História The Nanny With Benefits - Não costumo sair em quintas

  Point Of View - Hailee Caribe Steinfeld.
  Condado de Kings, Brooklyn - Bishop Kearney High School; 14:06

Finalmente o sinal estridente, anunciando o fim das aulas do dia, soa. Como de fato, uma maravilhosa melodia para os meus ouvidos afetados pelas demasiadas vozes em conjunto, que faziam com que todo o meu eu clamasse pelo doce silêncio da minha casa. 

Recolho o meu material já organizado em cima da mesa, enquanto ao meu lado direito ouço nitidamente Samantha Dothem dizer o quanto algum garoto é lindo e acrescentar gananciosamente o absurdo preço de seu vestido novo, entre outros assuntos fúteis, como ela.

Não que eu seja o tipo de garota excluída deste mundo juvenil feminino, ou do gênero que usa preto para tudo, e que a cada olhar distinto use seu dedo do meio à sua defesa. Longe disso.

Em uma escala de patricinhas à problemáticas, eu me considero normal. Nada de extravagante me acontece, pelo contrário, tento sempre não chamar a atenção. Isto não é o meu forte. 

— Cuidará do Billy hoje? — me pergunta Chlöe, assim que saímos da sala desorganizada, que se eu não estivesse sedenta por minha casa, arrumaria em ordem alfabética, se possível. 

Billy é um garotinho de 7 anos, do qual cuido ou cuidava, às quintas, por seus pais saírem toda semana neste exato dia, no mesmo horário. Não que isto me incomode ou seja da minha conta.

— Não, seus pais e ele viajaram a Londres e ficarão com os avós maternos dele por alguns meses. — informo, talvez mais do que o necessário. 

— Então não fará nada hoje? — ergue sua sobrancelha direita, enquanto redobra sua atenção aos degraus da escada larga e clara. 

— Não costumo sair em quintas. — afirmo e a mesma me direciona uma risada nasal. Falei algo engraçado?

— Você fala como se eu não soubesse. — ela realmente ri como se isto fosse realmente uma piada. 

— Então, por que se deu ao trabalho de perguntar? — ironizo e ela dá de ombros. Chlöe é minha melhor amiga, talvez por ser a única que consigo confiar ou simplesmente aturar. Somos amigas desde a quarta série, quando por desleixo ela bagunçou toda a sua mesa e eu a dei um sermão, que só a causou fortes risadas, e desde então estamos juntas. 

Depois de alguns minutos caminhando, paramos na frente da minha casa, nada luxuosa ou com grandes modernidades arquitetônicas. 

Chlöe me olha, piscando freneticamente seus claros e invejáveis olhos, de forma bem rápida, que me causa uma grande, mas  não concedida, vontade de rir. 

— Você quer entrar? — pergunto, mesmo já sabendo a sua resposta. Também sei que não é por mim que ela quer ficar, e sim pelo meu irmão mais velho, Aaron, o qual a rouba fortes suspiros. O tal "crush" adolescente.

— Não sei. — olha para os lados, em um falso desinteresse. Reviro meus olhos.

— Ah, pare de se fazer de difícil. — a puxo e abro a porta, adentrando a casa perfeitamente organizada. Tenho problemas com lugares desorganizados, meu pai mesmo me diz que tenho alguma síndrome esquisita de limpeza, e eu concordo com ele. Mas é algo que preservo em mim. 

Subimos para meu quarto, e do mesmo era possível ouvir a voz de minha mãe e meu irmão, que provavelmente estão no quarto a frente. 

— Ah meu Deus! Ele está aqui! — passa suas mãos desesperadamente por seus cabelos e eu guardo minha mochila em meu armário. Preciso organizá-lo...

— Ele mora aqui, Chlöe. — ela me mostra sua língua e se joga em minha cama. — para uma garota de dezesseis anos, você aparenta ter sete.

— E para uma garota de dezesseis anos, você aparenta ter quarenta! — sou quase que obrigada a rir e me deito ao seu lado. 

