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História The Mercenary crushes the Spider - Capítulo Único


Escrita por: IronFist

Notas do Autor


Oi, gente!
Essa é minha primeira fic Spideypool, então espero que gostem! Eu queria também explicar a escolha do nome: sim é um trocadilho. Crush de esmagar e crush de se apaixonar também, hehehe

Tentei usar alguns diálogos das hqs e algumas referências para ser mais divertido (vou colocar um resuminho nas notas finais, caso queiram procurar ou se tiverem perdido alguma coisa).

Se gostarem, me mandem um pedido de amizade e fiquem acompanhando pois provavelmente virão outras oneshot de Spideypool já que é o meu ship (OTP!!!) preferido *-*

Adoraria o feedback de vocês! Beijões e se divirtam... ah, e não esqueçam de indicar essa fanfic pros amiguinhos! Divulgar e enaltecer né?

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction The Mercenary crushes the Spider - Capítulo Único

Pouco mais de um mês se passara desde meu último encontro com Deadpool e pode-se dizer que dessa vez a briga tinha sido feia. Assim que o mercenário apareceu em Nova York, minha vida se tornou um verdadeiro inferno. Além de estar sendo seguido  – e paquerado! – constantemente, eu ainda tinha de fiscalizá-lo para evitar que ele saísse por aí matando a torto e a direito. Sim, Peter Parker tinha três empregos: Herói, fotografo e babá. É claro que eu poderia tentar expulsá-lo da minha cidade, mas, sabe como é, né? O cara é imortal. Então eu ‘me acostumei’.

“- Sabe, o preço pela sua cabeça está alto pra caralho! Talvez eu devesse entregá-la em uma bandeja e deixar o resto do seu corpo gordo por aqui! Menos peso pra carregar!

O homem amarrado na cadeira gemia contra sua mordaça, enquanto Deadpool forçava uma de suas facas contra seu pescoço ensopado de suor, a ponta perigosamente próxima à jugular. O Mercenário mantinha as costas eretas, como um animal resguardando território, e andava de um lado para o outro naquele minúsculo beco atrás de um fastfood abandonado. Aquele lugar fedia a carne podre, mas não chegava a mascarar o cheiro do sangue que escorria em quantidade da testa e das mãos do refém. Meu sentido aranha estava tinindo e eu me preparei para agir.

- Não... Não! Eu já falei que não, vocês querem parar?! – O Homem na roupa de couro quase gritou as palavras.

 O outro se contorceu na cadeira, desconfortável.

“Com quem ele está falando?”

Considerando que nos últimos minutos o senhor amarrado – parecia ter entre quarenta e cinquenta anos – não soltara um gemido sequer, concluí que o matador falava sozinho.

- CALEM A BOCA!

Dessa vez, o susto fez o refém pular e quase derrubar a cadeira, não fosse pelos reflexos ágeis de Deadpool, que o segurou apenas com o pé direito, colocando-o de volta no lugar.

“Bom, acho que já deu. É hora da ação.”

- Pool, vamos parar com isso? – Eu disse, depois de descer do terraço do prédio em que me escondia e pousar atrás dele.

- Spidey! Alguém já te disse que você está especialmente gostoso hoje? – Ele não pareceu realmente surpreso em me ver. Apenas andou em minha direção, os braços estendidos para me envolver em um abraço que logo tratei de recusar, colocando minha mão espalmada em seu peito e afastando-o.

- Wade, já falamos sobre isso. Li-mi-tes. – Me referi a todas às vezes em que eu deixei bem claro que não queria ser cantado ou tocado por ele.

- Caramba, Babyboy, você não entende nada sobre identidade secreta, não é mesmo?

- Se eu não entendesse, você provavelmente já saberia meu nome! – dei de ombros. O único ponto positivo sobre Deadpool é que provocá-lo era muito bom!

- Touché! – Exclamou, encenando uma reverência. – Mas agora, vê se me dá uma licencinha enquanto eu tiro o lixo, sim?

O mercenário se virou, olhando para o sujeito que a essa altura estava desmaiado, talvez devido a perda de sangue. Ele então tocou a ponta da lâmina que carregava repetidas vezes, pensativo sobre o que deveria fazer agora. Não deviam passar de três da tarde, mas não havia nenhum movimento na região, nem de pedestres nem de carros. Um momento perfeito para cometer um assassinato e sair impune.

