História The Marriage Contract - Meses Depois

Exatos quatro meses tinham se passado desde que o pequeno Noah faleceu nos braços de sua mãe. O menininho teve exatas 6 horas e 23 minutos de vida, mesmo assim, foi amado por todos que souberam de sua existência. Para Justin e Chloe, hoje era um dia delicado, pois nesse dia, segundo sua obstetra, era para ele estar nascendo. O casal teria seu primeiro filho neste dia, se não fosse a maldita doença.  

Com o passar dos meses, os dois se fecharam e se distanciaram. Justin se afundou ainda mais em seu trabalho, enquanto Chloe vivia em bares. Definitivamente, isso tinha os afetado e todos ao seu redor percebiam. Ambos tinham sido aconselhados a tirarem férias para se recuperarem de sua perda, mas não escutaram e fizeram o contrário, sufocando o sentimento de luto com distrações aleatórias.  

Porém, isso não aconteceria no presente dia. Ambos estavam em casa e emocionados demais para sair de sua cama. Mas quando se tem uma família, ter um dia tranquilo era algo raro.  

A campainha tocou fazendo os dois se olharem, por fim, Justin se levantou indo até a porta. Chloe voltou a encarar o teto com se fosse a coisa mais interessante do mundo, mas os familiares que estavam na sala lhe fizeram levantar e ver o que estava acontecendo.  

— O que fazem aqui? — Perguntou a morena fechando seu robe e olhando os dois casais ali.

— Viemos pegar você. — Sofia falou sorrindo para sua filha. — Vamos ter um dia de meninas. — Ela disse tentando animar a morena, que negou com a cabeça.

— Vamos sim, Chloe. — Patricia disse firme. — Vai se trocar. — Ordenou fazendo a menina revirar os olhos e voltar para o quarto indo se arrumar.  

— E vocês? — Justin perguntou se sentando no sofá.  

— Viemos assistir o jogo com você. — Seu pai falou indo até a cozinha — Precisamos de cerveja, vou comprar. — Ele disse, saindo logo em seguida do apartamento.  

— Está bem óbvio o que estão fazendo. — Justin falou e sentiu o sofá afundar do seu lado.  

— Não nos importamos, apenas não queremos vocês sofrendo hoje. — Sua mãe falou, passando sua mão lentamente nos fios curtos e desarrumados do filho.  

— Não vai mudar nada, vão ver. — Justin disse e ligou a tv, onde foi passando os canais até achar algo interessante para assistir.  

[..]

Enquanto as mulheres faziam compras, os rapazes esperavam animadamente o jogo. Patricia evitou todas as lojas de bebe e fez a nora experimentar tudo que via pela frente. Mesmo com toda as tentativas dos mais velhos, Chloe e Justin sentiam a dor, mas preferiram não comentar e seguir as ordens.  

Quando entrou no provador, Chloe deixou as lágrimas caírem pela primeira vez naquele dia, passou a mão na sua barriga e ficou de lado vendo que aquela linda barriga pesada de grávida tinha ido embora por completo.  

Justin aproveitou o intervalo do programa para ir ao banheiro, se apoiou na bancada da pia e abaixou a cabeça chorando silenciosamente. Tudo que ele queria era apagar o que tinha acontecido e esquecer toda aquela dor insuportável.  

Ao perceberem a demora para ambos saírem de seus esconderijos temporários, Sofia e Jeremy invadiram e encontraram seus filhos chorando. Sofia abraçou forte Chloe, nenhuma mãe queria ver sua filha sofrer tanto e viver com o medo de algo pior acontecer. Sofia não era ingênua e sabia que algo horrível poderia acontecer a sua filha se ela continuasse a se afundar.  Por outro lado, Jeremy ficou sem ação ao ver seu filho chorando, algo tão raro quanto o cometa Halley. O mais velho encostou sua mão nas costas do filho, fazendo o loiro levantar a cabeça e olhá-lo pelo espelho.  

— Estou bem. — Justin disse com a voz falha, tirou uma mão da bancada e ajeitou sua postura limpando as lágrimas.  

— Não tem problema chorar, Justin. — Jeremy falou batendo levemente nas costas do filho.  

— Eu sei. — Justin se virou e olhou para o seu pai — Eu sei. — Repetiu tentando se convencer de que tudo aquilo era normal, que era normal pegar pesado no trabalho para não pensar no acontecimento ou a falta de diálogo com Chloe, mas no fundo ele sabia que nada daquilo estava certo, e tinha medo de encarar o que estava por vir.  

Justin saiu do banheiro voltando para a sala e pegando uma latinha de cerveja.

[..]

As horas para os dois passaram lentamente. O jogo estava terminando e as meninas estavam em um salão fazendo tudo o que tinha direito.  

— Bom, vou para casa. — Nicolas falou passando a mão em sua calça jeans escura e se levantando. — Foi um ótimo jogo. — Ele cumprimentou Justin e Jeremy antes de se retirar da casa, sabia que o combinado era passar esse tempo com o genro, mas não se sentia confortável.  

