História The Maze Runner: Secret File - Day

A dor na minha cabeça era excruciante quando abri os olhos, por isso demorei alguns segundos para me acostumar com aquele lugar escuro.

Minha respiração falhou no momento que pensei está de volta naquele cubículo que me trouxe até aqui.

Foi quando lembrei.

Depois daquele asiático idiota se jogar em cima de mim, levei uma pancada por um dos meus raptores.

Passei a mão na minha cabeça e senti uma elevação da testa.

Olhei ao redor completamente confusa.

Afinal, o que é aqui?

Outro cubículo. Bem menor que aquele e feito de concreto. Noto uma grade no canto do lugar.

– HEY! – gritei – ONDE ESTOU?

Alguns rostos ao longe se viraram e por um segundo tive medo, mas os analisei melhor.

Eles pareciam tão perdidos quanto eu.

Será que...?

Não! Quem colocaria adolescentes num mesmo lugar e para quê?

Besteira.

Sinto a bile subir pela minha garganta de repente vomito no chão, próximo a grade.

– Vejam só o que temos aqui... – o mesmo garoto de voz manhosa que bateu na minha cabeça apareceu na porta.

Limpei o canto da boca, mas a visão daquele garoto me fez ter ânsia novamente.

Ouvi o riso do menino próximo a porta, respirei fundo, garanti que não ia vomitar e me aproximei da grade.

– Assim que eu sair daqui, a primeira coisa que farei é quebrar cada um dos seus ossos e usarei sua carne para dá de comer para aquele cachorro bem ali. – apontei para o animal lá atrás.

– É o que veremos. – ele falou em um tom superior.

– Eu disse claramente para avisar quando a Trolha acordasse, Gally. – ouvi uma voz surgir.

Gally revirou os olhos e se retirou.

– Seu comportamento não foi legal, Fedelha. – um menino moreno de olhos claros se revelou na grade.

– Existe alguma menina por aqui? – acabei expressando meus pensamentos altos.

– Você é a primeira. – ele abriu um sorriso.

Entro em um rápido desespero.

Será que eles me prenderam aqui para ser escrava sexual desses garotos com hormônios à flor da pele?

– Me chamo Nick. – ele fez menção de estender a mão, mas parou no meio do caminho por causa da grade.

– Onde estou?

– Já falamos isso para você.

Franzi o cenho.

– Antes de você sair correndo pro Labirinto. – esclareceu ele.

– Labirinto? – questionei.

– Que plong, Trolha! Se eu esclarecer suas dúvidas, você vai me prometer não sair correndo e matar alguém?

Encarei seu rosto. Ele pareceu ser sincero, mas não posso confiar.

Mal lembro meu nome. O que posso fazer a não ser ouvir a única explicação possível?

– Sim, prometo. – falei em alto e bom som colocando as mãos ao redor da grade.

Nick me explicou cada detalhe daquele lugar e quando terminou a única coisa que eu conseguia fazer era tentar respirar fundo para que meu corpo parasse de tremer.

– Por que fizeram isso com a gente? – perguntei enquanto ele abria a grade.

– Não sabemos. Não sabemos nada além de nossos nomes, também. A propósito, qual o seu? – ele estendeu a mão e me puxou para fora.

– Lisa. ­– murmurei e fiquei impressionada com minha voz falando meu nome.

– Bom, Lisa, acho que devo repetir... Bem vinda.

Assenti confusa demais, espantada demais.

***

Dias depois, eu já estava testando em que função me encaixava melhor para contribuir para a vida de mértila que tínhamos lá.

Sim, eu já tinha entendido todas as regras e palavras estranhas dos clareanos. Também já tinha visto o Verdugo e todas as tardes observava os Muros se fecharem pouco depois de Minho – esse é o nome do asiático – e outros Corredores chegarem.

– Mais rápido, Trolha! – Gally gritou passando a mão em sua cabeça – Eu quero água!

Lá estava eu, carregando água de um lugar ao outro e como sempre o garoto idiota dava um jeito de desfazer do meu trabalho.

– Eu juro que se você não parar com isso, irei jogar esse balde na sua cabeça! – ameacei soltando o balde cheio no chão.

– Faça isso. – ele se aproximou me olhando malicioso e passando a mão pela minha pele – Faça e passará uma noite no Amansador.

Senti o medo se instalar em meu peito. Não pela ameaça dele e sim por ser a única garota ali. Toda a noite não dormia direito com medo de qualquer ali abusar de mim, apesar da regra imposta por Nick e Alby, os líderes daqui.

– Não me to-toque. – tentei ser o mais firme possível – Lembre do que o Nick disse. Nenhum de vocês pode sequer triscar em mim, sem minha permissão.

– Me dê a permissão então. – seu rosto se aproximou lentamente de mim.

– Nunca. – o empurrei com a maior força que consegui e ele começou a rir.

– Relaxe garota. Você não serve pra nada, mas foi ótima saber que sente medo de mim. – ele pegou o balde de água sem esforço algum – Agora traga mais um balde e nem pense em contar algo ao Nick.

Pra quê plong ele quer tanta água?

Em vez de obedecê-lo resolvo segui-lo e o vejo desperdiçar a água a jogando para os porcos, sendo que seu trabalho não é esse.

Sem sequer ter dúvida saio atrás do Nick e não o vejo em lugar nenhum. Até que próximo ao lugar onde Caçarola prepara nosso jantar vejo Newt e Alby.

– Oi. – digo ao me aproximar.

– Ah. Oi. – diz Newt com um sorriso lindo.

