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História The loves of my life - Momentos


Escrita por: Lilly-chibi

Notas do Autor


Demorei um pouco, sinto muito.
Espero que gostem desse capítulo :)
Boa leitura!

Capítulo 24 - Momentos


 

Quando acordei, a primeira coisa que senti foi dor.

Uma dor de cabeça extremamente forte e outra pior ainda no meu baixo ventre.

Eu não conseguia me mexer de início, mas quando tomei o controle do meu corpo, ergui o braço para tocar em minha barriga.

Senti apenas um pequeno volume e me lembrei de tudo o que havia acontecido até ali.

Aliás, quanto tempo eu fiquei dormindo?! O que aconteceu com o meu bebê?!

Comecei a me desesperar e quis me levantar, ignorando as dores que estava sentindo, mas antes mesmo de fazer alguma coisa, senti mãos firmes segurando os meus braços e me impedindo de levantar.

Demorou para eu focalizar aquele rosto, mas quando o fiz, me senti quase completamente aliviado.

-Você acordou! -A voz de ChanYeol parecia cansada e sua expressão não estava diferente.

Tentei me levantar mais uma vez mas ele me segurou.

-Calma, eu vou falar tudo o que aconteceu até agora pra você não ficar confuso. -Assenti e o vi respirar fundo. -Você está apagado a três dias.

-Hum...? -Foi a única coisa que eu consegui dizer, minha garganta parecia estar rachando de tão seca.

-É, a doutora acha que você entrou em choque, algo assim. -ChanYeol sorriu docemente. -Nosso bebê é o mais lindo se todos.

Aquilo me fez cair de vez na realidade.

Meu bebê havia nascido e, pelo que parecia, estava tudo muito bem.

Senti meus olhos marejarem e ChanYeol se abaixou para me dar um abraço desajeitado.

-Eu... -Mesmo com a sensação de que minha garganta iria rasgar, eu tinha que pedir aquilo. -E-eu quero vê-lo.

ChanYeol se endireitou e me encarou seriamente.

-Ele está em uma incubadora... Ele nasceu um mês antes da data prevista e a doutora Oh achou melhor que ele ficasse lá. Afinal, ela ainda não sabe o que aconteceu para ele nascer agora.

-V-você o viu?

-Apenas através do vidro. -ChanYeol sorriu mais uma vez. -Ele tem os seus olhos.

Sorri e apertei suas mãos nas minhas.

-Então, vamos ver se acho a doutora para poder te levar até o nosso bebê. Aposto que está ansioso para vê-lo.

ChanYeol beijou a minha testa e logo se afastou, saindo do quarto.

Fiquei encarando o teto e tentando imaginar como seria o meu bebê e como seria pegá-lo no colo.

Eu sentia meu coração se acelerar em expectativa ao pensar naquilo... Mas por que eu sentia que algo iria dar errado?!

 

 

 

---x---

 

 

Depois de tomar muita água, senti minha garganta normal novamente.

ChanYeol estava me tratando como se eu estivesse doente, me alimentava a cada cinco minutos e perguntava toda hora se eu estava sentindo alguma dor. Eu até riria daquilo, mas sei que ele deve ter passado por um susto tremendo quando me viu dormir três dias seguidos.

Eu sabia daquilo pois eu sentiria a mesma coisa.

Foi só depois que anoiteceu que a doutora Oh entrou no pequeno quarto onde eu estava. E ela parecia esgotada.

Olheiras profundas rodeavam seus pequenos olhos e ela parecia tão cansada que, se encostassem em algum lugar, certamente dormiria no mesmo instante.

-Como vai, BaekHyun?! -Ela sorriu minimamente, se aproximando da minha cama e checando o soro que estava conectado ao meu braço.

-Tirando o fato de que estou morrendo de dor, tudo está ótimo.

-Os pontos da cesárea vão demorar para cicatrizar. Vou ver se consigo algum remédio para você. -Ela disse e anotou algo em um pequeno caderno. -Bem, eu tenho algo para falar com vocês.

ChanYeol e eu nos entreolhamos, preocupados.

-Aconteceu algo com o bebê? -ChanYeol foi o primeiro a perguntar.

A doutora sorriu e negou, fazendo meu coração relaxar.

-Está tudo ótimo com seu filho. Ele não corre nenhum risco apesar de estar fora do peso, por isso terá que ficar em observação.

