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  3. 5 de dezembro de 2011

História The Manual - 5 de dezembro de 2011


Escrita por: ByunSun

Notas do Autor


AEEEE GENTEEEEE VOLTEEEEEEEEEI
Vou começar um falatório que não precisam ler, é apenas eu expressando o que sinto.
Fiquei em off por cinco meses, me desculpem. Ficar sem atualizar mexe muito comigo, escrever mexe muito comigo, tive medo que perdessem a empolgação. Mas no capítulo de aviso postado, fiquei maravilhada com a quantidade de carinho recebido, não fazem ideia de como é satisfatório ver que gostam da minha história e me incentivam. Eu posso até ser a escritora, mas o que seria dessa história sem os leitores?
Eu costumava ler fanfics de Girls Generation e ficava admirada com a quantidade de pessoas que favoritavam algumas fanfics. Eu tinha uma outra história que 13 pessoas favoritaram até o quarto capítulo e estava deveras feliz. Se um dia eu chegasse a 50 leitores, estaria radiante. Infelizmente, veio um bloqueio e não consegui mais escrever, optando por excluir.
Mas eis que um dia me dá a loka e eu resolvo postar uma fic de mamamoo que estava guardada no meu Drive. Fui sem muitas pretensões por ser de uma categoria pequena, qualquer um que lesse pra mim tava bom. O que aconteceu? Bati os 26 favoritos só no primeiro capítulo. MEU DEUS DO CÉU, VOCÊS NÃO SABEM O QUE FOI ISSO PRA MIM!!!!
E assim a fic foi crescendo e ganhando mais e mais leitores, até que há uns meses atrás vi The manual bater 100 favoritos. Hoje já são 145 cupidos. Os números que tanto admirava nos meus escritores passaram a ser meus. Pessoal, isso mexe profundamente com a gente.
Eu sempre tento desviar dos clichés, mas eu realmente não sei o que seria de mim, ByunSun, sem vocês. Eu era só mais uma tentando uma interação diferente com fãs, e olha só como me recebem.
Eu só queria dizer no final disso tudo: muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito muito obrigado messsssssssmo!!!!!! Vocês são queridos pela ByunSun e pela Aimèe  (olha eu revelando minha identidade ultra secreta).
P.S.: Não deixem de ajudar a categoria a crescer. Tem vontade de postar, mas teme? Dê a loka que nem eu fiz. É um risco gostoso a se correr.
BORA PRO CAP, GALERAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Capítulo 10 - 5 de dezembro de 2011


Fanfic / Fanfiction The Manual - 5 de dezembro de 2011

5 de dezembro de 2011


   Biiiiiiiiiiiii!!!!!!!

 ​Aquele som ensurdecedor que ecoou nos meus ouvidos e a mão alheia firme em meu pulso me fez travar ao perceber o perigo que corri atravessando a rua distraída.

- Toma cuidado, docinho! - condutor que quase me acertava gritou com um sorriso malicioso nojento. Revirei os olhos e bufei impaciente.

- Você está bem? - Minseok perguntou preocupado ao soltar meu punho. - Te machuquei?

- Já senti dores maiores. - respondi agradecendo da forma que meu humor permitia.

Olhei o carro com a porta aberta de onde ele tinha saído e acenei com a cabeça para o motorista que nos trazia há um bom tempo.

- Não se atrase para sua faculdade, eu estou bem. - assim, ele apenas assentiu, deu um beijo em minha testa e seguiu seu caminho.

 Aquele dia não era meu. O estresse e ansiedade me corriam sem controle pelas veias. Eu só queria saber de terminar aquela bendita prova do “fatídico” último dia do terceiro ano (no qual já estava matematicamente aprovada) e dormir até chegar os resultados dos vestibulares.

No caminho entre o carro e a porta do colégio, peguei uma das chuvas frias e forte de outono. Foi mais do que suficiente pra me deixar encharcada, já pensando no ar condicionado ligado na sala de aula. “Deus, quanto mais tenho que esperar pra que esse dia acabe?”

