P.O.V Peter
—Ahhhhhhhh!!!
Abri meus olhos com o susto, alguém estava gritando e eu sabia exatamente quem era, me levantei rápido e corri até o quarto ao lado, a porta estava trancada, começei a bater feito um louco.
—Gabriel! Abre essa porta! - Gritava enquanto batia.
Ouvia barulhos de choro, não parei de bater até ouvir o som da porta se destrancando, o Gabriel olhava para mim vermelho, ele estava suando, mesmo com o ar-condicionado ligado, ele limpava suas lágrimas enquanto me dava espaço para entrar. Me sentei na cama, ele se sentou do meu lado.
—O quê houve? Teve outro pesadelo? - Perguntei preocupado, os pesadelos do Gabriel aumentaram desde as últimas semanas. — Foi outro pesadelo não foi?
Ele fez que sim com a cabeça, enquanto olhava para baixo, o abracei, ele voltou a chorar.
—Calma, foi só um sonho ruin. - Disse tentando consolá-lo.
—Mas... Parecia... Tão real. - Disse ele entre soluços.
—Para de chorar, já passou, ok?
Ele concordou novamente e começou a controlar seu choro, até que finalmente parou.
—Isso. - Disse. - Agora me conta, que sonho foi esse?
—Era um menino, ele estava sendo perseguido por aquela menina da festa.
—A Emma? - Perguntei confuso. - Mas ela é tão legal e...
—Não, ela não, a outra menina, a que estava conversando com o Andrew quando vocês chegaram.
—O quê? Mas não tinha nenhuma menina falando com o Andrew sem ser a Emma.
—Eu não estou maluco. Tinha uma garota conversando com ele sim.
—E como era essa tal garota? - Perguntei segurando o riso, não sabia que a imaginação de crianças era tão fértil assim.
—A pele dela é cinza, seu olho é todo preto e...
—E ela tinha dentes pontudos e estava caçando pescoços para sugar o sangue. - Disse rindo.
—Para de rir de mim! - Disse ele me dando um soco que não doeu em nada. - Eu estou falando sério, acho que você tem que falar com o Andrew.
—Vou ter que falar com ele de qualquer jeito. - Disse afundando minha cara no travesseiro. - Eu até agora ainda não entendi oque aconteceu nessa maldita festa, mas tenho que me desculpar com o Andrew.
—Então, por favor, fala com ele sobre a...
—A Menina Vampira dos seus sonhos? Eu não vou falar com ele sobre isso.
—Primeiro que ela não é dos meus sonhos, ela é real, eu sei disso, e você não deveria me julgar, você também ouviu coisas que ninguém mais ouviu, só você. E segundo que ela não parece uma vampira, parece mais um demônio.
Congelei com essa frase, um demônio? Nunca tinha pensado na hipótese de existir demônios, mas se existem anjos, bem provável que exista demônios também.
—Peter! - Gritava o Gabriel me tirando dos meus pensamentos. - Ouviu o quê eu disse?
—O quê?
—Ela não parece uma vampira, parece mais um demônio.
—E qual é a diferença? - Perguntei rindo tentando disfarçar meu nervosismo. - Além disso demônios não existem. - O Gabriel já tinha esses pesadelos, se ele souber que demônios podem existir é aí que ele não dorme mesmo.
Ele não respondeu, apenas me olhou sério e com raiva.
—Tá, tá, tá. Eu falo com ele. - Até porque eu acho que ele realmente deve saber disso.
—Promete?
—Prometo.
—Vai falar com ele quando? Tem que ser rápido. - Perguntou ele.
—Amanhã eu falo. - Respondi pensando no porque de um demônio querer separar eu e o Andrew.
—Não, fala com ele hoje. - Disse ele firme.
—Mas como eu vou falar com ele hoje? Ele deve estar dormindo a essa hora, ou conversando com o Eduardo. - Disse me afundando no travesseiro de novo.
De repente a campainha começou a tocar.
—Quem será que é? - Perguntei me levantando.
—O Andrew. - Respondeu o Gabriel.
—Como você sabe? - Perguntei surpreso.
—Sei lá, só sei, vou tentar voltar a dormir, e não esquece de falar com ele sobre a menina, alguma coisa me diz que ele precisa saber.
—Tá, vou lá ver quem é.
