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História The Legendary Dragons. - Um fantasma do passado reaparece em minha vida.


Escrita por: Jessie_Sunshine

Notas do Autor


Oii! Td bem? Estou de volta! Sentiram minha falta? Eu senti de vocês (por mais que umas férias sempre seja boa kkkkkk). Como prometido, aqui está o capitulo. Espero que gostem e, se preparem. A partir daqui, as coisas vão ficar ainda mais sérias. Já vou para os avisos. (Sim, tem muitos avisos)
1-) Não, eu não postei no Nyah! prefiro postar no Spirit mesmo, na MINHA opinião, o Nyah! é muito bom para ler fics, muito bem organizado e essas coisas, mas, para postar é mais complicado, então deixarei para postar apenas originais lá.
2-) Sim, eu criei uma página no Facebook.
3-) Irei mudar o dia da postagem da fic para Sábado, pois, durante a semana, terei muitas coisas para fazer, principalmente agora que entrei em mais de 3 cursos.
4-) Caso haja algum atraso, peço que entendam, esse ano irei prestar vestibular e terei que colocar todas as matérias em dia, então, acho melhor atrasar um pouco do que abandonar a fic, certo? (Um dos cursos que entrei é para fazer o vestibular)
5-) Desculpem a demora, minha semana estava realmente cheia e, de agora em diante, só piora, mas, farei de tudo para não atrasar tanto (no máximo alguns dias.)
6-) Mais um motivo pelo qual eu atrasei é que, não posso ficar escrevendo no computador por muito tempo, por causa de um pequeno problema de visão (não é grave, não precisa se preocupar.), então, até ir a um oftalmologista e, provavelmente, ter que usar óculos, não vou poder escrever muito, me atrasando um pouco (se eu ficar muito tempo, fico enjoada e morrendo de dor de cabeça.)
Muitos avisos depois... Enfim, espero que gostem. BOA LEITURA! Bjss de caramelo!

Capítulo 18 - Um fantasma do passado reaparece em minha vida.


Fic cap. 19

18. Um fantasma do passado reaparece em minha vida.

  Enquanto todos conversavam, ouvi uma garota conversando com outra pessoa. Eu podia jurar que conhecia aquela voz, mas resolvi ficar quieto e esperar se aproximar para que tivesse certeza. Ao se aproximar, fiquei um pouco assustado. Não poderia ser quem eu achava que era.

  - Como assim Lennox está aqui e ninguém me falou? Eu deveria ser a primeira a saber! – Aquele timbre... Mesmo estando mais maduro, se parecia muito com o dela.

   - Calma, senhora. Já íamos te avisar. Essa missão era sigilosa...

   - Não deviam ter escondido isso justamente de mim! – A voz parecia estar brava.

   Assim que ambos passaram do meu lado, puxei a garota pelo braço, ficando frente a frente com ela.

  - Não é possível... Você... Você morreu.

  - Ele também está aqui? – Se dirigiu ao garoto. – Não, Kyoya, eu não morri, foi você quem morreu.

  Olhei-a de cima a baixo. Não podia ser a mesma garota, eu mesmo presenciei sua morte. Graças aquilo, tive pesadelos durante anos por não ter sido capaz de ter feito nada, havia sofrido por vários e vários anos, fingindo que havia superado, quando, na verdade, aquela cena continuava em minha cabeça. Aí, a pessoa responsável por grande parte de sua dor, que, durante anos, pensou ter morrido, aparece em uma escola de lutas, agindo “normalmente”, como se nada tivesse acontecido e ainda falando bobagens, como eu ter morrido.

  - Se não se importa, poderia me soltar? Preciso ir ver minha irmã. – Pronunciou-se por fim.

  Talvez não fossem a mesma pessoa. Poderia ser apenas uma sócia dela. Não podia me abalar tanto apenas por uma idiotice como aquela.

  - Você não tem irmã. – Encarei-a. Minha voz havia saído mais irritada do que imaginei.

  - Parece que, AGORA, eu tenho. – Suas palavras saíram como veneno em meus ouvidos. Era ela, sua resposta havia sido clara para mim. No entanto, havia sido mais ríspida do que jamais fora, mesmo irritada, não me tratava daquele jeito.

  Prestei atenção em suas roupas. Eram todas completamente pretas, sem nenhum detalhe, com exceção de um colar prata, que fosse de outra cor, parecia pronta para ir a um enterro, assim como eu fui. Usava uma regata e uma calça preta, além de um casaco comprido e com mangas da mesma cor e botas de cano longo com salto. Aquilo era realmente muito estranho, pois, nunca fora muito fã de cores escuras, especialmente de preto, sempre preferira branco ou cores mais chamativas. Vê-la daquele jeito me deixava surpreso e, ao mesmo tempo, confuso.

  - É... Kyoya? – Nile me tirou de meus devaneios ao me chamar. – Quem é essa?

  Acho que eu estava surpreso demais, pois, mesmo tentando, não consegui responder-lhe. Ela havia mudado demais nesses cinco anos em que estivera, supostamente, morta. Estava mais madura, responsável, autoritária, independente e feroz...

  Mesmo assim, aquele cabelo continuava igual, não estava mais preso em maria chiquinhas, na verdade, naquele momento, estava preso em um rabo de cavalo alto, bem firme e com apenas alguns fios da franja soltos. Seu cabelo havia crescido mais e estava quase na linha da cintura, no entanto, continuava no mesmo tom de sempre, a mesma cor verde-água que me lembrava. Seus olhos também continuavam iguais, um pouco mais tempestuosos, mas, continuava com o mesmo tom azul celeste que conhecia.

