P.O.V Andrew
Nos despedimos de Rafael, que nos deu mais um abraço antes de sair, desligamos a TV, pois já estávamos cansados de ver filmes, nos sentamos no sofá e ficamos conversando abraçados.
—Que bom que o Rafael entendeu. - Disse o Peter. - Eu ia me sentir muito mal se fosse a causa da briga de vocês.
—O Rafael é um cara legal, e se eu e ele discutíssemos não seria por culpa sua e sim minha, eu que não contei pra ele. Eu que sou um idiota. - Disse.
—Você não é um idiota, só estava com medo. - Disse ele me dando um beijo.
—Se você está dizendo. - Disse dando outro beijo nele.
O beijo começou a ficar mais intenso, Peter começou a tombar pra cima de mim e acabei deitando no sofá e ele ficou por cima de mim, ainda me beijando ele começou a passar a mão na minha barriga por debaixo da blusa, eu queria continuar, mas uma voz na minha cabeça, uma voz que claramente não era a minha, dizia "No momento certo", ela repetia aquilo como se fosse um mantra, começei a ficar nervoso e me distânciei do Peter que pareceu surpreso.
—Algum problema? - Perguntou ele parecendo preocupado.
—Eu acho que não estou pronto, você sabe, pra fazer isso. - Disse morrendo de vergonha.
—Não precisa ficar com vergonha, está tudo bem. - Disse ele acariciando meu cabelo.
—Sinto muito, eu sei que você já deve estar ficando cansado dessa minha insegurança é que... Eu nunca fiz isso. - Disse ficando com mais vergonha ainda.
—Nem eu. - Disse ele sorrindo.
—Você nunca...? Sei lá, você parece tão preparado.
—Você faz eu me sentir seguro. - Olhei para ele, ele me olhava nos olhos. - E quando você estiver preparado, eu estarei aqui.
—Obrigado. - Disse dando um beijo nele.
—Agora vamos dormir que temos aula amanhã cedo. - Disse ele sorrindo.
—Ihhhh! O nerd chato voltou. - Disse brincando.
Subimos as escadas e fomos cada um para o seu quarto, era melhor assim até contarmos para meu pai, deitei na cama, fechei os olhos e sonhei no que teria acontecido se aquela maldita voz não tivesse atrapalhado tudo e feito eu ficar nervoso.
Acordei com uma sensação estranha no meu pescoço, alguém estava me beijando, era o Peter, abri e esfreguei os olhos, pude ver o garoto lindo que eu tinha como namorado.
—Bom dia. - Disse ele.
—Bom... Ja está de manhã? - Perguntei ainda sonolento. - O despertador ainda não tocou.
—Não tocou e nem vai tocar, acabou a luz.
—Quer dizer que vou ter que tomar banho frio?
—Sinto muito.
—Como você conseguiu acordar? - Perguntei.
—Eu acordo cedo. Agora levanta.
Me levantei, vi que o Peter já estava pronto, ele me beijou e fui para o banheiro. Depois de alguns minutos encontrei com ele na sala, que só estava iluminada pela luz do sol que entrava pela janela.
—Já está pronto? - Perguntou ele.
—Já. Vamos?
—Não vai tomar café? - Perguntou ele.
—Eu não sinto muita fome de manhã.
—Ok, então. - Disse ele se levantando do sofá.
Saímos de casa e fomos andando de mãos dadas até a escola. Chegamos lá e pela primeira vez na vida já tinha muita gente, olhei para o Peter e ele também parecia surpreso, enquanto passávamos algumas meninas olhava pra gente ou com desprezo ou rindo feito umas idiotas, entramos na escola e tinha uma multidão em volta da gente, na maioria garotos, todos riam, apontava para nossas caras e nos cultucavam enquanto diziam e gritavam.
—Olha lá os viadinhos da escola!
—Vão da o cu em outro canto!
—Vocês vão queimar no inferno!
—Sempre soube!
O Peter estava quase chorando, puxei ele e começei a empurrá-lo para fora da multidão, que seguia a gente nos tacando coisas, entramos na sala de aula e antes que alguma outra pessoa entrasse, trancamos a porta.
