História The Model And The Photographer - Jikook - Extra 1

— Pare de ser insistente, vá pegar alguns dias de férias — Minha mãe pedia, incansavelmente — Você merece, já trabalhou que nem um louco naquela empresa.

— Mãe, a senhora sabe que eu preciso ir — Passei a mão pelo meu rosto, já esgotado — Não podemos parar agora.

— Olhe bem para um espelho — Apontou em direção ao objeto — Está cansado, desse jeito não será necessário para as fotos.

— Passam maquiagem.

— Não ligo, você vai pegar esses dias de folga, e irá melhorar essa sua cara de zumbi. 

— Nã...

— Pare de argumentar — Puxou meu braço, me levando até meu quarto — Já liguei lá, e você só volta em uma semana.

— O quê? Por que fez isso? — Olhei-a incrédulo.

— Oras, porque eu sou sua mãe — Abanou suas mãos — Agora durma, que eu irei embora. 

Suspirei e a observei sair de meu quarto e de meu apartamento, deixando-me sozinho, com uma cara desorientada. 

 Eu realmente havia trabalhado sem descanso nos últimos meses. Horas sem dormir, e muitas vezes, pequenas sonecas pelo set.

Talvez minha mãe estivesse certa. Talvez eu devesse descansar e sair um pouco.

***

Acordei, me sentindo muito mais resistente. Havia caído no sono sem nem perceber, e agora já era um novo dia. Mais precisamente dez da manhã, e eu já me sentia uma nova pessoa, e até meu humor estava melhor.

"Está atrasado!"

Yoongi havia me mandado uma mensagem, uma hora atrás.

"Vou ficar uma semana em casa, coisa de minha mãe"

Respondi-o, e larguei meu celular no meio da cama. Fui para o banheiro e fiz o necessário para me deixar apresentável, apesar de ainda estar com um pouco de olheiras. Tomei um banho quente, e relaxante.

— Merda, minha mãe estava certa — Resmunguei, assim que as dores em meu corpo cessaram, devido ao descanso — Só me resta aproveitar.

Sequei-me e voltei para o quarto, pronto para me trocar e passar na primeira cafeteria que eu visse. Yoongi havia me mandado mais uma mensagem.

"Boa sorte, vai precisar"

Franzi o cenho, confuso com sua resposta e decidi não escrever mais nada.

Peguei minhas chaves, e abri a porta, um pouco afobado demais. E quando digo isso... Significa pronto para quebrar algo, nada permanecia intacto em minhas mãos. Minha porta pareceu bater em algo, e várias caixas caíram aos meus pés.

— Opa, está tudo bem? — Olhei para o dono das caixas, e encontrei seus olhos arregalados — Desculpe-me por isso.

— Ah, não... Está tudo bem — Sorriu, envergonhado — Eu que não vi sua porta ser aberta.

Sorri abobalhado, devido a sua timidez. Ele era tão... Fofo? Não sei dizer... Mas seu sorriso me pegou desprevenido.

  — A-Ah, que isso — Tratei de ajudá-lo — Eu devia ter tomado mais cuidado. Está se mudando para cá?

— Sim, eu me mudei ontem, estou à trabalho — Corou, e pegou uma das caixas.

— Trabalha com o que?

— Sou fotógrafo, acabei de conseguir um emprego.

— Isso é bom — Abri meus lábios em um sorriso — Deixe-me ajudá-lo, acabei causando estragos novamente.

Antes que ele pudesse negar, peguei as caixas de suas mãos, e deixei-o apenas com uma.

— Obrigado — Riu, fraquinho — Você é muito gentil.

Tapei meu rosto com as caixas para que ele não pudesse ver a vermelhidão que meu rosto pegou. Segui até seu apartamento, que não era muito longe do meu, e deixei as caixas no chão de sua sala.

  — Estou indo tomar café agora, se importaria de vir junto comigo? — Perguntei, limpando as palmas de minhas mãos em minha camisa. 

  — Claro, parece ser uma ótima ideia — Sorriu, e não consegui desviar minha atenção de seus lábios. 

— Sou Namjoon, prazer — Desviei o olhar assim que percebi ele me encarar, um pouco apreensivo.

— Seokjin, o prazer é todo meu.

***

Seokjin pareceu estar um pouco ocupado com a mudança e logo teve de ir, mas não antes de deixar seu número. Sorri com a possibilidade de sair com ele novamente. Ele se mostrou um ótimo fã de Super Mario e rosa. Colecionava pequenos bonecos dos personagens de jogos que gostava, que inclusive estavam nas caixas que eu havia derrubado.

