquilo aconteceu mais três vezes e eu fingi não ter sentido nada. Na quarta vez o garoto não correu e eu abri meus olhos focando nele. Ele estava bravo, muito bravo, como qualquer criança que odeia ser ignorada.

O que foi? Desistiu? – ele não respondeu – é chato não é? – seus olhos estavam cheios de ódio – não ter ninguém pra falar com você não é? – ele abriu sua pequena boca surpreso – Vem – bati a mão ao meu lado indicando que ele se sentasse. Ele me olhou com desconfiança, mas fez como eu indiquei – quer um? – ofereci um dos Tamales que tinha comprado e ele aceitou de uma vez – está com fome não está? – ele não respondeu novamente, somente deu uma mordida com pressa, mostrando o quão faminto ele estava.
Por quê... Por que está fazendo isso? – ele disse olhando para baixo.
Fazendo o que? – fingi não ter entendido e foquei meu olhar nele que parecia envergonhado.
Sendo legal comigo... Eu te chutei – eu ri.
Eu passei algum tempo na rua quando era pequeno – seus olhos se arregalaram em surpresa – e acredite, eu fazia bem pior do que simplesmente chutar as pessoas e correr – ele sorriu para mim – qual o seu nome?
Luke, eu me chamo Drew.
Sou Aiden – Sorri para ele em resposta e pude vê-lo ficar mais tranquilo – o que faz nas ruas?
Não quero ficar em casa, eu fugi.
Por que fez isso?
Minha mãe morreu há dois meses... – ele disse com tristeza e eu fiz um cafuné em seu cabelo – e desde então meu pai começou a beber muito, e me bate todo dia – pude ver a raiva em sua voz.
Deve ser difícil – ele me olhou.
E seus pais? Por que ficou na rua? – mordi meu lábio com a lembrança.
Não me lembro garoto – sorri disfarçando a dor que senti e menti – faz muito tempo já.
Você ficou triste? – ele disse como se a pergunta fosse para si mesmo.
Sim, muito, chorei e chorei, mas então eu encontrei ele – ele me olhou sem entender – meu melhor amigo, ele me ajudou, cuidou de mim e me ensinou várias coisas legais, assim eu voltei a ficar feliz – pude ver seus olhos se encherem de esperança – e sabe o que ele me disse?
O que?
Que não importa o quão triste você esteja, sempre sorria. Eu sempre tentava conquistar tudo a força, roubei muitas coisas quando estava com fome, e então ele me disse algo bem legal. Não me lembro bem de quem era, mas era de algum poeta inglês – cocei a bochecha – Willian alguma coisa, mas o importante é que dizia: É mais fácil obter o que se deseja com um sorriso do que à ponta da espada.
Não entendi – eu ri.
Eu disse a mesma coisa na época – ele sorriu para mim – mas quer dizer que mesmo tendo várias formas de conseguir alguma coisa, se você sorrir vai conseguir o que deseja sem precisar machucar as pessoas, porque eu sei que quando você me chutou – ele franziu a testa, envergonhado – você não queria me machucar, só queria atenção – uma lagrima rolou de seu olho.
Eu... Eu... Desculpe – ele começou a chorar e eu o puxei contra mim.
Ei, tudo bem garoto – eu ri alegre vendo que tinha dito algo inteligente.

Ficamos ali alguns minutos e ficamos conversando alegremente, Luke parecia satisfeito de poder falar com alguém e parecia ter gostado de mim da mesma forma que eu tinha gostado dele, ele me lembrava de meu passado, e me fazia repensar tudo que tinha me tornado graças a Andrew.

O contei sobre eu ter vindo da Inglaterra e ele fez um pequeno comentário sobre meu espanhol ser mesmo engraçado. E então o convidei para me mostrar a cidade.

O primeiro lugar que Luke decidiu que me mostraria era o museu do ouro, ele disse que era muito interessante como os antigos davam forma ao metais na exposição “El trabajo de los metales” e seguimos direto para lá. Eu já tinha ido a um museu ontem , mas não me incomodava de ir a outro, apenas queria me divertir um pouco e tentar encontrar Andrew por ai.

O lugar de fato era incrível, a forma que os metais eram derretidos e moldados realmente me impressionavam, além dos detalhes nas formas que eles davam, era tudo sensacional e impressionante, me deixava atônito de verdade vendo aquilo tudo em apenas um lugar.

Tirei algumas fotos e me diverti quando tentei tirar uma self e de repente ganhei dois “chifres” atrás de minha cabeça, o que resultou em Luke ganhou um curto tapa na cabeça e eu caindo com meus sapatos amarrados. Claramente fomos expulsos do museu quando eu comecei a persegui-lo, mas isso não vem ao caso.

               

A próxima parada foi em uma loja de roupas – escolha minha – a mesma que Liz tinha parado para olhar ontem. Luke não entendeu o motivo da parada, mas eu simplesmente o empurrei para dentro indo direto a sessão infantil.

Uma linda atendente se aproximou sorrindo, mas pude ver uma pequena carranca em seu rosto quando ela olhou para Luke. Suspirei, era comum que olhassem assim para crianças de rua, mas isso ainda me incomodava bastante.

Tem alguma atendente por aqui que possa me ajudar? – Ela me olhou sem entender.
Eu mesma senhor – ela sorriu e eu olhei em volta fingindo ainda estar procurando.
Não, você não serve – ela pareceu confusa – não gostei da forma que olhou para meu irmãozinho – Luke me olhou surpreso e depois sorriu.
Peço desculpas senhor, não foi minha intenção – eu sai andando puxando meu acompanhante comigo. Paramos ao lado de outra atendente, uma ruiva, e ela me olhou curiosa.
Poderia me ajudar? – ela passou os olhos por Luke e depois os voltou para mim, sem mostrar nenhum desgosto ou desdém.
Claro, o que deseja? – e então caminhamos para a sessão infantil para que ela me ajudasse a escolher as roupas para ele.