—O quê está acontecendo? - Perguntou o Peter chorando.
Fui até ele e o abracei.
—Vai ficar tudo bem. - Disse.
Meu telefone começou a tocar, era uma mensagem do Rafael.
"Estou aqui do lado de fora, abre a porta."
Soltei o Peter e fui até a porta, destranquei e a abri, o Rafael e a Emma entraram empurrando as pessoas para fora, tranquei a porta logo depois deles entrarem. Emma correu e abraçou o Peter que ainda chorava.
—O quê está acontecendo? - Perguntei para o Rafael.
—O Eric, depois que ele saiu da sua casa ontem mandou uma mensagem para todos da escola, contando sobre vocês.
—Mas pra quê tudo isso? Pra quê todo esse ódio? O que fizemos pra eles? - Perguntou Peter chorando nos braços da Emma.
—Porque nem todos são mente aberta como eu e o Rafa, nem todos aceitam, ainda mais essa escola que é feita 99% de preconceito. - Disse Emma.
—Além disso o Eric é bem popular, ele deve ter feito a cabeça da escola inteira. - Disse o Rafael.
—Eu quero ir embora. - Disse o Peter se separando da Emma. - Eu quero sair daqui.
—Não dá. - Disse a Emma.- Até os professores estão loucos tentando acabar com a confusão.
—Eu sei de alguém que pode ajudar a gente. - Disse pegando o telefone e discando o número do Daniel.
—Quem? - Perguntou o Rafael.
—O Daniel. - Disse.
—Alô. - Disse ele pelo outro lado da linha.
—Daniel! Sou eu Andrew, preciso da sua ajuda.
—Eu sei. - Disse ele. - Já estou aqui. Abre a porta.
—Mas...
—Abre logo!
Desliguei o telefone e fui até a porta.
—O quê você está fazendo? - Perguntou a Emma.
Abri a porta e todas as pessoas que estavam ali sumiram, só tinha apenas um menino de capuz na porta, era o Daniel.
—Daniel? - Perguntei. - O quê está acontecendo?
—Nada. Literalmente nada. - Respondeu ele. - Podem sair.
Todos saíram da sala olhando para os lados, os poucos alunos que víamos estavam conversando e nem dando bola pra gente.
—Como você fez isso? - Perguntou o Peter.
—Não importa. Agora vão embora.
—O quê? Matar aula? -Perguntou Emma. - Eu não posso matar aula, eu tenho prova hoje.
—Eu também. - Disse o Rafael. - Foi mau cara.
—Ok, eu vou embora com o Peter, nem eu nem ele temos condições de passar mais um dia nessa maldita escola. Vamos Peter.
—Vamos. - Disse o Peter meio cabisbaixo. - Tchau Emma até mais tarde. - Disse dando um abraço nela. - Tchau Rafa.
—Tchau, qualquer coisa liga. - Respondeu o Rafael.
Peter e eu seguimos o Daniel até a saída da escola, andamos de volta até em casa, enquanto andávamos pude perceber que o céu azul e o sol começaram a ser cobertos por nuvens negras, ia chover, olhava para o Peter e ele ainda estava muito mal, puxei e o abracei.
—Vai ficar tudo bem.
—Como você sabe? - Perguntou ele.
—...
Chegamos em casa, Peter entrou e eu esperei para falar com o Daniel.
—Obrigado, pela ajuda - Disse.
—Sinto muito, nem eu consegui prever essa. - Disse ele.
—Amanhã, quando voltarmos pra escola, o quê vai acontecer? - Perguntei.
—Nada, eles não vão se lembrar de nada, nem o Eric.
—Como você fez isso? - Perguntei.
—Eu não posso te contar.
—Por quê não?
—Por quê você faz tantas perguntas?.
—Desculpa. - Disse, ele estava certo, ele tinha me ajudado, não deveria ficar fazendo tantas perguntas, só aceitar a ajuda e pronto.
—Ok, só entra naquela casa, antes que você perca. - Disse ele.
—Perder o quê? - Perguntei confuso.
—O momento certo.
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