— Está sorrindo igual um besta — Yoongi apareceu do nada, me assustando.

— Você... Como entrou aqui? — Arqueei uma sobrancelha, e olhei-o acusador.

— Fiz uma cópia da chave — Deu de ombros, indiferente.

— Quando?

— Não sei, Monster, pare de fazer perguntas complicadas.

— Não é uma pergunta complicada — Bufei — Só perguntei quando.

— E eu vou lá lembrar?

— Deveria.

— Não deveria não — Roubou uma maçã de meu cesto e se largou no sofá — Me conta... Quem é o felizardo?

— Não tem ninguém.

— Lógico, até porque você virou uma hiena e agora ri sozinho — Revirou os olhos.

— Eu não estava rindo — Indignei-me.

— Ah, sim, tem razão... Estava sorrindo — Deu um risinho de lado, satisfeito em me contrariar.

— Veio para me perturbar?

— Não... Sim, eu vim sim — Espreguiçou-se — Dei uma fugidinha da empresa, estava chato demais.

— Estava chato demais, ou a coisa ficou feia para seu lado? — Ri, observando sua carranca se formar. 

— Os dois...? — Abriu um de seus olhos, que ele havia fechado — Entrou um novo fotógrafo, mas ainda não começou a trabalhar.

— Que bom — Fiquei indiferente, nenhum fotógrafo tiraria minha atenção como o meu novo vizinho — Mas não estou interessado.

— Seu vizinho pelo menos é gato?

— O quê? Como assim?

— Fala sério, você não para de olhar para a porta — Ele estava literalmente esparramado em meu sofá. 

— Isso não significa nada — Reclamei, observando ele colocar seus pés "chulézentos" em minha mesa de centro — Pare de ser adivinha.

— Não se pode esconder nada de mim — Declarou, adormecendo em meu sofá. 

— Folgado! 

— Sempre — Deu uma pequena fungada em divertimento. 

***

Acordei animado por alguma razão, e como eu não sabia cozinhar nada, resolvi novamente ir para uma cafeteria. Admitindo ou não, eu estava animado para encontrar Seokjin novamente, e esperava ansiosamente que encontrasse ele no corredor. Desci as escadas até o hall, e encontrei pegando suas correspondências. Ele estava adorável, com aquele sorriso natural em seu rosto, com seus cabelos caindo parcialmente por seus olhos. Ele ainda estava com um pijama adorável e não parecia se importar em chamar olhares reprovadores.

Me aproximei, cautelosamente.

— Olá, bom dia! — Parei em frente à minha caixinha de correspondência.

Ele deu um pequeno pulo, pelo susto que deve ter levado.

— Meu Deus, quase morri agora — Ri de sua expressão exagerada — Bom dia, vizinho gentil.

Envergonhei-me pelo apelido que me deu, mas continuei sorrindo, tentando não transparecer minha vergonha. Era difícil ser o primeiro a vir conversar, mas o seu olhar animado parecia me contagiar.

— Não quis assustá-lo — Abri minha caixa, e retirei as correspondências, provavelmente contas para pagar — Apesar de ter sido engraçado.

— Não teria graça se eu tivesse morrido — Apesar de tentar parecer sério, ele acabava demonstrando seu divertimento — Sabe... Eu estava pensando...

Ele parou para morder os lábios, envergonhado.

— O quê?

— Você gostaria de vir almoçar em minha casa hoje? — Sorriu, ainda tímido — Se não tiver compromisso, claro. Para agradecer sua ajuda ontem.

— Será um prazer — Esperei, mas não tinha mais o que fazer ali — Então... Até daqui a pouco.

Me despedi, e sai um pouco apressado, e totalmente envergonhado. Pensei que eu teria que dar o primeiro passo, mas estava tudo correndo bem, e sem qualquer problemas.

Fui praticamente pulando até o Coffe Spot e assustei algumas pessoas pelo caminho, ao dar pequenos risinhos abobalhados. Mas eu não estava ligando, eu iria ver Seokjin novamente, e isso já era razão para animar-se e dar pequenos sorrisos por ai. Afinal, quem não sairia com ele, sendo tão atraente, e fofo?

Encontrei com Jimin, e como sempre... Estava flertando. Um grande pegador. 

— Como consegue já começar o dia flertando? — Perguntei, me sentando em sua mesa, dispersando as garotos que estavam ali.