— Você deveria falar com ele. — dou de ombros, observando as estrelinhas que brilham no escuro, grudadas em meu teto, de tom bege limpíssimo. Talvez eu seja doente, mas olhe pelo lado bom, se Harvard não me aceitar já tenho uma ótima vida de doméstica me esperando. Você é péssima, Hailee.

— Não sou boa o suficiente. — suspira. 

— Para falar com ele? — sou irônica, mas entendo o que ela quis dizer. 

— Não, idiota, para ele. — ela bate em meu ombro, mas nada que me cause uma dor alarmante. 

— Já eu acho o contrário. — faço uma careta. 

— Ele é seu irmão, não fale assim. — repreende humorada. Olha só, minha melhor amiga defendendo o meu irmão.

— Sim, ele é meu irmão, por este exato motivo eu estou falando. — não é verdade, Aaron é bem diferente dos outros, que odeiam e maltratam suas irmãs mais novas. Na verdade, ele é bem carinhoso, mas afinal somos irmãos; tem de haver uma certa provocação. — você realmente deveria ir lá falar com ele, ao invés de ficar suspirando pelos quatro cantos da casa.

— Eu não saberia o que falar. — morde os lábios pensativa. 

— Fácil, fale "oi". — Sugiro e ela nega. — eu vou te empurrar até lá. — ameaço. — Você está a dois anos na mesma, Chlöe. — ela se levanta, e na mesma velocidade me sento na cama, a olhando surpresa. 

— Eu vou. — diz confiante, mas seu semblante é de puro nervosismo. 

— Vai? — franzo meu cenho desacreditada e ela assente. — Não pensei que daria certo. — sorrio e seu celular toca. Chlöe o pega em mãos, vendo de quem se tratava a chamada, logo em seguida revirando seus olhos sem uma boa quantidade de melanina e atendendo a ligação. 

— Fala, Nina. — seu ânimo perante a ligação é menor que o meu interesse por seriados sobre culinária. Ela realmente não gosta da sua tia, mas é obrigada a conviver pois é sua única parente próxima que lhe resta. — Eu não sei se ela estará livre amanhã. — remexe seus cabelos e volta seu olhar para mim, balançando sua perna direita. — Calma aí. — retira o aparelho bem mais extravagante e chamativo que o meu, de suas orelhas. — Haiz, a Nina está perguntando se você estará livre para cuidar de uma criança amanhã? - paro para pensar e concluo que realmente não faria nada pelo resto da semana. — PARE DE GRITAR! — se exalta a loira e faço uma careta que julgo ser engraçada, para sua frase que foi um tanto quanto hipócrita, pois a loira acabara de fazer o mesmo. — Ela está dizendo que o chefe dela pagará o dobro do que recebe normalmente. — não sou muito ligada no dinheiro, mas fala sério, quem não gosta?

— Tudo bem. — digo e assim ela repete minha frase para sua tia, a qual creio que pede meu número e Chlöe o passa.

Acho que meus pais  não verão problemas, já que metade do dinheiro sempre fica com eles, não por me obrigarem e sim por eu mesma ceder. 

— Amanhã, às seis. — me avisa. — Ela irá te mandar uma mensagem. — concordo e Chlöe volta a carregar sua expressão nervosa. — Eu vou. — respira quase todo o ar do quarto e dá pequenos pulinhos, me causando algumas fracas risadas. 

— Que a força esteja com você. — recito, a mandando uma piscadela e me levanto saindo do quarto junto a mesma, mas seguindo um rumo diferente; a cozinha. Guiada pelo cheiro maravilhoso que vinha do local. Mas meus pensamentos se mantinham no dia de amanhã. 

Sempre fico apreensiva quando tenho novos clientes. Nunca sei ao certo como agir com novas pessoas, que certamente possuem personalidades diferentes, as vezes dóceis, muitas não...

Espero que esta criança colabore, e que eu também.