  Nesse momento, todos já me encaravam, bem surpresos pelo meu comportamento. Infelizmente, havia chamado a atenção de muitos olhares curiosos, incluindo dos alunos que estudavam ali, que já haviam parado tudo o que estavam fazendo só para verem o que estavam acontecendo.

  - O que está acontecendo? – Ouvi um garoto de cabelo laranja cochichar.

  - Esse blader parou a nossa Comandante, sem nenhuma razão. – Outro garoto respondeu.

  Olhei para os lados em busca de Emi, ela estava muito quieta, o que não era muito bom, considerando que era mais barulhenta do que fogos de artificio. Talvez, estivesse tão surpresa quanto eu, talvez não reconhecesse a pessoa que estava em minha frente.

  - Se você não vai me soltar, eu mesma farei isso. Não tenho tempo para perder com você. – Ela me empurrou e, pelo seu movimento brusco, pude perceber algo que não havia antes, algo entre seu pescoço e sua clavícula.

  - O que é isso? – Perguntei. – Uma tatuagem?

  - Isso não é da sua conta. – Ela cobriu rapidamente o local e me olhou como se fosse quebrar cada osso do meu corpo e dar para animais famintos.

  - O que está acontecendo? – Lennox finalmente apareceu, descendo as escadas correndo, como uma criança no dia de natal. Parecia feliz e bem animada, bem diferente do dia anterior.

  - Lennox... Por que não me contou que vinha para cá? – A garota perguntou, em um tom bem sério, como se estivesse brava.

  - Porque eu não sabia que iriamos vir aqui. Como eu iria te avisar se nem eu sabia? – Lennox parou ao pé da escada. – Agora, o que está acontecendo aqui? Kyoya já arranjou confusão?

  - Quem é ela? – Nile aproveitou a brecha para me perguntar.

  - Ela é... – Fui interrompido antes que pudesse responder.

  - Pode deixar que eu me apresento. Eu sou Kiyomi. Sou filha da diretora e Comandante do alto escalão, o que seria como o braço direito do rei, o comandante da guarda real. Sou responsável por várias coisas, incluindo cuidar da chegada de membros novos e aceitar missões. Geralmente, sei cada um que, durante o ano, entraria aqui, seu nome, sua família, seu país de origem e tudo o mais... – Seu olhar severo se depositou sobre o garoto que estava ao seu lado. – Como acabei de voltar de uma dessas missões, parece que ainda não tive tempo de saber das novidades, não estou a par da situação... Agora, gostaria de saber, o que fazem aqui?

  - Boa pergunta. – Madoka disse. – Nem nós sabemos. Só nos disseram que lá fora é perigoso.

  - Entendo. Adrien, prepare os relatórios, quero saber detalhe por detalhe, não deixe nada passar. – Falou para o garoto.

  - Ki, você ainda não me respondeu. – A expressão alegre de Lennox tornou-se séria. – O Kyoya fez alguma coisa? Me desculpe por isso, ele é muito cabeça dura, teimoso e orgulhoso, mas não é uma má pessoa...

  Por que é sempre culpa minha? Eu quase nunca faço nada e sempre levo a culpa.

  Pude jurar que ouvi uma risada da Kiyomi, mesmo sendo uma risada baixa, aquela garota não me enganava.

  - Foi apenas um desentendimento, não precisa se preocupar. Agora, me responda uma coisa, você conhece-o, Lennox? – Seus olhos demostravam curiosidade.

  - É... – Kiyomi arqueou as sobrancelhas quando Lennox deu uma pausa. – Pode-se dizer que sim.

  - Como pode uma Comandante ser tão jovem? – Provoquei e senti o olhar de Lennox pesar sobre mim. – Quer dizer, ontem conheci um garoto muito chato chamado Tales, de 17 ou 18 anos, que dizia ser o segundo mais importante, perdendo apenas para você. Todos os chefes são novos assim?

  - A idade aqui não interessa, desde que a pessoa tenha maturidade suficiente. – Seu olhar era duro. – Outra coisa importante, é o talento, a determinação e a honra de cada um. Decidimos dedo a dedo quem será um de nossos representantes, ninguém tem superioridade a ninguém, nem mesmo eu, a filha da diretora. Se cometer muitas coisas erradas, os alunos podem te tirar do comando se tiverem razão para isso. Levamos nossos deveres muito a sério aqui. E, você viu o Tales? Não sabia que ainda estava por aqui, ele precisa ir logo para sua missão. Queria conversar um pouco com você, Lennox, mas os deveres me chamam, então cuide dos seus amigos até eu voltar, principalmente desse de cabelo verde.

  Kiyomi foi embora sem se importar com os olhares dos alunos, agindo como se nada tivesse acontecido, deixando-nos para trás, com uma Lennox furiosa em meus encalços. Talvez, ela ainda estivesse de bom humor e não resolvesse me matar e eu não estivesse tão ferrado assim...

  - Kyoya, o que pensa que está fazendo? Ela pode resolver te matar em menos de 1 segundo! Você é idiota? Só pode! Não mexa com pessoas do alto escalão, entendeu?

  - Vou te pedir uma coisa, Lennox. Não se meta nessa história.

  A reação dela não foi das melhores, mas poderia ter sido pior. Primeiro, ela cruzou seus braços com força. Logo em seguida, fechou seus olhos com força, enquanto respirava fundo e bufava e, abriu a boca para me xingar, mas, ao perceber a presença de Emi, fechou-a novamente e ficou calada. Naquele momento, por estar em público, ela se conteve, no entanto, algo me dizia que, assim que tivesse a oportunidade de ficar a sós comigo, tudo seria descontado.