— Eu não sei, como consegue acordar já argumentando contra mim? — Olhei bem para ele, sério e pronto para rebater, mas ele apenas sorriu — Estou brincando.

— Garoto atrevido.

— Eu sei, hyung... — Sorriu fraco — Sabe, eu sou livre, faço o que quiser. Você também deveria.

— Você não tem jeito — Neguei com a cabeça — Um dia irá se cansar disso, e irá querer uma família.

— Não irei não, ninguém me parece interessante.

— Você só não encontrou a pessoa ainda — Toquei em seu ombro, e vi seu corpo ficar um pouco rígido — Não sei o que se passa em sua cabeça, mas espero que mude. Você só tem só tem dezoito anos. 

— Não seja tão otimista assim, hyung — Desviou o olhar — Nem todos vivem um conto de fadas.

Eu realmente não sabia o que se passava com ele, mas não deveria deixar ele pensar assim. Parecia mais um velho rancoroso falando, e não apenas um adolescente.

— Eu tenho que voltar para a empresa, vou indo — Se levantou, indo pagar pelo seu café que permaneceu intacto, e saiu um pouco transtornado.

Senti pena dele, não dava pra se aproximar dele. Não de verdade, ele sempre escondia algo e todos pareciam não perceber. Eu só não tinha coragem de confrontá-lo. 

***

— Espero que você goste — Me conduziu até o sofá da sala — Cozinhar é um de meus passatempos.

— Estou certo de que é um ótimo cozinheiro.

Ele parecia ansioso, e ficava corado na maior parte do tempo. O que eu achava extremamente fofo e atrativo. Ele foi para cozinha, e me chamou para ajudar a pegar os pratos. Peguei os que ele havia deixado no balcão, enquanto ele pegava os talheres e as taças. 

— Fiz meu especial Pernil ao Molho de Vinho, e com arroz temperado... Uma receita de minha família.

— Parece divino — Salivei vendo a comida já na mesa, e com um cheio espetacular — Meu Deus, que cheiro magnifico, sério Seokjin, parece muito apetitoso.

— Pode me chamar apenas de Jin — Sorriu, contente com os meus elogios — E obrigado. 

Sentamo-nos na mesa, e me servi da comida tão cheirosa. Como adivinhei, tudo feito por ele, parecia ser totalmente perfeito.

— Está muito bom, Jin — Aprovei, recebendo seu sorriso gigante em troca — Está de parabéns.

— Fico contente — Fitou-me — Sabe... Não foi tão ruim termos nos trombado no corredor.

— S-Sério? — Ri, envergonhado, e quis me matar por ter gaguejado e respondido algo tão ridículo — D-Digo...

— Não precisa se envergonhar — Riu, achando graça de minha reação — Eu gostei de conhecer você, vizinho gentil.

— A-Ah — Respirei fundo — Eu... Também gostei de te conhecer. 

— Está todo atrapalhado — Sorriu, escondendo sua boca, com o mão.

Tão... Perfeito.

— Desculpe por isso — Corei, parecia que eu havia me tornado uma outra pessoa. Totalmente envergonhado.

— Não se preocupe, pareço não demonstrar, mas estou igual — Confessou — Você... é diferente, vizinho gentil. 

— Pode me chamar de Namjoon — Cocei minha nuca, com as orelhas fervendo. Estava muito quente, ou era impressão minha? — Ah, me sinto melhor assim, já que não sou o único.

— Okay, vou chamá-lo de Nam — Demonstrou sua animação — É um nome bonito.

— O seu também é... Combina com você — Não sei de onde saiu a coragem, mas falei — Combina muito com você.

— Agradeço muito — Limpou a boca, com o guardanapo — Ainda não sei com o que trabalha.

— Sou modelo...

— Combinamos bastante — Arrumou os pratos sujos, e os levou até a pia — Sou fotógrafo, e você um modelo. É famoso?

— Não, ainda não.

— Creio que será, já que é um homem muito atraente — Elogiou-me, e só pude observar suas pequenas curvas por trás, enquanto ele lavava a louça — Tenho certeza.

Quase me derreti quando ele mudou o peso de sua perna para a outra. Cada movimento era tentador e delicado.

— Deixe-me ajudá-lo — Tomei de suas mãos os pratos limpos e molhá-dos. Passei a secá-los.

— Como previ, um cavalheiro completo. 

Sorri, confortável ao seu lado.

