História The Name of Destruction (HIATUS) - Ameaça

10 de maio, 1862 - Wu Yi-fan

Era mais uma noite calma, a bordo do navio inglês “Claud”. Yi-fan  havia embarcado na cidade de São Pedro no Canadá e pretendia chegar à Inglaterra depois de alguns dias. O capitão - William - Concordou em levá-lo pelo singelo preço de algumas moedas de prata. O vampiro de aparência jovem estava sentado perto da polpa observando as estrelas aproveitando o tempo que tinha no deak sem ser atormentado pelo cheiro do rum dos marujos. Porém foi tirado de seus pensamentos quando uma voz doce se fez presente.

Posso me juntar a você? - A dama com um vestido de cor azul como os mares caribenhos perguntou.

Você é a filha do capitão - Yi-fan falou sem de fato dar muita importância ao status da morena - Pode fazer o que quiser.

Creio que isto não seja verdade - ela se recostou na borda do navio ao seu lado, era delicada porém mantinha em seu rosto um lindo sorriso que expressava que estava desobedecendo algo - Meu pai não gosta que eu ande pelo navio, ele tem medo que os marujos tentem algo.

Ele tem razão - O vampiro caminhou até o mastro, no qual se escorou, ficando à frente da humana - As únicas mulheres aqui além de sua linda presença são as donas da cozinha e não creio que elas sejam o ideal sexual masculino.

Ela riu quando se lembrou da forma roliça e desleixada das senhoras que cuidavam da alimentação.

Elisabeth - apresentou-se a morena.

Yi-fan - fez um pequeno movimento de cabeça que fez a figura feminina sorrir e pousar a mão sobre os lábios.

Não deveria esconder isso - O mais alto segurou a mão pálida e afastou, acariciando um pouco aquela pele macia - Não deveria esconder seu lindo sorriso, não para mim pelo menos.

Ambos pareciam hipnotizados um pelo outro. Olhando profundamente em seus olhos Yi-fan pensou que ela nem ao menos desconfiava que ele era um monstro que se alimentava de sangue e que provavelmente fugiria de si quando soubesse.

Não teve muito tempo para desanimar-se, o balanço causado pelas ondas fez com que o navio desse uma guinada forte demais, a fazendo se encontrar com seu peito.

Perdão - ela expressou porém o moreno não a deixou se afastar, segurando em sua cintura.

Está tudo bem…

Cada vez mais eles se aproximavam, até seus lábios estarem a apenas alguns centímetros de distância.

Olha o que temos aqui!

Sem que eles tivessem percebido outro navio se aproximou, como a tripulação que não estava dormindo estava reunida no convés inferior, ninguém estava ali para ajudá-los, os piratas subiam a bordo com facilidade, devido a seu navio negro ser bem mais alto.

O que vocês querem? - O vampiro perguntou enquanto passava a jovem para trás de si.

Vamos apenas pegar algumas coisas - O pirata mais alto, que parecia ser o capitão pronunciou-se mais à frente dos outros - Vocês seguirão com a embarcação.

Quem passa por nossos mares tem que pagar um preço - O pirata mais a esquerda disse, ele parecia ser totalmente cego, tanto pelo tom de suas íris quanto pelo fato de ele não olhar na direção deles e seguir com a vista em um ponto qualquer.

De fato, eles não levaram muita coisa e foram silêncios, O vampiro pensou em tentar algo para chamar ajuda, contudo os capangas do pirata de barba espessa apontaram afiadas facas e armas em sua direção.

O que faremos? - A dama perguntou em voz baixa - A tripulação de meu pai…

Não temos muito o que fazer, se tentarmos chamar a atenção, não sobrará muito de nós.

Hey capitão - exclamou um novo pirata que acabara de embarcar - Estamos precisando de uma nova lavadora de convés.

Não é só para isso que precisamos - outro se juntou a conversa - Estou com falta de satisfação…

O capitão voltou segurando uma maçã verde, os maltrapilhos roubavam a comida do capitão William. Ele analisou a filha do capitão da cabeça até a barra de seu vestido.

Vocês tem razão rapazes - ele deu uma mordida na polpa verde - Levem-a para minha cabine.