A passo rápidos, atravessei o portão, entrei no primeiro prédio, subi as escadas, abri a porta já mirando a cadeira entre de Ahn Heeyeon e Choi JinRi, logo me sentando ofegante.

- Hey, hey, está tudo bem? - ela me perguntou visivelmente preocupada com minha respiração desritmada, mas calou ao ver minha mão erguida em sua direção.

Arfei mais um par de vezes e assenti com a mão. Coloquei minha mochila sobre o colo e a abri, pegando um casaco seco e meu material pra realizar minha prova e pondo-o sobre a carteira. Fechei os olhos por um tempo, tentando inspirar um pouco de concentração e calma, mas um barulho começou a me incomodar. Por mais que eu tentasse ignorá-lo, ele estava ali, alto e claro. ​Mas o que era aquele som?

Um choro.

Em um sobressalto, virei o tronco para encarar a mesa atrás de mim, me assustando com a figura que havia ​aparecido​ ali. De onde surgiu aquela menina de olhos grandes amendoados e cabelos castanhos escorridos? Por quê sua expressão encontrava-se tão assustada e ofegava tanto? Por quê seus lábios estavam tão pálidos?

- N-não. - ela dizia ao me ver. - Por favor, não!

Sua respiração irregular e curta a deixava ainda mais branca, e eu paralisada não sabia como agir. Olhei ao redor para encontrar alguém que pudesse me ajudar, mas não havia ninguém além de nós duas. ​Eu e… qual mesmo o nome dela?

- Seu nome. - a cutuquei de leve e ela recuou ainda mais assustada. - Por favor, diga seu nome! - aquele comportamento estava começando a me desesperar e a deixá-la ainda mais em pânico. Eu não sabia como agir, como lidar, como falar, como, como, como!!!!! Aaaaaah, alguém me tira daqui!!!!


***


Dia 13


Ergui meu tronco tomando um fôlego que mais parecia que me afogava no ar. Aquele sonho foi… tão real… Aquela menina, eu a conheço, é a garota da festa, a que tocou piano. Por quê ela estava num sonho meu que se passou no meu ensino médio?

Chacoalhei a cabeça tentando afastar meus pensamentos e a virei para poder ver os números em vermelho do meu rádio-relógio: 3:27 AM. Ainda tinha uma hora e meia de sono, mas sabendo que minha vontade de dormir tinha ido embora, resolvi fazer outra coisa.

Estiquei meu braço até a luminária sobre o criado mudo e o liguei. Em seguida, abri uma gaveta e tomei meu bom e velho diário em mãos, juntamente a um bloquinho de papel e um lápis.

Esse bloquinho continha informações coletadas sobre YongSun. As informações dadas por Wheein eram indispensáveis, mas as minhas observações eram prioridade.

A primeira, por mais que pareça superficial, é que ela é ​linda​. E com “linda”, eu também falo da postura discreta tendendo a fechada, a aparência doce, mas profissional.

Infelizmente não a admirei tanto quanto eu queria.

A segunda era a responsabilidade de ensinar música tão bem para suas alunas. Como me lembrou a adolescência! Eu quase senti o cheiro dos amigos mais próximos misturados a umidade dos dias chuvosos. Foi tocante.

A terceira e não menos importante, era a minha curiosidade sobre o que aconteceu aquela noite. Foi tudo tão ao acaso e ao mesmo tempo estranho. Esse tópico também envolvia as alunas.

Um risco ali, um tópico, um asterisco aqui, uma seta puxada de linhas superiores a inferiores e um esquema era formado. Tinha que encontrar uma forma de abordagem. Como?

Ao fim dos sons de riscos, tinha um resultado: teria que reencontrar a senhoria YeWon.


-x-x-x-


Encostada à porta do carro, observava a construção de arquitetura única e tamanho imponente. Faltavam treze minutos até que o sinal tocasse. Um mar de alunos passava pela entrada daquele colégio.

