História The New Mockingjay - Segunda Temporada - Monster

 1- Barry Skycutter & Enobaria Delilah; 2 – Roo Canwarn & Fannia Otto.

-Vamos entrando, temos de chegar antes do amanhecer. – Boggs nos conduz para dentro de um Aerodeslizador 8K-PM, um modelo para viagens longas, conhecidos como Casas-Voadoras, por possuírem desde alojamentos até uma cozinha. São 20:00 da noite, e nossa provável hora de chegada ao destino será às 05:00 da manhã.

Eu e a equipe de resgate nos acomodamos nos alojamentos e com o som dos motores ligando, a viagem se inicia. Nesses 4 dias que tivemos antes da nossa primeira missão, no Distrito 10, que deve ser libertado primeiro pela grande quantidade de recursos alimentícios que possui, iniciamos um treinamento pesado, onde tínhamos de combinar nossos ataques, ficarmos seguros, sermos gravados, e concluir a missão. As simulações tem funcionado muito bem, e me demonstrei uma ótima dupla para Jason. Suas chamas normalmente são esparsas (Isso acontece quando ele não está concentrado, ou seja, quase sempre), e através de formas cônicas ou cilíndricas que eu crio com meu Aether, conseguimos canalizar seus ataques.

Eu também desenvolvi uma forte amizade com Pearl. Ela tem 72 anos, mas com as drogas que a Capital a fez usar se parece uma mulher de 20 anos. Pelo tempo de vivência ela tem muito o que contar, mas o mais impactante foi a edição que ela participou dos Jogos Vorazes. Foi a 17ª edição, e rebelião ainda estava fresca na memória das pessoas, o que fez elas planejarem um novo ataque. Enquanto Pearl estava nos jogos, ao lado dos Carreiristas, com seus 16 anos, tudo ocorria bem, e ela acreditava que um de seus aliados ganharia. Até que a nova rebelião se iniciou, logo após o Tributo masculino do Distrito 1, o mesmo de Pearl, ter morrido. Ela e os dois tributos do 4 formavam a Aliança carreirista (Os dois tributos do 2 traíram os carreiristas e foram mortos), e já estavam quase ganhando, faltavam apenas dois inimigos.

Foi então que a nova rebelião, liderada pelo Distrito 1 começou, mas logo foi contra-atacada pela Capital, e Pearl recebeu um paraquedas com um bilhete, em que dizia que se ela perdesse, toda sua família morreria. Isso faria o Distrito 1 parar a rebelião para ajudar a sua tributo. Funcionou, a rebelião cessou, e Pearl agora carregava o peso de sua família nas costas, mas como ela iria ganhar de 4 inimigos, sendo que era a mais fraca deles? A resposta veio em uma noite, quando ela estava de vigia, o canhão soou duas vezes, os dois adversários restantes haviam morrido, agora só faltavam seus aliados. Chorando, ela cortou suas gargantas enquanto dormiam e se tornou a vencedora.

-Eu fiz coisas horríveis lá, manipulei as pessoas, tudo para salvar minha família, não sei se sou um monstro ou uma heroína. Depois eu me tornei a garota propaganda da Capital. – Ela me disse, mas eu sabia que a Capital a destruíra muito mais, assim como fez a mim.

Nesse momento, estou na sala de estar do Aerodeslizador, sentado ao lado de Gale. Os outros devem estar fazendo algo para comermos ou dormindo.

-Você está com medo né? – Gale pergunta.

Encosto minha cabeça em seu ombro e suspiro.

-Depende, estou com medo de várias coisas, mas também quero enfrenta-las, o meu maior medo é do...

-Vazio. – Ele completa minha frase. – Eu sei, eu também tenho medo de encontrar no 10 o mesmo que vi no Distrito 12, ruas vazias, sem vida, nada além de montes de cinzas.

Apenas fico em silêncio, minha cabeça desliza para seu colo, e ele acaricia meu cabelo, tomando cuidado, como se mexesse em algo precioso que poderia quebrar a qualquer segundo.

