História The Love Is Blind - Not Friends, Brothers

P.O.V Andrew 

Depois de algumas aulas o sinal do recreio finalmente tocou, fui para o refeitório enquanto o Peter ia para a biblioteca pegar algo para ler, encontrei com o Rafael e com o Eric.

—E aí pessoal! - Disse animado.

—Oi. - Disse o Rafael. 

—O quê aconteceu com você? - Perguntou o Eric. - Está diferente. 

—Eu? Acho que não? Por quê? - Perguntei. 

—Sei lá, você está feliz, muito feliz, está sorrindo na escola e você odeia a escola, e seu olho está brilhando. - Disse ele abrindo um sorriso debochado. - Você está apaixonado! - Disse ele gargalhando. - Quem é a garota de sorte?

Fiquei nervoso, não costumava mentir para meus amigos, mas eu não contaria nada para eles sem a permissão do Peter, eu queria muito contar para eles, principalmente para o Rafael, ele sempre foi meu melhor amigo, quase irmão, é difícil esconder alguma coisa dele, ainda mais com ele me olhando daquele jeito, ele me olhava de cima a baixo com as sobrancelhas franzidas. 

—Andrew, vem aqui rapidinho. - Disse ele me puxando pro canto.- O quê está acontecendo? 

—Como assim? - Disse tentando disfarçar.

—Para de mentir pra mim, eu te conheço desde sempre, você não sabe mentir. - Disse ele me olhando sério. 

—Não tem nada. - Disse. 

—Ok. Se você quer continuar mentindo. - Disse ele saindo do meu lado e voltando para o lado do Eric. 

Fui até eles.

—Ei! Andrew! Preciso de um favor seu. - Disse o Eric. 

—Claro. - Respondi. 

—Você pode me ajudar em um trabalho de inglês? Ninguém nessa escola é melhor do que você no inglês, nem aquele merdinha do Peter. - Ouvir o Eric falar assim do Peter me deixou com muita raiva, ele nem tinha motivo para odiar o Peter, ele simplesmente odiava ele porque eu odiava também, meu sanque esquentou de tanta raiva, tentei me controlar, mas não consegui. 

—Ei! Não fala assim dele! - Falei sem querer. Eric pareceu surpreso.

—Oi? Qual é o seu problema? Deu pra defender o viadinho agora? - Disse ele. Minha vontade era de socar ele ali mesmo, mas uma mão me segurou e me puxou para o outro lado, era o Daniel.

​—Você não vai querer fazer isso, não aqui. - Disse ele segurando meu braço. 

—Como você sabe? - Perguntei com raiva. 

—Outra pessoa vai fazer isso por você, e a sensação vai ser bem melhor, agora relaxa. - Respondeu ele

Respirei fundo e me acalmei.

—Obrigado. - Disse. 

—De nada. Agora volta para o seu namorado que ele está preocupado. 

—Como assim? - Perguntei.

Ele me indicou com os olhos a saída do refeitório e lá estava o Peter olhando para gente apreensivo. Daniel me soltou e fui até o Peter.

—Está tudo bem? Você parece nervoso. - Perguntou ele.

—Não muito. O Eric estava implicando com você, mas eu não estou com raiva dele, estou com raiva de mim, se eu não fosse tão idiota e...

—Você não é um idiota. - Disse ele. - Vamos voltar pra sala. - Disse pegando minha mão e me puxando. 

Voltamos para sala e ficamos lá sentados conversando sobre tudo, faltava uns dez minutos para o recreio acabar quando a Emma apareceu na porta da sala.

—Fala aí meninos. - Disse ela se sentando na nossa mesa. 

—Oi, o quê está fazendo aqui? - Perguntou o Peter.

—Aquele menino estranho me mandou aparecer aqui. Ele é muito convincente às vezes. - Disse ela sorrindo. - Ele disse que vocês tem algo pra me contar. 

Olhei para o Peter e ele me olhava com un olhar dizendo: "Posso contar?". Fiz que sim com a cabeça. 

—Eu e o Andrew estamos... - Começou ele.

—Ai meu Deus! - Gritou ela pulando da mesa e nos abraçando. - Vocês estão namorando! Eu sabia, eu sabia, eu sabia, nada engana uma fujoshi! E nem você Andrew. 

—Uma o quê? - Perguntei. 

—Fujoshi, mulheres fãs de relações homossexuais entre dois homens, sim eu sou uma fujoshi. Ai meu Deus!  Estou tão feliz por vocês!  - Disse ela nos abraçando de novo. - Vocês já contaram pro Rafael?  O que ele disse?

Nossos sorrisos foram sumindo dos nossos rostos, Emma olhou pra gente surpresa.

—Vocês não contaram pra ele? Por quê? 

—O Peter até queria contar, mas eu que não sei se é uma boa idéia. 

—Por quê?  Ele não é seu amigo? Ele vai entender. - Disse ela.

—Mas... - Fui interrompido pelo sinal. 

—Tchau gente, e Andrew se eu fosse você contava para o Rafael. - Disse ela saindo da sala.