  - Afinal das contas, como vocês se conheciam? – Lennox perguntou.

  - Isso não importa. Realmente não estou a fim de falar sobre isso.

  - Depois eu que guardo muitos segredos e não sou confiável... – Ela resmungou.

  - Ótimo, então quer dizer que você também estudou aqui, Kyoya? – Madoka me perguntou.

  - Não. Claro que não. – Neguei. – Por que acha isso?

  - Do jeito que conhece tanta gente, não ficaria surpresa. – Deu de ombros.

  - Só conheço duas pessoas, se contar com a Lennox, três.

  - Se contar comigo, quatro. – Fernanda abaixou a cabeça e parecia um pouco envergonhada.

  - Espera... Você é daqui também? Então foi daqui que veio essa rivalidade entre vocês, não foi? – Aquilo havia me pegado um pouco de surpresa, mas, fazia sentido.

  - Finalmente descobriu. – Lennox revirou os olhos.

  - Lennox, não tinha como ele saber, você sabe que a identidade dos membros é secreta, nem que ele pesquisasse saberia... – Fernanda tentou me defender.

  - Do jeito que as coisas estão, não me surpreenderia de até o Gingka ser um membro daqui. – Madoka comentou.

  - Eu? – Gingka pensou um pouco e constatou. – Não, eu nunca fiz parte disso.

  - Tecnicamente, agora todas fazem parte disso, já que, agora, estudarão aqui por tempo indeterminado. – Novamente, Lennox se intrometeu.

  - Enfim, quem é essa garotinha fofa que está aqui? Ela estava procurando por você, Kyoya, não estava? – Madoka olhou para a Emi, dando um sorriso caloroso.

  - Eu conheço você. Seu nome é Madoka, não é? A mecânica de beys? Eu te vi na televisão, junto com o Gingka... – Os olhos de Emi estavam brilhando. – Você não me falou que conhecia eles, Yoyo.

  - Quantas vezes preciso falar para não me chamar de Yoyo? – Repreendi-a.

  - Acho que o Kyoya tem algo para nos contar. – Madoka me encarou.

  Fiquei um pouco apreensivo, não queria que eles soubessem de minha vida pessoal. Na verdade, apenas o fato de Lennox ter descoberto sobre aquilo já me deixava bem aflito, imagine um grupo tão grande e diversificado como o dos bladers. No entanto, eu o fiz correr um grande risco naquele meio tempo, meti-os em várias confusões, então, o mínimo que poderia fazer, seria contar a verdade.

  - Está bem, está bem. Essa é a Emi. Ela tem 9 anos e mora no Japão. Acho que tenho uma ideia do motivo dela estar aqui, mas não tenho certeza. Como será que eu conheço-a? Será que é pelo motivo de eu ter cuidado dela desde que era um bebê? Indo todo dia para sua casa após a escola? – Ironizei.

  - Quer dizer que ela é sua irmã? – Sam que, até então, estava calada, chutou.

  - Não. Ela é minha prima. – Respondi.

  - Prima? Sério? – Todos ficaram surpresos, com exceção de Lennox, Emi e do Ryuga que nem ligou.

  - É, prima. Qual o problema? Não posso ter família? – Revirei os olhos.

  - Ela não se parece com você! – Gingka começou o drama. – As únicas semelhanças são os olhos e o dente... Ela não tem a mesma cor de cabelo, de pele, suas marcas nos olhos... Essa garota não se parece nada com você. Além disso, ela parece ser bem fofa, diferente do primo.

  - Olha, Gingka, não é porque somos parentes que somos iguais. – Respondi.

  - Agora que todos já tiveram grandes surpresas, podemos ir? Temos muitos lugares para ir ainda e pouco tempo.

  - A gente não tem escolha, tem? – Perguntei

  Ela fechou os olhos, colocou o dedo indicador em seus lábios e parecia pensar. Alguns segundos depois, deu um sorriso travesso, abriu apenas um olho e disse:

  - Não!

  Nós seguimos a Lennox para fora, perto de um jardim. Haviam alguns bancos e várias árvores, com poucas folhas e cobertas de neve. Uma trilha de pedras parcialmente coberta de cristais de gelo escorregadios, levava a duas quadras esportivas. Flores de todas as cores embelezavam o local, mesmo sendo inverno.

  - O que estamos fazendo aqui? – Yu, que andava quieto desde que havia chegado, perguntou.

  - Vou apresentar meus amigos para vocês. – Ela parecia entusiasmada até observar o local. – Aqueles idiotas sempre se atrasam.

  Tiramos o excesso de neve dos bancos e nos sentamos neles, até que, finalmente, cinco pessoas apareceram. Entre eles, havia três garotos, os mesmos que estavam no quarto de Lennox e duas garotas.

  Uma delas tinha longos cabelos rosas, olhos verdes, quase na cor esmeralda e bem brilhantes, os lábios eram carnudos e quase tão rosado quanto seus cabelos, uma pele lisa e sem nenhuma mancha. Ela era... como posso dizer? Corpulenta. Mesmo assim, não parecia ter vergonha de seu corpo, na verdade, não parecia se importar em não ser magra como uma modelo. Ela usava uma blusa azul com um decote em V e duas aberturas laterais, deixando parte de sua cintura a mostra, além disso, usava um short preto bem curto, mesmo sendo frio, deixando suas longas pernas a mostra.