Luke saiu da loja diferente. Ele tinha cabelos castanhos claros e olhos negros como a noite. Fiz que ele fosse ao banheiro e com a ajuda da agua joguei seus cabelos para cima em um topete desgrenhado. Uma calça jeans preta e uma camiseta azul escura. Comprei mais duas calças e mais cinco camisetas para ele, além de roupas como cuecas e meias para ele. Comprei ter pares de sapatos das cores que ele gostou e uma corrente que ele disse ter vontade de usar.

O garoto tinha ficado completamente diferente, e ninguém mais poderia dizer que ele era de rua, e isso me fez sorrir. Não gostava da forma que as pessoas tratavam as pessoas de rua, mesmo não tendo um lugar para ficar, ainda eram seres humanos, eram como todos os outros, e eu não aceitava que os tratassem de outra forma.

Paramos dessa vez em uma sorveteria. Sentamos em uma mesinha com um guarda sol e eu olhei distante. Vi Troy passando distante com sua mala em mãos, ele acenou para um Taxi que parou e ele logo entrou. Ele já está indo embora? Suspirei, talvez ele tivesse algo de importante para fazer.

O que foi? – Luke perguntou se divertindo com seu sorvete de menta e chocolate.
Aquele cara que passou – olhei para o garoto – eu o conheci ontem.
Ah é? – ele perguntou interessado – ele também é da Califórnia? – pensei se ele tinha dito algo sobre isso, mas não me lembrei de nada.
Não, acho que não. Pelo menos não parece – disse pensativo – mas é uma pena que ele esteja indo.
Por quê?
Você lembra que eu disse que estava procurando alguém?
O Andrew né? – ele soltou um grito quando o sorvete dele quase escorregou da mão dele e eu ri.
Sim, ele mesmo. Ele me mandou uma carta – os olhos do garoto me avaliaram – e dentro dessa carta tinha um pedaço de um mapa.
Tipo um mapa do tesouro? – eu sorri.
É tipo isso garoto – fiz um cafune em seu cabelo e ele me fuzilou com o olhar.
Não bagunce meu cabelo, estou finalmente bonito – eu sorri convencido.
Ainda é cem anos mais novo para poder me dizer isso – Ele riu, se bem que eu não podia dizer nada, meu cabelo estava da mesma forma que eu acordara, e caindo sobre minha testa ainda. 
Continuando, esse Troy que acabei de ver – olhei para trás e me surpreendi de novo. Vi Liz correndo com uma maça na boca e um papel em mãos, ela estava vestida formalmente como se fosse fazer uma entrevista de emprego – ele também tinha recebido um envelope como o meu, e outra garota que conheci ontem outro exatamente igual. Enquanto jantávamos ela comentou algo... – revirei os olhos – e muito, muito mais, mas o importante é que ela tinha outro mapa.
Três mapas do tesouro – assenti suspirando.
Não sei o que isso quer dizer. Poderíamos ter discutido algo ontem, mas Troy não confia em mim e Liz... Aquela garota fala demais, mas é muito linda – disse distraidamente.
É um puzzle – franzi a testa encarando o garoto, conhecia a palavra, era a mesma no inglês e no espanhol.
Um puzzle? – ele assentiu.
É tipo... Tipo quando você joga videogame – continuei escutando para ver se ele desenrolava essa ideia – você vence passa três fases e ganha três chaves.
Aham... E o que isso quer dizer?
Quando você junta as três chaves, você encontra o chefe – fazia sentido, mas ainda estava confuso.
O chefe? E o chefe seria...
O Andrew – ele disse animado e seu sorvete quase voou quando ele sacudiu a mão. Ele se sentou desesperado e se aquietou com medo de seu sorvete cair – ele te deu as chaves, agora você precisa juntar elas e achar ele – eu abri a boca em surpresa.
Igual a um... – tudo começou a fazer sentido em minha cabeça, eu queria encontrar Andrew, mas eu só tinha uma mapa... Não! Eu tinha um terço de um mapa – é igual a um quebra cabeças não é?
Sim, os mapas são quebra cabeça – eu sorri para o garoto, ele tinha sido mais inteligente que três adultos juntos.
Obrigado Luke, acho que finalmente posso achar Andrew – me levantei jogando o resto da casquinha no lixo.
Aonde vai? – ele perguntou se levantando com pressa.
Preciso encontrar os dois, e... Droga, acho que Troy estava indo para o aeroporto – pensei frustrado.
Vem, eu conheço um caminho mais rápido – ele parou um pouco antes de jogar o resto de seu amado sorvete no lixo e gemeu baixinho de arrependimento.
Depois eu te compro outro – eu ri e ele começou a correr.
Eu vou cobrar.

Saímos correndo enquanto eu seguia o pequeno garoto que desviava habilmente das pessoas e que entrava por becos confusos e estreitos tentando chegar no aeroporto. Eu precisava encontrar Troy, e acima de tudo, impedi-lo de entrar no avião.

Luke conseguiu me levar ao aeroporto correndo e chegamos bem mais rápido do que o caminho normal. Eu olhei de longe e logo encontrei Troy, e surpreendentemente ele estava ao lado de Liz. Os dois pareciam embarcados em uma conversa  e eu tomei um pouco de folego respirando fundo. Fiz um cafuné em Luke agradecido e passei a andar na direção dos dois. Vou resolver isso agora, Pensei determinado. 


Notas Finais


Mais uma intersecção entre os pontos de vista.
Espero que estejam gostando!


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