História The Lost Empire. - Especialistas em Escavação

– Ainda assim não dá para ficar tranquilo...

Eu e Yoongi levamos os submarinos de volta para superfície, embora sem sucesso foi como uma missão de reconhecimento. Voltamos ao navio para consertos nos submarinos. Recebemos um chamado do barco informando que a criatura havia avariado várias placas do casco e que o Navio ancoraria no porto mais próximo para reparos. Seguiríamos a nordeste até uma pequena vila em um desfiladeiro perto do mar.

– Ainda bem que esse minisub que afundou não vai sair do meu salário. – Sowon disse enquanto observava as borbulhas do submarino que afundava.

– Tá! – Yoongi gritou do outro submarino. – Vamos para praia assim que pudermos!

– O que que ta acontecendo Yoongi? Tá com medinho de brincar com o monstrinho do mar? – A garota debochou do baixinho do outro lado pela comunicação enquanto entravamos no mini sub.

– Sabe... Não me importo em brincar com o polvo gigante. – Ele riu enquanto parecia esboçar o menor animo possível, o som do seu minisub ligando foi possível de ser ouvindo. – Mas não gostaria de estar aqui quando as bombas do minisub do Taehyung baterem no fundo do mar.

Dito isso Sowon ligou rapidamente seu minisub e nos colocamos a caminho da pequena vila a nordeste da ilha. Ancoramos na praia, Yoongi foi o primeiro a sair com Hoseok, saímos logo atrás ainda em meio àquela neblina toda, parecia ainda mais difícil de enxergar conforme o dia escurecia.

– Parece que a pescaria não tem sido muito produtiva ultimamente. – Yoongi disse enquanto observávamos já com a lanterna aquela embarcação coberta de musgo.

– Não me surpreende. – Taehyung caminhava ao lado do baixinho esverdeado. – É claro que aquele demônio com tentáculos todo o estoque de peixes a muito tempo!

– Então por que ele ainda está aqui? – Yuju alcançou os dois garotos e se colocou a caminhar com eles enquanto guiava a luz de sua lanterna pela névoa.

– Por que agora ele não come mais peixes. – Respondeu Yoseob um pouco mais atrás. – Talvez por isso eles tenham construído a vila num penhasco, para aquela coisa não chegar neles.

– Pai... – Minghao cutucou minha blusa enquanto andávamos. Ele tinha ficado quieto todo o caminho depois de termos afundado com o minisub. – Eu sei que talvez não é uma boa hora; mas eu queria me...

– Minghao, agora não... – O interrompi enquanto buscava a sombra dos demais. – Nós vamos voltar a Atlântida e você vai ficar de castigo, e você vai conversar com Taehyung...

– Mas pai... – Cruzou os braços enquanto fazia um bico. – O papai é malvado comigo..

– Você não pode fugir dos seus tios, vim escondido, e esperar que a gente passe a mão na sua cabeça. – Disse, o mais novo suspirou e então soltou os braços e se aproximou ainda mais.

– Mas é isso que pais fazem; papai. – Ele riu, e logo bufo de novo. – Eu vou ouvir um monte do Taehyung...

– Pai Taehyung. – Corrigi.

– Sim, isso, papai... – Ele chutava algumas pedrinhas que o solado da sua bota encontrava. – Ele vai me dar uma bronca enorme de novo.

– Vou mesmo... – Taehyung apareceu em meio a neblina, o movimento repentino fez com que Minghao se assustasse e depois se encolhesse atrás de mim. – O que você tem na cabeça hein!?

– Taehyung, agora não. – Disse enquanto caminhávamos pôr o que parecia ser uma estrada. – Guarde o sermão para depois, nós chegamos.

– Que cheio é esse... parece até peixe podre. – Yuju disse enquanto observávamos as janelas todas fechadas, o clima frio fazia da vila assustadoramente vazia. Não ouvíamos nem os barulhos que provinham das residências de madeira por causa do vento que vinha do oceano e trazia com si a nevoa.

– É que estamos na direção do vento, isso vem do mar. – Disse para confortar a garota.

–Temos companhia... – Minghao disse baixo enquanto ficava entre mim e Taehyung.

