Point of View — Justin Bieber
Depois de saber da casa perfeita de Chloe, fiz o possível para ter a casa e deixá-la do jeito que ela queria, de acordo com a pasta em seu computador, e agora, estava apresentável. Hoje seria o dia em que contaria que tinha comprado e que estava reformando a casa, o mais importante era o lindo quarto, para nosso filho, que eu havia feito. Não queria decorar tudo sem ela, mas tentei fazer o básico como a cor dos cômodos e do piso.
― Que horas irá chegar? ― perguntei ao parar na porta do closet vendo ela se arrumar.
― Umas 18 horas, por quê? ― perguntou se virando.
― Quero te levar em um lugar.― disse e sai do quarto.
― Onde? ― Chloe perguntou vindo atrás de mim, sabia que minha mulher era curiosa e a melhor parte era deixá-la assim.
― Surpresa, amor. ― disse e selei nossos lábios, logo vendo sua cara emburrada. ― Você vai gostar, prometo.
― Tudo bem.― respirou fundo. ― Nos vemos mais tarde. ― vi a mesma pegar sua bolsa e sair do apartamento.
A ansiedade me consumia cada vez mais, faziam alguns meses que queria contar para ela, mas sempre esperei o momento perfeito. E depois de saber que ela estava grávida, achei que, com o quarto do bebê, seria o momento ideal para mostrá-la nosso novo lar. Mas, acabou com meus planos quando não quis saber o sexo, o que me fez adiar a revelação, mas agora, tudo sairá perfeitamente.
[...]
Meu telefone tocou, o peguei sem pressa. Estava entediado com tantas planilhas de gastos da empresa. Olhei a tela, era uma mensagem de Chloe. Me levantei rapidamente ao ler que a médica tinha chamado no consultório com urgência.
― Senhor Bieber! ― gritou a secretaria quando passei correndo por ela.
― Cuidado! ― ouvi Ryan gritar, assim que esbarrei nele ― Onde é o incêndio?― brincou, olhei para meu amigo após chamar o elevador e respirei fundo, ele mudou sua expressão ao perceber o quão sério eu estava.
― Não sei, a médica nos chamou no consultório urgente. Espero que não tenha um incêndio. ― disse deixando ele com a minha mesma expressão de preocupado.
Point of View — Chloe Miller
Uma ligação inesperada da doutora me fez mudar meus planos da tarde toda e seguir para seu consultório. Tinha menos de uma semana que eu tinha lhe visitado para fazer os exames, o que me deixou bastante aflita.
Parei o carro em uma vaga livre e segui para dentro da clínica parando na recepção.
― Boa tarde. ― a moça falou e sorri.
― A doutora Torres me chamou. ― disse. Ela olhou uma agenda.
― Seu nome? ― ela perguntou olhando o dia de hoje.
― Chloe Miller. ― disse tentando saber o que tinha escrito ali.
― Claro, ela já está lhe esperando, pode entrar.― assenti e dei um sorriso minúsculo. Estava nervosa, todo meu corpo tremia.
Caminhei lentamente até seu consultório, Justin não tinha chegado e algo me dizia que não era notícia boa. Bati na porta entrando em seguida.
― Chloe, que bom que veio logo. ― a doutora falou se levantando e me cumprimentando ― Pode se sentar. Justin não veio? ― perguntou tirando seu olhar da porta.
― Não sei, estávamos no trabalho, apenas mandei uma mensagem para ele.
― Acho que deveria ligar, será melhor se os dois estiverem presentes para dar a notícia. ― a médica me olhava de uma maneira tranquila, o que me deixou mais assustada.
Peguei meu celular na bolsa e disquei o numero do loiro, que logo atendeu.
― Onde você está? ― perguntei com a voz um pouco falha.
― Chegando na clínica, em cinco minutos estou aí, não se preocupe. ― ele falou e sua voz estava distante, provavelmente tinha atendido pelo aplicativo de seu carro.
― Tudo bem, estou te esperando no consultório― disse antes de desligar. ― O que aconteceu? ― perguntei ao guardar o celular.
― Vamos esperar o Justin, Chloe. Será melhor conversamos com ele aqui. ― ela falou e eu fechei meus olhos, meu coração estava acelerado e minha barriga rodava, estava pronta para colocar tudo para fora ali mesmo.
O tempo passou e eu saí de meus pensamentos com Justin entrando na sala. Ele me olhou e cumprimentou a médica.
― O que aconteceu? ― perguntou receoso.
― Ela não disse, estávamos esperando você. ― falei e coloquei minha mão em seu braço descendo até encontrar a sua mão.
― Bom, o que tenho a dizer a vocês não é fácil e vocês precisam ser forte. Em sua última ultrassom, vi algo raro e não avisei a vocês, pois queria ter certeza antes de lhes dar essa informação. ― a médica falou. Estava mais nervosa do que antes, pude perceber que Justin não estava diferente.
― O que o bebê tem? ― Justin perguntou e eu apertava sua mão com força, meu queixo já tremia, olhos já estavam se enchendo de lágrimas.