-Por quanto tempo? -Perguntei.

-Não sei dizer ao certo. -A doutora andou pelo quarto, como se não quisesse ficar parada por muito tempo. -Comuniquei o hospital central e, daqui a algumas horas, eles trarão leite o suficiente para manter o seu bebê aqui por um mês.

-Um mês?! -Perguntei assustado. -Por que tudo isso?

A doutora Oh sorriu, como se compreendesse minha preocupação.

-Apesar de ter nascido sem nenhum problema grave, seu bebê nasceu antes do tempo previsto. Ele está com peso abaixo do normal e sua imunidade não está bem desenvolvida.

-Mas e o Baek?! -ChanYeol perguntou. -Ele vai ficar aqui por um mês também?

-Oh, não será preciso. -A doutora sorriu. -Faremos mais alguns exames para saber o que aconteceu para o bebê nascer antes do tempo e, assim que tudo terminar, vocês poderão ir pra casa.

ChanYeol sorriu para mim. Mesmo que aquela notícia fosse boa -afinal, eu odiava hospitais-, não estava tão feliz em deixar o meu bebê ali, sozinho.

-Certo, vou dar uma olhada no seu bebê e pedir para trazerem um remédio para você. Descanse que amanhã você poderá ver o seu bebê.

A doutora sorriu mais uma vez e saiu logo depois.

ChanYeol sentou em uma poltrona, ao lado na minha cama, e deitou a cabeça em meu ombro.

Ficamos em silêncio por um tempo, mas logo ele se ergueu novamente e me encarou.

-O que foi? -Perguntei, ficando envergonhado pela intensidade do seu olhar.

Ele acariciou meu rosto e sorriu.

-Eu queria te agradecer.

Franzi o cenho.

-Pelo quê exatamente?

ChanYeol se inclinou para frente, seu rosto ficando frente a frente com o meu.

-Por ter me dado o melhor presente que eu poderia ter. Nosso bebê.

Sorri e segurei sua mão que estava posicionada delicadamente sobre meu abdômen.

Naquele momento eu tinha certeza que, dali pra frente, seria só alegria em minha vida.

Porém, algo em meu íntimo me dizia o contrário e eu estava com medo disso.

 

 

 

---x---

 

 

 

O dia seguinte chegou e eu não poderia estar mais animado.

Eu estava prestes a ver o meu bebê!

Até tinha esquecido do pesadelo que tive na noite passada só de lembrar que logo poderia apreciar o rostinho delicado do meu filho.

-Cuidado, cuidado! -ChanYeol alertava enquanto me ajudava a passar da cama para a cadeira de rodas.

-Eu sei, amor. -Ri e fiz uma careta ao sentir um pouco de dor onde estavam os pontos. -Vamos logo.

ChanYeol riu e começou a empurrar a cadeira para fora do quarto.

-A doutora disse que ele está acordado. É uma pena não podermos pegá-lo.

-Não podemos? -Perguntei, sentindo certa tristeza por ouvir aquilo.

-A doutora Oh falou que, para evitar que ele pegue alguma doença, é melhor ele ficar pelo menos uma semana na incubadora.

Assenti e seguimos em silêncio para onde meu filho estava.

Só agora que eu percebia o quanto aquele “consultório” era enorme. Mesmo tendo poucas salas e pouco pessoal, acredito que dava sim para chamar de uma pequena clínica.

Assim que comecei a fazer consultas ali, a doutora Oh dispensou metade do seu pessoal para que ninguém ficasse sabendo do meu “caso raro”. Ela também pediu que o local fosse fechado para internação de outras pessoas pelo mesmo motivo.

Ela estava fazendo muito por mim, por ChanYeol e pelo meu bebê... Eu teria que agradecer muito por isso.

Quando entramos em uma área que ChanYeol disse ser o berçário, minhas mãos começaram a suar. Eu vi uma pessoa entrando em uma saleta, com máscara, luva e touca e vi que era ali que o meu bebê estava.

-Preparado? -ChanYeol perguntou e eu assenti.

Ele me ajudou a ficar de pé e me segurou pela cintura, me guiando para a frente do vidro.

No lugar haviam seis incubadoras e apenas uma estava ocupada. Mas eu não conseguia ver já que a enfermeira cuidava de algo ali.