O quê? - Ela exclamou, contudo um dos piratas a segurou pelos braços, a arrastando - Yi-fan, ela pediu ajuda para o cavaleiro que acabou de conhecer.

 Ele usou seu cotovelo para desferir um golpe no nariz do capanga mais próximo, arrancando a espada do mesmo. Puxou a mais nova para mais perto enquanto afastava os vilões com a lâmina.

Isso foi estúpido de sua parte…

O capitão sorria enquanto apontava sua baioneta na direção do vampiro.

Eu tinha que tentar - Yi-fan falou referindo-se ao seu pequeno show que acabara de dar.

Ande! - o capitão gritou para a mais nova.

Ela começou a se me mexer e quando Yi-fan foi acompanhá-la,foi impedido pelos outros homens.

Me desculpe garoto, mas meus homens preferem mulheres - O barbudo falou enquanto levava Elisabeth para seu navio, sua risada era alta e asquerosa, um tanto quanto rouca, provavelmente pelo estrago da bebida em sua garganta.

O vampiro esperou até todos subirem a bordo do navio negro então começou a se mover. Não chamaria a tripulação de William, era mais fácil esgueirar solitário bem perto do inimigo do que a quilômetros de distância com um batalhão.

Ele escalou um dos mastros e quando o outro navio estava se afastando ele se jogou em direção ao mesmo, conseguiu segurar-se em uma das cordas das velas e balançar até chegar a carcaça do navio. Subiu pela lateral e se escondeu nas sombras. Ao parar e observar o convés notou que levaram-na para a cabine no final do barco, enquanto o resto dos marinheiros descia para o convés inferior, apenas o capitão barbudo permanecia com ela.

Yi-fan caminhou sorrateiramente através das sombras, seu sobretudo esvoaçando atrás de si suavemente com a brisa marítima. Ele não estava mais com a espada, quando os inimigos partiram a pegaram dele, contudo ele achou que não teria problema para conseguir uma arma por ali.

Ponderou suas opções e decidiu esperar um pouco, para caso o capitão saísse de seus aposentos poderia agir.

Não tardou muito e a porta se abriu, Yi-fan havia se escondido embaixo da escada de madeira que levava ao manche e o capitão a subiu, sem nem mesmo notar o vampiro.

Na cabine a luz era fraca, com velas que já estavam em seu estágio final, o ambiente estava vazio, a humana não estava ali. Ele olhou atentamente os cantos, sua visão oscilando pelo balançar da embarcação. Então ele notou, um singelo alçapão no canto direito, ele havia visto levando-na para aquela cabine o que tornava aquela pequena porta de madeira o único local plausível para a presença dela. Caminhou até ali, aproveitando para pegar uma pequena arma de cano curto, com detalhes em ouro ao longo de sua extensão. Abriu o alçapão com calma, evitando fazer barulho. Era um pequeno compartimento estreito, profundo e escuro.

Elisabeth?

Yi-fan - ela falou com a voz fraca.

Ele notou uma corda saindo do compartimento e decidiu perguntar:

Essa corda está em volta de você, não está?

Sim - ela respondeu fracamente.

Yi-fan apressou-se em puxar a corda e logo avistou os cabelos espessos e morenos de Elisabeth.

Obrigada - ela disse por fim.

Ele retirou a corda de sua cintura e ambos partiram para o convés. Tomando cuidado para permanecer nas sombras e não fazer barulho além de suas baixas porém descompassadas respirações.

Qual o seu plano?

Não tenho certeza - ele respondeu enquanto se escondiam atrás de uns barris de madeira - Não planejei esta parte, mas creio que possamos conseguir um barco de escape.

Não pensou na fuga? - ela exclamou preocupada - Que tipo de herói não tem um plano?

Eu não sou um herói, apenas não queria ser culpado pelo seu desaparecimento.

Eles seguiram esgueirando-se pela lateral da embarcação.

Ali está - ele apontou para um pequeno barco de madeira pendurado por largas cordas e roldanas - Nossa passagem para fora daqui.

Repentinamente um canto foi escutado, algo solitário e asqueroso.

Ele está - Elisabeth não concluiu sua frase então o vampiro a prosseguiu.

Cantando. Nosso capitão barbudo canta para passar o tempo.