- Não, não na minha cidade! – Segurei seu braço, impedindo que ele desse mais um passo na direção daquele refém.

- “Minha cidade! Minha cidade!” – Wade aumentou o tom de sua voz e senti que ele revirava os olhos por trás da máscara – Você fala como o Demolidor!

- Quem?!

- Demolidor? Matt Murdock? Ben Affleck e depois Charlie Cox? – Minha expressão de total ignorância sobre o que ele dizia já devia estar transpassando a máscara. – Ah... Deixa pra lá! – Mudou de assunto com um aceno. – Vamos falar do que realmente interessa: o que você veio fazer aqui, Baby boy?

- Primeiro: Eu já disse para não me chamar assim! – Fiquei ainda mais irritado quando ele sussurrou “Baby boy” por baixo da máscara, mas tentei continuar o discurso. – Segundo: Eu já repeti várias vezes que só te deixaria ficar em Nova York se você não matasse ninguém.

- Mas, Spideeeey... Ele foi um homem mau. – Dizia, batendo as palmas contra as coxas, à semelhança de uma criança fazendo birra.

- Pouco me importa! Você vai desamarrá-lo e eu vou levá-lo até o hospital. A-GO-RA.

Deadpool tinha seus momentos. Seu humor, assim como ele, nunca morria. O problema é quando ele começava – ou continuava? – a matar pessoas. Eu não sou esse tipo de cara, eu não mato ninguém, e tão pouco permitiria mais um assassino em Nova York, ainda mais estando bem debaixo do meu nariz. Eu sou o Espetacular Homem Aranha, O Amigo da Vizinhança, et cetera, et cetera, enquanto eu pudesse evitar, ninguém mais morreria na minha vigília.

- É, desculpa ter que te desapontar hoje, Spidey, mas o cara vale uma grana fodida... – Antes mesmo que Wade terminasse a frase, meu sentido aranha formigou, dando-me tempo de lançar uma teia e  puxar e faca que ele lançara na direção do crânio do homem.

Tudo aconteceu muito rápido, rápido até para mim que tenho reflexos sobre-humanos. Enquanto eu me ocupava em evitar que a faca de Deadpool penetrasse a testa do mais velho, Wade sacou uma das katanas que carregava nas costas e em um só movimento: um baque, algo pesado caindo no chão, cheiro de ferro.

- DEADPOOL! – Gritei quando finalmente consegui ver o que acontecera. Em menos de um segundo, a cabeça dele estava lá, depois não estava. O mercenário simplesmente decapitara o  refém, sem cerimônia. Aquilo foi muito além de todas as outras vezes em que estive com ele. – Você foi longe demais! – Cuspi as palavras em sua direção e ele ficou parado, esperando, enquanto eu marchava até ele com tanta raiva que eu mesmo poderia matá-lo.

- Calma, Baby boy, é só um bandi... – Atirei uma enorme quantidade de teias em sua máscara até que não conseguisse mais ouvir sua voz. Aquela voz que agora só me trazia asco.

- Hum-Bu-fum – Ele tentava dizer algo, mas eu ignorei.

Juntando todas as forças que tinha, apertei o dispositivo alocado próximo ao meu pulso e lancei uma teia na parede oposta, ganhando impulso para aterrissar com os dois pés na garganta do mercenário, que caiu no chão como um peso morto. Seus movimentos eram rápidos e numa questão de segundos, ele já havia se colocado de pé novamente. Sem dar nenhuma chance, usei minhas habilidades para acertá-lhe um soco dos grandes e derrubá-lo novamente.

- Você tem os poderes de uma maldita aranha! – Gritou depois de conseguir retirar as teias que o silenciavam. – Como você pode bater tão forte? Quando foi a última vez que uma aranha deu um soco?

- Força proporcional de uma aranha, babaca! – Meu punho agora acertou em cheio seu estômago, fazendo-o soltar o ar.

- Ouch! Da última vez que eu fui picado por um inseto tudo que eu ganhei foram brotoejas... – Deadpool desviou de alguns socos e chutes – Mas isso não quer dizer que eu não saiba alguns movimentos! – Dito isso, o mercenário alcançou um cano sob as escadas de incêndio de um dos prédio, usando-o para o impulsionar para uma acrobacia que acabaria por me deixar no chão, atordoado.

Não demorou muito até que meu sentido aranha começasse a causar dormência em meu cérebro novamente. Com precisão, desviei de todos seus golpes e sem dificuldade fiz com que ele voltasse à sarjeta.