Saí do quarto, pude ouvir o som da porta trancando, dei um sorriso e corri até a porta da frente, me surpreendi com o fato da minha mãe não ter acordado, fui até a porta e a abri, o Gabriel estava certo, era o Andrew.
—Andrew? - Disse surpreso.
—A gente precisa conversar. - Disse ele.
P.O.V Andrew
UMA HORA ATRÁS...
—Nunca achei que ia te ver tão parecido com o seu pai. - Disse.
Logo após fechar minha boca me arrependi amargamente das palavras que havia dito, mas não tinha mais volta e eu precisava levar o Eduardo pra casa, ele estava muito machucado, não sabia que o Peter tinha essa força toda, saí daquela maldita festa sem nem olhar para trás, caminhei com o Eduardo com uma certa dificuldade, ele era muito maior e bem mais pesado que o Peter.
—Foi mau mesmo pelo Peter, prometo que amanhã vou te levar no seu lugar preferido. - Disse tentando fazer ele, e eu também, se sentir melhor.
—Que lugar? - Perguntou ele parecendo curioso.
—Como assim "que lugar"? - Perguntei confuso, como ele pode ter esquecido da roda-gigante, o Peter deve ter batido muito forte. - Estou falando da roda-gigante.
—Ata, claro, a roda-gigante, foi mal, ainda estou meio tonto, o Peter acabou comigo.
—Aquele idiota. - Disse com raiva, mas logo depois me arrependi de novo.
Depois de alguns minutos, que mais pareceram horas, chegamos na casa do Eduardo, ele abriu a porta, oque me assustou, ele sempre tranca a porta.
—Que peculiar. - Disse.
—O quê é peculiar? - Perguntou ele.
—Você sempre tranca a porta, esqueceu dessa vez?
—Esqueci. - Respondeu ele com um sorriso sem graça. - Estava atrasado esqueceu?
Ri. Ajudei ele a entrar.
—Pronto, está entregue. - Disse rindo. - Desculpa pelo Peter, não sei o que está acontecendo com ele.
—Tudo bem. Acho melhor eu entrar agora. Depois a gente se fala, ok? - Disse ele, por cinco segundos tive a impressão que a voz dele estava mais fina.
—Claro, tchau. - Disse saindo da casa.
Virei para falar mais alguma coisa, mas o Eduardo já tinha fechado a porta, entrei em casa, fui para o meu quarto, tirei meus sapatos e deitei na cama, olhava para o teto pensando nos acontecimentos de hoje, me diverti na praia, reencontrei o Peter, fiz o melhor sexo da minha vida com ele, fui para a festa dele e briguei com ele. Não conseguia dormir, então decidi me entender com o Peter, me levantei, calçei meus sapatos, coloquei meu casaco, pois devia estar frio e saí de casa. Estava passando na frente da casa do Eduardo quando ouvi alguma coisa, era um grito.
—Não! Não! Ahhhhhhhh!
Era o grito do Eduardo, corri até a porta da casa dele, tentei abri-la, mas estava trancada, começei a bater e a tocar a campainha feito um louco. O Eduardo abriu, ele parecia confuso.
—Andrew? Está tudo bem? -Perguntou ele.
—Eu que te pergunto? Eu ouvi um grito.
—Ah! Não foi nada, é que eu... Caí.
—Você caiu? - Perguntei sem conseguir acreditar.
—Sim, me desequilibrei e acabei gritando, desculpa se te deixei preocupado.
—Claro, está tudo bem.
—Aonde você vai uma hora dessas? Já está tarde. - Perguntou ele.
—Vou falar com o Peter, a gente precisa se entender e ele precisa pedir desculpas pra você.
—Claro, claro. Estou ficando com sono, vou terminar umas coisas aqui e vou dormir. Boa sorte com o Peter.
—Obrigado e boa noite.
Ele sorriu e fechou a porta. Voltei a caminhar pensando no que falar para o Peter, depois de pensar muito, não consegui pensar em nada para falar, então decidi improvisar, cheguei na porta da casa dele, olhei para o relógio, já estava bem tarde, mas mesmo assim toquei a campainha, não demorou muito para o Peter atender, ele pareceu surpreso.
—Andrew? - Disse ele.
—A gente precisa conversar. - Respondi.
—Claro, pode entrar. - Disse ele dando passagem.
Eu entrei meio sem jeito, nunca pensei que ia me sentir desconfortável perto do Peter, eu o amava tanto, fomos até a sala e nos sentamos no sofá.