Ele deveria deixar a bebida de lado - ela falou quando começaram a soltar as cordas do barco, ambos assustados com a possibilidade de serem pegos - Se quiser seguir com a vocação de cantor. Esse rum deve ter feito um tremendo estrago em sua garganta.

Por fim baixaram o bote o suficiente para embarcar. Uma chuva fina se fez presente, tão fria que chegava congelar a alma dos inocentes.

Hey! O onde pensam que vão?

Um capanga com um esfregão avançou em direção a eles, tudo que Yi-fan pode fazer foi cortar as cordas com um facão que achou a bordo e gritar:

Para nossa liberdade marujo!

 

-~-~End~-~-

Tentando espairecer, Penellope e eu decidimos caminhar em torno da mansão. Não chegamos longe e paramos para conversar ao lado de algumas árvores caídas.

Eu sinto muito por seu tio, End.

Obrigada - agradeci quando sentei-me ao lado da loira, em um tronco caído.

Eu pensei que vocês fossem mais assustadores - ela riu - Mas na verdade vocês são uns amorzinhos.

Como assim?

Vocês me receberam muito bem e quando eu conversei com Lay - ela soltou um leve suspiro - Ele falou que eu não era bem vinda e que seria perigoso me aproximar da mansão.

Ele tem razão - Olhei para as folhas caídas no chão, estavam cobertas por uma leve geada - Contudo, estão todos abalados pela morte de meu tio então os poucos que permaneceram na mansão não devem ter te notado.

End?

Sim.

Promete que não haverá mais segredos entre nós? - ela olhava em meus olhos seriamente.

Sim, prometo - porém, eu teria que contar sobre minha maldição, o que não seria nada fácil - Penellope?

Sim? - ela soltou um leve sorriso - O que foi, amiga?

Ela está pensando na maneira mais fácil - Olhamos para alguns metros à nossa frente, era o demônio que matou meu tio, Hyuna - De lhe contar que tem uma maldição.

-Quem é essa? - Penellope perguntou. 

Penellope e eu ficamos de pé, me preparo para enfrentar a mulher alada que usava um vestido tão preto quanto suas penas, já Penello colocou as mãos na cintura indignada.

Onde estão meus modos? - ela estendeu suas asas, às batendo para se aproximar rapidamente - Sou Hyuna, filha da própria maldade ou seja princesa do submundo.

Querida - Penellope começou, não estou gostando disso, a demônio pode acabar com ela em segundos - Você pode até ser princesa da idiotolândia se quiser, mas aqui, você é só uma galinha de macumba.

Se eu fosse você cuidaria de sua amiga - ela olhou para mim  enquanto jogava seus cabelos pretos e lisos por sobre o ombro -  Ela não sabe com quem está falando.

A princesa das sombras caminhou em nossa direção, tentei puxar Penellope para trás de mim, contudo ela resistiu.

Não se preocupem - Hyuna analisou as próprias unhas pintadas de esmalte vermelho berrante - Estou bem alimentada e só vim aqui para deixar um recado.

Se tem haver haver com o Kris, diga-lhe que não estou intimidada - falei retirando o máximo de coragem que eu conseguia naquele momento.

Olha… Você acertou - A demônio bateu falsas palmadas enquanto soltava um riso perverso - Kris só quis avisar, que enquanto você não se entregar…

Se entregar? - Penellope a interrompeu rindo - A gente não nasceu ontem, porque ele acha que nos entregamos assim? só porque uma franga preta apareceu para nos intimidar? Sem chance!

Hyuna olhava mortalmente para a loira, antes que eu pudesse fazer algo ela  estendeu uma de suas mãos em nossa direção, foi como se um grande peso nos empurra-se para trás, fazendo-nos cair perto do tronco que antes estávamos sentadas.

Você mexeu com a garota do salto 18 errada! - Penellope gritou enquanto retirava um pouco das folhas secas que haviam grudado em sua roupa devido a queda.

Melhor você se acalmar loira - Hyuna bateu suas asas e levitou um pouco acima do chão -  Ou irei leva-la como brinquedo para meus cães infernais!

Parem já com isso! - Vociferei, fazendo ambas fitarem-me - Diga logo o recado de Kris e caia fora daqui, você não é bem vinda, demônio.

