- Até o seu amigo sabe que você me deseja - Sussurrou em meu ouvido.
Eu, obviamente, dei um pulo de susto. Esse maldito estava nos ouvindo? Mas que porra, cadê a privacidade?
Fechei a cara, e abri a porta de meu carro.
- Não ouse dizer nada - Apontei para ele, e em seguida entrei no veiculo.
Liguei o motor no mesmo momento em que sua risada saiu de sua boca, e acelerei até meu apartamento. Totalmente envergonhado.
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Eu poderia dizer que estava feliz, afinal o modelo, pelo qual babei no primeiro dia, teria se interessado por mim, mas eu nunca imaginei que seria tão constrangedor. Sim, eu estava muito constrangido por: 1) Meu amigo, Hoseok, estava de pega-pega com dois modelos; 2) Park Jimin ficava me atiçando; 3) Hoseok ficava toda hora me zoando.
Preciso de mais motivos? Não, obrigado.
Nunca em minha vida, imaginei uma vida tão conturbada, e aventureira. Pensei que nunca teria esses clichês de justo um modelo, gato e famoso, se apaixonar por um simples e sem graça, fotógrafo. Para mim, isso acontecia somente nos cinemas, com os filmes que todos gostavam de assistir. Mas Park Jimin estava fazendo um filme virar realidade, juntamente de meu amigo Hoseok, que seria um figurante que dá conselhos ao amigo perdidamente apaixonado, que nunca sabe o que fazer. Lógico que Hoseok não é um figurante em minha vida, ele é muito mais que isso. Ele sempre esteve presente em minha vida, me apoiando e dando pequenas broncas que ele achava necessário.
***
Duas semanas haviam se passado, SOMENTE duas semanas, e eu já estava enlouquecendo. Todos os dias Park Jimin arranjava um jeito de me provocar, e "inocentemente" tocar minha bunda. O que eu acho totalmente ridículo, sendo a sua própria bunda é o dobro da minha. Aquela bunda era enorme, gigante e tão macia, que seria mais provável eu agarrar sua bunda e não o contrário.
- Hoseok, já é a segunda vez que eu vejo você aos pegas com Taehyung - Briguei.
Eu havia pego novamente, Hoseok atacando o pobre Taehyung. Eles estavam totalmente a vontade no pequeno corredor escuro, perto dos camarins.
- Park Jimin faz isso com você também - Inflou as bochechas.
Meu rosto ferveu, ardeu, envermelhou-se tão rapidamente, que Hoseok riu de minha expressão.
- Hoseok, apenas vá, deixe me pensar... Quem sabe... se foder? - Mostrei-lhe o meu querido dedo do meio.
- Com muito prazer, querido amigo! - Sorriu, malicioso - Mas quem devo chamar para me ajudar? Min Yoongi ou Kim Taehyung?
Abri minha boca para protestar, mas simplesmente não consegui pensar em nada. Se Hoseok queria ter os dois ao mesmo tempo, problema dele. Me despedi antes de entrar em meu carro, e ir diretamente até o meu apartamento.
Subi as escadas lentamente, cansado. As semanas que haviam se passado foram totalmente cansativas e desgastantes. Ao terminar de subir os últimos degraus, peguei minha chave em meu bolso, porém não foi necessário, minha porta estava aberta. Certamente estranhei, e procurei algo afiado para me proteger. Tudo que eu achei foi meu taco de beisebol, totalmente velho.
Segurei firme em seu cabo e entrei pela porta, lentamente e sem fazer qualquer ruído. Quem quer que estivesse ali, não havia ligado as luzes. Provavelmente, se ligasse as luzes, eu chamaria sua atenção, então optei por deixar tudo escuro mesmo. Demorei em torno de um minuto para poder dar passos mais firmes. Nada, não havia ninguém ali. Nem nos banheiros, e cozinha. Suspirei relaxado e rumei até meu quarto. Eu devia estar ficando paranoico, e ter esquecido de trancar a porta ao sair, hoje de manhã. Eu precisava descansar e até pegar férias.
Abaixei minha guarda, e segurei o taco com apenas uma mão, deixando-o a para baixo. Com a outra mão, tirei minha gravata e a joguei em qualquer lugar. Não fiz questão de acender a luz.
- Por que não tira o resto de suas roupas? - Sua voz soou atrás de minha orelha, e por impulso, levantei minha mão com o taco em sua direção, e antes que pudéssemos digerir tudo, o barulho do metal chocando sobre sua cabeça, assustou-me ainda mais.
Pá! Sua cabeça foi feita de bola para meu taco, e pela primeira vez em minha vida, acertei em cheio.
- Opa! - Soltei o objeto, e deixei-o cair no chão, enquanto me abaixava em sua direção.
Park Jimin estava caído em meu chão, desacordado. Eu havia acertado PARK JIMIN.
