História Verocidade - Prólogo

A floresta se encontrava estranhamente silenciosa, as árvores de pinheiros altos eram levemente enfeitados por uma camada fina de neve que caia suavemente, tão branca que quando se misturava com a cor verde musgo das folhas leves deixava o ambiente mais vivo apesar das cores frias. Os poucos raios de sol que conseguiam passar entre as nuvens que nublavam o tempo iluminavam a vasta floresta, havia uma brisa calma não muito fria a qual chacoalhava as folhas com maestria em uma única direção.

Mais adentro daquele ambiente calmo, um homem de cabelos negros dava passos agressivos sobre a neve, deixando as marcas de seu solado marrom na superfície macia que mostrava suas pegadas bem visíveis.

Sua respiração estava descompensada, seu corpo se movia cada vez mais rápidos conforme seus pés e mente se concentravam em correr, apenas em correr. Os braços do moreno o ajudavam a manter seus passos rápidos em equlíbrio conforme sua ótima percepção do ambiente o ajudava a desviar dos troncos de árvores que apareciam uma vez ou outra no seu campo de visão.

Os fios de seus cabelos negros se encontravam em uma completa bagunça, a camisa e a calça branca que o mesmo vestia em seu corpo o deixava quase invisível na paisagem, seu coração batia aceleradamente em seu peito, seus pulmões buscavam cada vez mais por ar para que ele aguentasse correr um pouco mais rápido, quase não sentia mais suas pernas devido o impulso que tinha que fazer para correr na camada grossa de neve que cobria o chão da floresta, mas não podia vacilar, não agora.

Sua pele estava gelada, sua mente se encontrava em uma completa bagunça, ele sentia uma angústia tão grande, seus lábios já estavam roxos deixando claro que ele estava correndo naquele ambiente frio a muito tempo.

E então seus passos rápidos começaram a ficar lentos até que ele estivesse apenas rastejando seus pés pela neve, suas pisadas não eram mais agressivas, tentava normalizar sua respiração puxando todo o oxigênio possível para a sua caixa torácica, seu corpo que agora se encontrava sem energia buscou apoio em um dos troncos das árvores. 

Seu olhar pousou preocupadamente sobre o corpo caído de uma criatura que se encontrava a alguns passos de distância , o desespero tomou conta de sua mente então seu cérebro agiu de forma automática levando suas pernas trêmulas para perto do animal que não mostrava resquício algum de vida.

- Não... - A voz saiu falha de sua boca ressecada e sua garganta ardeu quando tentou segurar o choro, seus olhos negros piscavam de forma frenética tentando tirar a imagem do animal caído já morto sobre a neve de sua cabeça. - Por favor, não... - Suas pernas vacilaram e seus joelhos foram de encontro a textura sólida exageradamente branca, seu corpo agora estava de frente com o do animal, suas mãos tremiam conforme buscavam ir sobre a pelagem marrom que estava manchada de sangue, o líquido viscoso já havia secado na região das costas do animal deixando claro que o moreno chegou tarde demais.

Seus dedos gélidos tocaram suavamente a pele coberta de pelos da criatura sem vida, os olhos do lobo se encontravam fechados, fazendo Hoseok sentir falta da mesclagem caramelo que os mesmo tinham quando olhavam para seus olhos negros.

- E-Eu sinto muito... - Soltou a frase como um suspiro deixando por fim as finas lágrimas caírem, o clima melancólico se fez presente naquele espaço da floresta, os baixos soluços que escapavam de sua garganta eram quase inaldíveis, deixou a cabeça pender para frente fazendo os fios de sua franja voltarem a tapar sua testa.

Levou calmamente a palma de sua mão pálida de encontro a ferida da criatura, tinha formato de garras e as unhas pareciam que foram de forma profunda na pele a rasgando, viu também as mordidas mortais na região do pescoço exatamente onde ficava a garganta.

O rapaz estava em um misto de confusão, aquilo estava se tornando frequente na região fria do sul da floresta, os lobos sempre ocuparam aquela área do lugar e nunca tiveram problemas com as mortes que vinham acontecendo daquela maneira, não conseguia indentificar qual criatura estava fazendo aquilo com os seus animais.

Fez um leve carinho na cabeça do lobo sentindo como os pelos eram macios, as lágrimas pararam de cair e seu corpo procurou se recompor, voltou a ficar de pé continuando a olhar para o corpo morto, respirou fundo por fim soltando um suspiro de tristeza, odiava ver suas criatura morrem de forma que não fosse a interferência da natureza. Aquele ataque com certeza foi de forma proposital, ele sentia que havia sido.