  A outra, tinha cabelo curto, um pouco abaixo do pescoço, da cor vermelha, quase na cor vinho, olhos violetas bem grandes e longos cílios, lábios um pouco mais finos que a outra garota, mas, também eram rosados e sua pele era negra, meio bronzeada. Ela não era nem magra demais, nem gorda, fazia um bom equilíbrio entre os dois e parecia bem saudável. Usava uma blusa branca com algumas lantejoulas decorando a região do busto e uma blusa de frio branca, além de uma calça jeans e botas de salto da cor branca com detalhes em preto.

  Os garotos estavam com casacos, o loiro, acho que se chamava Dylan, estava com um casaco xadrez, branco e vermelho, já o tal de Ethan, de cabelo preto, estava com uma na cor jeans e aquele outro garoto, Nathan, com uma jaqueta preta.

  - Esses são meus amigos. – Lennox falou. – Atrasados, como sempre.

  - Não enche, Lennox, estávamos... resolvendo um problema. – O tal de Nathan abriu um sorriso travesso.

  - Não vou nem perguntar. – Lennox revirou os olhos.

  - Hora da apresentação? – A garota de cabelo rosa perguntou, interrompendo-os.

  - Está bem, pode ser. Aqui, pessoas. Essa garota de cabelo rosa se chama Brianna e, a de cabelo vermelho, se chama Diana. Esse garoto de cabelos negros se chama Ethan, o loiro se chama Dylan e esse ser brincalhão e, acima de tudo, irritante, é o Nathan.

  - Esqueceu o inteligente, popular e bonitão. – Nathan disse, convencido. – Além disso, pode até reclamar, mas é por isso que você gosta tanto assim de mim, não é?

  - Que seja. – Lennox revirou os olhos novamente. – Onde está a Jade?

  - Teve uma sessão extra de treinamento. Parece que vão manda-la para o Japão para investigar algumas coisas importantes. – Brianna comentou. – Enfim, não é melhor apresentar eles para nós? Não sabemos muito sobre o mundo do beyblade...

  E, assim, Lennox nos apresentou, um por um, eles não pareciam conhecer nem mesmo Gingka ou Ryuga até que chegou em mim.

  - Então, você é o famoso Kyoya? Sabe, você é bem popular por aqui, todos sabem sobre o que aconteceu com você e, o principal objetivo, por enquanto, é te proteger. Ninguém sabe sobre o seu passado... Isso é interessante. E, quem diria que era amigo de uma garota tão teimosa como a Lennox. O que ela fez? – A garota de cabelo rosa era bem animada e falava muito rápido.

  - Não sou amigo dela. – Acabei sendo mais ríspido do que queria.

  - Ai, ai. Mais um mal humorado nessa turma. – Brianna brincou.

  - Deixa eu pensar um pouco... Vocês não são amigos, mas, mesmo assim, ela sempre dá um jeito de te arrastar para qualquer lugar. Além disso, você não parece ser muito fã da Lennox. Ou seja, você é o alvo dela. – Nathan concluiu. – Faz sentido, ela sempre pega o mais revolta e o que fica mais nervoso com suas brincadeiras, pois acha bem mais divertido. Boa sorte, eu fui perseguido por alguns anos e, acredite, não é fácil se livrar dela.

  Do que aquele garoto estava falando? Que história era aquela de alvo?

  - Você ainda não entendeu, não é mesmo? – Ele suspirou. – A Lennox tem uma mania muito chata de ficar irritando as pessoas. Não é nada pessoal, é apenas uma mania, ela sempre faz isso e pode ser com qualquer um. Enfim, sempre que ela acha sua próxima vítima, a pessoa precisa aguentar até que a Lennox enjoe de irrita-lo. Ela faz várias coisas, não faz? Como, por exemplo, mexer nas suas coisas, escondendo algumas delas, procura qualquer coisinha para te zoar, te tira do sério, e assim vai. Daqui alguns meses ou anos ela cansa, não se preocupe.

  - Quer para de falar sobre mim? Vamos logo, temos muitos lugares para irmos.

  A Lennox comentava sobre as coisas legais que poderiam fazer, os lugares que estavam fechados para manutenção ou pelo frio, como a piscina. Enquanto falava, seu olhar brilhava, como se estivesse orgulhosa, ao ponto de não perceber que seus amigos estavam muito à vontade com Fernanda estando a poucos centímetros deles, nem que eu estava ainda mais distraído do que ela, ao ponto de ouvir apenas uma ou outra palavra do que dizia. Acho que eu não era o único distraído, Madoka estava reclamando do frio e os seus próprios amigos se perguntavam o que Fernanda fazia ali.

  Enquanto ela nos levava a uma quadra, consegui uma brecha e escapei. Caso alguém perguntasse mais tarde, minha desculpa seria que eu havia ido ao banheiro e havia me perdido. Simples e objetivo. Tudo o que queria, era encontrar com a Kiyomi novamente e ter minhas explicações, não tinha tempo para conhecer a escola, poderia fazer isso mais tarde.

  Mais uma vez, fui parar no hall de entrada e, graças ao destino, na hora certa. Vi a garota ir para a direita, onde ficava as salas de aula. Fiquei um pouco indeciso do que faria, no entanto, acabei seguindo-a.

  No meio do caminho, acabei me perdendo e, como as salas eram quase todas iguais, com exceção que algumas haviam carteiras, outros materiais de treinamento, como saco de pancadas, fiquei mais desnorteado ainda. Aquilo era um labirinto e eu estava bem no meio dele. Só consegui me guiar por meio de um barulho que parecia ser de metal, que vinham do fim do corredor.