***

Havia se passado dois dias desde que havíamos jantado juntos, e cada vez mais eu pensava em Jin. Em seu jeito fofo, e descontraído, e sua mania de sair de pijama sem se importar. Sua desculpa era que não iria sair para rua, apenas pegar as correspondências e por isso não precisava se arrumar. 

Era cômico como eu sempre o via de pijamas listrados, ou até mesmo do Mario. Apenas trocávamos pequenas palavras, e nos despedíamos. Ele sempre voltava para seu apartamento e duas horas depois ia para seu novo emprego. Em quatro dias de convivência, já pude perceber suas manias. Ele cobria sua boca quando ria muito largo, e sua risada podia ser muito escandalosa quando se animava muito, causando ainda mas risadas por minha parte.

  — Chame-o para sair — Yoongi tirou-me de meus devaneios — Não aguento mais vê-lo suspirando pelos cantos.

— Só sair daqui — Fiz um bico — Não sei por que sempre foge para meu apartamento.

— Já disse, estão nos matando de trabalho e eu quero descansar. 

— Vá para sua casa então.

— É muito longe.

— Então pare de resmungar.

— Eu não preciso ter que aguentar você suspirando toda hora, e é por isso que eu farei isso — Ele pegou meu celular que estava em cima da mesa, e com suas habilidades super "fodásticas", descobriu a minha senha em um segundo. Ou talvez ele já soubesse.

— O que irá fazer? — Perguntei, tentando observar a tela do celular, porém, sendo barrado por ele.

— Apenas espere.

Depois de algumas vasculhadas em meu celular, ele me devolveu. Observei a tela com a conversa de alguém aberta.

"Quer ir ao cinema comigo, amanhã?"

— O-O que você fez? — Suei frio, ao ver que o chat era de meu vizinho. 

— E fiz você convidá-lo para sair — Deu de ombros — E agora não pode mais arregar. 

— Você é um péssimo amigo — Suspirei.

"Claro, estarei te esperando :)"

Respondeu-me.

— Me agradeça depois, irei cobrar.

***

Bati em sua porta, tremendo. Eu estava apavorado sobre o que fazer, e Yoongi havia vazado sem me dar qualquer dica.  Ele atendeu a porta, arrumado. Ele estava tão deslumbrante, apenas com uma camisa branca e um casaco por cima, e uma calça pouco folgada.

— Está pronto? — Fiz a pergunta mais óbvia do mundo, mas recebi um sorriso por sua parte.

— Sim, estou bem animado. 

— Quer assistir algo em especial? — Perguntei, conduzindo-o até meu carro — Pode ser qualquer coisa.

— Podemos assistir à um romance, se quiser. 

— Claro, não tem problema — Me diverti com o tom avermelhado em suas bochechas. 

Abri a porta do passageiro e o ajudei a entrar. Ele pareceu gostar e me agradeceu.

Conversamos sobre coisas bestas pelo caminho e rimos bastante conforme tentávamos cantar as músicas mais velhas que eu possuía em meu carro. Não servíamos para cantar, mas foi gostoso.

— Desculpe-me ter que estacionar longe, não tinha mais vagas.

— Sem problemas — Riu, fraquinho — Andar é bom.

— Está falando sério, ou apenas está tentando me consolar?

Ele olhou-me por um instante, tentando parecer sério, mas eu conseguia ver em seus olhos o seu divertimento.

— Desculpe, eu sou sedentário — Confessou, mas não reclamou de ter que andar.

— Somos dois então — Rimos. 

Depois de andar bastante, conseguimos chegar ao shopping, e fomos até o caixa comprar os ingressos. Tivemos sorte de pegar uma seção que não demoraria para começar. Deu tempo de comprarmos a pipoca, e os refrigerantes, apesar de eu não estar interessado em nada disso. Jin estava super animado, e ficava comentando sobre o quão bom o filme deveria ser. Eu estava contente só de vê-lo assim, com os olhos brilhantes, e com o sorriso em seus lábios.

***

— Gostou do filme? — Perguntei, apesar de ter passado o tempo inteiro observando seu rosto.

— Sim, eu estava muito animado para assistir, e realmente surpreendeu as minhas expectativas

— Então valeu a pena — Sorri — Quer fazer algo, ou quer ir para casa?

— Podemos ir agora, e você pode me fazer companhia em minha casa — Corou, com o olhar baixo — Eu... Gostaria muito que me fizesse companhia.

— S-Será um prazer — Não consegui esconder o meu sorriso.