- Aranhas não são insetos. São aracnídeos. – Parado sobre ele, eu desferia socos como louco, já sentindo sua cara inchar sob a máscara vermelha. Wade parara de reagir. Eu sabia que em nenhum universo eu seria capaz de derrotar alguém com tal fator de cura, mas já não era questão de lógica. Meu punho direito atingiu seu maxilar e pude ouvir o barulho de algo se quebrando. Ainda, nenhuma reação da parte dele. “Talvez porque ele sabe que merece”, pensei.

Percebi que meu rosto começava a queimar enquanto eu me levantava. Dei alguns chutes em seu estômago, mas aquilo não mudava nada. Não mudava o fato de que mais uma pessoa morrera e eu deixara acontecer. Não mudava o fato de que Wade era um imbecil! Enquanto lhe presenteava com um último chute, ouvindo um gemido, senti as lágrimas começarem a se formar. Eu queria chorar. Chorar de raiva, de decepção e também por causa do cheiro de sangue que invadia minhas narinas.

- Me d-des-culpe. – Wade continuava deitado no chão do beco. Seu único movimento foi o de levar a mão até a barriga e apalpá-la em busca de algo fora do lugar.

Usei toda a minha força de vontade para não voltar a surrá-lo. Ele sequer revidava. Talvez achasse que eu não era bom o bastante para derrotá-lo numa briga de verdade. Bom, nem eu achava.

- Você tem merda na cabeça?! – Perguntei depois de inspirar o ar com calma e contar até dez.

- É... É o que nos di-dizem.

“Quem somos ‘nós’”?

Ignorando a mania que ele tinha de usar frequentemente o plural quando falava de si mesmo resolvi encerrar o assunto por ali:

- Eu nunca mais quero ver você aqui, entendeu? Se eu sequer sentir o cheiro dessa sua roupa de couro eu juro que eu arranjo um jeito e acabar com você!

Deadpool finalmente pareceu despertar, sentando e estendendo a mão, na tentativa de segurar meu pulso para que eu não desse as costas e o deixasse ali. Felizmente, meu sentido zuniu e eu fui mais rápido, tirando o braço do caminho antes que ele me tocasse. Eu sentia tanta raiva que foi muito difícil não me virar e desferir mais um soco em sua mandíbula.

- Desculpa, Spidey, era só um bandido... Não pensei que ficaria assim...

Isso era tudo que ele conseguia dizer? “Era só um bandido”? Ele tinha acabado de tirar a porra de uma vida! Naquele momento, com o sangue fervendo e as veias dilatadas, eu fiz o que nunca imaginei que faria. Com a mão direita, agarrei a segunda katana do mercenário, que ainda estava presa as suas costas, observando o brilho da lâmina por um quarto de segundo, e então fiz com que ela atravessasse seu peito, perto do ombro, e ele uivou como um animal abatido.

- Nunca. Mais. Volte. Aqui.

Lancei-me no ar com a ajuda de uma teia que prendi no topo de um prédio e não olhei para trás.

Só parei quando cheguei em um beco perto de minha casa, me sentindo aliviado por poder tirar aquela roupa e deixar de ser o homem aranha só por algumas horas. As escadas até meu quarto foram escaladas de dois em dois degraus e toda minha raiva e ansiedade foram vomitadas no vaso do meu banheiro."

 

Depois daquele episódio, foi muito difícil convencer Tia May de que estava tudo bem e de que eu não precisava de atendimento médico. “É só uma intoxicaçãozinha” eu dizia entre às vezes que ia ao banheiro devolver tudo que havia comido, pensando no cheiro de sangue e carne podre do beco atrás do fastfood. Ela eventualmente parou com o discurso “você precisa se cuidar mais” que sempre vinha depois de eu me machucar, assim como meu estômago se acalmou e deixou de ficar embrulhado todas vez que eu me lembrava daquelas cenas. Apesar de sentir-me culpado sabendo que aquela era mais uma morte sob minha responsabilidade, as coisas começaram a voltar ao normal.

No fundo eu sempre guardei um resquício de esperança quando se tratava de Deadpool. Não que ele tenha feito nada para merecer essa confiança, mas existiam boatos por aí de que ele já havia trabalhado com os X-Men e de que talvez os Vingadores tivessem seus olhos nele. Não sei se eu escolhia ver o melhor nas pessoas ou se criava expectativas muito altas sobre elas, mas o fato era que invariavelmente eu me decepcionava.