ChanYeol deu três leves batidas no vidro e a pessoa se virou para nós. Seus olhos quase se fecharam e eu percebi que ela havia sorrido.

A pessoa começou a mexer na incubadora e eu senti meu coração acelerar. Ela moveu a incubadora um pouco para frente para podermos ver o bebê

Era agora.

Ela tirou um pano que cobria a máquina e lá estava ele. Meu pequeno JiSung.

Eu queria tanto tocá-lo naquele momento. Ele era tão pequeno e fofo...

-Ele... É tão lindo! -Falei em um sussurro e ouvi ChanYeol concordar.

JiSung se remexeu e começou a chorar, o que me deixou com o coração partido já que eu não podia confortá-lo.

A moça colocou a incubadora no lugar e eu me sentei na cadeira de rodas. Minhas pernas estavam tremendo tanto que eu achava que iria desmaiar.

-Eu nem posso acreditar que eu tive esse bebê lindo! -Falei e ChanYeol riu enquanto acariciava o meu rosto.

-Como não pode acreditar?! Ele é maravilhoso assim como você.

Eu sorri e segurei em sua mão.

-Eu amo tanto você...

-Eu também te amo. -ChanYeol beijou minha bochecha e se levantou. -Agora vamos, você precisa descansar.

Queria poder ficar o resto do dia apenas olhando o meu bebê através daquele vidro, mas as recomendações da doutora Oh eram que eu ficasse de repouso e não fizesse nenhum esforço para não prejudicar os pontos.

Voltamos ao quarto e ficamos conversando sobre como seria nossas vidas dali para frente.

ChanYeol pediu adiantamento das suas férias para poder ficar comigo e com o bebê e, já que agora eu tinha um filho para criar, demoraria um pouco para conseguir um emprego.

Mas tudo estava bem por enquanto.

-Sabe. -Falei enquanto comia o jantar que haviam trazido para mim. -Sinto falta do meu pai. Ele ainda não veio me visitar. -Falei, me lembrando só agora de que faltava algo ali.

Vi ChanYeol revirar os olhos e eu ocultei um riso. Ele ainda não gostava do meu pai.

-No dia que ele te trouxe, assim que você entrou pra sala de parto ele disse que tinha “assuntos para resolver”. -ChanYeol fez aspas com as mãos enquanto tentava imitar a voz do meu pai.

-E ele falou quais eram esses assuntos?

-Não, e eu nem quero saber.

-ChanYeol... -Chamei sua atenção. -Será que um dia você e ele vão se dar bem?!

ChanYeol cruzou os braços e ficou sério, como se estivesse pensando com muito afinco.

-Com certeza não. -Respondeu e eu ri. -É difícil esquecer o que ele fez com você, Baek. Você quase morreu...

Eu coloquei o prato já vazio em cima do criado-mudo e chamei ChanYeol para mais perto da minha cama. Ele continuou sentado na poltrona e eu na cama, com as pernas para fora dela.

-Você tem que esquecer isso. -Falei, o fazendo deitar a cabeça no meu colo. -Além do mais, se não fosse por aquele... Hã... momento, nós não teríamos nos conhecido.

Ouvi ChanYeol rir baixinho e sorri.

-Tem razão, mas não muda o que ele fez e o fato de eu odiá-lo por isso. -Dei um leve tapa na sua cabeça. -Ok, ok. Vou tentar ser amigo dele, mas só porque você pediu.

Sorri e comecei a fazer carinho em seus cabelos.

Talvez demorasse um pouco para que a relação entre meu marido e meu pai evoluísse, mas com o tempo, tudo iria se ajeitar.

 

 

 

---x---

 

 

Felizmente eu havia recebido alta, mas não estava tão feliz com aquilo.

O motivo é que eu teria que deixar meu bebê ali por mais três semanas.

-Eu virei aqui todos os dias. -Falei para a doutora e ela riu.

-Eu sei que virá, mas descanse para que os pontos não abram. Tenho certeza que você não quer ficar internado novamente.

-Não mesmo. -Falei e ela riu mais uma vez.

-Doutora. -ChanYeol chamou. -Existe alguma possibilidade de levarmos nosso filho mais cedo para casa.

A doutora perdeu o sorriso e negou freneticamente.

Ergui uma sobrancelha por causa daquele comportamento estranho.