Eu já fui uma gota nele.

Antes de sair de casa, fiz uma ligação ao meu appa, procurando saber qual era a instituição onde YongSun lecionava, e olhe só: era justamente a mesma escola onde me formei. Ironia do destino?

Parada ali a procurar, vez ou outra me lembrava das passagens de minha vida naqueles grandes corredores, professores, amores e desafetos. Você se sente um pouco mais velho quando esse tipo de nostalgia te toma.

Talvez fosse o tipo de pessoa comum demais para se encontrar na multidão, mas numa das viradas de cabeça, eu a vi ali, me encarando fixamente curiosa. Talvez ela tivesse me achado antes até.

Sem muito demorar, pus pé pós pé até que estivesse frente a ela.

Seus olhos grandes e amendoados deixavam sua aparência adorável. Era a primeira vez que reparava nela de verdade, coisa que não aconteceu naquele dia pela comedida confusão que houve.

- Bom...Dia. - ela disse pausadamente, possivelmente nervosa. Eu apenas dei uma leve e sincera curva de lábio e acenei com a cabeça.

- Esperava ter um momento pra conversar contigo, mas a essa hora é complicado pra nós duas.

Sua testa franziu curiosa.

- Eu também queria te ver de novo, mas não imaginei que seria tão imediato. Tenho muito a agradecer. - a expressão da mesma suavizou.

- Não há de quê. Bem, não será agora que iremos conversar. Não sei se conhece o restaurante chinês do--

- Senhor Qian? - ela completou entusiasmada. - Eu sempre almoço. Seu trabalho não é tão perto daqui. Como conhece?

- Eu sou formando da turma de 2011. Sempre almoçava lá com minhas amigas.

- Não tenho tantas amigas… Somente a YuJu unnie. Ela quem me acompanha.  

- Também não tenho muitos. - suspirei.

Éramos três no ensino médio, mas a rotina e ​certos​  acontecimentos ​acabaram dificultando a convivência. ​Ah, que falta sinto delas..

- De qualquer modo. - retomei minha linha de raciocínio. - Estarei no horário do almoço te esperando lá. A sua amiga pode te acompanhar sem problemas.  

- Tudo bem. - na mesma hora, o sinal tocou. - Tenho que entrar. Até mais tarde.

- Até, Yewon-ssi.


-x-x-x-


O horário do encontro havia chegado. Eu ainda não havia feito meu pedido, pois queria esperar minha convidada. Eu estava ansiosa pela chegada dela e por saber que poderia obter mais informações.

Parei pra mexer no telefone por um tempo naquela mesa pra dois, até que o som do sino sobre a porta me chamou a atenção. Não que não houvesse entrado outras pessoas antes, mas dessa vez minha atenção foi fisgada. Antes de bloquear a tela, abri o gravador do aparelho e o deixei ligado.

Lá estava Yewon-ssi e… senhorita Choi? Então ela realmente veio.

A mais baixa tinha semblante tranquilo, mas a outra mantinha uma máscara carrancuda e a postura na defensiva.

Ambas se aproximaram. Yuna-ssi puxou a cadeira pra Yewon-ssi (me fazendo levantar uma sobrancelha em questionamento) enquanto foi buscar a sua na mesa ao lado.

- Espero que não se importe com a presença de YuJu unnie. - ela fez uma reverência antes de sentar.  

– Ah , não. Compreendo que ela queira te proteger. – a Choi me olhou como se me fuzilasse e travou a mandíbula antes de sentar-se. – Eu não  mordo, okay? – Não pude deixar de dar meio sorriso malicioso.

A senhorita Kim percebeu a tensão que sua amiga passava, e tentou interferir. Pigarreou e entoou:

- Então, vamos logo fazer nosso pedido? – sorriu ela sem dentes.

