Uma gritaria no andar de baixo me despertou do meu tranquilo sono, me virei vendo Justin também acordado. O loiro encarava o teto de forma pensativa. Me mexi na cama atraindo sua atenção.
-Bom dia – ele falou e eu sorri.
-Bom dia. Está pronto? - perguntei e ele negou enfiando a cabeça no travesseiro, ri e a porta foi aberta por Ryan e Felicia.
-Levanta, Grace - a loira gritou fazendo eu virar os olhos.
-Anda, Bieber – Ryan falou vindo puxar a coberta.
-Me deixa – Justin falou ainda com a cabeça no travesseiro.
-Você tem comer e começar a se arrumar, Chloe. - Felicia veio para o meu lado.
-Cheguei – Juliana disse alto e eu ri
-Ok, eu me levanto – disse me rendendo e assim fiz, segui para o banheiro fazendo minhas necessidades.
-Estou levando suas coisas para o outro quarto, troca de roupa e vem. - Felicia falou na porta do banheiro, revirei os olhos e não respondi. Escovei meus dentes e voltei para o quarto vendo Justin sentado na cama.
-Isso é um saco – ele reclamou.
-Quem mandou me pedir em casamento? – disse rindo e ele revirou os olhos.
-Essa é a primeira e a última vez que me caso – vi o loiro se jogar para trás na cama colocando o braço no rosto.
-Que mentira, quando você achar a garota certa você vai querer casar com ela – peguei minha roupa e voltei para o banheiro trocando a roupa. - Te vejo no altar, Bieber – disse batendo em sua barriga descoberta.
-Tem certeza? - ele segurou minha mão e abriu os olhos - Não vai fugir?
-Você quer fugir? Se for me deixar no altar avisa que eu nem começo a me arrumar – disse me virando para ele que riu.
-Não, nos vemos lá - ele me soltou e eu saí, fui para a cozinha e minha barriga roncava.
-O que faz aqui? - Juliana perguntou e a mesma montava uma bandeja.
-Tomar banho – disse sarcasticamente fazendo ela revirar os olhos – O que acha que eu vim fazer na cozinha, Juliana?
-Você deveria estar no quarto montado para você - ela falou.
-Ninguém disse nada – dei de ombros pegando um morango da bandeja.
-Vamos lá, você vai ficar na outra suíte. Na verdade vai ficar no quarto da Patrícia e do Jeremy – Juliana pegou a bandeja e foi na minha frente. Ela parou no quarto e eu abri a porta, passei e esperei ela entrar para fechar a mesma, Felícia estava folheando uma revista qualquer. – Trouxe a noiva – Juliana disse fazendo Felicia nos olhar.
-Ae, achei que tinha fugido. Come, que vou chamar a moça para preparar seu banho. - me sentei na cama e Felícia saiu.
-Ansiosa? - Juliana perguntou depois de colocar a bandeja na minha frente.
-Um pouco, afinal ainda é um casamento – ela riu.
-Vocês tão se dando bem? - ela pegou um morango melando no chocolate.
-Sim, até demais para quem se conhece só há um mês - Juliana me olhou desconfiada. - Não estou gostando dele.
-Assim espero, já basta o que você sofreu pelo Nicolas – respirei fundo, não queria lembrar disso nesse momento.
-Até que essa última vez não sofri tanto, Justin me ajudou bastante. Quando fiquei triste depois da viagem, ele trouxe sorvete e colocou um filme meloso para assistirmos – Juliana arregalou os olhos.
-Justin? O Justin Bieber? - assenti rindo junto com ela – Uau, nunca imaginei que Justin era sensível.
-Nem eu, é bem estranho. É como se ele tivesse duas personalidades. - a porta foi aberta e uma moça toda de branco pediu licença e foi para o banheiro.
Juliana explicou que era a mulher do salão. Felicia entrou no quarto com um capa e um cabide. Ela pendurou em um ganchinho e nós a olhamos sem entender
-Seu vestido, noiva – ela disse e abriu o zíper da capa e eu pude ver o branco do vestido que tinha escolhido e ido experimentar no mínimo umas 10 vezes nesse mês.
Elas amaram o vestido, terminei de comer e a moça disse que a banheira estava pronta. Para que banheira? Entrei no banheiro e vi a água cheia de pétalas.
O casamento seria as 16 horas e eu já estava pronta. Depois de massagem, limpeza de pele, hidratação no cabelo, unha, cabelo, maquiagem. Felicia colocava o véu no meu cabelo, que estava cacheado com a parte de cima um pouco mais alta e com uma tiara prata para enfeitar, atrás dela Felicia prendeu o véu, que era longo com flores na ponta da cauda. Meu salto é branco e não é tão alto. Minha maquiagem estava bastante simples, por ser um casamento no campo e de dia.