  Abri a porta sem me importar em bater. Kiyomi não parecia se importar e continuou seu treino na barra. Ela estava bem mais diferente do que me lembrava, estava mais forte, mais determinada e menos preguiçosa. Nem parecia a garota que brigava comigo por causa de uma única batata frita. A idade havia caído bem a ela, não apenas por seu corpo estar bem mais evoluído e estava mais bonita, mas, também, pelo jeito responsável que andava agindo. Não era mais uma criancinha mimada. Parece que eu não havia sido o único a mudar naquele meio tempo.

  - Vai me falar o que quer ou vai ficar só me olhando? – Perguntou enquanto pegava uma toalha para enxugar o suor.

  - Não posso acreditar que está viva. Eu te vi caindo...

  - Nem tudo o que você vê é verdade, as vezes, sua visão pode te enganar. Agora, venha. Quero ver como está o seu condicionamento físico. – Ela apontou para as barras.

  - Como sobreviveu? – Perguntei.

  - Por que faz perguntas tão complicadas? Eu não sei, só sei que, quando acordei, estava em uma cama de enfermaria e, a partir desse momento, Alicia começou a cuidar de mim. Agora é sério, faça esse exercício, no mínimo, 2 séries de 20. Preciso ver se vai aguentar. – Mandou.

  - Está bem. – Subi na barra e comecei a fazer as flexões. Aquilo doía, mas, não era um desafio tão grande, na verdade, podia até ficar cansado e ofegante, no entanto, não morreria só por isso, nada de anormal.

  - Muito bem, parece que dá conta do básico.

  - Você não acha suspeito você ter acordado aqui, nos Estados Unidos? – Perguntei. – Eles devem ter armado alguma coisa, como alguém te socorreria tão rápido? Como ela estava lá bem na hora? Acho isso muito estranho.

  - Eu não sei, Kyoya, só sei que essa é minha vida agora. – Ela mordeu os lábios. Estava me escondendo alguma coisa, mas, resolvi mudar de assunto, mais tarde tiraria aquela história a limpo.

  - Por que fez uma tatuagem? – Perguntei após pular da barra.

  - Isso não é uma tatuagem. É uma marca. – Explicou. – Diferentemente de uma tatuagem, uma marca não é definitiva, podemos tira-la quando quisermos, como... Como aquelas tatuagens que vem no chiclete, sabe? Só que bem mais resistente. Essas marcas indicam minha posição como Comandante.

  - Entendo, então você ficou mesmo mais responsável.

  - E você continua o mesmo chato de sempre, Yoyo. – Abriu um sorriso provocador.

  - Retiro o que disse. Continua a mesma chata. – Ela me mostrou a língua mas logo voltou a compostura.

  - Pode me explicar o motivo dessas cicatrizes? Faz tempo que não vou para casa, mas, pelo que me lembro, cicatrizes em formas de cruz nunca são coisas boas, isso é sinal de problemas.

  - Bem, desde a sua “morte”, muitas coisas aconteceram e, acabei levando a pior.

  - Pensei que nunca mais iria te ver... Quem diria que isso poderia acontecer com você, justamente com você. Afinal, o que aconteceu? As cicatrizes são a segunda maior punição, quer dizer, era. Pelo menos na época em que eu morava lá.

  - Desde a época em que sai, ainda era. E, prefiro não falar sobre isso. Lennox sabe sobre nós?

  - Claro que não. Ninguém sabe, além de Alicia. O passado fica no passado, lembra? Aliás, se alguém perguntar, diga que me conhece de alguma missão.

  - Se é isso que você quer. – Dei de ombros.

  - O que você aprontou para estar aqui?

  - Não aprontei nada. Você não iria ver isso com aquele garoto? Alguém está atrás de mim e não está brincando. Contrataram até assassinos para me matar. – Expliquei.

  - Isso é realmente muito complicado. Parabéns por conseguir irritar até pessoas poderosas.

  - Dessa vez, não fiz nada para irritar ninguém. – Cruzei os braços, um pouco irritado.

  - Kyoya, mesmo não querendo você sempre acaba irritando. Talvez, você seja uma pedra no caminho para essa pessoa e ela tenha que te tirar do caminho de um jeito ou de outro.

  Ela me mandou socar o saco de pancadas, enquanto falava e, hora ou outra, dizia que alguma coisa estava errada, como a posição dos pés ou do quadril.

  - O que estamos fazendo? – Perguntei.

  - Treinando. Se não treinar, será péssimo nas aulas e, é sempre bom depender de você e somente de você, nem sempre as pessoas estarão lá para te ajudar.

  - Odeio dizer isso, mas você fez falta. – Admiti. – É claro que senti muita raiva quando vi que estava viva e que havia abandonado nós. Na verdade, ainda quero entender isso antes de te julgar.

  - Eu não abandonei vocês, apenas segui meu caminho. – Ela abaixou a cabeça.

  - Seguiu seu caminho fingindo estar morta? Deixando tudo para trás sem se importar com as consequências que traria para as outras pessoas?

  - Era o único jeito de vocês não me impedirem. – Sua voz também estava abaixando, em um tom quase inaudível.

  - Kiyomi, isso se chama egoísmo. Você pensou apenas em você e em mais ninguém. – Acusei-a. – Não pensou em quantas pessoas que estavam a sua volta, sofreram. Não pensou em quantas pessoas ficaram deprimidas, quase entraram em depressão por causa dessa sua escolha. Não pensou em mim.