Enquanto a mais nova acenava para o garçom, Choi me encarava furiosa. Devolvi um olhar despreocupado. De certa forma a ira que ela tentava atirar em mim me divertia. Era quase bonitinha a proteção dela para com a amiga, ou namorada. Quem sabe?

O funcionário não tardou a chegar, fizemos nossos pedidos tranquilamente com a outra ainda me encarando. Minha maior preocupação era: Como perguntar da Solar sem parecer estranho?

- Então... Senhorita Moon... – o tom de voz doce se fez presente no meio do silêncio. – Nos ficamos nos perguntando se você ouviu alguma coisa de alguém..

Inclinei a cabeça pro lado com a testa franzida e um olhar inquisitivo.

- O que exatamente quer dizer, Yewon-ssi?

- Exatamente isso que ela disse, ByulYi-ssi. - Yuna-ssi cortou com um tom ácido. Ignorei o leve desrespeito e voltei minha atenção a mais nova.

Pensei um pouco antes de pensar e respondi com um aceno de cabeça.

- Ótimo! Agora podemos ir embora. - antes que a mais alta se colocasse em pé, a mais nova a segurou e a fez sentar novamente.

- Unnie. - seu tom mudou para algo mais grave. - Não seja desagradável.

Eu estranhei o fato da mais nova ter tratado a unnie daquele modo. Elas deveria ser muito, muito íntimas.

- Bem - tomei a palavra. - A única coisa dita pela senhorita Kim foi que você tinha passado mal por conta da apresentação. Ela disse que também era responsável por toda aquela pressão.

A dupla a minha frente se entreolhou com um ar mais tranquilo. A interação delas estava me dando pistas para uma só explicação.

- Ela falou algo sobre o incidente? - indaguei.

- Nos cruzamos pouco desde então. E, bem, ela não nos encarou muito. - a mais nova disse com a cabeça um pouco baixa.

- Não tiveram aula com ela?

- Ainda não. - suspirou. - Mas hoje teremos.

Bingo! Parece que uma ex-aluna ia assistir aula mais tarde.

Nesse meio tempo em que fiz essa nota mental, nosso pedido foi colocado sobre a mesa. O cheiro era exatamente o mesmo de anos atrás, mal esperava poder experimentar.

Ao pôr a comida na boca, um sentimento forte me bateu. Era como se eu visse Hani e Sulli (como preferiam ser chamadas Heeyeon e JinRi) sentadas na mesma mesa que eu. Eu quase conseguia ouvir os sucessos do Justin Bieber tocando no celular de quase todas as meninas da sala. Um sorriso nostálgico abriu em meu rosto.

Percebi os pares de olhos a me analisar curiosos e voltei a realidade. Tinha algo a fazer ali.

- Como ela é normalmente? - voltei a falar.

Yewon-ssi estava de boca cheia, tentando mastigar e engolir o quanto antes, mas Yuna tomou a frente.

- Ela costuma ser delicada em tudo que faz. Gentil, dócil e muito reservada. Porém, é uma pessoa muito estressada e acaba deixando transparecer de vez em quando.

A mais nova já estava de boca vazia quando resolveu concluir.

- Eu percebi que ela emagreceu muito desde o início do ano letivo, principalmente depois que noivou. Deve ser um estresse ter que participar da organização de um evento tão marcante.

Eu suspirei. A senhorita Kim até poderia estar somente ansiosa, mas imagino que seja uma ansiedade agradável casar com quem se ama. Não?

- Já se imaginaram nesse tipo de estresse pré casório? - tentei descontrair.

A pergunta pegou ambas de surpresa. Se entreolharam novamente de maneira breve e a menor respondeu:

- Nós, quero dizer, e-eu… ahn… creio que dificilmente irei casar.

Quando foi que surgiu essa gagueira nela? Nervosismo, claro. Acho que a essa altura, todas as setas apontavam a só uma direção.

- Entendo. - me limitei a dizer.