-E-eu queria dizer que sim... Mas é melhor que ele fique as três semanas para que nada dê errado.

ChanYeol pareceu chateado com aquilo.

-Mas não se preocupem. -A doutora voltou a falar. -Cuidarem bem do pequeno.

Nós assentimos e saímos da sua sala logo depois.

-Eu já estou sentindo falta do JiSung. -Falei enquanto caminhávamos para fora da clínica.

-Eu também estou. -ChanYeol disse, já tirando a chave do carro do bolso. -Amanhã viremos cedo, prometo.

Assenti e entrei no carro.

O caminho para casa foi extremamente calmo. ChanYeol havia dito que arrumou o que podia por lá é que eu não precisava me preocupar com nada, tinha apenas que descansar.

Ao entrar na sala eu me senti um pouco melhor. Só faltava o meu bebê para que tudo ficasse cem por cento bem.

Senti braços cercarem minha cintura e um beijo ser depositado em meu pescoço.

-Você anda muito pensativo hoje. -ChanYeol comentou enquanto encostava o queixo no meu ombro.

Sorri e acariciei seus braços.

-Só queria que o JiSung estivesse aqui. Não queria ter que esperar tanto tempo pra trazer nosso filho pra casa.

ChanYeol me virou em seus braços e pegou em meu rosto, me fazendo encará-lo.

-Eu também não gosto do fato de tê-lo longe, mas pense que isso é para o bem dele. E nosso, de certa forma. -Ele disse e eu assenti.

O abracei pela cintura e coloquei minha cabeça em seu peito, ouvindo as batidas calmas do seu coração.

-Então... -ChanYeol voltou a falar depois de um tempo. -Que tal irmos pro nosso quarto?!

A voz sussurrada estava carregada de segundas e até terceiras intenções.

Me afastei e o encarei sorrindo.

-Você ouviu a doutora, nada de sexo pelos próximos quarenta dias.

-Ela disse nada de sexo, eu sei. -Ele deu um sorriso de lado. -Mas não disse nada sobre certas brincadeiras.

ChanYeol começou a me puxar em direção ao quarto e eu só sabia rir.

Ele, definitivamente, era a melhor pessoa do mundo.

 

 

 

---x---

 

 

 

Havia se passado uma semana e eu não tinha nenhuma notícia do meu pai.

Aquilo já estava começando a me deixar preocupado.

Nesse tempo também, além das visitas ao bebê na clínica, ChanYeol e eu tivemos que enfrentar algumas dificuldades em relação a documentação do nosso filho.

Graças a um amigo de ChanYeol que era advogado, conseguimos o direito de colocar nossos nomes na certidão de nascimento do bebê.

Ainda bem que não exigiram nada da “mãe” que gerou o JiSung.

Eu fiquei maravilhado ao pegar a certidão pela primeira vez. Era apenas um pedaço de papel, mas para mim era como uma obra de arte.

-Tudo pronto?

Ouvi ChanYeol perguntar e assenti depois de arrumar o meu cabelo.

-Pronto. Podemos ir.

Fomos em direção a sala e já estávamos prestes a sair quando a campainha soou.

-Eu atendo. -ChanYeol disse e foi em direção a porta. -Ah...

Franzi o cenho pela voz de ChanYeol ter soado desapontada e fui até a porta para ver quem era.

-Pai! -Fiquei feliz e aliviado de vê-lo ali. Significava que ele estava bem. -Onde esteve?!

ChanYeol deu espaço enquanto eu puxava meu pai para dentro.

-Eu estive com problemas na empresa onde trabalho. -Ele sorriu sem graça. -Lamento por não ter dado notícias.

-Tá tudo bem. -Eu sorri. -Nós estávamos indo visitar o JiSung. Quer ir conosco?

Eu fingi não ouvir o suspiro que ChanYeol deu e meu pai também pareceu não se importar.

-Seria ótimo ver o meu neto.

Não sei porque mas, aquela frase, aqueceu o meu coração de uma forma tão boa...

-Certo, vamos então. -Sorri e nós três fomos para o carro.

 

O caminho até o consultório não foi tão ruim. Apesar do clima pesado entre ChanYeol e o meu pai, as conversas até que fluíram.

Assim que chegamos, ChanYeol avisou a recepcionista que iríamos visitar o nosso filho. Ela disse para que entrássemos na sala da doutora Oh que logo ela iria falar conosco e assim fizemos.

