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História The letters Camren - 16 de Fevereiro


Escrita por: pqp_len

Notas do Autor


Boa leitura! ❤

Capítulo 3 - 16 de Fevereiro


16 de Fevereiro

Acordei sentindo todos os músculos do meu corpo dolorido, levantei da cama e caminhei até o banheiro do meu quarto. Enquanto escovava meus dentes, senti minha barriga roncando de fome.

Terminei minha higiene matinal e desci pra cozinha. Ao chegar lá senti um cheiro ótimo, meu pai estava cozinhando, e era panquecas.

- Bom dia. - Ele desejou ao perceber minha presença na cozinha.

- Bom dia. - Falei de volta, puxando uma cadeira para me sentar.

Ele colocou um prato cheio de panquecas em cima da mesa e se sentou.

- O senhor vai me dar uma? - Eu perguntei com a voz falha e um pouco de esperança.

- Não! - Ele levantou e foi até o armário, abriu e pegou um saco de pão. Colocou uma fatia de pão em um prato e encheu um copo com água da torneira.

- Coma, é o que tem pra hoje. - Ele disso ao colocar o prato e o copo na minha frente.

Ótimo, água e pão. Eu comi mas não adiantou nada, eu estava morrendo de fome.

Ao terminar de comer, fui até meu quarto, peguei minha mochila e caminhei de volta até a cozinha.

- Estou indo trabalhar. Chego mais cedo hoje. Se vira pra ir pra escola. - Ele disse tudo de uma vez  já saindo pela porta da frente.

Esperei ele sair com carro para poder ir, sai de casa e tranquei a porta. Fui caminhando para a escola pelo caminho mais curto que tinha. A escola não era tão longe então não tinha problema de ir andando, cheguei e já entrei, o portão para as salas já estava aberto então apenas entrei na sala e me sentei em minha cadeira, que era próxima a janela. Fiquei olhando para as árvores até que a professora de ciências entrou na sala e começou a dar sua aula, falando sobre a tabela periódica. Eu só quero deixar claro que sou de Humanas, nada de exatas, odeio tudo que tem conta ou precisa de uma.

Eu amo ler e amo escrever, eu também amo cantar. Ler, escrever e cantar são meus três hobbys preferidos.

Fiquei vagando nos meus pensamentos e quando percebi o sinal para o recreio estava tocando, eu apenas levantei e sai correndo.

Fui para um lugar da escola onde ninguém me acharia, nem mesmo a Camila. Eu não queria ver ninguém, eu só precisava ficar só.  Fiquei nesse lugar até o sinal tocou novamente e eu voltei pra sala.

Eu já não aguentava mais copiar os textos inúteis que a professora de artes passava, sim artes.  Não era só pra gente estar desenhando algo útil ao invés de estar copiando textos inúteis? Sorte de que já estava quase na hora da saída.

Estava boiando nos meus pensamentos  o que ando fazendo muito, quando sinto meu celular vibrar em minha cintura, com cuidado para ninguém reparar eu o pego e desbloqueio a tela, indo direto para a mensagem que recebi, era de Camila e dizia:

"Me encontre no nosso lugar secreto em cinco minutos"

Achei estranho, Camila nunca saia no meio da aula para ir ao esconderijo, que era só a velha sala de teatro na qual ninguém mais ia. Relevei, ela poderia estar precisando de algo de mim já que não me viu hoje.

Levantei e apenas avisei a professora de que iria ao banheiro, saindo da sala e indo  até o teatro velho.

Arrastei a porta grande e verde para o lado entrando logo em seguida e fechando a porta.

Avistei Camila sentada entre umas cadeiras enferrujadas e me aproximei devagar.

Camz estava olhando para um ponto fixo e só pareceu perceber minha presença quando toquei seu ombro de leve.

Ela tomou um pequeno susto mas ao ver que era apenas eu, levantou da cadeira e me abraçou, me abraçou apertado como se fosse a última vez que iria fazer isso.

- Ei Camz, esta tudo bem? - Eu disse me afastando um pouco. Tirei uma meche de seu cabelo que caia sobre seus olhos e coloquei atrás de sua orelha.

- Estou, eu só...

- EI SAPATAS O QUE ESTÃO FAZENDO? - Dinah entrou na sala cortando a frase de Camila e se jogando contra a gente em um abraço, acho que não é hoje que vou saber o que Camila tem.

Dinah se afastou e pareceu perceber o clima tenso.

- Atrapalhei em algo?

- Não, só estávamos conversando. - Camila respondeu antes que eu podesse falar algo e deu um sorriso forçado sem mostrar os dentes.

 - Entendi. - Dinah disse intercalando o olhar entre eu e a Camila.

Ficamos as três em silêncio, um silêncio no qual eu não havia percebido.

Eu estava olhando pra Camila e ela estava me olhando, estávamos em uma bolha, o que acabou se tornando normal de uns dias pra cá. Cada uma perdida em seus próprios pensamentos.

- hum, vocês ficam se olhando assim toda hora, da até raiva. Se peguem logo. - Dinah disse fazendo uma careta e se afastando um pouco da gente.

Eu olhei pra Dinah e depois pra Camila e só consegui pensar

- Porque não? - Afinal, selinhos a gente já havia trocado e as meninas ficavam insinuando que algo acontecia e tanto eu quanto a Camila queríamos. Eu acho.