-Peeta, quando chegarmos lá, não pode ficar se preocupando com todo mundo, vai ter de se concentrar na missão.

-Metatron irá cuidar de todos por que eu quero que ele cuide.

-Eu não confio no Metatron.

-Ei, eu ouvi isso.

Calma, talvez ele não tenha falado por mal.

-Por que todo mundo acha que eu sou o vilão?

-O Metatron não gostou do que você falou...

Gale franze as sobrancelhas e fica me olhando como se tivesse dito a coisa mais sem sentido do mundo.

-Ah é? – Gale sorri – Vamos ver então se ele gosta disso aqui.

Ele começa a fazer cócegas em mim, principalmente na área da barriga e cintura. Rio descontroladamente igual uma criança até cair no chão e ele cair por cima de mim.

-Para!

-Só se você pedir “Por Favor”! – Ele continua com as cócegas fazendo-as com mais força.

-Por fa... – Dou um espasmo de risadas – Para!

As mãos de Gale são envoltas por uma esfera de Aether e seu corpo perde apoio, caindo sobre mim. Nossos corpos ficam colados e os lábios muito próximos. Imediatamente fico vermelho, e passo a minha mão sobre as esferas, desfazendo-as. Nos afastamos lentamente, voltando a sentar no sofá.

-Desculpa, é que Metatron me obedece, e ele deve ter entendido de modo literal. – Tento sorrir um pouco para quebrar o clima.

-Não foi nada.

-Na verdade eu fiz aquilo por que eu não gostei do que ele falou.

Metatron, fique quieto!

Por sorte, Pearl aparece, quebrando o clima estranho que havia ficado entre eu e Gale.

-Ei Peeta, pode ir ali na cozinha? Vênus quer falar com você.

Concordo com a cabeça e me dirijo a porta da cozinha. Pearl está fazendo alguns tipos de saladas e Jason está com pedaços de carne em uma panela, e suas mãos emanam chamas sobre o alimento. A cena chega a ser engraçada.

-O que foi? – Ele me olha sorrindo – Sou mais eficiente que esses fogões do 13.

Do outro lado da cozinha, que se resume a um corredor comprido, está Vênus, sentada junto de uma pequena mesa, e com um vidro na mão, os tablets do 13. Paro ao lado dela e começo a olhar as diversas imagens que o aparelho disponibiliza.

-Eu queria te mostrar a planta da prisão do 10. Cada distrito tem uma prisão com particularidades, e o nosso alvo atual tem dois problemas.

-Por que nós simplesmente não entramos lá, tiramos os prisioneiros e deixamos os Aerodeslizadores bombardearem tudo? – Jason se vira para nós enquanto fala, assim como Pearl.

- Todas as prisões tem escudos – Vênus digita comandos, e um vídeo é reproduzido em uma TV na cozinha. – Ataques aéreos só funcionarão se entrarmos lá e explodirmos os reatores, que é o mesmo que explodir o local inteiro.

O vídeo é filmado por um Aerodeslizador, e mostra um imenso conjunto de torres de combate, dois prédios enormes em formato irregular devido as torres, ligados por uma ampla passarela aérea. Bombas caem sobre o local, mas um domo roxo surge em volta do local a cada impacto dos disparos, criando explosões, que sequer arranham o local.

-Usar bombardeio aéreo será perda de tempo e munição. Os problemas dessa missão estão focados aquela passarela, seremos obrigados a passar por ela se quisermos chegar ao outro lado da prisão. E o reator do escudo está encaixado abaixo dela.

-Isso não parece um problema grande. – Pearl se pronuncia – Pelo que soubemos eles possuem menos de dez Drones, e poucos pacificadores, quem irá guardar o caminho?

-Exato – Vênus mostra outras imagens, de jaulas escuras e grandes – O distrito 10 é responsável pelo suprimento de animais, e nessa prisão são criados os Bestantes, devem ter centenas deles soltos por aqueles corredores.

