História The Last Wishes Of a Deadman - Prologue - Sad People

"Meu irmão era uma verdadeira ironia.

 

É irônico pensar o quanto ele amava o sol, mas odiava o calor.                                                                                                           É irônico pensar o quanto ele odiava mistérios, mas ele era um.                                                                          

É irônico pensar também, o quanto ele fazia eu jurar nunca abandona-lo,                        

mas fora ele quem me abandonou.                    

 

Mas a vida é uma ironia, uma verdadeira piada.

 

Aquele cara que sempre me botava pra cima, agora estava embaixo,                                                                                               bem embaixo da terra. Com o seu maior pesadelo, ficar sozinho."

Esse não era nem metade do texto que eu havia escrito, mas eu queria só queria acabar com isso;

Eu não aguentava mais aquele vazio, e tinha quase certeza de que pelo menos metade das pessoas ali sentiam o mesmo. Uma dor no peito, um vazio profundo.

Peggy com certeza era uma dessas pessoas, assim como meus pais e alguns parente próximos que eu conseguia reconhecer, que eram poucos. No dia que recebi a notícia eu também desabei, e fiquei assim por dias até a "fonte" secar. Eu não conseguia mais chorar, não conseguia mais aguentar aquela dor. Mas ultimamente eu tenho aprendido a conviver com isso.

"Eu sou uma pessoa forte, eu tenho que ser."

Embora eu repetisse isso diversas vezes na minha cabeça eu não conseguia convencer a mim mesma. Eu não estava pronta, eu não deveria ter vindo. Não era fácil, mas quem poderia me culpar se eu fosse fraca? Não era normal não chorar em um enterro.

A verdade é que pessoas tristes choram.

Mas eu não conseguia, queria ser forte, por ele.

E isso tudo provava o quanto eu estava vulnerável, eu estava fraca, não era para eu querer ser forte, era para eu ser forte.

Assim que tudo aquilo acabou, pode se ouvir os tiros que diversos companheiro de meu irmão davam no céu. Isso me fez ter orgulho dele, por ele ter seguido seu sonho, pode ter sido pela metade, mas isso não me deixava menos orgulhosa. E aos poucos, as pessoas iam se despedindo de mim e dos meus pais, enquanto iam embora, voltar para sua vidas rotineiras. Daqui a um mês metade daquelas pessoas nem se lembrariam dele. Mas quem poderia julga-los?

Com a partida daquelas pessoas, eu teria um tempos "às sós" com meu irmão. Nessa caminhada ele apareceu do meu lado, caminhando comigo.                                                                                       

Mas eu me enganei a pensar que poderia ter um tempos para de despedir de maneira certa, já que alguma outra pessoa teve a mesma ideia que eu. Aquilo me deixou realmente intrigada. O cara de cabelos castanhos estava de costas, mas dava para ver o que ele segurava em suas mãos.

Era uma tulipa amarela, significava luz do sol e prosperidade. Uma das flores que meu irmão mais gostava. Me senti culpada por não ter tido a mesma ideias, mas eu tentei não pensar nisso enquanto tentava reconhecer o garoto de costas. Eu basicamente estava secando ele, com o cenho franzido por estar um pouco longe demais. Ele pareceu ter percebido isso, pois logo me seguida ele olhou em minha direção, fazendo com que eu desviasse o olhar.

Então ele pôs a tulipa em frente do túmulo e se virou caminhando em direção à saída. Seus olhos verdes se direcionaram mais uma vez na minha direção, enquanto ele continuava seus caminho.

- Você o conhece? - perguntei para o meu irmão, que só deu um meio sorriso enquanto andava em direção ao túmulo.

Era mais uma ironia, um morto andando para seu próprio túmulo.

Soltei um suspiro enquanto o seguia. Olhei para tulipa na ali na frente, que se destacava em meio de tantas rosas. Me abaixei deixando ali na frente uma foto nossa, que provavelmente iria se desfazer com a chuva que ameaçava vir. Levantei novamente meu irmão, ele olhava fixamente para aquilo tudo, provavelmente se culpando pela dor que causara a tantas pessoas.

Eu me virei e caminhei até o meio do cemitério, e quando olhei para trás, ele já havia desaparecido. Escutei a buzina do carro dos meus pais, e continuei meu caminho.

De volta a minha rotina.