P.O.V Andrew
Nunca tinha arrumado um quarto tão bem, não sei o porquê, mas eu queria fazer tudo perfeito para o Peter. Arrumei a cama e tirei toda bagunça que meu pai e eu colocávamos naquele quarto, quase nunca tínhamos visita, então vivíamos colocando coisas naquele quarto, depois de um tempo finalmente terminei, voltei para sala e lá estava ele sentado, quando me viu abriu um sorriso, o sorriso mais lindo que eu já vi em toda minha vida.
— Oi. - Disse ele. - Você demorou.
—É que o quarto estava um pouco bagunçado. - Disse.
—Desculpa, não queria incomodar.
—Não está. - Disse me sentando ao seu lado. - E então... Você vai me contar o porque do seu pai... Ter...
—Me espancado no meio da rua? - Disse ele olhando para baixo, fiz que sim com a cabeça. - Ele entrou no meu quarto e mexeu no computador.
—E...?
—E ele viu algumas fotos que eu tinha lá, fotos de... De meninos. E então... Eu contei pra ele... Que eu era gay. - Disse enquanto uma lágrima escorria de seu olho. - Ele sempre foi contra isso, e ele já estava bêbado, então... Ele fez aquilo.
—Sinto muito.
—Às vezes eu me pergunto... - Disse ele aos prantos. - Por quê a minha mãe me deixou com ele? Por quê ela não me levou com ela?
Por alguma razão envolvi o Peter em meus braços, ele chorava no meu ombro e continuava:
—Ela mesma dizia que ele era um monstro, como ela pode deixar o seu filho com um monstro? - Dizia ele chorando muito.
—Eu sinto muito, muito mesmo. - Dizia quase chorando também. - Mas olha, você está livre dele agora, você pode ficar aqui o tempo que quiser.
—Sério? - Ele se soltou dos meus braços e finalmente me olhou nos olhos. - Sério mesmo?
—Claro. - Disse.
Os olhos dele me encantavam de tal forma que eu não consigo explicar, eu estava completamente hipnotizado e parecia que ele também estava, nossos rostos começaram a se aproximar, meu coração batia rápido, nossas bocas estavam quase encostando uma na outra quando alguém bateu na porta, como que nos liberando do nosso transe, nos afastamos rapidamente, ele estava vermelho e tenho quase certeza que eu também, me levantei e fui atender a porta, era o Rafael, que estava todo molhado por causa da chuva, pela primeira vez na vida eu fiquei com raiva em vê-lo.
—Rafael? - Disse tentando disfarçar a minha raiva. - O quê você está fazendo aqui? E agora?
—Como assim? - Disse ele parecendo confuso. - Você me mandou uma mensagem me pedindo pra vir aqui. - Disse tirando o telefone do bolso. - E por que você não me disse que trocou de número?
—Eu não troquei de número, e tenho certeza que não te mandei mensagem nenhuma.
—Como não? A mensagem está aqui. - Disse me passando o telefone.
Olhei para o telefone e lá estava a mensagem que eu supostamente tinha enviado:
Oi, sou eu, o Andrew. Estou precisando da sua ajuda, vem pra cá agora.
Olhei para o número que enviou a mensagem, tive a impressão que já tinha visto esse número em algum lugar...
—Ei! Vai me deixar entrar ou não? - Disse o Rafael, até tinha esquecido que ele estava embaixo da chuva. - Está... Molhado aqui fora.
—Claro, desculpa. - Disse dando passagem para ele. - Vou pegar uma toalha.
Rafael entrou e se surpreendeu ao ver o Peter sentado no sofá.
—Peter? - Disse ele. - O quê você está fazendo aqui? E todo machucado? - Rafael virou pra mim. - Você finalmente conseguiu bater nele? - Peter riu.
—Não. É outra coisa. Digamos que eu e ele viramos... Amigos. - Disse olhando para o Peter que sorria de volta.
—Ok. Sinto que perdi alguma coisa. - Disse o Rafael sorrindo. - Você tem que me contar tudo. Agora qual é o problema? Por quê você me chamou?
—Já disse que não te chamei. Agora vai se secar, você está me deixando nervoso assim molhado, você já sabe o caminho do banheiro.
—Ok. - Disse ele rindo e indo em direção ao banheiro.
—Seu amigo é legal. - Disse o Peter.