Ficamos em silêncio por um tempo, e então uma mensagem no tablet de Vênus. Pearl se aproxima bebendo um copo de água. Eu leio a mensagem silencioso, e o significado dela me atinge como se fosse um tiro de blaster.

- O que diz? – Jason continua produzindo chamas com as mãos.

- Foi confirmada a presença de um tributo na prisão... – Vênus me olha como se quisesse me impedir de prosseguir falando, mas eu apenas abaixo o olhar e termino de falar- Brutus está lá desde que os jogos acabaram.

Pearl parece estar prestes a desmaiar, ela põe o copo sobre a mesa se encosta na parede, escorregando lentamente até se sentar no chão.

- Nós vamos salvá-lo? – Ela sussurra, e eu me abaixo para ampará-la.

- Sim, nós iremos, e vocês voltarão a ficar juntos... Para sempre.

- Para sempre. – Ela repete baixinho. – Eu preciso encontrá-lo, por favor, Peeta, me ajude a salvá-lo.

-Eu vou, eu prometo.

Ela sorri com lágrimas nos olhos. Eu finalmente entendo, depois de tudo que ela sofreu, ela nunca foi minha inimiga nos Jogos, ela nunca quis ser inimiga de ninguém. Ela só queria ser feliz, só queria ser ela mesma, como eu.

...

POV Autor

Esconderijo do Conselho dos 12

- Ômega, acha mesmo necessário fazer isso com Eta?

O homem na armadura olhou para o companheiro que se pronunciava. A pele azulada de Ômega escondia sua identidade, mas para seus aliados não era tão fácil, por isso todos usavam elmos e armaduras que escondiam seus corpos e alteravam suas vozes. A sala em que os dois estavam possuía uma única fonte de luz, provinda de uma câmara cilíndrica de vidro, vazia. Tau, que acabara de falar, deveria ser enorme, ou a armadura fora feita para ter esse aspecto amedrontador, pois ele tinha mais de dois metros de altura. Porém, seu corpo era chiado, como se fosse uma holograma.

-Sim, é necessário, Eta ainda não despertou sua mutação, mas eu a farei despertar, e quando ela acordar será perfeita. – Ômega toca o vidro com cuidado – Tau, onde você está agora?

-Snow me deu acesso ao 10, eu soube que Peeta está vindo para cá, e Eta insiste em leva-lo pessoalmente para você, mas eu acho que...

-Esqueça, você e Eta devem sumir daí Peeta não pode saber que vocês estão aí.

-Vamos entregar a prisão e todos seus preciosos prisioneiros de graça? Sem reféns? – A voz artificial de Tau se mostrava irritada.

-Zeta está indo encontrar vocês, ela irá controlar as feras e matar alguns empecilhos, também irá trazer Peeta para mim. Solicitarei um Aerodeslizador. – Ômega desliza a mão sobre a superfície do vidro.

- Quando devemos sair daqui, exatamente?                        

- Se tudo sair com o planejado, o Aerodeslizador chegará à noite nesta prisão.

O soldado robusto pôs a mão direita sobre o peito.

-Tau desliga.

A figura de holograma se desfez. Uma pessoa entra na sala, com uma grande capa vermelha, longos cabelos negros amarrados de forma volumosa sobre a cabeça, usando máscara dourada sem expressão, escondendo totalmente o rosto. Enfeites ao redor do acessório, e placas douradas no peito, cintura e ombros, cheias de rubis. Sob tudo isso, um vestido vermelho, com detalhes negros.

-Zeta, você deve trazer Peeta e manter a prisão. Enviarei

-E quanto aos tributos e os outros? – a voz feminina saia de debaixo da máscara.

-Mate-os.

...

POV Peeta

-Está pronto? – Boggs está parado ao meu lado enquanto fala.

Estou vestindo o traje que Portia e Cinna fizeram para mim. Ele é aderente ao corpo, e recoberto de placas muito semelhantes às que eu usei no dia do desfile dos “Jogos do amor”, como se fossem brasas, negras cheias de detalhes em vermelho. Uso um elmo que é confortável e pode criar uma máscara a frente do rosto, para me proteger de gases ou explosões. Pareço estar prestes a entrar em combustão, o traje é simplesmente lindo.