Gostei, amiga! - Penellope sorriu com minha alteração - Vamos colocar esse despacho para correr!

Hyuna ficou séria, alternando o olhar entre nós duas então voou até um galho de uma árvore onde sentou-se com as pernas cruzadas.

Melhor entregar-se lobisomem - ela riu - Ou seu tio será apenas o primeiro da lista dos que morreram por sua causa.

Fiquei pensativa por um breve momento, todavia quando fui me pronunciar ela riu malignamente e vociferou:

Ah eu tinha me esquecido! Seus pais foram os primeiros a falecer por você!

Isso não é verdade - Penellope tentou me defender - Eles morreram em um acidente e ela era pequena!

Diga para Kris - não queria lembrar de meus pais e das acusações de todos contra mim - Que eu irei encontrá-lo em breve, não precisa ferir mais ninguém.

Não! - A loira virou-se para mim - End, você não pode!

Antes de Hyuna alçar voo ela falou:

Kris ficará muito feliz com essa linda notícia.

g

~-~-~Bang Yongguk~-~-

 

-  Não acredito que você nos arrastou até esse bando de pulguentos - Himchan reclamava desde que saímos de minha cobertura em Gangnam.

- Pela milésima vez, Himchan - Virei-me para ele, estávamos à apenas alguns passos da entrada da mansão do clã do sul - É nosso trabalho como investigadores do conselho, então vamos fazê-lo!

- Eu preferia estar em um spa cuidando da minha linda pele - Ele tocou em seu peito, dramatizando.

Juntamente a nós dois, Daehyun estava inquieto alguns passos mais para trás. Eu havia deixado Maya com os outros três, YongJae, Jungup e Zelo, que ficaram mais que felizes em não ir para a missão e cuidar da doce lobisomem.

Feiticeiros? - Um lobisomem, de pele morena, alto e cabelos cor-de-rosa perguntou.

Sim - Comecei a explicar a situação - Viemos devido ao aparecimento de Hyuna e da morte do líder, o conselhos nos enviou para descobrirmos o novo responsável e relatar o ocorrido.

Era sempre um procedimento padrão, colher informações, interrogar e depois relatar tudo para o conselho, contudo agora eu estava preocupado, não era um simples procedimento. Corria o risco de cruzar com End e depois de ela ter negado ajudar Maya… Não sou responsavel do que posso dizer para ela.

Ah sim - O lobisomem baixou a cabeça, provavelmente lembrando do falecido líder - Me acompanhem por favor.

Seguimos o lobisomem pelos belíssimos corredores da mansão, até darmos de frente com uma porta dupla de madeira escura.

Este é o escritório do líder… - ele parou repentinamente, parecia repensar as palavras - Do filho do nosso ex líder, Zhang Yixing.

O escritório era abarrotado de livros e esculturas antigas. Atrás de uma linda escrivaninha de madeira escura.

Perdão se não viemos em boa hora - comecei me desculpando, o lobo de cabelos morenos e cacheados lia um grosso exemplar de capa de couro - Mas o conselho nos fez vir rápido, já que se trata de Hyuna…

Eu entendo as circunstâncias - Ele finalmente olhou para nós - Está tudo bem.

Então vamos ao trabalho - himchan exclamou.

~-~- Penellope -~-~

 

Ainda não acredito no que aquela galinha de macumba fez comigo e minha melhor amiga. End e eu voltamos para a mansão logo após a partida da mulher demônio de vestido curto.

Você não pensa em fazer aquilo, né? - Pressionei ela, não posso deixar ela se entregar assim, acabei de recuperá-la de um sequestro.

Me entregar? - Ela fez uma longa pausa, nada animadora - Vou, não posso deixar mais ninguém se ferir por minha causa.

Você está maluca se acha que eu vou deixar!

Penellope, eu não quero que ninguém se machuque por minha causa.

Nem que eu tenha que te amarrar a uma dessas árvores - fiz um gesto amplo para a floresta ao nosso redor - Eu não vou permitir que você faça isso!

Pra que tanta gritaria? - ele esfregou os olhos inchados de sono - Esses gritos todos me acordaram.

Era o amigo loiro de End, como era mesmo o nome dele…? Suga…?