-Tá na hora – Juliana falou, o vestido das madrinhas eram todos iguais: nude com a parte de cima de renda e a saia tinha uma fenda.
-Então vamos – disse e sentia minha mão suar. Bateram na porta e Felicia abriu, vi meu pai passar pela porta em seu terno preto. Sorri ao vê-lo tão lindo.
-Pediram para eu vir buscar a noiva – ele disse e as meninas se olharam saindo em seguida do quarto. - Você está linda, querida – ele disse se aproximando e segurou minhas mãos.
-O senhor também - senti meus olhos se enxerem de lágrimas.
-Não chore, isso é apenas uma prévia do seu grande dia. - ele me abraçou e eu apertei meu pai forte.
-Todos já chegaram? - perguntei me soltando dele e ele assentiu.
-Sim, todos estão lá. Tudo está lindo, sua mãe se garantiu. Já recebeu três propostas para organizar outras festas.
-Isso é uma maravilha – sorri animada com a ideia de minha mãe seguir a carreira dos seus sonhos.
-Agora vamos, que está na hora – ele me olhou feliz e eu me senti tranquila.
Saimos do quarto, a casa estava um silêncio perturbador. Meu pai me ajudou a descer as escadas por causa do véu. Seguimos pela porta da frente onde vi um tapete branco, acompanhei o tapete vendo que ia até onde aconteceria a cerimônia. Juliana estava ali e eu sorri para ela. Parei no tapete e ela ajeitou o véu, me entregou um buquê com flores pequenas brancas e rosas.
-Boa sorte – ela disse no meu ouvido e eu agradeci. Juliana foi na frente e parou perto da entrada, uma banda estava do meu lado e esperava algo para começar a tocar. Passei o braço pelo do meu pai e fiquei segurando seu braço tentando não ficar nervosa com o tanto de gente que iria me encarar em um casamento falso.
Tinha uma certa distância da casa para o local da cerimônia. Eu via todos conversando incluindo Justin, Felicia estava no meu lado com seu vestido nude, Ryan e Chaz conversavam com Justin até que me viram e deram um sorriso. Justin pareceu não entender e então a marcha nupcial começou fazendo ele virar e me ver.
Justin ajeitou o terno, voltando a me olhar em seguida. Sorri sem mostrar os dentes e olhava para o pessoal sentado, Alfredo tirava várias fotos enquanto eu entrava. Meu pai parou próximo do Justin soltando meu braço, vi Justin estender a mão, segurei a sua e meu pai me deu um beijo na testa. Ele seguiu para a esquerda, onde era meu lado. Parei na frente do padre e Juliana estendeu a mão, entreguei o buquê e então a cerimônia começou.
Depois de várias e várias frases, o momento que todos esperavam chegou.
-Justin Drew Bieber, você aceita Chloe Grace Miller como sua legítima esposa? - o padre perguntou, eu olhava para o Justin enquanto estávamos de mãos dadas.
-Aceito – respondeu olhando dentro dos meus olhos, o mesmo colocou a aliança no meu dedo
-Chloe Grace Miller, você aceita Justin Drew Bieber como seu legítimo esposo? - perguntou novamente, me fazendo respirar fundo.
-Aceito – algumas senhoras deram gritinhos fazendo outros convidados rirem. Coloquei o anel no dedo anelar de Justin e o padre continuou.
-Então, pelo poder concedido a mim pelo estado da Geórgia, eu os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva – senti sua mão na minha cintura e ele me puxou para mais perto, selando nossos lábios. Os convidados gritaram comemorando, senti algo cair na minha cabeça. Coloquei minha mão em seu peitoral o empurrando para longe, vi que estávamos cheios de arroz. Olhei para o loiro que riu ao reparar o que jogavam.
Justin me puxou passando pelos convidados que jogavam arroz, abaixei a cabeça até sairmos da área do casamento. Paramos perto da área da festa, vi Patrícia vindo na nossa direção com duas mulheres atrás.
-Vão tirar logo as fotos e depois vocês vem cumprimentar os convidados. Elas vão ajeitar vocês para as fotos.
-Senhor e senhora Bieber, por aqui – seguimos elas e enquanto andávamos eu olhei para o anel dourado no meu dedo, ela tinha uma linha com diamantes, a linha ia de um lado ao outro.
-Gostou? - olhei para o Justin e sorri – Eu que escolhi.
-Deixa de mentir – bati em seu braço rindo.
-É sério, minha mãe me levou na joalheria e eu escolhi. Achei que você ia gostar dessa – seu braço passou pelas minhas costas segurando meu ombro.
-É linda, gostei. Mas é diamante mesmo? - Justin riu.
-Claro, Chloe. Acha que isso ia ser aquelas pedrinhas?