― Osteogênese imperfeita. É uma má formação congênita, que faz a criança ter ossos frágeis, que se quebram facilmente e sem motivo. Achei que estava errada, pois é tão raro e até hoje nunca tinha visto.
― Por que acha isso? ― perguntei deixando um soluço escapar, mesmo que ainda não tivesse entendido bem o que isso significaria.
― O tamanho e mineralização da cabeça, o feto não se move e os fêmures não crescem. Consultei alguns colegas especialistas em cirurgia neonatal e todos concordaram com o diagnóstico.
― O que acontece agora? ― Justin perguntou, pois eu apenas conseguia chorar.
― Bom, precisamos fazer alguns exames para definir qual tipo de Osteogênese é, mas aparentemente, é o tipo dois.
― O que isso significa? ― A voz de Justin vacilou, e vi que o mesmo chorava em silêncio.
― Se o bebê sobreviver ao parto, não aguentaram mais do que alguns dias. ― respondeu com um olhar de pena ― Essa doença faz com que os ossos quebrarem e o tipo dois é o mais severo.
― E se for outro tipo? ― o loiro perguntou esperançoso. Me encostei na cadeira abraçando forte meu próprio corpo.
― Seu filho poderá sobreviver, com algumas sequelas, mas sobreviverá. ― me olhou. Eu estava perdida, minha cabeça tinha parado de funcionar, nada daquilo parecia real, era como em um pesadelo.
― Qual o exame que teremos que fazer? ― perguntei conseguindo juntar o resto de forças que eu tinha.
― Uma ecografia. ― olhei para o loiro, que colocou a mão na minha perna, logo a acariciando.
― Quando podemos fazer? ― questionei olhando para a médica.
― Imaginei que iriam querer fazer o mais rápido e o material já está aqui pronto para ser usado. Se fizermos agora, amanhã, nesse mesmo horário, teremos o resultado. ― falou e eu olhei para o Justin.
― Vamos fazer logo ― Justin disse e concordei.
― Vou preparar e venho chamá-los ― a médica nos chamou se levantando.
― Amor. ― ele me chamou.
Não falei nada durante o exame ou durante a volta para casa. Justin pediu a Ryan que buscasse meu, enquanto me ajudava a ir para cama. O loiro logo deitou ao meu lado.
― Eu não entendo. ― falei e o olhei.
― O que amor? ― perguntou, então começou a acariciar meus cabelos bem levemente.
― Como isso aconteceu, o que é isso? Eu... Eu não entendo ― não aguentei, voltei a chorar nos ombros do outro.
― Que tal pesquisarmos? ― sugeriu. Concordei.
Justin se levantou e pegou o notebook levando o mesmo até mim, logo em seguida abri o mesmo e coloquei no google o nome de tal doença. Abri o primeiro link.
― O que diz? ― perguntou se sentando, engoli a seco e olhei para o loiro. ― Chloe. ― pediu por fim.
― Não é culpa sua, é algo com os genes.
― E quanto sobre os tipos? ― perguntou, encostei minha cabeça em seu peitoral e logo lhe passei o eletrônico.
Não estava conseguindo mais ler nada sem chorar. Passou seu braço pelas minhas costas até chegar em meu braço o alisando. Comecei a chorar em seu peitoral.
― Existem quatro tipos.― começou a ler. ― A pior é a segunda, como a medica disse. O tipo I: Inclui pessoas aparentemente normais com poucas fraturas e deformações nos ossos longos. O tipo II: Inclui pessoas que não resistem à doença e falecem logo após o nascimento. É o tipo mais grave da doença. O tipo III: Inclui pessoas com um grau variando de moderado a grave, caracterizado pelo formato do rosto, baixa estatura e deformidade nos ossos longos. O tipo IV: Inclui pessoas que apresentam gravidade e características heterogêneas da doença.
― E os sintomas?―perguntei cansada.
― São vários, amor e você não sente nenhum, só o feto ― disse.
― E sobre o tipo dois, o que tem?
― A criança em que viveu mais, foram 18 meses internada na UTI ligada a tubos e a um ventilador que respirava por ela.
― O que vamos fazer?―questionei me afastando dele.
― Não sei, Chloe. ― disse alisando meu rosto, fechei meus olhos por breve segundos. ― Temos que esperar para saber qual tipo é, e então conversar com a médica. Você tem que dormir, vou ligar para os nossos trabalhos avisando que não vamos mais essa semana ― concordei me deitando lentamente.
Ouvi a porta do quarto bater indicando que Justin havia saído. Sabia que― apesar de não parecer ― estava tão mal quanto eu. Fazia de tudo para tentar não levar essa dor consigo, mas eu conseguia ver o quanto ele estava sofrendo.
Sai do quarto e fechei a porta, as lágrimas voltaram a cair. Caminhei até meu sofá, onde pude ver Justin com a cabeça aterrada na almofada chorando, provavelmente para não fazer barulho. Fui até o loiro estava e o abracei.
Isso não podia estar acontecendo, não conosco.
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