-Sim! – ouço o ruído do dispositivo auricular em meu ouvido, indicando que estou em um canal aberto dos comandantes do Aerodeslizador.

-Vou repassar a missão – Boggs começa a falar enquanto digita comando e uma porta levadiça desce, os primeiros raios de sol da manhã surgem, junto deles o céu e abaixo dele o Distrito 10, o vento soprando forte – Você irá realizar um voo sobre a região, é aqui que estão concentradas as forças rebeldes, ver você lhes dará a moral necessária. Nós pousaremos logo e Katniss terminará o que você começou.

Ando lentamente pela rampa, meus pés firmes para que eu não saia voando como uma sacola plástica. Cada passo mais próximo do abismo que se estende aos meus pés. Fecho os olhos e sigo em frente, o vento me puxando para fora, meu cabelo se agitando sob o elmo. E então meu pé desliza para baixo, meu corpo cai, a máscara surge me protegendo do verto forte.

METATRON.

Caio como um torpedo, atravessando as nuvens e então, simplesmente surgem grandes asas de fogo em minhas costas.

-E então, como está indo aí, Peeta? – Ouço a voz de Haymitch no comunicador.

-ISSO É INCRÍVEL! – Grito em resposta para eles.

As asas se movem ao sabor do vento, suaves, desprendendo faíscas e chamas vez ou outra. Mergulho até me aproximar das ruínas da cidade, todos começam a olhar para cima, ouço gritos de apoio, ouço todos como se estivessem ao meu lado, até mesmo pessoas chorando de alegria. Como eles sabem que sou eu? Bom, Coin enviou imagens de meu treinamento para os distritos. E então eu vejo, nos tetos, o desenho de um tordo e uma chama (O símbolo que eles para me representar). E então vejo a praça principal, onde há um grande número de pessoas.

- Sugiro que pare ali, todos gostarão de ver você de perto.

Desacelero um pouco, estou ficando bom em voar por conta própria. A máscara se abre e começo a descer em direção ao centro da praça, todos erguem as mãos, como se estivessem vendo um sinal divino. Meus pés tocam no chão, as asas recuam, mãos tocam meu corpo como se não acreditassem no que viam. Este sou eu agora, a armadura, as asas, o apelo... tudo isso me tornou o Anjo em Chamas.

...

O sol está se pondo, minha equipe está reunida perto da entrada da prisão. Tive de passar o resto do dia em descanso, comendo bastante e dormindo, pois perdi muita energia fazendo as asas brilharem tanto e voando por tanto tempo. Mas com o treinamento eu comecei a consumir menor energia cada vez que uso um ataque, estou aprendendo a administrá-la e torna-la mais rentável.

A prisão está quase sem defesas ativas, os rebeldes do 10, junto de Katniss e sua equipe estão em meio a uma batalha contra um remanescente de pacificadores, e a prisão enviou todos os Drones que tinha para apoiar o ataque, os portões ficaram escancarados (Não faço ideia do que os pacificadores estavam pensando quando os deixaram abertos.)

- Vamos repassar – Vênus usa um aparelho para criar um holograma da planta da prisão- Jason irá queimar a porta logo após a entrada, subiremos pelos corredores menos movimentados, e enquanto Boggs e Gale vão para a sala de comando deste lado da prisão, nós atravessamos a passarela, onde Jason irá ficar e armar os explosivos no reator. O restante virá comigo e eu abrirei as celas da sala de comando principal, teremos de voltar pela passarela para reencontrar toda a equipe e então nós evacuamos. Após todos serem libertados e saírem de lá, ativarei os explosivos.