Ainda mais difícil do que convencer Tia May de que tudo estava bem era convencer Harry. O filho da mãe sempre sabia quando tinha algo errado.

- Ei, Peter!

- Hum?

- Eu estou falando com você há meia hora e tenho certeza de que você não ouviu nada.

- Hum... Desculpa?

- É, você e suas desculpas, Pete... Já deve fazer um mês que você está estranho assim. Eu te conheço melhor do que conheço meu próprio pai. Literalmente. Quando vai me contar o que aconteceu?

- Nada demais, Harry. Sabe como eu sou, me preocupo com tudo: Tia May, as provas da faculdade...

- Ah, e como sei... – Ele me deu tapinhas nas costas, debochando.

- Harry! Foi mal, tá? O que você possivelmente estava dizendo de tão importante?

- Eu disse, senhor Parker, que Mary Jane nos convidou para assistir a peça dela amanhã a noite. Posso dizer que vamos?

Tive que rir do jeito como aquela frase soou. Estar ao lado dele pelo menos me animava um pouco.

- Você sabe que quando fala assim parecemos um casal?

Osborn deu de ombros, me empurrando de leve.

- Não foi por falta de tentativa.

Antes que eu pudesse responder àquela afirmação absurda, ele me deu as costas, se despedindo com um aceno desajeitado e seguindo em direção ao seu bloco para a aula da manhã.

É claro que eu não contaria nada, nem mesmo ao meu melhor amigo, sobre o que eu vivenciara. Carregar aquele peso sozinho era um jeito de lembrar-me que eu nunca deveria deixar que aquilo se repetisse.

 

Durante minha ronda noturna – passavam das três da manhã, mas eu não conseguira dormir – meu sentido aranha me conduziu até um bairro mais afastado de casa e que fedia a jornal molhado e ratos. Silêncio. Nenhuma bolsa sendo roubada, nenhum canivete chinfrin sendo apontado no estômago de algum jovem, nenhuma velhinha precisando atravessar a rua.

“Será que estou com defeito?”

- Spidey! – Aquela voz. Inconfundível.

“Deadpool.”

- Parece que os papéis se inverteram afinal. Quem é o stalker agora, hã? Mas não se preocupe, gosto quando trocamos de posição. Sou um cara versátil.

O Mercenário encostava-se confortavelmente em um dos muros daquela viela, me observando, sua voz soando como a de alguém que acaba de reencontrar um velho amigo. Nem parecia que da última vez que nos vimos ele matara um homem.

Me sentei no parapeito do prédio. Seria menos incômodo se nós ficassemos àquela distância.

- Vamos, Babyboy... Quanto tempo você vai ficar sem falar comigo? – Insistiu.

“Pra sempre, seu babaca. Vai tomar... Calma Peter, pense antes de falar, pense antes de falar.”

- Eu achei que tinha deixado claro que você não devia mais pisar nessa cidade. – Respondi tão secamente quanto pude.

- Nós sentimos saudades.

“Isso é uma piada? Por que tudo era uma piada pra ele? E por que o maldito plural?”

Levei um tempo para formular uma frase que fizesse jus a tudo o que eu realmente queria dizer. A verdade é que eu só queria que ele soubesse o tamanho da merda que tinha feito.

 - Você matou aquele cara, Wade.

- Eu sei. – Limitou-se a responder, chutando uma pedrinha no chão e olhando enquanto ela chegava até a rua e sumia no meio dos carros.

“Eu sei? Que tipo de resposta é essa?”

- Se você sabe, então acho que estamos entendidos. Por favor, não volte aqui.

Me levantei, ficando em pé sobre o parapeito e sentindo o vento frio me causar arrepios. Eu estava pronto para ir embora, mas me movi como em câmera lenta, dando a ele a chance de dizer algo. E ele disse.

- Eu sei o que eu fiz, Baby boy. Mas não me arrependo. Isso é que eu sou. Infelizmente, não posso mudar.

- Não posso aceitar isso. Não é o suficiente. Existem coisas que as pessoas realmente não podem mudar, como a cor da sua pele ou seu tipo de sangue, mas da ultima vez que chequei, matar pessoas por dinheiro não era uma dessas coisas.