  - Egoísmo? É egoísmo tentar proteger a família? Kyoya, estavam atrás de mim, se todos pensassem que eu havia morrido, ninguém sofreria por algo que envolvia eu e apenas eu, mesmo sofrendo com a dor de perder alguém querido, esse pequeno sacrifício, era a melhor escolha ou você queria que TODOS morressem? Incluindo você? Já pensou o quanto eu sofri? Vivendo como um fantasma, sem ter lugar para voltar, sem ter um nome... Alicia me salvou e, percebendo o quanto eu estava sozinha e sofrendo, me adotou e me treinou, até eu ser quem sou agora.

  - Pode ter se sentido como for, a escolha foi sua, as consequências também. Na realidade, você não se importou com nós. Nos salvou? Você fez nosso mundo escurecer, virar um mundo monótono e sem cor. – Não pude deixar de demonstrar meu rancor, joguei o máximo de veneno que consegui nas palavras. – Pensou mesmo naqueles seus amigos que sempre andavam com você? Como eles se sentiram?

  - Vai mesmo insistir nisso? Não tente me enganar, Kyoya. Eu sei que ninguém foi ao meu enterro, nem minha família, apenas você, minha mãe e minha madrinha. Você sabe muito bem que eu nunca tive amigos de verdade, eles apenas ligavam para o meu dinheiro, diferente de você, que havia amigos que realmente se importavam, se preocupavam com você! Mesmo que eu tenha “morrido” e te deixado triste, sempre teve eles para apoia-lo e te ajudar a passar por cima de seus problemas. E eu? Iria viver uma farsa para sempre? Caso não tenha percebido, sou bem mais feliz aqui.

  - E isso não é uma farsa? Me diga, Kiyomi, viver a vida de outra pessoa, fingindo ser quem não é, não é uma farsa? Você não está vivendo a sua vida e sim, da filha dessa tal de Alicia. Aposto que chegou até mesmo a mudar seu sobrenome, estou certo, não estou?

  - Sim, Kyoya, mudei meu sobrenome. Precisava deixar o passado para trás e aprender a viver novamente, sendo livre e feliz. Não, eu não estou vivendo uma farsa, essa é a minha vida, a minha escolha foi essa. Essa é quem sou agora. Aliás, você devia fazer o mesmo.

  - De jeito nenhum. Eu posso até me arrepender de muitas coisas de meu passado, posso querer esquecer tudo de ruim que me aconteceu, mas, nunca irei mudar meu nome, nunca vou me deixar esquecer quem realmente sou. Por mais que minha vida tenha virado uma tempestade, preciso saber quem sou para poder voltar.

  - Eu já me encontrei, Kyoya. Já tenho meu porto seguro e ele é aqui. – Disse com a voz firme. – Não me arrependo nem um pouquinho da escolha que fiz e, se quer saber, faria tudo novamente. Tem certeza que eu sou a egoísta? Você realmente se importa comigo? Está apenas bravo por não ter te contado a verdade, porque, para você, o mundo gira a seu redor. As pessoas não possuem o direito de serem felizes se não te derem satisfações, se isso não for bom para você, não te fazer feliz também. Agora que sabe que estou viva, o que vai fazer? Me fazer ser sua sombra novamente? Me controlar? Dizer para todos que menti esse tempo todo? Me fazer infeliz novamente?

  Aquilo estava me machucando mais do que imaginei. Não sabia que ela pensava aquilo sobre mim, sempre fora tão alegre e popular, não me lembro de ter ficado na minha sombra. Sempre achei o contrário.

  - Após 6 anos, continuamos brigando como crianças. – Suspirei. – Só queria que, se tivéssemos um reencontro algum dia, nos déssemos bem, sem brigar, queria que fosse melhor.

  - Isso nunca iria acontecer, Kyoya. Nós mudamos, não somos as mesmas pessoas de antes e, mesmo que fossemos, nunca nos daríamos bem. Essa é a realidade em que nos encontramos. Se quiser, podemos tentar nos dar bem agora, mas não tenho certeza se isso dará certo.

  - Não custa nada. – Dei de ombros. – Que tal tentarmos ter uma conversa normal?

  - Deixa eu ver... Conseguiu, finalmente, arrumar uma namorada? – Perguntou.

  - Claro. E não é a primeira.

  - Sério? Parecia que as coisas realmente mudaram... – Ela parecia surpresa. – Quem é?

  - O nome dela é Fernanda. Pelo jeito ela era aluna daqui.

  - Até você está namorando... – Novamente, pude sentir um pouco de mágoa ou, talvez, inveja.

  - É. E, pela sua cara e reação, algo me diz que ainda está solteira.

  - Nem tudo nessa vida é perfeito. O fato de eu ser a Comandante e filha da diretora, não me ajuda muito, já que os garotos, geralmente, têm medo de mim.

  - Imagino. Deve ser horrível ver todos namorando, de mãos dadas, comemorando o dia dos namorados, que, por acaso será daqui alguns dias, e ficar lá, parada, de vela.

  - Pelo menos, eu não tenho mau gosto. – Acho que Kiyomi havia se ofendido com o que havia falado anteriormente. -      Fernanda? Sério? Tantas garotas nesse mundo e você vai namorar bem com uma que eu, praticamente, odeio? Sabe, minha relação de irmã com a Lennox é de amor e ódio, principalmente ódio, mesmo que nos respeitamos, sempre brigamos bastante, no entanto, a Fernanda passou dos limites, tentando desonrar o nome de nossa família, declarando guerra contra nós. Nunca me meti nos assuntos delas, mas isso é outra história. Você é novo por aqui, mas, precisa saber dessa rivalidade.

