P.O.V Andrew
O despertador tocou, abri os olhos pensando seriamente em inventar uma doença para o meu pai e não ir para a escola, mas decidi levantar, uma hora ou outra eu teria que ir para aquele inferno mesmo, fui até o banheiro, tomei banho, escovei meus dentes, vesti meu uniforme e fui tomar café. Cheguei na cozinha e mais uma vez meu pai já havia saído, as vezes tenho a impressão que eu moro sozinho, tomei só um suco, pois não estava com fome, peguei mi nha mochila e fui para a escola.
Primeiro dia de aula, diferente das outras pessoas eu não estava nem um pouco animado, odeio aquela escola, odeio aqueles professores, odeio aquelas pessoas que dividem a sala comigo, não é justo, todos os meus amigos ficaram na mesma sala, já eu tive que ficar nessa sala repleta de idiotas.
Mal saí de casa e encontrei o Rafael, meu vizinho e meu melhor amigo.
_Fala aí cara! Animado? - Perguntou ele.
_Oi. Animado pra quê? Pra encontrar aquele povinho idiota da sala? Ainda não entendo porque me deixaram naquela turma de nerds. - Respondi.
_Talvez porque você seja um nerd. - Disse ele sorrindo. Olhei para ele com raiva. - Quer dizer, você não é um nerd só é inteligente, muito inteligente.
_Você também é inteligente, por que não colocaram você lá também?
_Eu não sou 100% inteligente, só sou bom em uma matéria ou outra.
_Ainda assim não acho justo.
_Tadinho dele. - Disse ele de deboche. -Mas me fala, por que você odeia tanto a sua sala?
_Eu não gosto das pessoas que estudam lá. Elas são muito idiotas.
_Você não gosta das pessoas? Ou da pessoa?
_O que você quer dizer com isso? - Perguntei já sabendo a resposta.
_Você sabe... O Peter. Você odeia aquele menino sei lá, desde sempre.
_Aff, ele é ridículo, o perfeitinho da turma, o queridinho dos professores, o que só tira nota dez, o santinho... Só que não.
_Como assim? - Perguntou o Rafael.
_Só estou dizendo que ele é aquele tipo de pessoa que se faz de santa, mas por dentro é o capeta, não sei como as pessoas conseguem cair na dele.
_Eu sempre achei ele legal.
_Viu! Até você!.
Fomos conversando até a escola, eu e o Rafael somos muito parecidos, então conversar com ele nunca foi um problema, chegamos na escola e nos separamos para ir para nossas salas. Ele era da sala 93 e eu da 92, odeio essa escola. Entrei na sala e só tinha duas pessoas lá, um menino que eu nunca vi na vida e, é claro, o "perfeitinho", ele olhou para mim e deu um sorriso que eu lógico não retribui, reparei que o outro menino olhava para mim e depois para o Peter e começou a rir.
_Algum problema? - Perguntei com raiva.
Peter me olhou surpreso enquanto o garoto estranho me respondia calmamente.
_Nenhum, pelo contrário.
_Estranho. - Disse em voz alta.
_Eu diria peculiar. - Disse ele sorrindo.
Não respondi, mas a minha vontade era de pegar ele na porrada e se pudesse pegava o Peter também.
O pessoal começou a entrar na sala, e em poucos segundos a sala já estava lotada de imbecis, depois de alguns minutos a professora de matemática, Mônica, entrou na sala toda animada, gente animada de manhã me irrita, na verdade tudo me irrita.
_Bom dia pessoal! - Disse ela.
_Bom dia professora. - Respondeu o Peter, já disse que odeio ele?
Então pra melhorar ainda mais o meu dia, a professora começou a falar sobre as férias dela e tal, não acredito que nós temos três tempos dela na segunda.
_Vamos lá "tchurma"! - E ela também tem essa mania de chamar a gente de "tchurma" em vez de turma. - Hoje nós vamos aprender Bhaskara.
Ela explicou a matéria e passou um monte de contas, lógico que o Peter foi o primeiro a acabar e também é lógico que ele ficou se gabando por isso, terminei logo depois, mas não contei pra ninguém, até porque não queria que aquele povo achasse que eu era igual a eles. Assim que todo mundo terminou, a professora se levantou e foi até a frente da sala.
_Bom "tchurma", resolvi passar um trabalho para casa, valendo dez pontos na média e...
_Pô professora! Bem no primeiro dia?! - Perguntou um menino nos fundos.
_Sim, Vítor, bem no primeiro dia.
Toda a classe começou a reclamar, menos eu, o menino estranho e o idiota, quer dizer, e o Peter.
_Professora! Se todos estão reclamando e achando difícil, porque a senhora não passa esse trabalho em dupla, esse pode valer cinco, depois a senhora pode passar outro teste valendo cinco também. - Disse o menino estranho.
_Ótima idéia, senhor...?
_Daniel.
_Ótima idéia, senhor Daniel, como você que deu a idéia vou deixar você escolher seu parceiro de trabalho. - Disse ela.
O menino estranho, ou melhor, o Daniel, nem precisou olhar em volta, apenas deu um sorrisinho de lado e disse:
_O Andrew professora.
Toda turma se assustou, inclusive eu, todos sabiam que eu odiava todos ali, e como ele sabia meu nome?
_Eu? - Perguntei em voz alta sem perceber.
_Sim, você.
_Ok, então eu vou escolher o resto das duplas. - Disse ela.
A professora começou a dividir as duplas, e optou por deixar o Peter fazer sozinho, pois, de acordo com ela, ele é bom demais e acabaria fazendo tudo sozinho mesmo, sortudo. Felizmente o sinal tocou, me levantei e fui até o Daniel.
_Por que você me escolheu? Você tem algum problema?
_Talvez. - Disse ele tirando um papelzinho da mochila e me entregando. - Esse é o meu endereço, vai na minha casa hoje a tarde, ok?
_Tenho opção?
_Tem, pode não ir e tirar zero.
_Ok, você venceu, quatro horas?
_Três e vinte e cinco.
_Por quê?
_Porquê quatro horas não vai ser possível.
_Ok, então, três e vinte e cinco eu apareço na sua casa.
_Ótimo, e se não puder, manda uma mensagem. - Disse ele saindo da sala.
_Mas eu não tenho seu número! - Gritei, virei o papel em minha mão e lá estava o número dele. - Ok então, menino estranho.
Fui para a cantina e encontrei o Rafael e o Eric, meu outro amigo, lá. Ficamos conversando até o sinal bater, voltei para sala e tive mais dois tempos de história e depois desse dia frustrantemente chato voltei para casa.
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