-Então, posso vender depois – disse sorrindo maliciosa e ele riu.
-Já tá pensando no divórcio, que feio – paramos na frente de uma tenda, entramos na mesma e tinha duas cadeiras. As mulheres mandaram nos sentarmos e assim fizemos. Elas tiraram todo o arroz do meu cabelo e retocaram minha maquiagem.
Saímos da tenda e Alfredo já nos esperava do lado de fora e assim começamos a sessão de fotos. Tirei o véu para finalizar as fotos e então fomos cumprimentar os convidados, que já comiam. Uma mesa estava reservada para os noivos e tinha apenas um copo com água.
-Estou com fome – disse parando ao lado da Juliana que se engasgou com a água – Desculpa – sorri fechando os olhos e deitando em seu ombro.
-Já cansou? A festa mal começou - ri abrindo os olhos, me sentei na cadeira e tomei um pouco de água. Uma garçonete deixou uma cestinha com salgados.
-O que é isso? - perguntei estranhando aqueles petiços.
-Coisa chique, é bom se acostumar - ela disse rindo e se sentando do meu lado. - Parecem bons – Juliana pegou um e eu fiz o mesmo. Procurei Justin pelo o local e encontrei ele no bar improvisado. - Qual a sensação? - ela me olhou arqueando uma sobrancelha.
-Estranho, olha – mostrei meu anel e ela sorriu.
-É lindo, quando se divorciar vai devolver?
-Não sei – dei de ombros pegando outro salgado.
-Chloe – me virei vendo um homem de terno bem sério – Vim dar os parabéns pelo casamento – me levantei, cumprimentando o senhor.
-Obrigada, principalmente por ter vindo – sorri sem mostrar os dentes.
-Espero você e o senhor Bieber amanhã no meu escritório - olhei para ele sem entender e fitei Juliana rápido – Me desculpe, eu sou o advogado do testamento.
-Oh, claro. Iriemos sim. Obrigada por vir – sorri e ele assentiu saindo. Me sentei na cadeira e Juliana me olhava sem entender – O advogado do testamento, ou seja, dinheiro.
-O que ele disse? - a voz rouca de Justin, bastante preocupada, me assustou. Coloquei a mão no coração e me virei vendo Justin atrás de mim.
-Que estar nos esperando amanhã, no escritório dele - disse respirando fundo e controlando os batimentos do meu coração.
-Tinha me esquecido, é as 15 horas. Tem como você ir? - ele me olhou preocupado e um pouco triste.
-Sim, estarei lá. - disse tranquilizando ele.
-Obrigado – ele deu um beijo na minha bochecha e saiu.
Já estava de noite e os convidados tinham bebido demais. Felicia subiu no palco e me olhou sorrindo maliciosa.
-Gente, por favor, liberem a pista de dança para os noivos terem sua primeira dança - olhei para Juliana que riu fraco.
-Vamos lá – Justin estendeu a mão e eu sorri segurando. Me levantei e segui de mãos dadas com ele até a pista de dança.
Paramos frente a frente e ele sorriu de forma galanteadora. Senti sua mão fria tocar minha cintura juntando nossos corpos, segurei sua mão e coloquei a outra em seu pescoço. A música lenta de valsa começou e Justin foi me guiando pelo pequeno espaço feito para a dança.
Eu sentia todos os olhares em nós e isso me deixava envergonhada.
-O que está achando de tudo isso, senhora Bieber? - Justin perguntou e eu balancei a cabeça.
-É estranho, ainda não acredito que estou fazendo isso por um contrato. - suspirei triste comigo mesma por ter ido tão longe apenas por dinheiro.
-Nem eu, mas estamos ajudando nossas famílias, é isso que importa.
-Espero mesmo – eu olhava seus olhos mel, a cor era tão hipnotizante que podia olhar por horas e me sentir tranquila.
Aquilo era insano e não poderia acontecer, desviei rapidamente meu olhar do dele. Esse sentimento não pode aparecer e nem se desenvolver, ele não pode.
Point of View — Justin Bieber
Toda a pressão do dia tinha ido embora, minha esposa estava em meus braços e nos dançávamos pela primeira vez como um casal de verdade. Como eu tinha ido parar aqui? Um casamento falso por dinheiro. Eu era tão ambicioso que me prestei a isso?
Sim, eu era e odiava quando percebia isso. Chloe não merece uma pessoa como eu e tem sorte de tudo isso ser falso. Sua boca rosada pelo batom atraia minha atenção, como se me puxasse para beijá-la. Eu poderia fazer isso, afinal, somos casados e é o que todos esperam, mas meu orgulho não permite. Fazer isso significaria que eu gosto dela e eu não posso gostar. Somos diferentes e um amor não aguentaria tanta diferença.
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