  - O que foi que ela fez de tão ruim? E outra, eu não tenho nada a ver com isso. Não faço parte dessa rivalidade, faço parte apenas de minha própria vida, assim como você, mesmo não agradando os outros, prefiro ser feliz do que sofrer.

  - Calma, não precisa sair atirando para todo lado, só quis te deixar informado. Aliás, não te obrigarei a nada, faça o que quiser, apenas não traga desonra ao nome de nossa família. – Pediu.

  - Devia ter falado isso mais cedo. Parece que te fiz passar muita vergonha nessa vida, não é? – Infelizmente, parece que, mesmo querendo, não consegui apagar a raiva que me consumia por culpa de suas mentiras.

  - Kyoya, passado é passado. Não estou falando mais da minha antiga família, estou falando da nova, a qual Lennox e Alicia fazem parte.

  - Sendo assim, se for o que realmente quer, não somos mais parentes. Somos apenas desconhecidos.

  - Na verdade, por mais que tenha deixado a minha antiga vida para trás, você ainda é sangue do meu sangue, ainda é meu irmão e, mesmo que eu quisesse, isso não tem jeito de mudar. Por isso, precisamos mostrar que nossa família é forte e que, mesmo você não sendo daqui, ainda é muito bom, como o irmão da Comandante deve ser. Irei confiar em você para nos trazer motivo de orgulho. Você precisa ser melhor que todos, a qualquer custo.

  - Ou seja, a única coisa que quer e se importa é ter uma boa reputação e não quer que eu te envergonhe de jeito nenhum. – Revirei os olhos.

  - Exatamente isso. – Concordou na maior cara de pau.

  - Sabe, você não precisará se preocupar com isso. Você sempre foi um saco, mas, ao invés de melhorar, apenas piorou. Pelo menos, naquela época, você não se importava tanto em ser o melhor em tudo, claro, amava ser o centro das atenções, mas, deixava os outros serem o que eram, sem ficar cobrando mais do que eles conseguiam fazer. Não tem problema, ninguém saberá de nossa relação familiar, assim, você não passará vergonha. Nossa ligação já acabou a muito tempo. Pelo que vejo, prefiro acreditar que realmente morreu a ter uma decepção dessa. – Fui embora, sem me preocupar com o que aconteceria.

  Ela não fazia mais parte de minha família, era uma completa desconhecida. Talvez, teria sido melhor ela ter morrido a muito tempo, como achei que havia acontecido, e ter uma imagem boa dos momentos que havíamos passado, do que ter uma decepção tão drástica a qual havia vivido.

  Eu e Kiyomi nunca nos demos bem, mesmo sendo gêmeos. Desde pequenos, vivíamos brigando, no entanto, sempre nos reconciliávamos, até que, em um dia nebuloso, nós dois havíamos saído para comprar algumas coisas que nossa mãe tinha nos pedido. Claro, passamos o caminho inteiro discutindo, nossas personalidades eram completamente opostas e isso não nos ajudava. Como sempre, fomos em uma loja de um amigo de nossa mãe, que sempre nos recebia com um grande sorriso no rosto e já parecia saber de cor tudo o que precisávamos. Me lembro perfeitamente daquela loja, sempre ganhava um ou dois doces quando ia lá, sabia perfeitamente em que prateleira ficava o que, conhecia como a palma da minha mão. O cheiro era de canela e infectavam a loja inteira. Era uma lojinha bem simples, no entanto, não deixava de ser bonita. No caminho de volta, por uma trilha de pedras, para não pegarmos um caminho um tanto quanto perigoso, precisamos passar por um caminho que levava direto ao penhasco. Como ela amava me deixar angustiado, irritado e preocupado, minha querida irmã, foi até a ponta, onde se sentou e deixou as pernas penduradas. Eu odiava quando ela era idiota daquele jeito. A neblina ficou mais espessa e, de uma hora para a outra, não consegui mais enxerga-la, nisso, meu coração acelerou, sentia como se fosse sair pela minha boca, estava desesperado. O que eu faria caso ela morresse? O que falaria para minha mãe? Como ficaria no mesmo quarto de sempre, sozinho, vendo aquele espaço vazio, com apenas o fantasma da solidão me fazendo companhia?

  Comecei a gritar pelo seu nome e pude ouvir uma risada baixa. Kiyomi estava tirando com a minha cara e aquilo sempre havia me irritado, no entanto, naquele momento, suspirei de alivio. Ela estava bem e ra o que importava, podia me acalmar que nada iria acontecer. Era o que pensava. Em poucos segundos, tudo mudou. O vento ficou mais forte e pude ouvir um som agoniante de um grito agudo. Fiquei ainda mais angustiado, novamente, meu coração pulou. Comecei a correr a seu encontro com toda a adrenalina pulsando em minhas veias. Olhei-a, por entre aquela nevoa e pude ver que estava pendurada apenas por uma mão nas pedras, agarrando-se a ela para que não caísse para sua morte certa. Tentei puxa-la, no entanto, naquela época, meus braços eram muito curtos e não havia quase nada de força, mesmo que conseguisse alcança-la, não teria conseguido puxa-la. Meu corpo estava trêmulo, estava tendo espamos por todo o corpo e percebi que as mãos de Kiyomi estavam escorregando enquanto ela, desesperadamente gritava meu nome. Tentei pegar um galho, mas não havia nenhum por perto. Enquanto isso, ela começou a chorar e, não aguentando mais, se soltou, gritou meu nome pela última vez, enquanto caia para sua morte. Me desabei em lágrimas e fiquei desnorteado, sem saber o que fazer. Ela havia ido embora rapidamente e eu estava lá, sozinho. Resolvi então, ir para casa e contar o que havia acontecido, talvez, minha mãe me acalmasse, dissesse que tudo ficaria bem e que era só mais uma brincadeira da minha irmã ou, apenas um pesadelo. No entanto, antes que eu fosse, vi uma silhueta masculina que parecia estar sorrindo. Algo me falava que minha irmã não havia caído sozinha, ela era burra, mas não a esse ponto, algo me dizia que alguém havia empurrado-a e deixado-a para morrer. E, eu tinha uma ideia de quem poderia ter feito aquilo.