Do meio da neblina surgiu uma figura velha, aparentemente nos seus 50/60 anos. O velho andava vagarosamente em meio àquela estrada de pedra, seus passos carregavam toda a idade que seu rosto aparentava a ter.

– Eu sou Hotu Matu'a, o magistrado dessa cidade. – A voz rouca do velho cortou o silêncio do som da ventania. – O que vocês querem aqui? Duvido que Krakenstraten tenha algo que interesse a vocês.

– Quem sabe o seu bixinho de estimação que quase afundou nosso navio! – Taehyung ficou frente a frente com o velho enquanto mantinha seu dedo apontado para o homem.

– Seu navio será reparado nos estaleiros de Neilhein, as estradas são perigosas a noite. – O velho advertiu com um tom de ameaça.

– Eles podem começar os reparos sem nós. – Sowon disse tomando a lateral da conversa e se pondo ao lado de Taehyung. – Pensamos em ficar um pouco mais e aproveitar a estádia.

– Neilhein tem uma vela paisagem. – O velho falou enquanto se punha para caminhar de novo.

– Ainda assim vamos ficar! – Taehyung respondeu no mesmo segundo.

– Esta pensão ao lado ira recebe-los.... Descansem bem, e voltem! – A voz do homem sumiu consigo dentre a neblina deixando para nós apenas aquele vento gélido e uma recepção nada calorosa.

– Eu juro que já vi esse sujeito em algum lugar. Debaixo de alguma pedra, não sei. – Yoseob disse enquanto entravamos na hospedaria. – Ele me lembra uma cobra; um sangue suga ou talvez uma salamandra.

– Ele não parece mais velho do que realmente parece? – Yuju disse, Hoseok riu enquanto dizia estar processando o que ela queria dizer. De fato, todos estávamos.

– Dizem que ele fez um pacto para viver para sempre; mas esqueceu de pedir juventude eterna. – A moça em seus 30 anos disse; a dona do estabelecimento. Ela trazia um copo que de longe o cheio exalava chá. A senhora contou histórias sobre Hotu, coisas como depois que ele havia chegado a cidade nunca mais havia visto sol, ou peixe, ou felicidade. – É importante que não briguem com ele... E que saiam o mais rápido possível daqui!

Disse a mulher enquanto se retirava.

– Alguém tem que melhorar o atendimento turístico! – Yuju debochou.

Era tarde da noite quando saímos da hospedaria atrás do velho Hotu; que caminhava lentamente entre a neblina acompanhado de um lampião. Seguimos a luz da lanterna por dentre a nuvem fria caminhando em uma espécie de fila indiana. Conforme andávamos sob o cascalho gélido mais a nuvem fria de ar produziam estranhos ruídos ao longo da área sobre a qual andávamos.

– De onde vem isso? – Taehyung sussurrou mais ao fundo.

– O que sera? – Yuju continuou.

– Ai, não é deste mundo. – Yoseob completou todas as interrogações.

– Não... – Hoseok cruzou os braços enquanto deslizava repetidas vezes as mãos por cima da roupa fina na tentativa de aliviar o frio. – É uma ave; um albatroz bem grande ou uma fragata.

O ruído parecia ficar mais alto a medida que caminhávamos, a trilha que seguíamos era tomada de uma sensação em comum; o medo. A neblina dificultava quase que – senão – totalmente a nossa visão.

– Errr, acho que não... – Yoongi se encolheu em seu casaco enquanto ouvíamos aqueles ruídos, o garoto começou a pisar mais forte sobre os cascalhos e andar mais rápido. – São vozes. 

– Mas onde esta o Hatu? – Yuju que liderava a fila tinha parado. – Onde está a luz?

– Podemos estar andando em círculos. – Deduzi enquanto parávamos em meio a neblina. – É melhor voltarmos para cidade.

Sowon massageava a temporã enquanto agora podíamos ouvir seu suspiro pesado.

– Ta e por onde nós vamos chegar lá?

Completou.

Voltamos a caminhar por mais alguns metros até começarmos a ver algumas luzes em meio as neblinas, Sowon assumiu a frente da fila e liderou-nos por dentro a nevoa. O caminho se tornou mais úmido conforme andávamos, Hoseok se agarrou em suga enquanto caminhávamos e pude ouvir Taehyung murmurar algo em desgosto pela temperatura fria. Tirei um dos meus casacos e coloquei sobre seu corpo.