-Essa doutora aceitou bem o fato de você ser um homem grávido hein?! -Meu pai comentou assim que entramos na sala vazia.

-Não verdade, ela já esperava por isso. -Falei e vi a cara confusa do meu pai. -Ela é amiga da senhora que desenvolveu soro, entendeu?!

Meu pai assentiu e voltou a ficar em silêncio.

ChanYeol se sentou ao meu lado no pequeno sofá que tinha ali e eu deitei em seu ombro.

-Espero que possamos pelo menos pegar o nosso bebê hoje. -Ele disse e eu assenti.

-Também espero.

Ficamos naquela sala durante uns cinco minutos até a doutora aparecer com um sorriso enorme no rosto.

-Trago boas notícias. -Ela cantarolou e eu me levantei, junto com ChanYeol. -Oh, eu o conheço, mas não sei o seu nome. -Ela se virou para o meu pai.

-BaekHo. Byun BaekHo, sou o pai do BaekHyun.

Os dois fizerem uma breve reverência e a doutora voltou sua atenção para mim.

-O seu bebê ganhou peso ele já está fora da incubadora. -Ela falou e meu coração se encheu de alegria. -Ele não vai poder voltar para casa hoje, tenho alguns exames para fazer, mas garanto que na próxima semana ele vai finalmente poder ir pra casa.

ChanYeol me abraçou tão apertado depois que a doutora terminou de falar que eu quase sufoquei.

Nós dois estávamos radiantes depois daquela notícia! Era um alívio saber que teríamos o nosso bebê em casa logo, logo.

-Mas, espera. -ChanYeol disse. -Você mesma disse que ele não poderia ir para casa antes do previsto, então por que...?

Olhei para a doutora, esperando uma resposta. Aquela pergunta fazia mesmo sentido.

Ela mordeu os lábios e desviou o olhar.

-Bem, eu achei que os exames iriam demorar já que o nosso laboratório está com problemas. Até o seu exame, que eu pedi no dia do parto, ainda não está pronto. -Ela respirou fundo. –Com uma ajudinha, acabei conseguindo adiantar os exames do bebê e está tudo em ordem, ele só precisa ficar mais um tempo em observação.

Assenti aliviado.

-Essa é a melhor notícia que eu ouvi hoje. -Eu disse animado.

-E olha que ainda falta a outra parte. -A doutora comentou. -Vamos pegar o seu bebê.

 

 

 

---x---

 

 

Enquanto íamos em direção ao berçário -ChanYeol, meu pai, a doutora e eu-, meu coração batia mais e mais rápido.

Minha mente repassava todas as aulas de puericultura que eu fiz pela internet. Afinal, eu não poderia fazer nada de errado ou que prejudicasse o meu bebê, certo?!

-Ok, hoje eu vou permitir apenas que os pais entrem. -A doutora olhou para o meu pai.

-Oh, tudo bem. Eu o vejo pelo vidro. -Meu pai foi para a frente da sala onde dava para ver o berçário.

-Já vocês, vão ter que vestir uma roupa especial antes de pegar o bebê.

ChanYeol e eu não falamos nada, apenas assentimos e seguimos a doutora.

Entramos no vestiário e, por cima das nossas roupas, colocamos uma espécie de roupão, que tinha abertura nas costas, e gorros descartáveis.

Tivemos que lavar muito bem as mãos pois a doutora iria nos deixar alimentar JiSung já que estava quase na hora da sua outra mamadeira.

-Ele é bem comilão. -A doutora brincou enquanto nós terminávamos de lavar as mãos. -Vocês não vão se preocupar com essa parte.

Finalmente terminamos e a doutora começou a nos guiar para dentro do berçário.

Quando a porta se abriu, eu me segurei para não chorar. Era até doloroso ver uma pessoinha tão frágil num lugar como aquele.

A sala era fria e sem graça, mesmo com o papel de parede do Pororo.

A doutora tomou a frente e verificou algo na prancheta que estava perto do bercinho. Vi que tinha alguns fios ligados ao pulso de JiSung e me preocupei. Aquilo não estava ali antes.

-Não se preocupem. -A doutora disse, enquanto removia os fios que, para o meu alívio, não estavam na veia dele. -É só para monitorar os batimentos. Coisa de rotina.