Ele é uma ótima pessoa e não me passa tanto medo quanto os outros garotos.

– Você já voltou do Labirinto, Newt? – perguntei confusa.

– Eu não fui hoje, fiquei repassando algumas coisas com o Alby.

Olhei para o rapaz negro e aparentemente mais velho que eu.

– Ahn... Eu não sei como dizer isso. Vocês sabem que venho tentando viver aqui normalmente, pelo menos o mais normal possível, mas alguns... Alguns garotos me fazem ficar incomodada. Não consigo tomar banho direito porque sei que tem alguns tentando me espiar, não consigo dormir por medo de ser abusada e principalmente o Gally...

– Sempre ele. – Alby revirou os olhos me interrompendo rapidamente.

– Então... O Gally me ameaça direto, principalmente desde que comecei como Aguadeira. Eu entendo vocês, quero dizer, eu sou uma garota e vocês não se lembram de uma, mas eu ainda sou uma pessoa e também gostaria de testar outros trabalhos e...

– Calma. ­– Newt falou rindo percebendo que eu já começava a falar muito rápido.

– Procurei o Nick e como ele não está, vim até você. – apontei par ao rapaz negro.

– Lisa, falarei com o Gally. Ok?

– Não! – me exaltei – Por favor, não fale com ele!

– Está com medo dele fazer algo a você? – Newt perguntou.

Assenti levemente corada.

– Tenho uma ideia. – Alby falou – Ela pode dormir em um dos quartos. Seria mais seguro que dormir ao ar livre com os outros. Pelo menos você se sentiria mais segura, já que não confia apenas na regra que impomos para eles sobre você.

– Seria maravilhoso.

Imaginei-me dormindo em uma cama depois de esses seis dias dormindo no chão encolhida com apenas um lençol fino.

– Todos estão cheios. – a boca de Newt se tornou uma linha fina e em seguida abriu um sorriso – Espera. Tem o do Minho, ele dorme sozinho lá.

A simples menção de seu nome fez meu coração acelerar e eu tinha certeza que era porque eu o tinha machucado com aquela faca.

– Você confia no Minho, Fedelha? – Alby olhou para mim.

Me vi assentindo sem falar nada.

– Ótimo. Vou falar com ele assim que chegar. Talvez ele não fique feliz, mas vai ter que se acostumar. Deveríamos ter pensado nisso antes.

Sem se despedir, Alby se retirou me deixando sozinha com o Newt.

– Eu vi o jeito que se olham. – o loiro confidenciou.

– Ahn. O quê? – o olhei confusa e ele me chamou com a mão para nos sentarmos debaixo de uma árvore em frente as portas pelas quais eu tinha tentado fugir no meu primeiro dia aqui.

– Você e Minho. Ele sempre volta pela mesma porta agora e você sempre senta aqui próximo ao horário dele voltar.

Corei.

– Eu... Ahn... Não é... Ok, é isso mesmo. – resolvi assumir.

Não fazia ideia que os Corredores tinham que voltar por portas diferentes, mas fico feliz que ele agora venha por essa.

Será que... Não, não.

Newt riu e segurou minha mão.

– Relaxe. Não vou contar nada. Só sou muito observador e o Minho pediu para eu fazer o caminho dele nos outros dias para ele sempre vim por essa porta. Quando perguntei o motivo, ele mandou eu calar a mértila da minha boca.

Desde o dia que cheguei aqui Minho me ignora. Na verdade, ele ignora quase todos, menos o Newt, Alby, Nick e Caçarola.

– Ele vai ficar feliz ao saber que vai dormir com ele, mas vai fingir que não. Guarde o que estou dizendo. Só... Só não se envolvam. Ok? Nick é um cara legal, mas com certeza não vai querer nenhuma criança aqui dentro.

Olhei para ele incrédula e me assustei ainda mais quando vi seu rosto sério.

– Você e eu não deveríamos está trabalhando? – murmurei com uma voz engraçada.

Ele riu.

– O Minho chegou.

Olhei para frente e lá estava ele.

Uma faixa antes branca e agora encardida envolvia uma parte do seu braço. Sua camisa verde estava arregaçada e completamente molhada de suor.

Nossos olhares se encontram e eu não analisei mais nada.

Eram apenas sete segundos todo dia. Nesses sete segundos eu me acalmava e me perdia completamente.

Meu coração começou a acelerar quando eu percebi que ele não estava indo em direção a um edifício caindo aos pedaços que todos os Corredores sempre iam, ele estava vindo na nossa direção e por um instante temi que Newt falasse algo a ele.

– Água. – foi tudo o que ele disse enquanto encarava minha mão e a de Newt juntas – Preciso de água.

Rapidamente soltei a mão do loiro e falei:

– Estou indo pegar. – me levantei e saí correndo para pegar água, esse é meu trabalho por enquanto.

Peguei um copo e Caçarola o encheu para mim. Corri o mais rápido possível e tropeçando nos meus próprios pés, cheguei lá ofegando.

Estendi o copo para o asiático e pela primeira vez que eu estive ali, ele me olhou com repugnância, tomou o copo de mim e saiu pisando duro.

– Mas o quê...

– Não ligue. Ele está estressado. – Newt se levantou  – E não, eu não contei nada do que me falou.

Assenti confusa, mas confiei no loiro.

– Desejo a você uma boa noite e muita paciência. – ele falou – Porque você vai precisar.

Um frio percorreu minha espinha.

É, pelo visto a noite vai ser longa.

​[...]