Nada - End apressou-se a dizer porém mesmo eu não gostando muito desse amigo antipático ele me ajudaria a mantê-la aqui.

Encontramos aquela galinha de unhas vermelhas e ela falou…

Quem?

Não interrompa uma diva enquanto ela faz seu monólogo - repreendi - Como eu ia dizendo, aquela demônio quer que End se entregue para esse tal de Kris.

O quê?

Não é nada, Yoongi - ela falou exasperada - Eu…

Hyuna esteve aqui? - Ele perguntou.

Seu raciocínio é lento, amorzinho - ri um pouco - foi isso mesmo que eu falei, ela esteve aqui e End quer correr para os braços desse cara.

Você não vai! - Ele olhou sério para minha amiga - Você quer mesmo fazer isso com o Lay? Ele acabou de perder o pai e se quer que ele te perca também?

Vi que End ficou bem pensativa, contudo ela apenas abaixou a cabeça e seguimos para a mansão.

 

~-~-Lay-~-~

Com a morte de meu pai o grupo de feiticeiros do conselho resolveu aparecer, para cuidar de toda a parte burocrática e investigativa. Saímos do escritório de meu… Meu novo escritório e seguimos para a biblioteca. Mas fomos surpreendidos no meio do caminho com um Yoongi repreendendo minha prima.

O que aconteceu? - interrompi.

Nada! - End falou irritada.

Adivinha - Yoongi começou afastando os fios loiros de seus olhos - Hyuna apareceu, e convenceu End a se entregar para o vampiro.

A demônio apareceu? - o feiticeiro de voz mais grave perguntou - Isso já passou dos limites.

Concordo - emendei - End, você não sai mais sem supervisão.

Você não pode fazer isso - ela gritou e pude ver que sua amiga mundana surpreendeu-se.

Agora eu sou seu responsável - sou o único parente de End neste mundo - Então eu não apenas posso como vou!

O silêncio predominou o corredor da mansão e só foi quebrado quando o feiticeiro de cabelos pretos e arrepiados falou para seu amigo de cabelo castanho.

Dahyun, vamos esperar na sala? - ele virou-se para o terceiro feiticeiro que estava ao meu lado - Você pode entrevistar eles sozinho, né?

End venha conosco - Falei, seguindo pelo corredor até a biblioteca.

Precisamos da loira também - o feiticeiro, Yongguk, informou.

No lugar abarrotado de livros o silêncio predominou por alguns instantes até eu decidir quebrá-lo:

Penellope, poderia nos contar o que aconteceu?

End limitou-se a revirar os olhos e sentar-se no sofá de braços cruzados.

Ela explicou o que aconteceu, incluindo os mínimos detalhes, até mesmo a cor do esmalte de Hyuna.

Certo - virei-me para o feiticeiro que escutou tudo atentamente, volta e meia lançando olhares singelos para minha prima - Poderia nos ajudar?

Feitiço de proteção? Claro, meus amigos e eu podemos cuidar disso...

Ele foi interrompido devido ao forte barulho de algo estatelando-se no chão. Penellope havia derrubado uma das esculturas da sala.

Desculpa!

Está tudo bem - falei a observando, quando nossos olhares cruzaram-se ela desviou rapidamente - Não tinha tanto valor.

Seguimos discutindo a respeito de segurança e as meninas saíram da sala quando entramos no quesito “ minha iniciação como líder da alcateia”.

 

~-~- Tao -~-~

Eu estava em meus aposentos do esconderijo de Kris, banhando-me. Ele estava me evitando, chamando qualquer outro para atendê-lo, menos a mim. Decidi aliviar minha tensão, molhando uma toalha e passando em minha nuca. Os filetes escorreram por meu pescoço até minhas costas desnudas. Meu corpo inteiro estava marcado pela punição de meu vampiro, roxos, cortes, arranhões e vergados desde meus tornozelos até meu peito e braços.

Eu me arrependo tanto…

Observava-me no pequeno espelho à cima da pia. Decepcioná-lo é pior que todas as atrocidades que posso imaginar, apenas aguardo seu perdão.

Para assim poder voltar a ter seu olhar preso ao meu, nem que seja por míseros segundos.