Os alunos voltaram para a sala junto com o professor, terminamos de assistir as aulas, quando finalmente o sinal tocou, nos levantamos e fomos embora, procurei o Rafael para contar pra ele que estava namorando o Peter, mas ele já tinha ido embora com o Eric, então fui embora com o Peter, só ele e eu, não posso negar que gostei. Pela primeira vez andamos de mãos dadas, conversando sobre qualquer coisa até chegar em casa. 

Chegamos em casa e fomos tomar banho, infelizmente separados, vesti uma roupa qualquer e coloquei meu perfume preferido, queria ficar cheiroso para o meu namorado, fazia algumas horas que eu não beijava ele e estava realmente com vontade de beijá-lo novamente, fui para sala e lá estava ele.

—Andrew o... - Começou ele, mas eu não aguentava mais e o beijei, pela primeira vez ele não devolveu o beijo, me separei e olhei para ele surpreso, ele estava em choque, alguma coisa estava errada. 

—Andrew? - Disse uma voz atrás de mim, Eric. 

Olhei para trás surpreso, e lá estava ele rindo e do lado dele o Rafael tão surpreso quanto eu.

—Andrew?! Que porra é essa?! - Gritou o Rafael com raiva. - Você está com Peter?

—Eu posso explicar, eu... - Tentei. 

—Você é gay?! - Continuava ele, e a cada palavra que eu ou o Rafael falava, ainda mais o Eric ria. - Por quê você não me contou?! 

—Eu... Eu... 

—Quer saber, que se dane. - Disse ele indo até a porta, nunca imaginei que o Rafael fosse tão preconceituoso. 

—Rafael, por favor... - Tentei falar, mas ele não me escutava, o Eric começou a gargalhar alto, aquele garoto estava me irritando, como eu consegui ser amigo dele. - Tá rindo do que seu idiota?!

—De você. Isso explica tudo! Isso explica porque você estava defendendo esse aí. - Disse ele rindo. - Agora me fala, qual de vocês da o cu e qual de vocês come? - Disse ele gargalhando, reparei que o Rafael parou e olhou para trás. 

—Cala a boca. - Disse. 

—Peter. - Começou ele novamente. - Eu sabia que você costumava dar por aí, mas você Andrew, um viadinho também, nem eu esperava por essa.

Pensei em socá-lo, mas não deu tempo, pois o Rafael veio de onde estava e socou a cara do Eric que cambaleou e caiu no chão atordoado. 

—Não ouse a falar assim com meu irmão, seu merdinha. - Disse ele para o Eric que se assustou. 

—Qual é cara?! - Disse ele.

—Sai daqui agora! Ou quer levar outro soco? - Disse o Rafael.

Eric não deve ter pensado duas vezes, ele levantou e saiu pela porta correndo, Peter e eu estávamos chocados, olhei para o Rafael.

—Rafael... - Falei.

—Isso não muda nada. - Disse ele saindo.

Fui atrás dele, começei a ficar com raiva e gritei:

—Você não é meu irmão! - Ele parou e olhou para mim. — Eu nunca teria um irmão tão preconceituoso. 

—Preconceituoso? - Perguntou ele. - Você realmente acha que eu estou assim porque sou preconceituoso? 

—Não está? - Perguntei. 

—Claro que não seu idiota! Eu estou assim porque nos conhecemos desde criança, somos melhores amigos e sim, te considero um irmão, e me dói saber que você não confia em mim a ponto de me contar que você é gay e esta namorando. - Disse ele, nunca me senti tão culpado.

—Me desculpa. - Disse quase chorando. 

—Eu te perguntei hoje se tinha alguma coisa acontecendo, e você preferiu mentir a me contar a verdade? Que tipo de amigo... Que tipo de irmão é você? 

—Me desculpa. - Disse chorando. - Eu estava com medo da sua reação, estava com medo de... 

—Pelo amor de Deus para de chorar. - Disse ele me abraçando, ele odiava quando eu chorava, por qualquer coisa, acho que a última vez que ele me deixou chorar foi no enterro da minha mãe, ele sempre esteve comigo e eu realmente fui idiota em pensar que ele seria um preconceituoso e não aceitaria meu namoro com o Peter. 

—Me desculpa por não contar. - Disse. 

—Só se você parar de chorar. - Disse ele sorrindo, mas também com algumas lágrimas nos olhos. - E se me prometer nunca mais esconder alguma coisa de mim.

—Eu prometo. - Disse sorrindo.

Peter sorria sem dizer nada, ele também estava chorando, mas limpou suas lágrimas, Rafael olhou para ele, deu um sorriso e o puxou para se juntar ao abraço. 

—Vem cunhadinho! - Disse ele brincando.

Todos rimos, depois de um tempo nos separamos. 

—O quê acham de um pizza? - Perguntei. 

—Como assim? - Perguntou Peter. 

—Eu não lembro de ter devolvido o cartão de crédito do meu pai e tenho certeza que ele não vai se importar. 

—Pode ser então. - Disse o Rafael sorrindo. - Aliás, vocês formam um casal bonito. - Disse dando uma piscadinha. 

Pedimos a pizza, esperamos um tempo, quando ela finalmente chegou, nos sentamos no chão da sala e comemos assistindo um bom filme na Netflix, estava feliz, era bom saber que meu melhor ami... Que meu irmão estava do meu lado.