— Lee Dongmin
— Eunwoo, acorda — Moon disse, virando meu rosto para si, me acordando de um sonho horrível. Levantei com um susto, e acabei por bater minha testa na do garoto. Um barulho de choque foi escutado, seguido por dois múrmuros de dor. Coloquei minha destra no lugar da batida e voltei a me deitar.
— O que você está fazendo aqui há essa hora? — perguntei, não bravo, apenas curioso; afinal, ele sabe que eu odeio que me acordem cedo no sábado.
— Eunwoo, já são três horas da tarde! — ele declarou alto, colocando a própria mão na batida também. — Você não atendia nossas ligações, nem visualizou minhas mensagens, então eu vim checar se estava tudo bem.
Ah, mas é claro, acabei de relembrar todas as malditas memórias de sete anos atras, mas está tudo bem, está tudo ótimo – pensei comigo mesmo.
— Está tudo bem, eu meio que esqueci que você tinha a chave — falei, sem encara-lo, apenas olhando para o teto. Puxei meu celular de baixo do meu travesseiro, e o desbloqueei. Entrei no Kakao – que estava com as notificações desligadas –, e vi aquele monte de mensagem brotando, fazendo o pequeno aparelho tremer. — Resume pra mim?
Ele suspirou e deu um sorriso de lado. — Eu e Jinwoo estávamos te chamando pra almoçar, mas você não aparecia. Além disso, Rocky nos chamou pra ir para o cinema hoje à noite, mas você não respondia nenhuma mensagem no grupo, e nem de mais ninguém, fiquei preocupado e vim conferir já que eu tenho a chave.
Eu fiz que sim com a cabeça, mostrando que estava entendendo tudo, enquanto descia as mensagens, e acabei achando algo interessante; Sanha havia mandado uma mensagem, pedindo ajuda para essa noite. Respirei fundo e esfreguei meus olhos, que ainda coçavam de sono mesmo com o sonho ruim. Respondi o mais novo, falando pra ele mandar foto das roupas e passar aqui em casa. Abri as outras conversas pra poder tirar as notificações, mas logo bloqueei meus celular novamente, o deixando em cima da cama.
— Sua cabeça dura me machucou — falei, cruzando os braços e fazendo bico.
— Aproveite essa sua energia e vá tomar um banho — ele respondeu, apertando meu nariz. — Vou cozinhar algo pra comer, o que quer?
Pensei um pouco, olhando pro teto. — Bulgogi! E kimchi, com muito arroz!
Ele sorriu abertamente — Que bom que acordou com fome! — exclamou com felicidade.
Ele logo saiu do quarto, e foi para a cozinha. Moon sempre adorou cozinhar, principalmente se outra pessoa fosse comer, e ele sempre cozinhou muito bem – é uma das poucas comidas que nunca me fez passar mal.
Fui para o banheiro e tomei um banho demorado. Sendo bem honesto, fiz aquilo mais pelo Moon do que por qualquer um, já que ele diz amar o cheiro do meu shampoo, e mesmo que eu saiba que nada especial vá acontecer, eu ainda quero atraí-lo de alguma forma.
Enquanto me ensaboava, aquelas lembranças horrendas se passaram pela minha cabeça, me dando uma leve tontura e ânsia de vomito. Liguei a água fria para ver se eu esfriava um pouco minha cabeça, afinal, recordar essas coisas é sempre ruim.
Depois de um tempo, saí de meu banheiro com uma samba-canção e uma toalha na cabeça, já podendo sentir o jeito de comida no ar, que me alegrava bastante. Andei até a cozinha daquela forma, e vi Moon cozinhando de costas pra mim. Me aproximei, olhando por cima de seu ombro, para ver se já estava tudo okay e, como estava quase pronto, decidi dar-lhe um abraço por trás como eu costumava fazer. — Cheira muito bem!
Ele riu de leve e continuou a cozinhar. — Obrigado, você também.
Eu fiquei meio vermelho, admito, mas revirei os olhos e me soltei dele, me sentando na bancada. — Babaca.
Aquilo fez ele rir mais. — Quer algo de especial?
Um beijo seu, na verdade – pensei, ao notar os lábios vermelhos e comprimidos, que me são de enorme desejo. — Amendoim — respondi finalmente, depois de algum tempo.