 

~-~-Himchan-~-~

 

Um tédio completo, estava olhando para a cara do Daehyun ficamos ali enquanto o Yongguk estava naquela biblioteca com o líder da alcateia. O moreno olhava todos os detalhes da sala de estar, analisando a lareira que deveria caber um carro inteiro dentro, até a mesa de centro.

Ui balinhas!

Revirei os olhos para a alegria do mais novo que notou um pote com caramelos na mesa de centro.

Eu não acredito nisso Hoseok!

Você roubou meu bolo!

Dois lobisomens adentraram o lugar, discutindo entre si.

Em primeiro lugar - o ruivo levantou seu indicador de sua destra - Não tinha seu nome no bolo.

Mas era meu! Eu comprei.

Eles nem ao menos notaram nossa presença e os gritos só aumentavam.

Em segundo… - Agora dois dedos levantados e sua outra mão na cintura - O mundo não vai acabar por causa de um pedaço de bolo!

Mas era de chocolate, Jimin!

E terceiro! - ele fez um movimento de cabeça quando levantou o próximo - eu tenho mais dois dedos para enfiar na sua cara se você não parar com essa viadagem!

Você tem razão - o moreno falou chorando - É nossa relação que vai acabar e não o mundo.

Ele saiu correndo da sala, com mais lágrimas escorrendo.

O ruivo e baixinho, Jimin, finalmente notou nossa presença e então falou:

Ele está perto do cio… Malditos hormônios...

Finja que nem estamos aqui - Dae falou enquanto pegava mais um punhado de balas - Só vou pegar mais essas e… Okay, mais um pouco.

O ruivo saiu a fortes pisadas e eu fiquei ali encarando meu amigo novamente, torcendo para que Yongguk voltasse logo para cairmos fora daqui.

 

~-~Zelo~-~

 

-Girafinhaaa!

Peguei a menor e coloquei em minhas costas, estávamos brincando já fazia horas. Jungup estava trocando de roupa no banheiro e Yongjae estava fazendo nossa janta. Yongguk havia nos chamado para cuidar da pequena loba enquanto ele e os outros hyungs foram a mansão dos lobisomens do sul.

Estão prontas crianças? - Jungup falou de dentro do banheiro da sala do hyung mais velho.

Siiim! - Maya e eu respondemos juntos.

repitam mais uma vez!

Estamos prontos! - falei bem alto e a pequena riu.

Então aqui vai a fada Sa!

Quando o mais velho abriu a porta eu não pude acreditar, seus cabelos cor de salmão estavam cobertos por flores lilás, usava um vestido de tule roxo e em volta de sua cintura com um cinto trançado de cipó verde limão.

Sou a fada Sa - Ele segurou o vestido e fez um leve reverência, girou sua varinha com ponta de estrela roxa com purpurina - A Safada.

Cheguei me curvar de tanto rir, contudo Maya nem percebeu a falta de inocência no nome da personagem de Jungup e correu para o mesmo abraçando-o.

Acho bom vocês não estarem ensinando coisa errada para essa menina - Jae hyung gritou da cozinha - Yongguk vai nos matar se ela aprender algo indecente!

Você quer voar como uma fada, Maya?

Quero, Uppie!

Ele balançou sua varinha brilhante com uma mão e com a outra usou a verdadeira magia de feiticeiro, fazendo ele e a pequena loba flutuar a centímetros do chão.

Também quero! - exclamei chegando perto deles.

Eu sou uma fada! - Maya disse se debatendo no ar para se virar para mim, parecia que eles estavam em gravidade zero.

Só falta ter asas tão belas quanto as minhas - Meu hyung falou enquanto virava uma cambalhota no ar, ficando tanto de cabeça para baixo como de costas para nós, mostrando suas asas feitas com tecido e glitter.

Estava indo tudo perfeitamente bem, já era possível sentir o cheiro da comida ficando pronta e risadas da parte de todos, principalmente da pequena, porém a felicidade acabou quando Maya me abraçou e disse manhosa:

Não estou me sentindo bem girafinha…

O que houve, pãozinho de mel? - apelidei-a assim devido a seus cachos na mesma tonalidade do produto das abelhas.