ChanYeol e eu nos aproximamos quando ela tirou JiSung do berço. Ela sorriu para mim e me mostrou o bebê.

-JiSung... Conheça seus pais.

Nem com um milhão de palavras eu conseguiria descrever o que senti naquele momento.

Alegria, emoção, a sensação de um sonho realizado... Era muita coisa para dizer.

Ver aquele pequeno rostinho, tão parecido comigo e com ChanYeol, mas, ao mesmo tempo, com sua beleza particular, me deixava espantado.

Com cuidado, a doutora passou JiSung para os meus braços. E mesmo a sala sendo fria, ele estava quente e até com as bochechas rosadas.

-M-meu... Meu Deus, Baek... -ChanYeol sussurrou. Pelo visto não era só eu que estava prestes a chorar. -Ele é tão lindo.

-Sim...

Eu não conseguia falar. Estava tão feliz que queria apenas gritar, abraçar o meu filho e protegê-lo de todo mal.

ChanYeol passou a mão levemente na cabeça do bebê e ele se mexeu, como se aprovasse o toque. E para não perder sua atenção, levei minha mão até a bochecha de JiSung e o acariciei ali.

E, num ato que fez meu coração se derreter completamente, ele agarrou o meu dedo e o segurou com força. Até parecia que ele estava dizendo para nunca mais soltá-lo.

Ah, como eu queria chorar...

-Eu vou buscar a mamadeira. -A doutora disse. -Aproveitem e o mostrem para o seu pai, BaekHyun. Aposto que ele também está louco para ver o neto.

Assenti para a doutora e dei alguns passos até chegar em frente ao vidro. Sorri para o meu pai e mostrei o bebê que ainda não tinha largado meu dedo.

Os olhos do meu pai se abriram tanto que achei que eles iriam saltar!

Talvez também estive caindo a ficha de que o bebê era real.

-Sua vez. -Falei para ChanYeol e ele sorriu, assentindo e esperando enquanto eu, cuidadosamente, colocava JiSung em seus braços.

Nosso filho era tão pequeno que quase sumiu nos braços de ChanYeol. Foi a cena mais adorável que eu já vi.

A doutora voltou, minutos depois, com uma caixa azul. Ela tirou de lá uma mamadeira e estendeu para nós.

-Hora de comer.

 

Como a doutora disse, JiSung era mesmo comilão.

Eu dei a primeira mamadeira e, assim que ele arrotou, a doutora teve que buscar outra pois ele havia começado a chorar querendo mais.

Enquanto ChanYeol dava a segunda mamadeira para o bebê, pedi a doutora que tirasse algumas fotos de nós três.

Mesmo com a roupa do hospital, aquelas fotos estavam magníficas.

-Ele parece ainda mais frágil assim. -ChanYeol sussurrou ao meu lado, enquanto eu ninava o pequeno que havia acabado de dormir.

-Parece um anjo. -Comentei, todo cheio de orgulho.

Ah, eu com certeza seria um pai coruja.

A doutora trocou o lençol do berço e eu coloquei JiSung dentro. Não queria ter que soltar o meu bebê tão cedo, mas infelizmente eu teria que o fazer.

-Acho melhor ele descansar um pouco. -Ela disse depois de cobri-lo com uma manta fina.

-Eu queria tanto levá-lo para casa hoje. -Murmurei chateado, fazendo a doutora rir.

-Mas e melhor que ele vá pra casa cem por cento bem, não é?! 

Assenti e, depois de enrolar mais alguns segundos, acabamos saindo do berçário.

ChanYeol e eu tiramos a roupa e o gorro do hospital e fomos encontrar o meu pai, com a doutora ao nosso lado.

Depois de dar algumas recomendações, a doutora disse que faria alguns exames para ver se tudo continuava bem com o bebê.

E mais uma vez eu quase chorei quando ela disse que teria que tirar um pouco de sangue dele.

Eu não via a hora de tirar o meu bebê dali e livrá-lo daquela tortura.

Nós nos despedimos da doutora e fomos para o estacionamento.

-Desculpem, mas eu não irei com vocês. -Meu pai parou assim que chegamos perto do carro.

-E por que não? -Franzi o cenho.

Meu pai tirou o celular do bolso e o mesmo tocava baixinho.