- Eu só... Eu achei que éramos amigos, sabe. Eu chegando, falando o quanto você é comível a luz da lua, a gente lutando contra alguns bandidos. Quase uma dupla!

- Por um tempo eu também achei que seríamos amigos. – Era verdade. Uma verdade dura, talvez. Uma prova de que eu esperava que as pessoas se tornassem melhores. Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades, mas nem todo mundo está preparado para assumi-las.

- Achei que você levaria numa boa.

“Levar numa boa?”

De repente o ar ficou pesado e difícil de respirar. Subi minha máscara até a ponta do nariz e meus lábios arderam com o frio. Pensei em tantos palavrões e xingamentos que eu poderia fazer naquele momento, mas para ser realista, eu estava exausto. Eu também tinha uma vida normal e estava cansado daquele assunto me afetar.

Acionando o dispositivo preso ao meu pulso, lancei uma teia no prédio mais próximo, e comecei a descer a teia de cabeça pra baixo, como estava acostumado a fazer vez ou outra. Parei antes de pousar no chão, quando percebi que o mercenário se aproximara.

- Achar que eu levaria isso numa boa só prova que você não sabe absolutamente  nada sobre mim. Até a porra do Wolverine deve saber que o Homem Aranha não mata ninguém.

- Mas eu gostaria de saber.

- Oi?

- Eu gostaria de saber mais sobre você. – Deadpool segurava as duas mãos atrás do tronco, os pés meio que apoiados em suas pontas.

- Você pode começar justamente pela parte em que eu acredito que todas as vidas têm o mesmo valor e que ninguém merece morrer, que tal? – Cuspi sarcástico.

- Spidey, você não diria isso se soubesse todas as coisas que aquele cara já fez. O homem era um doente! Assassino nojento, matou a própria família. Esposa e filha, entende?

- E isso faz de você o quê? Herói? Não cabe a você decidir sobre a vida das pessoas, Deadpool.

- Wade. – Seu próprio nome saiu de sua boca calmamente. Eu, claro, era o único exaltado naquele discussão.

- O quê?

- Prefiro quando me chama de Wade.

Um silêncio se instalou no ambiente pouco iluminado. Ninguém sabia o que dizer. Eu estava cansado e brigar com ele não corrigiria o mês horrível que tive. “Será que o mês foi assim tão ruim por que você sentiu falta dele?” questionou uma voz dentro da minha cabeça.

“O quê?”

“Isso mesmo, você sentiu falta dele e não consegue admitir. Sua vida não é assim tão legal e emocionante sem um stalker elogiando seu traseiro por aí.”

“Caralho, de onde está vindo isso?”

“Da sua consciência, Espetacular Homem Aranha!”

Optei por ignorar a breve conversa que tive comigo mesmo – e que não fazia sentido nenhum! – e focar novamente no que estava acontecendo. Depois de mais de um minuto quietos, era preciso que alguém fosse o primeiro a falar.

- Essa não é a primeira pessoa que vejo morrer. Mas eu gostaria que fosse a última. – Seu olhar imediatamente caiu sobre mim e eu torci para que não me arrependesse do que estava prestes a dizer. – Primeiro meu tio, depois Gwen. Eu falhei quando eles precisavam de mim e venho pagando por isso desde então. Minha conta já está no vermelho, entende? Se mais culpa cair sobre meus ombros, o cara por baixo dessa máscara pode deixar de existir. – é, eu sei, sentimental demais. Acontece que o melhor jeito para se ganhar uma luta era com um nocaute de moralidade.

Minhas palavras flutuaram no ar e pareceram não chegar a lugar nenhum enquanto Deadpool ponderava se abriria ou não a boca.

- Não é sua culpa, Baby boy. – Disse ele por fim. Não consegui decifrar se sua expressão sob a máscara era de ternura ou de pena. – Eu mato porque dá dinheiro. É o que sei fazer. E faço muito bem por sinal! Somos diferentes mas isso não nos impede de ser amigos.

“Amigos?”

- Amigos? Não, Deadpool. Não posso ser amigo de um assassino.

- Certo. Tudo bem. Não precisamos ser amigos então. – O mercenário levantou sua máscara de couro até a altura do nariz, assim como eu fizera, deixando a mostra uma pele cheia de cicatrizes e os lábios vermelhos de frio. Suas marcas não eram assustadoras, tão pouco repugnantes. Era apenas diferente. “Mas por que é que você está prestando atenção nisso mesmo?” Ele então diminuiu perigosamente a distância entre nós, de forma que eu podia até sentir o cheiro do seu hálito mentolado.