O que aconteceu? - Yongjae falou vindo da cozinha - Jungup não me diga que ela bateu com a cabeça ou se machucou de qualquer forma devido a sua brincadeirinha de voar pela sala de Yongguk!

Acho que não foi isso - comentei enquanto deitava o pequeno corpo em meu colo - O hyung falou que ela iria precisar se outros lobos… E se for isso?

Então temos que levava para onde ele está! - o ruivo e mais sábio falou enquanto tirava o avental de culinária sujo de condimentos - Neste momento ele está cercado de lobos, vamos rápido!

Jungup estava se dirigindo para o banheiro, provavelmente para trocar sei vestido por uma roupa mais confortável.

Up - Jae colocou sua jaqueta de couro que antes estava jogada no sofá preto - Infelizmente não temos tempo para te esperar, pode cuidar das panelas na cozinha para mim?

Você quer que eu observe elas fazerem nada? Não vão criar pernas e fugir…

Não é isso - ele abriu a porta que dava para o hall do elevador - Apenas não deixe a comida queimar.

Saímos apressados dali, Maya estava encolhida em meus braços. Partiu meu coração ver seus olhos castanhos úmidos pelas lágrimas.

Já vamos resolver, pãozinho de mel.

Obrigada, girafinha.

Anda logo - escutei Jae falando com o elevador que custava a chegar na cobertura - Não tenho o dia inteiro.

Quando chegamos a frente do apartamento e estávamos para pedir um táxi, já que Daehyun não estava conosco para nos teletransportar para nosso objetivo, então um escalade  preto parou bem em nossa frente.

Olá meninos - Lee Chaerin, a ex namorada de Yongguk e também integrante do nosso grupo de feiticeiros, desceu do carro antes que o motorista a ajudasse - O Guk está…? Quem é essa?

Ele não está - Jae respondeu - Essa é Maya, ela precisa de ajuda, seu carro é rápido?

Ele não é rápido - ela sorriu - Ele é mágico, me digam o destino e estaremos lá em um piscar de olhos.

Obrigado agradeci enquanto ajeitava melhor a pequena em meus braços, agora ela estava adormecida, o que era preocupante.

Todos entramos na traseira do imenso carro de luxo e o motorista, que era um zumbi trajando terno e chapéu a caráter, se postou atrás do volante.

Segurem firme - Cl anunciou- Zumbis são lerdos, contudo quando dirigem…  São absurdamente rápidos.

Dito e feito, o carro acelerou ao máximo antes de um piscar de olhos, exatamente como um avião alçando vôo, foi possível notar quando as rodas já não estavam no chão, os carros na estrada abaixo de nós ficavam cada vez mais pequenos pela janela.

Então - Chaerin estava ao meu lado no banco - tornaram-se babás?

Na verdade o Yongguk que virou pai - Jungup contou.

Eu não estava afim de conversar, meus pensamentos era apenas preocupações com a mais nova. Contudo o carro não ficou em silêncio a feiticeira e os outros dois conversavam animadamente sobre acontecimentos recentes e sobre os “velhos tempos”.

O carro estava mais alto que as nuvens e já era possível notar o alto da montanha dos lobisomens, nosso destino. Apenas torço para que Maya fique bem.

~-~-Penellope-~-~

End estava brava comigo e ela seguiu para seu quarto, pelo jeito não me queria por perto depois de eu contar para todos seu plano de se entregar. Ponderei minhas opções e decidi andar um pouco pela mansão, estava bem silenciosa com exceção que em um breve momento duas vozes distintas discutiam por perto, porém logo extinguiu-se.

Os corredores eram extremamente parecidos, escuros, iluminados por candelabros de bronze, a única coisa que era possível distinguir eram as obras de artes, quadros e esculturas alternados e que pareciam ser de tempos diferentes.

Não acredito que eu fiz isso - falei para mim mesma, enquanto me lembro  do incidente na biblioteca.

Eu estava tentando não observar excessivamente o primo de End, algo nele me atraia como se fôssemos pólos opostos. Talvez fosse suas covinhas adoráveis, ou seu lindo cabelo cacheado e castanho, mas eu não conseguia parar de analisá-lo.