Um tempo silencioso se passou. Eu ainda recebia olhares tortos da jovem mais alta. A menor vez ou outra tentava atrair sua atenção, mas seus músculos rígidos acusavam que era questão de tempo até ela dizer algo.

- Não vai perguntar nada? - seu tom soou áspero.

- Perguntas? Fiz muitas. O que deveria perguntar? - questionei me fazendo de desentendida.

Ela bufou impaciente.

- Não vai perguntar o que aconteceu na festa?

- Por quê o faria? - tenho que admitir que brincar com o humor da outra era divertido. - Não é de meu interesse.

- Viu, Umji? Eu disse que ela não se importava com a gente.

- Unnie, será que pode não fazer drama? Ela só não quer ser invasiva na nossa v--

- Vida amorosa? - Completei de repente.

Ambas perderam a cor numa velocidade enorme. Todas as palavras pareciam ter sumido de uma hora pra outra.

Yuna fez menção em avançar na minha direção, mas Yewon a segurou.

- Você disse que não te contaram nada! - ela rosnou raivosa.

- Não o fizeram. Tirei minhas próprias conclusões. - dei de ombros. - E também não tenho interesse na vida íntima de vocês.

- Se você contar, eu juro que acabo com você. - ameaçou-me.

- Guarde sua raiva pra si, senhorita Choi. - impus minha voz num tom mais grave. - Em nada seria útil essa informação. Também não direi nada sobre seu comportamento vergonhoso com alguém mais velho.

A essa altura, já limpava minha boca com o guardanapo e tirava uma quantia acima da conta. Depositei as cédulas sobre a mesa e peguei meu celular, parando a gravação. Sem mais nada a dizer, me levantei conferindo as faces temerosas a minha frente, acenei com a cabeça, e saí daquele lugar.


-x-x-x-


Nunca trabalhei tão rápido na minha vida. Não sei o que me deu, mas eu estava realmente ansiosa pra aquele encontro. Já tinha ideias em minha mente, ligadas umas as outras a linhas vermelhas imaginárias. Minha cabeça estava agitada.

Meu olho bateu o relógio exatamente às 5:03. Já se aproximava o último horário de aula, teria de me apressar.

Finalizei minhas atividades e pouco tempo depois estava já em meu carro. Dirigi tão aérea que só me dei conta quando já estava na recepção.

- Boa tarde, em que posso ajudar? - uma figura familiar me cumprimentou formalmente antes de arregalar os olhos e me reconhecer. - ByulYi-ssi?

- Yuri Unnie! Ficou tanto tempo sem me ver que desaprendeu a me chamar somente de MoonByul? - disse com um sorriso largo no rosto.

- Desculpe, mas sabe como são as regras. Da entrada pra fora sabe muito bem que até cascudo te dou. - ela estendeu uma das mãos e apertou a minha. Queria na verdade dar-lhe um abraço, mas as regras do colégio não permitiam tal comportamento. Me contentei com aquele contato casto, porém carinhoso.

Ela era apenas uma mulher muito jovem quando começou a trabalhar aqui. Eu era apenas uma aluna do primeiro ano. Foi uma amizade que começou de uma hora pra outra. Ela foi um dos meus apoios naquele período tão turbulento.

- Então, o que veio fazer aqui? Sei que não foi só pra me ver...

Foi nessa hora que minha mente travou. Aish, o que eu diria?

- Er... Eu vim fazer uma visita ao passado. - Tentei sorrir convincente, mas ela percebeu.

- Sabe que não precisa esconder, certo?

- Aish, Unnie, mas eu não...

- Okay, okay, já entendi. Terei que chamar a diretora no caso... - ela declarou tirando o telefone do gancho.

- Não, por favor! - me exaltei um pouco. - Não estou a fim de encontrar o Sr. Ahn. Já basta todo meu período de estudo aqui.

Ela riu nasalado e discou.