Vou morrer, só pode. Seus pais irão ligar para a policia e seus assistentes irão querer me sufocar. Adeus vida normal, adeus toddynhos, meus amores e adeus Hoseok, me desculpe por nunca lhe dizer que suas broncas eram necessárias.
Drama. Sim, muito drama.
Voltemos ao momento em que eu, calmamente, o levantei e o coloquei em minha cama. Peguei uma bolsa de gelo e pressionei com cuidado, sobre o galo que havia se formado.
Droga, e se ele acordar sem se lembrar de nada? E se eu tiver causado um trauma craniano nele? E se ele tiver sofrido uma concussão?
Acorde, Park Jimin, pelo bem de minha vida.
***
Fiquei sentado ao seu lado, por praticamente uma hora. Ele não acordava, e aquilo estava me assustando. Desacordado ou não, sua beleza não mudava. Seu rosto não demostrava o deboche que sempre estava presente, mas sim uma calmaria, simples. Sua sobrancelha não estava franzida, como na maioria das vezes. Sua expressão não era de tédio, que ele demostrava quando precisava tirar fotos. Era apenas... Park Jimin, sem nenhum problema.
Passei meus dedos pelos seus fios de cabelos, e alisei sua bochecha, que era muito macia, por sinal. Meus dedos insistiram em fazer movimentos circulares na ponta de seu nariz, para então subir novamente para seus fios acinzentados e brilhosos. Depois de alguns minutos, resolvi sair de perto. Retirei meus dedos de sua cabeça, e suspirei. Mas algo fez com que meus dedos voltassem para os fios de cabelo. Olhei para Park, e vi um pequeno sorriso em seus lábios.
- Você estava acordado esse tempo todo, não estava? - Suspirei, aliviado.
- Quem disse que eu estou acordado?
- Não seja bobo, Park.
- Por que não pode chamar-me apenas de Jimin? - Abriu seus olhos, e me encarou.
- É informal demais - Me afastei - Talvez você devesse ir para casa.
- Eu estou machucado, por sua culpa - Fez um biquinho, fofo.
- Culpa sua, não devia ter invadido minha casa.
- Não invadi, Hoseok me emprestou a chave - Riu, e se aconchegou mais em minha cama.
- Sério, Park, vá para casa. E por favor, devolva as chaves de Hoseok.
- Me chame de Jimin - Resmungou.
- Park...
- Por que insiste em minha chamar de Park? - Olhou-me triste e suspirou.
- Vá para casa, e cuide desse galo - Fui até a porta, e a abri.
- Está bem - Levantou-se da cama, e me seguiu até a porta, saindo.
Seu olhar estava me matando, por que ele queria tanto ser chamado de Jimin?
- Até amanhã, Jungkook - Ele estava me provocando, com esse drama.
Bufei e antes de fechar a porta, sussurrei rapidamente:
- Boa noite, Jimin!
Aquilo foi o suficiente para fazer-lhe sorrir, e ir embora contente.
***
O dia seguinte não foi nada normal, e aquilo estava me enfurecendo. Hoseok chegou em meu apartamento, eufórico. Parecia um furação enquanto falava e tudo o que eu entendi foi que: Tinha várias loucas, atrás do suposto "modelo" Jeon Jungkook.
- Mas eu não sou modelo, Hoseok! Deve estar confundindo-se - Neguei, e lhe dando um copo d'água.
- Espere - Sinalizou com a mão, enquanto bebia a água e recuperava o fôlego - A revista.
Esticou em minha direção, a mais nova edição da revista da Park's Flower. Na capa, estava a minha foto com Jimin, quando substituí Min Yoongi.
Eu estava de boca aberta. A capa estava totalmente sensual e... sexy.
- Hoseok, o que é isso - Arregalei os olhos - Como isso veio parar aqui?
- Eu que lhe pergunto - Tirou a revista de minhas mãos e voltou a analisá-lo - Sabe o quão gostoso você está aqui, Jungkook?
- Mas... como assim, não me avisaram de nada.
- Parece que foi de última hora, o chefe gostou das fotos e pediu para que trocassem a capa.
- Preciso ir até a empresa.
Deixei Hoseok sozinho em meu apartamento, e fui até a empresa. Eu estava tremendo, de angustia, confusão e até medo. Ah, como a vida estava de bem comigo. Ironia pura. Me assustei quando cheguei até a empresa, e muitas e muitas pessoas estavam na porta. Havia vários seguranças impedindo-as de seguir em frente.
Sai de meu carro e me aproximei, receoso.
- É ELE! - Gritou alguém, apontando em minha direção, e chamando a atenção de todas as pessoas naquele lugar.
Consequência: Vieram todas correndo em minha direção, marcando a sentença de minha morte certeira. Todas possuíam a nova revista em mãos. Iriam me matar?
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