Ele sorriu. — Já tem.
— Oh, esse me conhece mesmo — brinquei, sorrindo junto com ele. Logo a comida ficou pronta e ele colocou tudo na mesa, junto com dois pratos e chopsticks de metal.
Nos sentamos lado a lado e começamos a comer. — Sanha vai passar aqui antes de irmos.
— Por que? — perguntou, não com agressividade, apenas curiosidade.
— Ele está com um crush no Jinwoo — falei sorrindo. — e me pediu pra ajudá-lo com a maquiagem e algumas dicas.
— Ah sim, o garoto mais legal, popular e carismático de todos, revive — brincou, me fazendo revirar os olhos.
— Jamais, essa imagem foi destruída há muito tempo — respondi, sério, olhando em seus olhos. O sorriso dele desmanchou levemente, e seus olhos percorreram a mesa, até que pararam em minha mão esquerda, que logo foi unida com a dele.
— Eu estou brincando, Eunwoo — ele declarou. — Vamos, coma porque eu sei que você só vai colocar algo consistente na boca de novo depois da meia noite.
Eu ri do comentário e continuamos comendo.
Lá pelas cinco e meia, eu e Moon já estávamos prontos, mofando no meu sofá enquanto assistíamos a segunda temporada de Bates Motel – ele realmente viciou nessa série.
Sanha chegou com a roupa que indiquei: um jeans claro e bem rasgado, uma camiseta larga preta, com um astronauta e alguns planetas desenhados, cujas mangas ficavam quase em seus cotovelos e sapatos que não combinavam, já que eu ia emprestar-lhe meus coturnos. Moon arregalou os olhos quando o viu com um estilo despojado.
— Ele é o garoto que vai pra faculdade com meu irmão? — brincou, já que sempre que víamos o mais novo, ele estava com camisa, gravata, colete, calça social e sapatos de mauricinho. — O que você fez com ele, Woonie?
Eu ri da reação dele. — Se ele fosse todo engomadinho, Jinwoo ia sair correndo.
Moon riu enquanto concordava. Peguei o pulso de Sanha, que estava estático por algum motivo, e o puxei para meu quarto, fechando a porta em seguida.
— Meu Deus, você sabe sorrir! — Sanha praticamente gritou, se afastando de mim com os olhos arregalados. Acho que eu estou sorrindo bobo o dia todo, e nem tinha percebido.
Senti minhas bochechas corarem um pouco com o comentário. Neguei com a cabeça e fui até meu armário, pegando a caixa de maquiagem, e puxando a cadeira da minha escrivaninha, indicando para que ele se sentasse.
Abri a caixa e comecei com o pó. — Ei, Dongminsshi, você gosta do MoonBin hyung?
Comecei a tossir com a pergunta dele, mas que dongseang descarado! — Isso é pergunta que se faça?!
Ele riu. — Desculpe, é que parece bastante.
Eu revirei os olhos e peguei o lápis de olho. — Não é que seja mentira, é só que... Não vai dar certo — eu murmurei. — Tipo, o Moon é incrível! Ele está sempre cercado de pessoas e, mesmo que nunca tenha namorado, eu duvido que ele queira. Ele e tão dedicado e se preocupa tanto com a família e amigos, eu acho que ele me vê quase que como um irmão — meu sorriso bobo se desfez assim que disse tal frase. — Por isso acho que ele nunca vai gostar de mim.
Sanha suspirou e abriu os olhos assim que acabei de passar o lápis. — Sabe, eu posso não entender nada sobre romance ou sei lá como vocês chamam isso — ele começou. — E eu posso estar me apaixonando pela primeira vez agora, aos 18 anos; mas eu sei, só pelo jeito que ele te olha, que tem algo a mais nisso aí.
Eu neguei com a cabeça, porém, com um sorriso meio abobado no rosto. — Obrigado, Sanha...
Ele fez uma carinha fofa a apertou minhas bochechas. — Quem é seu dongsaeng preferido? — perguntou retoricamente.
— O Moon — respondi, seco. Ele fez uma careta e mexeu a cabeça em negação.
— Vou perguntar de novo! — limpou a garganta se olhos fechado, me fazendo rir. — Quem é seu maknae preferido?
Eu ri da reformulação da pergunta e bagunçou seus cabelos. — Você.
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