-É da empresa, com certeza. -Falou mostrando o celular. -Vou para lá. Depois eu te ligo, BaekHyun.

E antes mesmo que eu dissesse algo, meu pai andou para outro lado, indo para um ponto de táxi.

-Que estranho. -ChanYeol comentou e eu assenti, entrando no carro depois de dar uma longa olhada no meu pai.

Mesmo depois de tantos anos ele não havia mudado muito. Continuava calado e misterioso como nos velhos tempos.

Eu só esperava que, se fosse algo grave, ele me contasse.

 

 

 

---x---

 

 

Os dias se passaram mais devagar do que eu queria.

ChanYeol e eu visitávamos JiSung todos os dias e ele, ainda bem, estava ficando cada dia mais forte.

Nesse tempo também, acabamos indo visitar os túmulos de JinAh e Amber que não visitávamos a dias. Levamos flores, fizemos nossas preces e eu desejei que elas estivessem ali para a nossa felicidade ser completa.

Só esperava que elas estivessem em um lugar melhor.

Então, resumidamente falando, tudo estava bem por enquanto.

Tirando os pesadelos horríveis que eu comecei a ter desde a primeira vez que peguei JiSung no colo. O conteúdo dos pesadelos eram desconhecidos, eu não me lembrava de nada deles quando eu acordava, mas sabia que eram ruins devido aos meus gritos e choro no meio da noite.

-Isso está me deixando preocupado. -ChanYeol disse enquanto me entregava um copo d'água. -Já é a sexta vez seguida.

Eram três da manhã e eu tinha acabado de ter outro sonho ruim.

-O pior é que eu nem sei do que se trata. -Eu falei, enquanto olhava para as minhas mãos trêmulas.

-Parecia estar sonhando com o JiSung. -Olhei para ChanYeol com a sobrancelha franzida. -Você dizia: “por favor, meu filho não”.

Um arrepio passou por todo o meu corpo e eu quase deixei o copo cair quando comecei a tremer mais.

-Será que... Alguma coisa aconteceu com ele?

ChanYeol se sentou ao meu lado na cama, tomou o copo das minhas mãos e colocou em cima do criado-mudo.

-Nós o visitamos ontem, Baek. Ele está bem, e se acontecesse alguma coisa, a doutora Oh com certeza iria ligar.

Eu o abracei e mesmo assim não conseguia tirar a sensação ruim do meu peito.

-Hoje é o dia da alta dele. -Falei contra seu ombro. -Vamos buscá-lo mais cedo.

ChanYeol riu levemente e acariciou as minhas costas.

-Certo, então vamos dormir um pouco mais.

Concordei e nós dois nos ajeitamos na cama.

Apaguei as luzes e me aconcheguei nos braços de ChanYeol.

Eu não sabia o que estava acontecendo exatamente, mas aquela sensação de que algo ruim estava prestes a acontecer não iria me deixar dormir bem.

 

 

Quando amanheceu completamente, acordei com uma dor de cabeça terrível por não ter conseguido dormir direito.

E mesmo que eu tivesse tentado, o meu peito ainda parecia que iria explodir de tanta angústia.

Eu nem consegui tomar o café da manhã, mesmo ChanYeol fazendo coisas que eu gostava.

Só fui me senti um pouco melhor quando entramos no carro e começamos ir para a o consultório.

O caminho foi feito em silêncio, e parecia que quanto mais perto chegávamos, mais eu sentia aquela sensação piorar.

-Baek, você está suando.

Passei uma mão pela testa e vi que ele estava mesmo certo.

-Está tudo bem? -ChanYeol perguntou e eu apenas assenti.

Ele pareceu não engolir aquela resposta muda, mas continuou a dirigir até chegarmos ao consultório.

Quase pulei para fora do carro quando ChanYeol estacionou. Apenas esperei que ele pegasse os documentos do JiSung e entramos no local.

Estranhei ao ver uma moça completamente diferente na recepção. Eu nunca a tinha visto por ali.

ChanYeol cumprimentou a moça e deu os documentos do nosso filho avisando-a que ele estaria tendo alta hoje.

A moça digitou algo no computador, franziu o cenho e olhou para nós desconfiada.

-Impossível. -Meu coração gelou. -O único bebê que estava aqui já foi levado pelo pai.

 

 

 

---x---

 

 


Notas Finais


Façam suas apostas!!!
Comentem.


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