Meu sentido aranha zuniu mais do que nunca, enquanto meu coração pulava no peito e um nó se formava na garganta. Wade tocou minha pele exposta com sua mão coberta, o couro estando muito gelado e me fazendo arrepiar. Existia uma tensão tão tangível quanto um bloco de mármore entre nós, o que me deixava imensamente desconfortável. De um jeito estranho, esse desconforto se manifestava através de um inexplicável frio na barriga.

- Ei! – Ele começou a rir, aparentemente sem motivo.

- Perdi alguma coisa? – Saí do transe, mentalmente exclamando um “ufa”.

- É que... Ha ha ha... Não é nada demais.

- Fala logo, Wade!

- Nada, Spidey... Essa cena apenas me causou um Déjà vu. Sabe, eu vi um filme uma vez, com um super herói de roupa vermelha e azul e uma garota ruiva, os dois se beijando na chuva. Você devia assistir! Aposto que iria gostar! – Wade agora gargalhava e sua explicação apenas me deixara ainda mais confuso.

- Às vezes você fala umas coisas que não fazem o menor sentido. – Dito isso, soltei minha teia e pousei à sua frente com um movimento rápido, deixando claro que o momento de fazer piadas já tinha acabado.

O mercenário parou de rir imediatamente, se aproximando com uma postura mais agressiva. Seus braços me cercaram, um de cada lado do meu corpo, como se estivesse me intimando. Recuei o máximo que pude, até sentir a parede fria às minhas costas.

- O-o que você está fazendo? – Caramba, Peter, que ótima hora para gaguejar! O cara devia mesmo te dar uma surra.

- Nada...

E então sua boca quente tocou meu ombro, por cima do traje de homem aranha. Eu congelei. Minha surpresa com aquela ação foi tão grande que, apesar de estar sentindo a dormência no cérebro me avisando do perigo,  eu não consegui mover um músculo. Sua boca subiu e agora ele beijava meu pescoço. É claro que eu arrepiava sob cada beijo, mas nunca deixaria que ele percebesse isso.

“Então, quando ele me cantava, não eram piadas? Peter, o que há de errado com você? Reaja!”

Quando seus lábios finalmente tocaram minha pele, sobre minha mandíbula, ele parou abruptamente, distanciando o rosto para me encarar.

- Desculpe, Baby boy, estava querendo fazer isso há muito tempo...

- E-Eu... Você... Que porra foi essa?

Deadpool gargalhou deliciosamente.

- Foi mal... – Ele respondeu, a mão direita coçando a nuca em sinal de constrangimento. – Mas você não pode dizer que não gostou...

- Eu... O quê? Eu poderia processar Wade Wilson por assédio, sabia?

Seu riso só fez aumentar.

- E que nome constaria no boletim de ocorrência, Spidey?

Rolei os olhos e ele percebeu, mesmo com a máscara, parecendo ficar um pouco irritado.

- Você é muito mais bonito sem essas caretas que sempre faz quando estou por perto. – Seus braços voltaram a me cercar e a boca estava muito próxima de novo, o hálito de menta fazendo minhas narinas arderem levemente.

É, pessoal... Antes de eu contar a vocês o que fiz, preciso me justificar dizendo que eu não sei como isso aconteceu. Mas vamos lá:

Não sei se o frio da noite tinha me deixado em estado de hipotermia ou se o cheiro de hortelã misturado com perfume amadeirado deixou meus pensamentos embaralhados, mas o que aconteceu foi que quando Wade pôs seus lábios assim tão próximos dos meus, eu extingui a distância entre nós dois. É, eu sei, Peter Parker provavelmente estava ficando maluco.

Nosso beijo tinha urgência. A postura ameaçadora do mercenário logo mudou para outra muito mais possessiva. Suas mãos envolveram minha cintura, apertando forte, como seu eu fosse fugir. Sua língua explorava cada canto da minha boca e eu, inebriado, apenas correspondia aos seus movimentos. Meus braços envolveram seu pescoço, puxando-o para que ficássemos ainda mais próximos, os dois peitos arfando. Sua mão direita então tocou minha nuca, ouriçando meus pelos e puxando meu cabelo com certa força.  