  Lembro-me de como fiquei com raiva, quanto chorei, sofri, fiquei dias trancada em meu quarto, no escuro, me revirando de um lado para o outro e, sempre que encarava sua cama, minha mente imaginava um fantasma dela me olhando. Lembro-me do quão apreensivo e nervoso fiquei ao tentar explicar para minha mãe o motivo de Kiyomi não ter voltado comigo. Foi uma das primeiras vezes em que realmente havia me sentido incapacitado, um inútil. Vi-a morrendo e não pude fazer nada. Era tudo minha culpa. Eu era fraco.

  Lembrar daquelas me deixava triste, acabado e me fazia ter pesadelo. Mas, do momento em que descobri que ela estava viva, tudo que sentia era raiva, nojo. Ela havia feito nós sofrermos, eu sofrer, por um motivo egoísta. Não havia nos mandado nem uma carta avisando que estava viva, que estava bem. Realmente, por mais que tivéssemos dividido o útero de minha mãe, não éramos da mesma família. Não éramos parecidos nem fisicamente, por que seriamos psicologicamente? Sempre pedi para que ela, de alguma forma, revivesse, mas, naquele momento, me arrependi desse pedido, era melhor que continuasse morta, assim, não seria capaz de machucar mais ninguém, além do que já havia machucado.

  No meio do caminho, antes que chegasse em meu andar, encontrei-me com Fernanda, que estava ofegante, correndo atrás de mim. Assim que percebi-a, parei.

  - Kyoya... Espera! O que aconteceu?

  Não respondi. Apenas puxei-a pela cintura e beijei-a com força, tentando apagar todas as minhas mágoas em seus lábios, me aprofundando naquele labirinto infinito. Antes que pudesse fazer mais alguma coisa, apressei-me para meu quarto, deixando-a lá, surpresa. Fui para meu quarto, ignorando todos os olhares sobre mim. Quando já estava no meu andar, ouvi minha namorada gritando meu nome, mas ignorei-a. Bati a porta de meu quarto com força e me joguei na cama. Queria socar alguma coisa, mas não podia.

  Fiquei em meu quarto durante todo o resto de meu sábado e o domingo também. Gingka, Lennox e, principalmente Fernanda, tentaram me fazer conversar sobre o que estava acontecendo, tentaram me fazer abrir a porta daquele quarto e sair um pouco, interagir um pouco, mas era inútil. Eu sabia que, se saísse bravo do jeito que estava, faria algo que me arrependeria mais tarde então, a melhor opção, era continuar isolado de tudo e todos. Por sorte, eu havia colocado alguns mantimentos em minha mochila. Ou seja, mesmo que eu quisesse, não sentiria fome e não precisaria ir para o refeitório.

  Infelizmente, antes que eu percebesse, segunda já havia chegado e não havia mais como escapar, as “aulas” iriam começar e, se eu não fosse, era capaz deles arrombarem minha porta e me arrastassem até o local.

  Quando dei as caras na tal sala que deveria estar, percebi que, além de alguns alunos que eu não conhecia e que nunca havia visto na vida, estavam Gingka, Ryuga, Sam, Lennox e Madoka. A primeira coisa que aconteceu, além de todos os alunos bocejarem de minuto e minuto e estarem sem nenhuma empolgação, foi Lennox me mandar seu famoso olhar mortal e, os outros, com exceção de Ryuga, me olharem preocupados. Claro, quando você resolve sumir, as pessoas irão querer alguma explicação.

  Lennox foi me fazer algumas perguntas e eu já estava até vendo que teria que mentir. No entanto, era o que eu menos queria. Era oito horas da manhã e não estava com um pingo de vontade de mentir para ela, para ficar inventando coisas para que ela não suspeitasse de nada. Por sorte, antes que pudesse abrir a boca, uma porta bateu. Nunca fiquei tão feliz em vem a cara de uma professora. Ela realmente havia me salvado de um interrogatório bem chato e bem em cima da hora.

  - Está bem, alunos. Temos muitas coisas para fazermos hoje e quero que deem seu sangue hoje. Vamos começar.


Notas Finais


Oii! E então, o que acharam? Espero que tenham gostado. Então, pessoas, só quero explicar uma coisa, não sou de ressuscitar muitas pessoas na minha fic, mas, algumas, são necessárias. Só queria deixar claro isso, pode ser bem clichê, no entanto, eu gosto de usar, de vez em quando. Não vou falar muito hoje, mas espero que tenham gostado. Deixei um bônus de 2 mil palavras a mais do que geralmente escrevo e, espero que tenha compensado o pequeno atrasado. É isso. Bjss de morango! Amo vocês <3


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