—Andrew, eu sei que você deve achar que estou louco, mas... -Começou ele..
—Não acho que você esteja louco. - Interrompi, e não estava mentindo, realmente não achava que ele estava louco.
—Não? - Perguntou ele sorrindo.
—Não, você só estava com ciúmes, e estava estressado, é normal que... - Tentei falar.
—Na festa, eu tenho certeza absoluta que o Eduardo disse que ia fazer de tudo para me afastar de você. - Disse ele se levantando.
—Mas só você ouviu isso. - Disse me levantando também.
—Não, outra pessoa ouviu também, o Gabriel.
—Uma criança de 10 anos... - Rebati.
—Isso não importa! Ele também ouviu, e não foi só isso, ele disse pra mim que quando foi falar com você na festa...
—Sim, eu estava com o Eduardo.
—Mas o Gabriel disse que você NÃO estava com o Eduardo.
—Como assim? - Perguntei confuso.
—Ele jura por Deus que viu você com uma menina.
—A Emma?
—Não, uma outra menina, uma menos colorida e mais... Diabólica.
—O quê? - Disse chocado.
Começei a me lembrar do aviso que o Daniel me deu, "Cuidado com ela", ela, será que o Eduardo era ela? Talvez tenha sido por isso que o Gabriel saiu correndo, mas por que só ele a viu? Isso não faz sentido, por quê uma menina com uma aparência diabólica iria possuir o Eduardo?
—Ele disse que quando foi falar com você, você estava com uma menina com uma aparência diabólica, e então ele...
—Saiu correndo e chorando. - Continuei.
—Isso.
—Mas isso não faz sentido.
—Não faz sentido? Você esqueceu que nós já conhecemos um anjo? Se o Daniel é real o quê me garante que ela também não seja?
—Mas...
—Andrew! - Disse ele segurando os meus ombros me fazendo olhá-lo direito nos olhos. - Tem alguma coisa muito errada acontecendo com o Eduardo e você sabe disso.
Ele parecia estar nervoso e com medo, parando para pensar o Eduardo realmente estava diferente quando fui deixá-lo em casa, não trancou a porta, sua voz mais fina, nem se lembrou da roda-gigante, a voz do Daniel invadiu minha mente, como se ele estivesse cochichando no meu ouvido, "É ela", "É ela", uma dor de cabeça infernal apareceu.
—Ai! - Disse colocando minha mão na cabeça.
Peter me soltou preocupado.
—Você está bem? - Perguntou ele.
—Tá legal. - Disse um pouco irritado. - Se você estiver certo e tiver realmente alguma coisa dentro do Eduardo, como vamos saber se é verdade ou não, não podemos ver essa coisa.
—Tem alguém que pode. - Disse ele sorrindo. - O Gabriel. Vamos com ele até a casa do Eduardo, se o Gabriel ver essa menina de novo, nós saberemos que não é o Eduardo.
—Está bem, mas se ele não ver nada você pode pedir desculpas para ele. Ok?
Ele torceu o nariz, mas finalmente cedeu.
—Está certo. Mas com uma condição. - Disse ele sorrindo, como eu amava aquele sorriso.
—Que condição? - Perguntei sorrindo também.
Ele não respondeu, apenas me puxou e me beijou, não pensei duas vezes em retribuir.
—Cof cof. - Alguém tociu.
Nos separamoso surpresos, o Gabriel estava em pé no olhando.
—Vamos? - Perguntou ele andando até a porta.
—Como você sabia que... - Tentei perguntar.
—Eu estava ouvindo a conversa de vocês. - Respondeu ele rapidamente.
—Gabriel! - Repreendeu o Peter.
Não consegui conter um riso, ele fica tão fofo quando fica bravo. Saímos da casa e fomos andando até a casa do Eduardo, era muito bom estar com o Peter de novo.
Chegamos na casa do Eduardo, bati na porta meio receoso, demorou algum tempo, mas ele finalmente atendeu.
—Andrew. - Disse ele sorrindo, até perceber que o Peter estava do meu lado. - E Peter. O quê vocês querem?
Não respondemos, apenas olhamos para o menor.
—Viu alguma coisa Gabriel? - Perguntei.
Ele parecia confuso e logo depois fez que não com a cabeça, sorri aliviado, olhei para o Peter, ele parecia estar mais confuso que o Gabriel.