Wade mordeu meu lábio inferior, aumentando exponencialmente meu desejo. Dessa vez, eu agarrei seus cabelos, forçando seus lábios contra os meus e beijando-o ainda mais intensamente. Ele correspondia sorrindo e me apertando ainda mais. Eu me sentia seguro.

Com movimentos rápidos, suas duas mãos passaram para a parte de trás das minhas coxas, me erguendo no ar e pressionando minhas costas contra a parede gélida. O mercenário mordeu minha mandíbula repetidas vezes, minha respiração ficando a cada mordida mais descompassada.

Pude sentir seu seu membro começando a me pressionar e foi aí que cometi o erro – meu segundo erro – de gemer seu nome:

- Wade...

“Peter, MAS QUE PORRA VOCÊ ESTÁ FAZENDO?”

Despertei do frenesi e acabei com o beijo da forma mais rápida que consegui, nos afastando. Deadpool me encarava com um olhar vitorioso, como se tivesse acabado de ganhar muito dinheiro em um cassino.

Eu não disse nada, nem poderia. Não sabia o que dizer.  Não havia nada a ser dito. Só queria poder fugir e me esconder em algum buraco.

- Nós sempre achamos que beijaríamos você primeiro, mas parece que estávamos errados.

“Nós? Quê?”

- Nós quem, Wade?

- Sabe, por você nós quase desistiríamos de matar pessoas! – Ele sorriu, segurando minha mão com a palma para cima e deixando algo ali.

- Nós quem, Deadpool? Ei?! Deadpool!!!?

Em um minuto ele estava ali, no outro não estava. Escalou as paredes dos prédios com algumas acrobacias habilidosas e me deixou falando sozinho, completamente desconcertado, ainda virando para jogar um beijo no ar antes de sumir completamente na noite.

Abaixei a máscara, escondendo meus lábios novamente, e então abri minha mão. Dentro havia um pedaço de papel branco, amassado, onde parecia ter algo escrito.

- Louco... – Sussurrei mais para mim mesmo.

Quando desamassei o papelzinho que parecia um bilhete de pré escola, não pude conter o riso – e a raiva – que tomou conta de mim. Era um desenho. Uma figura vermelha e preta e outra vermelha e azul... Se beijando. Vários coraçõezinhos em volta. Sob a cena de amor entre Deadpool e Homem Aranha, haviam ainda os dizerem “me liga”, escritos com uma letra horrível e pouco caprichosa, mas não constava nenhum número.

De todos os destinos que eu imaginara que meu reencontro com Deadpool pudesse tomar, aquele nunca tinha estado na lista. Quão fodido eu estava naquele momento?


Notas Finais


Espero que tenham gostado mesmo!

Tenho outra fanfic, nada a ver com marvel, é sobre The100, pra quem gostar: https://spiritfanfics.com/historia/you-dont-have-to-do-this-alone-6117885

Resuminho das referências:
1) Para quem não assiste Daredevil da Netflix ou não entendeu a referência do Wade (“Minha cidade! Minha cidade!” Você fala como o Demolidor!), o que acontece é que na série as pessoas repetem MUITO "this city", falando de New York, de vez em quando o Matt fala "my city" também. Olha o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=8PqhfJ4h6h8

2) Na seguinte cena, a referência são os quadrinhos:

"- Você tem os poderes de uma maldita aranha! – Gritou depois de conseguir retirar as teias que o silenciavam. – Como você pode bater tão forte? Quando foi a última vez que uma aranha deu um soco?

- Força proporcional de uma aranha, babaca!"

3) Quando nosso querido Petey fala sobre o "Nocaute de moralidade", a referência usada foi o desenho do Ultimate Spiderman. Ele realmente usa esse "golpe" contra o Deadpool no episódio intitulado Ultimate Deadpool. Link maroto desse ep: http://www.dailymotion.com/video/x2b7h0d_ultimate-spiderman-ultimate-deadpool-full-episode-hd-english-hd-1_shortfilms

4) Quando Wade diz "Sabe, eu vi um filme uma vez, com um super herói de roupa vermelha e azul e uma garota ruiva, os dois se beijando na chuva. Você devia assistir! Aposto que iria gostar!" ele está SIM se referindo ao beijo de cabeça pra baixo entre Homem Aranha e Mary Jane no filme.

5) Para quem acabou de conhecer Deadpool ou se não ficou claro, quando ele fala sozinho ou no plural são os sinais da esquizofrenia (as outras vozes na cabeça dele)


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