- Você está realmente por fora... - ela riu. - Senhorita Ahn? Tem alguém aqui fora que gostaria de ver. Quer que eu diga quem é ou quer surpresa? Sabe bem que não te tiro da sala por qualquer coisa. Pois bem. Okay. Estamos te aguardando. - e assim, ela desligou e piscou pra mim, vendo meu nervosismo misturado com dúvida.

Passaram-se cinco minutos de conversa com a Kwon. Eu estava surpresa com o quanto ela estava linda  (ainda mais do que já era). Acabei por não resistir em chamá-la pra sair comigo no mesmo dia, após o trabalho. Ela sorriu com o ar sedutor de sempre e aceitou.

Se tudo correr certo,   ela 'dormirá' na minha cama hoje."

- MEU! DEUS! DO! CÉU! - escutei uma voz familiar atrás de mim. - QUE BELO DIA PRA SE TER UMA ARMA, SENHORITA MOONBYUL!!!

- Hani?

- Pra você, é senhorita assassina!!!! - ela se aproximou quase ameaçadora, já que sabia que tudo aquilo era saudade. Apenas a puxei no abraço apertado cheio de carinho. - Não ouse me tocar, sua peste!

- Então por quê está me abraçando de volta? - sorri sobre seu ombro.

- Nem pra eu te uma faca pra enfiar nas suas costas. Tem noção do quanto fez falta?

- Tenho, pois senti tanto quanto.

Ela se afastou do abraço com lágrimas nos olhos. Hani, sensível como só ela...

Após esses reencontros maravilhosos, caminhamos pelos corredores largos, rindo e jogando conversa fora. Cada centímetro daquele chão guardava uma lembrança diferente.

A nostalgia atingiu em cheio mais uma vez naquele dia.

Apesar dos momentos proveitosos, eu tinha um objetivo claro ali. Daria meu jeito pra alcançá-lo.

- Hani, sabe do que mais lembro? Das aulas de música.

- Bom que lembrou. Está tendo aula agora. Quer dar uma espiada?

Hani, eu te amo. Vai ser mais fácil do que pensei.

- Adoraria. - sorri quase vitoriosa.

No final de um dos corredores, ao lado direito da mesma, era a grande sala. Já conseguíamos ouvir um som harmônico aumentando aos poucos.

A porta encontrava-se aberta. Fiquei meio escondida na entrada pra não desconcentrar os alunos. Meus olhos passearam por toda classe, parando por um tempo a mais nas figuras mais conhecidas: Yewon-ssi, Yuna-ssi  e YongSun-ssi, que por sinal, me deixou vidrada. Nossa, como ela está linda!

Eu não sei quanto tempo fiquei olhando pra ela, mas quase me bati por não ter feito aquilo antes: seu cabelo castanho caído sobre os ombros balançando de leve enquanto seus braços mexiam regendo a banda, seus óculos redondos já na ponta do nariz, seus lábios corados num rosa sutil balbuciando no ritmo da música… Tudo nela parecia se fundir lindamente com a música, tudo naquela sala parecia ser movido por ela. Inclusive meu corpo, que quase desaba sem forças e meu peito, que parecia tremer e falhar minha respiração.

Minha garganta amarrou e por pouco, muito pouco, a emoção não me leva às lágrimas. Fui salva pelo fim da música.

Hani começou a aplaudir orgulhosa e não era pra menos. Os alunos, além de talentosos, eram visivelmente bem instruídos. Eu apenas a imitei feliz pelo que vi.

YongSun-ssi ao perceber nossa presença, curvou-se formalmente. Ela deve ter me reconhecido do dia do jantar, pois assim que seu olhar cruzou o meu, sua expressão foi de espanto.

- Não perca tempo com a gente. - Hani declarou sorridente. - Prossiga sua aula. - em resposta, ela assentiu com a cabeça.

- Bem alunos. - ela continuou falando sobre a música que escolheriam, enquanto eu a assistia atenta, até que algo me incomodo.

- Hani. - inclinei pro lado e falei baixinho. - Não acha essa música muito a frente do nível de alunos do ensino médio?