—Tem certeza disso Gabriel? - Perguntou o Peter.
—Tenho, não vejo nada, só o Eduardo. - Respondeu o menor.
—Tá legal, alguém vai me explicar o que está rolando aqui? - Perguntou o Eduardo um pouco irritado.
Dei um sorriso sem graça e disse :
—O Peter veio te pedir desculpas!
—O quê? - Perguntou o Peter chocado.
—Você prometeu. - Rebati.
—Está bem. Desculpa pela surra que eu te dei. - Disse o Peter de deboche, mas já valeu alguma coisa.
—Tudo bem. - Respondeu o Eduardo.
O Peter ficou vermelho do nada, não entendi sua reação, ele parecia estar com muita raiva.
—Peter, você está bem? - Perguntei.
—Andrew, o quê foi que ele disse? - Perguntou ele encarando o Eduardo com raiva enquanto ficava ainda mais vermelho.
—Que está tudo bem. - Respondi confuso. - Por quê?
O Peter não respondeu, ele voltou ao normal, me encarou e me deu um beijo.
—Vamos pra casa Gabriel. - Disse ele puxando o menor, que por sua vez ainda estava confuso com algo.- Tchau Andy, até amanhã.
—Até. - Respondi.
Voltei minha atenção para o Eduardo, ele estava sorrindo.
—Seu namorado é peculiar, não é mesmo? - Disse ele sorrindo.
—Pois é. - Respondi sorrindo, porém ainda mais confuso. - Então vou indo, até amanhã.
—Até. - Disse ele fechando a porta.
Voltei para minha casa, o quê será que está acontecendo com o Peter? Por quê ele está tão estranho?
P.O.V Peter
—Ele não disse "Tudo bem" né? - Perguntou o Gabriel quando chegamos em casa.
—Não, ele não disse. - Respondi com raiva.
—O quê ele disse?
—Que ia me matar e que logo depois ia matar o Andrew. - Respondi com raiva.
—Que estranho. Por quê eu não ouvi ele dizer isso? Eu ouvi na primeira vez. E se ele disse isso, por quê eu não vi ela de novo.
—Ele, ou melhor, ela deve ter feito alguma coisa para impedir você de vê-la e de ouví-la.
—Tipo o quê?
—Não faço a menor idéia, agora vamos dormir, preciso resolver uma coisa amanhã.
P.O.V Eduardo
UMA HORA ATRÁS...
Ela sorriu e levantou a faca.
—Essa é a hora que você grita.
—Não... Por favor... Não! Não! Ahhhhhhhhh!!!
De repente alguém começou a bater na porta e a tocar a campainha feito um louco, eu nunca me senti tão aliviado e tão nervoso ao mesmo tempo. A menina olhou para mim.
—Salvo pelo gongo. - Disse ela sorrindo e abaixando a faca.
Ela estalou os dedos, uma sensação ruin começou a correr pelo meu corpo enquanto as luzes da casa começaram a piscar, e no lugar da menina apareceu o meu clone novamente, ele, ou eu, virou para mim, deu um sorrisinho e saiu do banheiro.
Não pensei duas vezes em fugir, tentei me levantar, mas não consegui, alguma coisa me prendia no chão, foi aí que percebi que eu estava completamente amarrado por cordas, elas me prendiam na parede, da onde essas cordas vieram? Tentei me soltar como antes, mas não consegui, só me restou esperar ela voltar e me matar, só queria saber o porque de tudo isso, o que foi que eu fiz para esse... Monstro? E por que eu?
—Já acabou? - Disse ela da porta do banheiro. - Você tem muita sorte sabia?
—Se eu tivesse sorte não estaria preso aqui.
—Meu lindo, se você não tivesse sorte já estaria morto.
—Você não vai mais me matar? - Perguntei confuso, mas ao mesmo tempo aliviado.
—Pois é, mudanças de plano, sabe quem era na porta? Seu amiguinho, Andrew. - Disse ela andando até mim. - Ele é mais esperto do que eu pensei, ele está começando a perceber que eu não sou você, e também tem aquela criança maldita, ainda não sei como ela conseguiu me ver, então vou deixar você vivo.
—Por quê? - Perguntei.