Alguém bateu na porta, o quê aconteceu? Será que todo mundo resolveu me visitar? Fui atender, era uma menina de cabelos coloridos, com uma capa de chuva e um guarda chuva igualmente coloridos e usava também uma blusa de alguma banda coreana, japonesa, chinesa, sei lá, só sei que tinha uns carinhas de olhinhos puxados.
—Quem é você? - Perguntei.
—Meu nome é Emma, sou a melhor amiga do Peter. - Respondeu ela. - Ele está aqui, certo?
—Esta sim, pode entrar. - Disse dando passagem.
Ela entrou e correu para abraçar o Peter que devolveu o abraço surpreso.
—Emma? - Disse ele. - O quê você está fazendo aqui? Como sabia que eu estava aqui?
—Eu fui pra sua casa, mas não tinha ninguém lá, aí um menino disse que você estava aqui. - Disse ela.
—Que menino? - Perguntei já sabendo a resposta.
—Não sei, nunca vi ele na vida, ele me falou o nome, acho que era David, alguma coisa assim. - Respondeu ela.
—Daniel?
—Isso! Era esse mesmo! Você conhece ele?
—Mais ou menos.
—Como ele sabia que você me trouxe pra cá? - Perguntou o Peter.
—Não sei, ele me assusta. As vezes tenho a impressão que ele sabe de tudo o que acontece. - Disse pensativo.
—Vocês estão falando sobre o que? - Perguntou o Rafael saindo do banheiro com a toalha na mão. - Ai meu Deus! Você é fã de BTS!? - Disse, ou melhor, gritou ele quando viu a blusa da garota.
—Sou. - Disse ele abrindo um sorriso. - Você conhece?
—Claro, eu sou Kpopper. Qual a sua música preferida?
—Humm. Todas. E a sua?
—Também, não dá pra escolher uma só.
—Desde quando você é Kpopper? - Perguntei.
—Desde sempre. - Disse o Rafael como se fosse uma coisa óbvia.
—Isso é incrível, eu nunca tinha conhecido outro Kpopper antes. - Disse ela rindo.
—Pronto! Já vi tudo! Eles vão começar a falar sobre Kpop até não acabar mais. - Disse o Peter rindo.
—Percebi isso também. - Respondi rindo.
A Emma e o Rafael ficaram conversando sobre bandas coreanas por um tempo e o Peter e eu ficamos trocando olhares do tipo "Sério que eles vão ficar falando disso?" ou "Eles não vão parar nunca?", depois de um tempo a Emma finalmente levantou e disse:
—Acho que já vou indo gente.
—Mas já? - Perguntou o Rafael e o Peter juntos.
—Já são seis horas, se eu ficar mais vou chegar muito tarde em casa.
—Pede pro seu pai te buscar, ele faria de tudo para a "princesinha" dele.- Disse o Peter rindo.
—Está certo, vou ligar pra ele. - Disse ela pegando o telefone.
Ela discou o número e falou com o pai dela, a conversa não durou nem dez minutos.
—Ele disse que tudo bem, é só eu ligar quando quiser ir embora, meu pai é demais!
—Eu não disse? Ele faz tudo pra...
—Me chama de "princesinha" de novo e eu juro que vou te deixar mais machucado do que você já está. - Depois de dizer isso ela pareceu levar um susto. - Ai meu deus! Agora que eu percebi! O quê aconteceu com você!?
Peter riu sem graça e olhou pra mim, lógico que eu entendi o recado.
—Rafael, já que a Emma vai ficar, vamos pegar um pouco de refri na cozinha, ela deve estar com sede.
—Mas...- Começou ele.
—Mas nada! - Disse puxando ele para cozinha deixando a Emma e o Peter sozinhos na sala.
Fiquei enrolando o Rafael na cozinha até a Emma chamar a gente, ela parecia ter chorado e o Peter também.
—Aconteceu alguma coisa? - Perguntou o Rafael.
—Não, nada. - Respondeu o Peter sem graça.
—Tem certeza?
—Claro. - Respondeu a Emma rapidamente. - Eu e o Peter estávamos conversando, que tal a gente jogar um joguinho? Sabe, pra passar o tempo. - Disse ela com um sorrisinho malicioso na cara.
—Pode ser. - Disse o Rafael. - Que jogo?
—Eu estava pensando em... Verdade ou Consequência.
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