- Bem, a senhorita Kim é conhecida pelo rigor no seu trabalho. Não espero nada de diferente.

- Mas… são só adolescentes, não universitários. - sussurrei incrédula.

- Sim, eu sei bem. E é visível que os alunos não gostam das escolhas dela. Ela está aqui a somente três anos e a classe quase diminuiu pela metade.

- O quê? Ela quer que a turma seja fechada? Alguém tem que falar com ela.

Fiquei tão focada naquela pequena conversa que nem reparei que ela havia parado de falar e nos encarava. Só nos demos conta quando ela pigarreou.

 Deja-vú da escola não…

- Algum problema? - ela me encarou cruzando os braços. Sim, a pergunta foi diretamente a mim, já que ela não se atreveria a afrontar sua chefe.

- Talvez sim, senhorita Kim. - imitei-a inconscientemente. - Não sei há quanto tempo se formou, mas a classe a sua frente não é de ensino superior.

Encarei Hani por uma fração de segundos antes de adentrar a sala. Tenho certeza que se pudesse ouvir a mente dela, ouviria uma porção de palavrões me mandando parar onde estava ou criaria uma confusão.

Pus-me a frente dos alunos, tendo atrás de mim a professora de música e comecei a falar:

- Boa tarde. Talvez alguns aqui me conheçam, mas quero me apresentar a todos, antes de qualquer coisa. Meu nome é Moon ByulYi, formanda da turma de 2011, juntamente com a atual diretora de vocês, que foi minha colega de sala. - apontei pra Hani, que apenas sorriu amarelo. Voltei minha atenção ao centro. - Nós duas participamos da turma de música, passamos todo ensino fundamental almejando isso. Até que ao nos sentarmos exatamente onde estão hoje e vermos que não tínhamos muito espaço pra nossas ideias. Coisa que, pelo que estou vendo, não mudou muito. - Olhei sobre os ombros, recebendo uma rajada com os olhos de YongSun.

Ao olhar pra frente novamente, vi vários tipos de faces: algumas interessadas, algumas pensativas, mas duas em especial estavam se entreolhando com a maior cara de medo.

- Alguma vez já perguntaram do que gostam? Músicas? Jogos? Virais? Séries? Não? Pois eu vou perguntar. Você. - apontei para um menino com traços mestiços encolhido no canto segurando seu saxofone com um ar pensativo, que se sobressaltou quando chamei sua atenção e todos olharam pra ele.

- E-E-Eu?

- Sim. Qual seu nome?

- S-S-S-Sam-m-muel.

- Samuel-ssi, diga qual foi a coisa mais legal que já viu esses dias.

- B-bem, eu g-gosto de Undertale…

- Não brinca! - um menino do outro lado da sala exclamou. - Eu também! Sabe tocar Megalovania?

-Er, sei.

- Pode me ensinar?

A partir daí, cada um dizia algo que gostava e sempre tinha alguém que correspondia. Todos tinham algo a conversa um com o outro, e assim várias conversas paralelas se formaram.

Eu estava contente com o que havia feito, mostrado aos alunos que eles podem fazer algo que gostam se deixar de aprender o clássico.

Tudo parecia bem, até que uma risada com um tom estranho se fez atrás de mim. Era YongSun.

- Eu tenho uma pergunta agora. - Num passe de mágica, a classe inteira se calou e prendeu a respiração para ouví-la dizer pausadamente: - Quem pediu sua opinião?

Tudo caiu num silêncio pesada. Ela me encarava com um sorriso venenoso. Cada um dos seus dentes brancos pareciam querer refletir minha expressão na hora, mas apenas ignorei. Sabia que tinha causado uma boa impressão aos alunos, coisa que já me deixava tranquila. Ela? Que se foda.

- Que coice… - ouvi um dos alunos comentar de maneira discreta, coisa que falhou, pois toda sala caiu na risada.

Devolvi um sorriso irônico e diria até que vencedor, pois sabia que a impressão negativa foi da maior parte dela.