—Porque preciso de duas coisas e você só pode me dar elas se estiver vivo. - Disse ela com aquele sorriso diabólico. - Você deve estar se perguntando que coisas, certo? Tudo bem, eu te digo, sem problemas. Primeiro é que quando tudo isso acabar eu vou precisar de alguém para colocar a culpa, não preciso que descubram a minha existência, e a segunda coisa é...
Ela pegou uma faca, foi até o meu braço e o cortou novamente, doeu muito, não entendi porque ela tinha me cortado, ela sorriu pra mim, passou o dedo no meu corte e lambeu todo o sangue, ela ficou com uma cara de felicidade, ela estava sentindo prazer em lamber o meu sangue.
—Por quê você...
—Lambi seu sangue? Simples, o sangue humano funciona como uma... Qual é mesmo o nome? Poção Polissuco, só que mais eficaz, com o sangue de vocês, nós anjos podemos tomar a forma, o conhecimento e até suas almas, porém só se o humano estiver vivo.
—Anjos? Você é um anjo? - Perguntei sem conseguir acreditar, ela deu um sorriso. - Não consigo acreditar no fato de você vir do céu.
—Mas eu vim do céu. - Disse ela sorrindo. - Só que do céu do inferno. Eu sou um anjo das trevas.
—E por que você está fazendo isso comigo? O quê eu te fiz?- Perguntei segurando minhas lágrimas.
—Você não fez nada, outra pessoa fez. Eu só estou usando você e seus amigos para atingir ela, digamos que, quanto pior VOCÊS ficam, mais fraco ELE fica e mais forte EU fico.
—Mas...
—E agora que eu tomei mais do seu sangue vai ser ainda mais difícil deles perceberem a diferença entre mim e você, e eu vou conseguir separar aqueles dois.
—Aqueles dois? Andrew e o Peter? Por quê você quer separar eles dois? - Perguntei incrédulo.
—Porque nada dói mais no cupido do que um casal que ele juntou se separar. - Disse ela sorrindo.
—Você não vai conseguir separá-los. Eles se amam. - Rebati confiante.
—Meu querido, se eu não conseguir separá-los, eu vou matá-los, vai doer nele de qualquer jeito, então se eu fosse você, torcia para que eles se separassem.
—Mas... Mas...
—Chega de mais! Agora está na hora de levar você para um lugar mais confortável. - Disse ela.
Ela estalou os dedos, e como sempre a sensação ruin apareceu, as luzes do banheiro começaram a piscar até que se apagaram por completo, de repente tive a sensação que tudo a minha volta tremia, um enjôo repentino veio e me segurei para não vomitar, quando as luzes voltaram a se acender percebi que não estava mais no banheiro e sim de volta no porão, ela estava parada na minha frente.
—Como... Como você... Como você fez isso? - Perguntei tentando me recuperar da pequena viagem.
—Sou um anjo, posso fazer tudo o que eu quiser, bem, quase tudo. - Respondeu ela.
—Socorro! Socorro! - Começei a gritar desesperado, não sabia mais o que fazer.
Ela ria da minha cara, estava adorando a minha dor e o meu medo.
—Para de gritar, ninguém vai ouvir você.
—Se você não vai me matar, o que vai fazer comigo? - Perguntei temendo sua resposta.
—Como você fala demais e vai fazer de tudo para me atrapalhar, vou deixar você dormir um pouquinho.
—Como assim?
—Você vai cair em um sono profundo, e só vai acordar quando eu tiver terminado, claro que vão colocar a culpa em você, mas e daí não é mesmo? - Disse ela rindo.
—Você é um monstro!
—Eu sei disso querido.
Alguém começou a bater na porta novamente, a menina olhou para mim impaciente.
—Não vai atender? - Perguntei sorrindo.
—Eles não vão se importar de esperar um minutinho. - Disse ela voltando a sorrir.
Ela preparou os dedos, não sabia o que fazer, então fiz a única coisa que me restava, pedir socorro.
—Socorro! Socorro! Estou aqui em baixo! - Gritava, eu sabia que quem quer que estivesse na porta, não ia conseguir me ouvir, mas eu não podia desistir assim tão fácil.
—Tchauzinho. - Disse ela estalando os dedos.
As luzes piscaram, meus olhos ficaram mais pesados, eu me esforçava ao máximo para deixar eles abertos, mas eles acabaram se fechando, meu corpo amoleceu e tombou para o lado, e então eu dormi, mas não antes de ouvir ela dizer:
—Tenha bons pesadelos meu querido.
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