— Pode ir também, pai. — Justin disse se levantando e começando a recolher a sujeira.  

— Estou bem aqui. — Jeremy falou, ajudando o filho a limpar a sala.  

— É sério, pode ir, estou bem. — Justin disse olhando para o pai, que suspirou.

— Tem certeza? — Ele olhou dentro dos olhos de Justin, procurando algum sinal de seu real sentimento.  

— Sim, pai. Chloe deve estar chegando, vou ficar bem. — O loiro falou dando alguns tapinhas no ombro do pai.

— Tudo bem, então eu vou embora. — Ele falou sorrindo de lado e indo pegar suas coisas — Até mais. — Acenou saindo do apartamento.  

Justin respirou aliviado e relaxado, sabia que só queriam seu bem, mas hoje não era um dia que queria se socializar. O loiro abriu a geladeira procurando o que tinha lá, acabou achando algumas latas de cerveja fechadas e resolveu bebê-las.  

Chloe estava se sentindo melhor depois de ter recebido a melhor massagem de sua vida. Aproveitou seu momento no salão para hidratar seu cabelo e fazer as unhas. Ela não queria voltar tão cedo para casa.  

[..]

Chloe não podia mais adiar sua volta para casa, então resolveu ir logo, assim acreditou que poderia relaxar no quarto de hóspedes enquanto Justin ficava em seu quarto. Ela abriu a porta sem nenhum ânimo, fechou e acendeu a luz da sala, já que estava tudo escuro. Estreitou os olhos ao ver uma saia e saltos jogados na sala. Seu coração acelerou e o medo lhe consumiu, caminhou lentamente seguindo os barulhos que ela conhecia bem.  

O medo a paralisou na porta de seu quarto, mas Chloe sabia que precisava enfrentá-lo. Criou coragem e empurrou a porta. Seus olhos se encheram de lágrimas e sua cabeça doeu. Entreabriu sua boca tentando respirar, algo que se tornou difícil ao ver seu marido transando com outra. A mulher virou a cara para a porta e ela pode ver o rosto, era a mulher que apareceu no apartamento no seu primeiro dia nesse lugar. Chloe não lembrava seu nome, mas Justin sabia bem.

— Isso Nicole! — Gemeu o loiro enquanto fazia seus movimentos rápidos dentro da morena.   

— Own, Justin! — A mulher gemeu fazendo Chloe vomitar ali mesmo com a cena.  

— Chloe! — Justin gritou assustado, a morena levantou o rosto e passou rapidamente a mão na boca a limpando. O loiro parou no meio das perna de Nicole vendo sua esposa na porta em choque.

A morena correu em direção a porta saindo rapidamente do apartamento, apertou freneticamente o botão do elevador, mas sua vista estava embaçada para ver onde o elevador estava. Justin vestiu a cueca rapidamente e saiu apressado do quarto.  

— Chloe! —  Ele gritou novamente e ela procurou as escadas, ao achar a porta saiu correndo e desceu as escadas rapidamente.  

Ele chegou ao corredor mas não tinha sinal dela, a não ser pela porta do elevador aberta. Ele criou esperanças de vê-la ali e explicar o que ela tinha visto, mas o local estava vazio. Justin fechou os olhos se odiando e esmurrou a parede.  

— Querido. — A voz de Nicole lhe fez abrir os olhos e olhar para a porta — Vamos terminar.

— Saia daqui. — Justin disse apontando para o elevador — Não quero te ver nunca mais! — Falou bravo entrando no apartamento. Pegou as roupas espalhadas pela sala e jogou na mulher, que estava assustada com a reação do loiro.

— Você me chamou aqui, Justin! — Ela berrou fazendo ele parar no lugar e olha-lo com ódio.

— Sim, chamei, mas não te quero mais aqui. Eu vou entrar no banheiro, e quando eu sair não quero que esteja aqui. — Ele caminhou com passos firmes até o banheiro e se trancou lá dentro.  

Chloe parou cansada e voltou ao roll para pegar o elevador. Ao chegar no térreo procurou logo um táxi, que por obra do destino passou rapidamente em sua rua. Ela deu o endereço de sua amiga e no caminho ligou para se certificar de que ela estava em casa.  

Justin quebrou todo seu banheiro tentando diminuir o ódio que sentia de si mesmo. Ele entrou no box tomando um banho, na tentativa falha de tirar a sensação de sujo que sentia.  

Chloe chegou ao apartamento de sua amiga, que lhe recebeu confusa mas de braços abertos. A morena contou o que tinha presenciado, deixando Juliana furiosa com o loiro.  

— Vamos beber! — Chloe falou se levantando e pegando seu celular, a mesma mandou mensagem para suas amigas as convidando para ir ao bar.  

Não demorou para os dois estarem com seus amigos. Justin recebia encaradas de todos, enquanto Chloe era consolada.  