- Tá bom. -  Eu falei já me aproximando novamente de Camila, a puxei pela cintura, com uma mão em sua cintura e a outra em sua nuca eu a puxei mais perto e grudei meus lábios no dela, a beijando de verdade.

Camila mordeu meu lábio inferior e aproveitou a abertura para invadir a minha boca com sua língua sedenta, a procura da minha e em busca de descobrir cada canto da minha boca. A princípio eu me assustei com o que fiz, confesso que agi por impulso e calor do momento, mas não me arrependo.

Eu acho que não conseguiria descrever a sensação do beijo ou a sensação de beija-lá, ao mesmo tempo que eu senti tudo, eu não senti nada.

Desgrudei nossos lábios quando senti meu pulmão arder em busca de ar e grudei minha testa na dela. Abri os olhos e reparei que não estávamos sozinhas. Dinah ainda estava lá, nos olhando com uma cara engraçada.

- Eu falei brincando, mas tudo bem. -Ela disse ainda com a careta, até que caímos as três na gargalhada.

O sinal de saída tocou e eu fui correndo pra minha sala pegar minhas coisas.

As vezes eu paro e começo a pensar sobre  Camila e eu, as coisas aconteceram rápido de mais, não sei se isso é bom ou ruim.

Eu nunca namorei de verdade, eu nunca nem tinha beijado, esse foi o meu primeiro beijo. Eu disse que embarcaria sem medo nisso, mas eu não posso. Eu não consigo. Eu não consigo não sentir medo. Tenho medo dela me deixar quando descobrir os meus problemas, ou de eu mesma acabar magoando ela, acho que ela merece alguém melhor. Afinal ninguém sabe que eu tenho o vício da auto-mutilação e nem sabem que sou torturada e abusada pelo meu pai que eu desconfio não ser o meu pai de verdade.

Não é tão fácil falar assim "abertamente" que eu sou estuprada quase todo dia. Dói muito, muito mesmo, é constrangedor. Eu gostaria de morar com minha mãe, só com ela, sinto muita falta dela. Meus pais são separados a uns seis meses. Eu estava no meu quarto uma noite, deitada na minha cama, eles dois estavam brigando. Lembro quando ele ameaçou minha mãe de morte, caso ela entrasse na justiça para ter a minha guarda só pra ela.

Então minha guarda ficou compartilhada, duas semanas na casa dela e duas na dele. Ele disse para ela que faria da minha vida um inferno, mas só isso. Eu acho que ela não sabe o que ele faz comigo, e se sabe fingi não saber.

Realmente ele faz da minha vida um inferno, mas eu mereço, eu sou inútil.

Porém eu tenho esperanças de um dia poder me livrar disso tudo, me livrar dele.

Eu já tive alguns amigos que me diziam que eu era forte, mas eu não sou tão forte e nem tão fraca quanto pareço. Eu me surpreendo o tempo inteiro: quando acho que serei fraca, fico forte. E vice-versa. Sou tudo ao mesmo tempo, preciso me acostumar com o turbilhão que nunca dorme. Eu sou muito confusa, em relação a praticamente tudo. De vez em quando fico triste do nada, com motivo ou sem motivo. De vez em quando fico alegre do nada, com razão ou sem razão. É assim, às vezes dá vontade de sair pulando, distribuindo beijinho, dando abraços e, em outras, dá vontade de mandar todo mundo pra puta que pariu, o mais longe possível.

Cheguei em casa e ele estava lá, sentado no sofá me esperando.

- Por que demorou? - Ele me perguntou raivoso. Confesso que hoje vim andando muito mais devagar que o normal, talvez porque eu sabia que ele estava ali e sabia o que iria acontecer.

- ME RESPONDE CADELA, POR QUE DEMOROU? - Dessa vez ele gritou e eu estava travada, eu queria responder o por que ter demorado mas simplesmente não conseguia.

E depois do primeiro soco que ele me deu eu fiquei tonta e tudo virou um grande e doloroso borrão.

Sabe, eu sempre estou pensando, as vezes penso até de mais, eu fiz dezessete anos e logo farei dezoito, eu fico imaginando quando eu for sair de casa, sair dessa tortura, desse inferno. Eu não consigo ver um futuro mas eu tento imaginar um, talvez morando em frente alguma praia, tendo um cachorro de companhia, sei lá, qualquer coisa longe daqui acho que me faria bem.

Eu pensei tanto que acabei pegando no sono, deitada na minha cama depois de tomar um longo banho.

Acordei assustada pelo sonho que tive, acho que devo chamar de pesadelo. Eu estava em um lugar escuro, meu pai estava lá, e minha mãe também, ela estava sentada em uma cadeira e suas mãos estavam amarradas na mesma. Meu pai aparecia e a torturava em minha frente até mata-lá. Foi horrível.

 Peguei meu celular em cima do criado mudo e olhei as horas, era duas e quarenta e cinco da madrugada, e eu simplesmente não conseguia mais durmir. A imagem de meu pai matando minha mãe na minha frente, não saia da minha cabeça.

Eu não iria mais conseguir olhar para aquele homem, não sei como ainda consigo. Eu acho que devo agradecer a Deus por daqui dois dias eu ir pra casa da minha mãe e ficar duas semanas com ela.

São só dois dias, acho que eu aguento.

Espero...



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