- Perdoe-me, senhorita. Volte ao clássico e às caras de tédio. - Dei alguns passos a frente, até que minha boca estivesse perto de sua orelha e provoquei com a voz soprosa. - Lembre-se de me ligar caso queira um ombro pra chorar o fechamento da turma de música. Prometo cuidar de você.

Me afastei lentamente, acenando pra turma, que respondeu educadamente, lembrando de piscar pra Yuna-ssi e Yewon-ssi, que deveria estar mais do que confusas. Apenas sai pela porta acompanhada de Hani.



POV Solar


Acabou a paciência, acabou o foco, acabou a vontade. Encerrei a aula mais cedo já pressentindo que iria tomar um remédio pra dor de cabeça em casa e apagar.

Já tinha juntado minhas coisas e estava saindo da sala quando a diretora Ahn me abordou. “Ah, não, agora não.” Suspirei e me virei em direção a voz.

- Pois não?

- Posso falar com você por 5 minutinhos?

“NÃO, NÃO PODE, QUERO QUE TODO MUNDO VÁ PRA PUTA QUE PARIU E INCLUSIVE AQUELA SUA AMIGA INCONVENIENTE!!!!!!”

- Pode sim.

Caminhamos até a sua sala em silêncio. Ela sabia que não estava muito bem, por isso respeitou meu silêncio. Assim que entramos, sentamos.

- Okay. - ela começou. - Vou direto ao ponto. Acho que deveria considerar a ideia da senhorita Moon.

“Ela ta brincando com minha cara. Só pode. COMO VOU CONSIDERAR A IDEIA DAQUELA COISA QUE DESACATOU MINHA DIDÁTICA.”

Tive que respirar umas três vezes antes de responder.

- Perdão?

- Olhe, os jovens estão cada vez mais desinteressados no programa de música. Sabe que se o número diminuir muito teremos que pela primeira vez fechar uma classe. Eu só proponho uma mudança de estratégia.

- Me desculpe, senhorita Ahn, mas...

- Eu entendo que esteja deveras irritada, mas pense bem. Viu como eles se animaram? Eu nunca vi o Samuel falar tanto, muito menos interagir com alguém. E olha só que legal, era justamente o menino mais popular da escola! Tem noção do que isso é para alguém que sofreu bullying a vida inteira simplesmente por ser mestiço?

Paf! Eu senti como se tivesse levado um belo tapa na cara. Tudo bem que ela estava certa, mas vocês viram como aquela coisa agiu? Ela mexeu com meu orgulho!

- Olhe, pense bem. Vou deixar ao seu critério. Está dispensada, tenha uma boa noite.

Levantei se nada dizer e passei pela porta. Andei pelos corredores olhando pro chão, sem saber exatamente o que estava sentindo, muito menos o que pensar daquela... daquela... hamster com dor de dente!

Passei pelo portão afim de chegar ao estacionamento e quase sinto meu estômago revirar: ela estava encostada num carro que julguei ser dela olhando pra mim, com um sorriso provocador nos lábios. Cerrei as mãos, quase atravessando a palma da minha mão com as unhas, e tinha certeza que estava vermelha de raiva.

- Tchau, senhorita Kim. - Yuri passou ao meu lado.

- Tchau, senhorita Kwon. - Girei um pouco a cabeça para responder com a mesma gentileza, mas ela passou tão rápido que mal acompanhei.

Ela caminhava apressada enquanto eu acompanhava sua trajetória, que foi acabar justamente na Moon, que já mantinha a porta do carro aberta.

Ela poderia apenas entrar no seu carro e partir, mas decidiu dar sorriso arrogante e dar tchauzinho pra mim.

Está mesmo achando que está 1x0 pra você, Moon ByulYi? Pois agora é pessoal. Vamos ver quem ri por último.”


Notas Finais


ESTÁ ABERTA A TEMPORADA DE TRETAAAAAAAAAAA


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