Todos confirmam com a cabeça pegam os Blasters (até a equipe de filmagem está armada, só eu e Jason que ficamos sem Blasters). Ante de eu prosseguir observo o centro do 10, os prédios tem se mantido bem íntegros até agora, graças ao receio da Capital de danificar suas estruturas onde mantém animais presos. A maior parte dos confrontos entre rebeldes e Pacificadores aqui no Distrito 10 tem acontecido perto da prisão e na fronteira com o 9.

Começamos a correr em direção ao portão, e armas guiadas se voltam para nossa direção, mas são rapidamente neutralizadas por disparos de Blasters da nossa equipe. Passamos pelos portões e adentramos um pórtico da prisão, grande o suficiente para 2 carros passarem lado a lado, porém, não possuía nenhum sistema de defesa. Vênus verificava qual corredores nós devíamos usar para evitar as criaturas presas ali, enquanto Jason produzia chamas sobre a parede que havia obstruído nosso caminho no pórtico. Durante o processo ouvimos explosões ao longe, a batalha de Katniss começara. Mesmo que eu não fosse muito apegado a religiões em geral, pedi que a Luz dos Sete protege-se Katniss de qualquer perigo, e fiz isso com a minha maior fé. A parede começou a amolecer, e foi apenas questão de Gale disparar uma flecha explosiva nela para a estrutura cair. Usei um escudo de Aether para nos proteger da explosão, o que ajudou com o que viria a seguir. Havia cerca de 20 pacificadores que dispararam seus Blasters contra nós.

- Peeta, desfaça o escudo nos pontos onde nós iremos disparar – Grita Boggs em meio à confusão, e eu confirmo com um balançar da cabeça.

Começamos o contra-ataque, enquanto eu mantenho o escudo, abrindo brechas rápidas, os que estão atrás de mim disparam pelas aberturas, derrubando os pacificadores. Em meio aos projéteis de energia surgem flechas (Gale) e bolas de fogo (Jason estava bem entusiasmado com a batalha). Os únicos que ficam fora da batalha são a Castor, Pollux e Vênus, que está hackeando o sistema local. Pearl veio armada de uma espada, mas está usando o Revolver VR2 (Blasters menores) para atacar neste momento. Cressida e Boggs usam seus Blasters (Ela tem uma mira ótima, mas não é uma militar excepcional), e mesmo que Vênus carregue seu Piolet e um VR2, ela está mais concentra em tentar controlar parte do sistema da prisão, um dos joelhos no chão e outro dobrado, usando a coxa como suporte para um mini computador que ela ganhou.

- Quantos deles ainda tem? – Ele pergunta sem tirar os olhos da tela brilhante.

- Uns 12 – Fala Boggs em resposta.

-Então vamos dar um jeito nisso.

Ela digita um comando e uma porta se fecha sobre alguns dos Pacificadores, esmagando-os, e logo após a porta sobe, nos dando a chance de alvejar os inimigos restantes, que estava distraídos com o recente acontecimento. Desfaço o escudo ao derrubarmos todos eles, e começamos a correr, pulando os corpos e dobrando em um corredor, chegamos uma escada em caracol.

-Por que não usamos elevadores? – Pergunta Jason, enquanto corremos pelos degraus.

-Tinha alguns Pacificadores descendo por eles, abri algumas celas com bestantes que estavam ligadas ao elevador e... – Gritos ecoam pelas paredes, o som de cabos se rompendo e algo caindo em alta velocidade nos toma de surpresa – Você não vai gostar do que tem lá.

Subimos o mais rápido possível pela escada, em fila indiana, cuidando para não tropeçar, com Boggs e Gale a frente de todos e Jason na “cauda”. Depois de uma longa e cansativa subida, nosso grupos segue por um corredor extenso e faz um curva ao final dele, dando de cara com um bifurcação. O corredor a esquerda leva a mais escadas, enquanto o a direita leva a outra curva.

-Gale, Boggs – Vênus os chama até o corredor a esquerda. – Eu só posso abrir celas quando estou próxima a elas, mas se vocês chegarem a sala de comando desse prédio, poderão abrir todas as celas.

Ela lhes entrega algo semelhante a um disco e começa a lhes explicar o que devem fazer na sala de comando.