Saímos e vimos a chuva cair forte. 

— Meu Deus, olha essa chuva — Exclamou Jin — E agora?

— Podemos comprar um guarda-chuva — Sugeri — Espere aqui, eu já volto.

Corri para dentro e fui atrás de algo que pudéssemos usar. Entrei na única loja que possuía guarda-chuvas e olha só, possuíam apenas um. Voltei para onde Jin estava. Ele estava se espremendo mais contra seu casaco, e esfregava suas mãos.

— Desculpe, só tinham um — Sorri amarelo. 

— Tudo bem, podemos compartilhar — Se aproximou de mim, e eu abri o guarda-chuva.

Aproveitei para segurar em seus ombros, apertando-o contra meu peito, para que não nos molhássemos. Corremos em direção ao carro, que estava muito longe. Apressamos ainda mais nossos passos, e riamos conforme pisávamos em uma poça de água e nos molhávamos no processo. 

Como sou apelidado como Monster por uma razão, consegui fazer com o que o guarda-chuva quebrasse. Sim, eu quebrei o guarda-chuva. 

— Nam, estamos nos molhando muito — Riu divertido.

— Eu sei — Gritei um pouco para que ele pudesse me ouvir, diante do barulho da chuva.

Peguei meu próprio casaco, e tentei colocar sobre nossas cabeças, o que não adiantou muito. Paramos no meio do estacionamento, sem saber onde o meu carro estava. Abracei seu corpo, fazendo-o para de tremer de frio, e esfreguei seus braços por cima de seu casaco.

— Está tudo bem? — Toquei seu rosto, vendo seus dentes tremerem de leve — Me desculpe por isso.

— Não é sua culpa — Sorriu, gentil — Aliás, sempre quis saber como era me ensopar em uma chuva forte.

Ri de seu otimismo, e alisei seu rosto, mantendo-o em meus braços. Estávamos encharcado, e com as roupas grudando em nossos corpos, mas não estavam me incomodando. Eu não conseguia prestar atenção em nada que não fosse seu rosto, e quando percebi, estávamos nos encarando. Meu rosto se aproximou do seu lentamente e inconscientemente, como se procurasse o calor humano. Senti sua respiração acelerada e gélida bater em meu rosto.

— Nam... — Ofegou, baixinho.

Fechei meus olhos ao encostar nossos narizes, e sorri com a sensação. Ele passou seus braços pela minha cintura e terminou a distância que havia entre nossos corpos.

— Eu... Quero muito te beijar — Sussurrei, sem abrir os olhos.

— Então beije-me — Respondeu, de prontidão.

Colei nossos lábios vagarosamente, e senti seus lábios tremerem um pouco. Movimentei minha boca para mais perto ainda, e pedi passagem com a língua. O choque foi imenso quando finalmente senti o gosto de sua boca contra a minha. Coloquei minhas mãos em seu maxilar, e segurei-o, com cuidado. A chuva parecia ter parado, apesar de eu sentir suas gotas caírem constantemente sobre nossos rostos. Eu apenas não ouvia mais seu som, apenas as batidas de meu coração, acelerado demais. Aprofundamos ainda mais o beijo, como se necessitássemos de mais contato. 

— Precisamos fazer isso mais vezes — Separei nossas bocas, devido à falta de fôlego.

— Estou de acordo — Abriu os olhos, lentamente, com um sorriso estampado em seu rosto — Foi... incrível.

— Podemos contar nossas experiencias sobre beijar na chuva — Brinquei, recebendo suas risadas 

A chuva voltou a fazer barulho. Pelo menos para mim, e o frio passou a ficar mais intenso. 

— Vamos para meu apartamento — Jin puxou-me mais para perto, voltando a andar, com os braços ainda em minha cintura.

— Espere, só mais um vez — Tomei seus lábios novamente, e ri quando senti ele estremecer. 

Dois beijos em um dia, de baixo da chuva. Não era uma má ideia. 

Yoongi merecia tudo o que me pedisse, só que ele não ficaria sabendo disso, eu poderia acabar passando vergonha, ou até mesmo falido. 

 Olhei em seus olhos, depois que afastei nossos rostos. Ele estava lindo, com os lábios avermelhados. A melhor visão de todas, e que fora causada por mim. Talvez realmente existisse amor à primeira vista, que poderia se tornar algo mais intenso, se trabalhado com cuidado e bastante carinho.

E imaginem só a minha surpresa, ao descobrir que o novo fotógrafo da empresa era ele.