– Espera... Escutem o cascalho. – Yoseob disse enquanto andávamos, ninguém pareceu se importar, mas estávamos andando sobre pedras bem barulhentas para o mais velho.

– Agora não Yo. – Sowon disse lá da frente, estávamos nos aproximando das luzes.

– Mas é granito decomposto, que significa que estamos indo para um penhasco. – Mal terminou de dizer e caímos, os corpos deslizando em fileira pela rocha lisa, Taehyung se agarrou rapidamente em uma pequena abertura na rocha me segurando pelo braço.

– Ai Jeon caramba como você é pesado. – Taehyung gritou enquanto me erguia a uma altura suficiente para agarrar na fissura e escalar de volta, Taehyung se manteve pendurado.

Yuju tirou rapidamente sua arma da cintura e disparou estrategicamente nas rochas solidas abaixo de nós para que se juntassem em uma e fizessem uma espécie de barricada para parar a queda, Suga e Hoseok pararam ali com ela num impacto que por um milagre não cedeu a rocha toda.

– Sowon! – Yuju gritou enquanto olhava o resto do desfiladeiro. A nevoa dificultava parcialmente a visão mas podíamos ver a garota com as longas pernas abertas entre as colunas do penhasco.

– Eu to bem! – Gritou a ruiva enquanto lentamente tentava subir de volta, as vezes seus pés escorregavam, mas a queda era compensada com a força que era exercida nas extremidades. – Pelo menos por enquanto...

– Não saia ‘dai’, eu vou descer. – Taehyung gritou antes de soltar a pedra e escorregar mais abaixo, seu corpo deslizou diagonalmente para outra fissura na rocha e então ele começou a usar as rochas para descer numa espécie de alpinismo inverso. Ele era habilidoso. – Estou chegando.  

– Cuidado Tae... – Disse enquanto com dificuldades observava o moreno. Ele continuou descendo. A garota ainda insistia em tentar subir pelas pedras. Taehyung se assustou ao pisar em falso em uma rocha não tão firme que cedeu com o peso, o rapaz se agarrou nas outras pedras em que segurava e continuou descendo cautelosamente.

– Obrigado por nos trazer ‘pra um despenhadeiro Jeon! – Suga gritou irritado; provavelmente por Hoseok estar quase aos prantos de medo.

– Mas eu estava seguindo as luzes da vila. – Olhei afrente, constatando que as luzes tinham desaparecidos. – Não pode ser alucinação, todos nós vimos...

– Tem mais do que monstros marinhos por aqui... – Suga disse ainda na mesma altura e de fato não poderia ser ignorado. Ele e Yuju começaram a escalar enquanto Hoseok vinha atrás sendo segurado por uma espécie de corda, aquelas cordas que interligam os alpinistas.

– Alguém está mexendo com mágica... – Yuju disse para Suga enquanto assumia a frente da escalada. Enquanto os três subiam Taehyung mais abaixo tinha chegado mais perto da garota que agora tentava alcançar a sua mão.

– Eu não alcanço... – Ela disse enquanto se esticava o máximo possível. Taehyung tentou se inclinar mais, mas por causa da altura se limitou apenas em encarar o chão abaixo de si. – Eu vou ter que pular.

– Hm... Sowon não pule, eu vou dar um jeito de descer. – O garoto se mexeu derrubando algumas pedras, era arriscado demais descer e os dois sabiam.

– Não tem espaço príncipe e a roxa pode ceder, eu tenho que pular. – Rebateu a garota.

– Sowon não... eu já escalei penhascos assim antes e sempre tem um jeito...

Taehyung foi interrompido por um salto que a garota deu em sua direção, como reflexo obvio o moreno agarrou a mão de Sowon e a roxa veio abaixo com os dois, Tae e Sowon caíram uns dois metros abaixo onde graças a um buraco estrategicamente cavado por Yoseob salvou os dois.

– Viu só... vocês não conseguem viver sem mim. – Yoseob disse enquanto os dois adentravam o pequeno túnel cavado às pressas por Yoseob, o especialista em escavação.