- Eu pensei que seria mais difícil – Pearl diz próxima a mim, soltando uma risada – Mas estou com um pouco de medo dos bestantes.

Seu sorriso nervoso se desfaz quando ouvimos um grito, todos viramos para uma porta próxima de Cressida. Castor e Pollux começam a gravar aquilo, a voz era conhecida, e gritava um nome conhecido. Vênus fez algo em seu computador e a porta deslizou lenta, pesada, liberando uma névoa gélida e uma silhueta grande em meio a luz azulada vindo dali.

-Pearl! – A silhueta correu em nossa direção, Jason por um momento preparou chamas em suas mãos, mas logo a preocupação se tornou felicidade.

Brutus abraçava sua esposa, ainda usando a roupa escamosa. Os olhos deles dois cheios de lágrimas, e acredito que todos tenhamos sorrido diante da cena. Seu corpo estava úmido, o que acabou molhando a roupa preta de Pearl, ele passou as mãos em seus braços como se verificasse se ele estava inteiro.

-Você está bem? – a voz dela saiu em meio a soluços, preocupada.

-Quem se importa? – Ele disse balançando a cabeça, sorrido pra ela.

- Eu me importo.

Os dois colaram suas testas, e deixamos que ficassem assim por alguns momentos, eu sorria como um bobo, acho que é uma das poucas vezes desde os jogos, em que eu estive realmente feliz. E então somos despertados daquilo pelo som alto de motores. Algo havia pousado ali perto. Boggs e Gale subiram as escadas com agilidade, enquanto nós seguimos pelo corredor a direita, Brutus junto de nós agora. Fazemos a curva e damos de cara com uma porta enorme, que Vênus abre rapidamente, dando acesso a passarela, e nela estavam pousados dois Aerodeslizadores médios, conhecidos como 4K-PM (O local suportava muito mais deles se fosse necessário), começamos a correr pelo local e então paramos, em choque.

Em um dos Aerodeslizadores estavam entrando uma mulher loira de armadura, que nem se deu ao trabalho de olhar para nós, e junto dela um ser de armadura gigantesca, a porta levadiça se fechando atrás deles, ocultando-os. E no outro Aerodeslizador havia um ser em armadura igualmente grande, carregando uma mareta enorme, e puxando duas pessoas por correntes... Cato e Finnick.

Meus joelhos pesam, enquanto Pearl e Vênus disparam sua VR2 no gigante, que cria um escudo de algo semelhante a Magma, borbulhante.  Os dois não conseguem me ver, mas meus pensamentos estão muito embaralhados para eu reagir e chama-los. O choque me traz visões.

Um campo de batalha, dezenas de mortos, depois uma prisão. E então vejo uma silhueta alaranjada, Metatron, em meio as chamas, e por fim uma explosão.

- Peeta – Jason me ampara ao ver que estou caindo.

-Aquele era eu? Como... eu não entendo, era... o que foi aquilo?

Metatron está tão instável quanto eu, sinto o Aether perder o equilíbrio dentro de mim, enquanto o gigante some com Cato e Finnick, e os dois Aerodeslizadores dão partida, saindo da passarela. A verdade é que eu evitara pensar neles dois enquanto estava no 13, para me poupar de tanto sofrimento e me concentrar na missão, mas o que sinto por eles, sendo amor ou não, ainda é forte. Jason está abaixado, tentando me erguer, quando sinto uma espécie de vertigem, e os olhos dele ficam em um tom alaranjado extremamente forte, e ele bufa de raiva, me sacudindo com força.

- Peeta! Reage agora! – ele grita, nunca vi Jason daquele jeito.

Começo a me recompor e ele me solta, olhando para suas mãos, o brilho sumiu de seus olhos, e sua expressão é de medo e arrependimento.

-Desculpa, eu não quis... eu juro.