— Preciso ir embora. — Ela disse levando as mãos para a cabeça.

— Embora? — Alisson perguntou confusa, assim como as outras.  

— Dessa cidade. Eu preciso de coisa nova. Perdi meu filho e meu marido aqui, não dá para continuar. — Ela falou deixando as lágrimas rolarem pelo seu rosto.  

— Que tal Nova York? — Sugeriu Alisson.

— Você ta doida? — Juliana perguntou brava.

— Eu não tenho ninguém lá. —  Chloe falou triste — Deve ser uma linda cidade.  

— Te consigo um emprego. — Alisson disse fazendo Chloe sorrir.  

A morena logo imaginou sua vida na Big Apple, no momento, qualquer cidade seria a ideal, menos permanecer em Atlanta.  

— Você só pode ser retardado! — Ryan gritou com Justin.

— Você disse que a amava, Justin! — Chaz disse, gesticulando com os braços.

— Eu sei, Caralho! — Justin gritou, já cheio dos sermões — Eu bebi muito hoje, é um dia difícil.  

— Que você piorou ainda mais. — Alfredo falou e Justin suspirou.  

— Eu não pensei na hora. — Justin tentou se justificar, mas eles não queriam saber.  

— Acho que você acabou com seu casamento, Justin. — Alfredo disse calmamente.

— Espero que não. — O loiro disse com as mãos no rosto — Não posso viver sem ela.  

[..]

Os dias se passaram e Justin não conseguia notícias de sua esposa. Chloe, por outro lado, estava fechando o contrato de seu novo emprego — mesmo contra todos —  ela iria embora, estava decidida e não havia ninguém que pudesse fazê-la mudar de ideia.  

— Pode ir buscar minhas coisas? — Ela perguntou a Juliana, com quem ficou nos últimos dias.  

— Claro. — A morena disse — Vou levar a Felicia comigo. Você tem certeza de que quer fazer isso?  

— Sim, Ju! Desculpa, mas não posso continuar aqui. Se eu ficar, poderia ver Justin a qualquer momento e ele pode vir atrás de mim. Se eu for embora e ninguém contar para onde fui, ele não terá nada para fazer.  

— Tudo bem. — A amiga disse derrotada, saindo.  

Justin foi surpreendido quando as melhores amigas de sua esposa tocaram sua campainha.  

— Onde ela está? — Ele perguntou ao abrir a porta.

— Em um lugar seguro, só viemos pegar as coisas dela. — Juliana falou, empurrando o loiro e indo até o quarto deles.  

— Vocês não vão levar nada dela! —  Justin gritou, indo impedir as moças

— Sinto muito, Bieber. Ela mandou te dar isso. — Felicia esticou um envelope pardo e entregou a ele.  

— O que é isso? — Ele perguntou, indo atrás delas.  

— Abra. —  Felicia falou e colocou as caixas no chão, Juliana foi rápida jogando as roupas da amiga nas caixas. Justin abriu o envelope, sentindo que não era algo bom. Tirou os papéis e precisou se sentar ao ler do que se tratava.

— Não vou assinar isso. — Ele falou, rasgando os papéis do divórcio.

— Você não vai tê-la de volta, Justin. — Felicia disse saindo do quarto — Chloe está indo embora.  

— O que você quer dizer com está indo embora? — O loiro perguntou, se levantando e encarando a mulher a sua frente.  

— Ela está saindo da cidade. — Felicia falou, mas foi interrompida por Juliana.

— Cala a boca, Felicia! — A morena gritou do closet.

— Não vou dizer para onde ela vai! — A loira gritou de volta e Justin se sentia confuso e perdido.  

— Ela não pode ir embora. — Ele se sentou na cama novamente.  

— Foi a sua traição que terminou de destruir o resto que sobrou depois de Noah, Justin. Ela precisa de um tempo, e esse tempo é longe de você. Então, deixa ela ir, e talvez, quando tudo tiver passado, vocês possam voltar.  

— Não vou deixá-la ir, você é louca? — Ele perguntou, se levantando — Preciso acha-la! — Justin gritou, procurando o que vestir.  

— Tarde demais. — Felicia falou, Juliana saiu do closet e Justin parou de andar olhando para ela. — Ela já foi. — A loiro olhou para a amiga e entregou seu celular, Justin se aproximou e os dois leram a mensagem enviada por Chloe.  

Naquele momento, não apenas o coração de Justin apertou, mas os das moças ali também, afinal, sua melhor amiga não teve coragem de se despedir pessoalmente, e não confiou nelas para deixa-la ir.  

"Fe e Ju, desculpa por terem feito vocês irem buscar minhas coisas, mas sabia que se vocês estivessem por perto, não me deixariam ir embora. Enquanto leem isso, eu já estou embarcando para vocês sabem onde. Por favor, mande minhas coisas. E diga ao Justin que não tem mais volta. Adeus! Chloe."