Então eu observei a estátua de cavalo da estante, tentando me distrair, fiquei de frente para a estante onde ela estava, porém sua posição não estava boa, quando fui puxá-la um pouco mais para a esquerda a deixei cair, partindo-a em muitos pedaços.

Nunca fiquei nervosa perto de garotos antes, a algo em Lay que me afeta como vinho tinto, talvez o ideal seja evitá-lo no lugar de passar vergonha.

Está perdida?

Não acredito que meus pensamentos fizeram com que ele aparecesse, como se eu o tivesse invocado. Girei em torno de meus tornozelos, ficando frente a frente com um Lay de roupas brancas, leves e soltas, parecia um pijama porém bem decorado.

Anh… O quê?

Aparentemente não consigo falar algo decente, ele estava sorrindo levemente.

Se perdeu pelos corredores? - ele deu dois passos, ficando bem mais próximo, me olhando de cima, mesmo com meu salto ele era mais alto - O quarto de End é lá em cima.

Não estou procurando o quarto dela… Me desculpe pela estátua...

Comecei a mexer desesperada em meu cabelo, tentando arrumar uma distração. Por que estou me atrapalhando tanto para falar?

Não tem problema, meu pai nunca gostou muito daquela estátua e eu pretendo mudar algumas coisas no escritório, agora que ele é meu.

Se precisar de dicas de decoração pode me pedir - Dicas de decoração? Que diabos eu estou falando, não consigo ser decente com ele - Conheço uma loja que vende um papel de parede peludo e azul lindo!

Onde eu consigo uma arma para atirar em mim própria? Estou estragando tudo.

Creio que um papel de parede peludo não é meu estilo - ele riu um pouco o que aliviou minha tensão - Vai ficar para a cerimônia?

Que cerimônia?

Minha “coroação” como novo líder - ele fez aspas com as mãos.

Não estava sabendo - dei de ombros - Se tiver comida pode contar comigo!

Sua doce risada novamente.

Terá sim. Jin faz um cordeiro ótimo, sugiro que experimente cedo, os membros da alcateia acabam rápido com esse prato.

Ficamos jogando conversa fora, notei que ele estava cabisbaixo porém ria de minha piadas e arriscava-se com as dele. No final não foi tão difícil interagir com o moreno, ele me deixava nervosa, acelerando meu coração e corando meu rosto, contudo ele fez a conversa ficar leve e divertida.

 

-~-~End~-~-

Já estava escuro quando a cerimônia começou. Normalmente quando um novo líder assume é motivo de festa, porém nesse caso, com a morte do ex líder nem todos comemoram. Muitos lobos ficaram em suas casas particulares, compareceram meia dúzia e mais os que moram na mansão dos lobos que não são muitos.

Penellope estava conversando normalmente, ela era corajosa para uma humana ou apenas não tinha se dado conta que estava rodeada por lobos que não gostam de socializar com outra espécie.

Olhei em direção a Lay, ele estava vestido com as roupas cerimoniais brancas, estava sério mas transmitia um olhar confiante, provavelmente o mantra que ele passava em sua mente era que seu pai estaria orgulhoso.

Havíamos arrumado no espaço atrás da mansão algumas mesas para colocar as comidas e luzes penduradas nas altas árvores. Mesmo sendo início do inverno, a temperatura não estava tão fria, nos permitindo usar casacos mais leves.

Notei que Hoseok e Jimin estavam se evitando, assim como Penellope e eu. Já Namjoon e Jin permaneceram todo o tempo de mãos dadas.

Levantei do banco onde estava sentada e fui me servir de um pouco de água.

Como você está? - Taehyung perguntou, do outro lado da mesa de bebidas.

Não muito bem, eu acho - Fui sincera.

End - ele olhou em meus olhos - Posso pedir uma coisa?

Claro.

Não se entregue, não apenas por você mas por Lay também.

Me limitei a abaixar a cabeça e olhar a água em meu copo.

Não posso deixar...

Me desculpem - uma voz feminina veio de minha esquerda - Qual de vocês é Zhang Yixing?

Sou eu - Meu primo respondeu a intrusa que vestia uma calça jeans juntamente com um casaco verde - Quem é você?

Sou Zhang Ninra - ela afastou os cabelos castanhos do rosto e notei uma grande familiaridade - Sua irmã, Yixing.