-Eu sei, a culpa não é sua. – Me ergo um pouco tonto, e começamos a andar pela passarela, todos nós estamos atordoados, e Jason continua com um espanto enorme, mesmo após se separar de nós para adentrar a passarela por uma abertura no chão. Ele irá largar alguns explosivos ali, e presumo que Gale e Boggs estejam fazendo o mesmo no prédio atrás de nós.

-Peeta, eu perdi o equilíbrio, nunca havia aparecido em suas visões, eu não entendo, era tão real.

Sim, eu sei.

Seguimos até o fim da ampla e longa passarela, Vênus tenta abrir o portão grande, mas ele apenas range e não abre.

-Algo o está bloqueado, não sabia que ele possuía trancas internas. – Ela acessa a planta e observa o local onde estamos com cautela.

-Tem outra passagem? – Pearl pergunta olhando ao redor.

-Acho que sim, mas precisam ser corajosos, tem um duto no lado direito da passarela, ele possuí uma plataforma, se chegarmos ali conseguiremos entrar no prédio.

Tiro meus olhos da planta e fixo no local onde ela indicou, e realmente, há uma plataforma grande o suficiente para apenas duas pessoas e uma grade fixada na parede. Respiro fundo e conduzo o Aether até a grade, arrancado ela, parece que meus poderes estão voltando ao normal. Seguimos de um em um, pulando na plataforma e entrando no duto. Primeiro eu, depois Castor e Pollux, e a última pessoa que consigo ver atrás de mim é Cressida. Incrivelmente o duto é amplo o suficiente para até Brutus passar. Ele tem um leve aclive e depois volta a ficar plano, com poucas curvas. Depois de um tempo chegamos ao fim, quando eu chuto a grande e pulo, caindo em uma sala escura e suja, com apenas uma porta. Após se juntarem, Vênus começou a tentar abrir a porta, que possuía um sistema de defesa mais complexo. A equipe de gravação se junta ao lado dela para tentar ajudar, enquanto eu e o casal recém reunindo ficamos mais perto de uma parede escura (Parece mais um buraco que uma parede de tanta sujeira e detritos).

- Peeta, agora que nós descobrimos que eles estão vivos – Pearl fala com um pouco de receio – Significa que podemos salvá-los, não se preocupe, nós conseguiremos ajudar eles e quando eles estiverem salvos, nós poderemos viver os melhores momentos das nossas vidas, livres da Capital e juntos.

Ela sorri com uma felicidade radiante, e lhe devolvo o sorriso. Mas dura pouco, olhos de um amarelo brilhante surgem atrás dela, e então uma bocarra se abre, cheia de dentes, e desce, se fechando em seu pescoço, a cabeça ficando fora de visão, o sangue respingando para todos os lados. Antes que caia a cabeça se abre de novo consumindo o restante. Vênus abre a porta horrorizada e começa a correr, Brutus está paralisado, mas eu o puxo com toda força que tenho, saindo da sala e deixando a porta se fechar. Tremores surgem de trás dela, tento formas palavras, mas não consigo dizer nada, apenas corremos.

Chegamos a um ponto do extenso corredor em que encontramos um corredor menor na lateral, enquanto o principal segue reto até uma escada.

-Eu vou para a sala de comando, vocês entrem nessa porta, ela levará vocês para o portão que dá acesso a passarela desse lado de prisão, já que não conseguimos abrir ele por fora, tentem abri-lo por dentro. – Vênus fala rapidamente e corre para as escadas, nos deixando olhar para a porta a nossas frente.

Eu a abro e um único corredor segue por ela, cheio de celas com bestantes dentro, todas fechadas. Corremos por ali, uma batida oscilante vem de trás da porta ao final do corredor, que após alguns segundos Cressida consegue abrir. Não consigo ver como é a sala em que iremos entrar, pois há alguém no caminho. Vestido vermelho, placas e máscara douradas, um brilho amarelo nos olhos da máscara, e as mãos envolvidas por esferas de um amarelo tão forte que eu nunca havia visto algo parecido. A figura move o rosto como se nos analisasse e para em mim.

- Que bom que chegou Peeta, eu estava esperando você.