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História The new Robin Hood - O bom e velho truque


Escrita por: Syre

Capítulo 16 - O bom e velho truque


Acordei com o forte estrondo de um celular sendo esmagado contra a parede. Justin tem um olhar estranho e está ofegante, como se tivesse feito algum tipo de esforço.

Ele não olha para mim, mas sabe que eu estou acordada. Se levanta como um robô. Olhar em frente, como se tivesse medo de virar e encontrar meus olhos. Não pergunto para onde ele está indo quando sai pela porta. Não tenho tempo de perguntar o que está acontecendo, pois ele já não está aqui.

Ele não volta durante a noite. E eu não vou atrás. Seja lá o que tenha acontecido, prometo a mim mesma que irei dar-lhe espaço e caso ele queria conversar, ele sabe que estou aqui.

Eu volto a dormir. E quando acordo e decido verificar o horário, descubro que o meu celular foi o que Justin quebrou ontem.

Por incrível que pareça, não entro em pânico. Mesmo se ele tenha descoberto a senha, não tem nada lá relevante ou que vai magoá-lo de alguma forma. Já o vi ter ataques de raiva sem qualquer motivo, esse deve ser mais um para a lista.

Ele não olha para mim. Nem quando sentamos lado a lado no voo. Ele não dormiu ontem à noite, seus olhos estão fundos, mas seu maxilar está travado por tempo indeterminado.

— O que aconteceu? — Finalmente pergunto. Ele olha para a minha mão sobre a sua e a aperta carinhosamente.

— Nada. — Ele olha para mim, seu olhar se suavizando. Mas não é o suficiente para me tranquilizar.

O piloto começa a falar, aquele recado infinito que ninguém entende e muito menos liga.

— Você quebrou meu celular... — Começo, em um tom suave. Não quero que pense que estou brigando com ele.

— Eu vou te dar outro quando chegarmos. — Ele dá de ombros.

— Eu deveria fingir que estou feliz com isso? — Cruzo os braços, um pouco irritada com sua resposta.

Ele suspira e segura meu rosto. Me olhando no fundo dos olhos. Mas mesmo que ele não esteja desviando o olhar, sei que ele não está aqui de corpo presente. Algo está martelando em sua cabeça.

— Eu sei que não está tudo bem. Mas eu vou te dar um maldito celular novo assim que o avião pousar, eu juro. — Ele beija meus lábios. Mas diferente do que antes costumava a ser um momento único, sinto o gosto de indiferença em seus lábios.

(...)

Justin está com um taco quebrando todo meu apartamento. Sim, você leu certo.

Nós chegamos de viagem e ele me mandou tomar banho e colocar algo confortável enquanto ele guardava as malas no quarto. E quando ouvi um barulho de coisas sendo quebrada, me enrolei na toalha e sai correndo.

Não sei onde ele arrumou isso. Deve ser de Andrew. Mas ele simplesmente está esmagando o meu Notebook com um taco de baseball, como se o objeto tivesse feito algum mal para ele.

Eu corro para o impedir, todos os meus trabalhos e coisas importantes estão nele. Justin me afasta com o braço, indo em direção ao quarto.

— Você está louco? O que pensa que está fazendo!? — Grito desesperada.

— Você vai me agradecer depois. — Ele cospe as palavras com raiva.

Ele fica analisando cada detalhe do quarto, procurando por algo.

— Eu pareço estar grata agora? Larga essa porra e para de quebrar minhas coisas, seu idiota!

Ele mexe em um vaso com formato de cachorro que eu tenho ao lado da televisão. Ele fica posicionado de frente para cama e me lembra o único cachorro que tive. Corro para remover de suas mãos, mas a essa altura ele já pisoteou a decoração que eu comprei com suas botas duras.

Ele caminha pelo quarto, despedaçando, esmagando e pisoteando minhas coisas. E não importa o quanto eu grite ou tente me enfiar na frente para impedir. Ele não para. E eu não sei se fico parada em um canto assistindo aquele Justin que não conheço ou tento intervir, mesmo que não obtenha qualquer sucesso.

— Não! Não! Nem pense, imbecil! Você está drogado? Larga a droga da minha câmera! — Eu tento remover da mão dele, mas ele segura firme sem medir esforços. Então eu começo a socá-lo. Ele joga a câmera na cama e segura meus punhos.

— Alyss, para!

— Para você! Estava tudo bem entre nós, até você passar a quebrar tudo meu. Eu não fiz nenhum mal a você! Quer me explicar o motivo de você estar surtando!?

— É Francis, caralho! Ele tem te vigiado faz um tempo. Tem câmeras no seu apartamento, ele tem acesso a câmera do seu celular, Notebook e sabe lá mais o que. Então para de se meter na porra do meu trabalho! — Ele grita, me assustando.

— Pode me explicar como você sabe disso?

— Sabendo. — Ele diz, colocando a câmera de volta ao lugar.

Eu não interfiro. Deixo que ele quebre, já que é para o meu ‘bem’. Até que proporção isso pode chegar? É doentio imaginar alguém me vigiando ou tendo fotos minhas no meu dia-a-dia. E eu tenho medo disso. Se não estou segura nem na minha própria casa, imagina quando estou fora dela.

Escorrego na poltrona da sala e pego no sono. Quando acordo estou no meu quarto. E por incrível que pareça ele está limpo e tem um celular novo em folha em cima da almofada desocupada.

— Pedi para Sam colocar algum tipo de proteção nele. Você está segura. — Justin aparece na porta, com uma toalha na cintura e uma caneca na mão. Ele dá um gole na bebida fumegante e me entrega.

Saboreio o café.

— Vai me explicar agora ou mais tarde?

— Agora eu estou de saída. — Ele joga um vestido para mim. A toalha cai no chão e ele pega uma cueca, calça jeans e uma camisa social preta. — Se vista. Nós vamos sair em meia hora.

— Para...?

— Eu descobri que Francis está dando uma festa hoje. E nós vamos.

(...)

Justin escolheu um belo vestido, mas ao mesmo tempo era péssimo para quem desejava se esgueirar pela casa de alguém sem ser visto. E não combinava nada com meu gesso. 

Nós adentramos a sala imensa. Era um grande espaço branco, com um belo lustre centralizado no meio da sala. A música baixa fazia alguns dançarem, já outros conversavam em grupos com taças de vinho em mãos.

Justin segura minha mão, enquanto nos guia por entre a multidão, como se ele soubesse o que está fazendo.

Tento andar o mais rápido que posso com meus saltos, tenho medo de Francis nos ver por aqui. Justin não me contou seu plano. Ele nem sequer conversou comigo durante a viagem. E já que ele não me contava, eu tinha que fazer minhas suposições. Francis fez algo com ele, eu ainda não consigo imaginar o que, mas isso o deixou puto.

Nós subimos as escadas e um dos garçons olha para nós desconfiado, mas continua seu percurso.

Chegamos ao escritório de Francis. E parece que esse é o nosso destino. Entretanto, parece fácil demais. A porta está destrancada, não tem câmeras e nem sequer um segurança.

Justin pensa o mesmo que eu, ele entra desconfiado. Pressionando a mão no bolso da calça, onde deve estar sua arma.

— O que você procura?

— Eu ainda não sei. Mas vou saber quando encontrar. — Ele puxa a gaveta e mexe nas coisas. Vou até a estantes de livros, não sei o que ele está procurando, mas espero poder ajudar.

Ele encontra o Notebook. E parece ser isso que está procurando.

Encontro um livro cheio de papéis dentro, clips e post-its. Coberta de interesse não resisto e abra na primeira página e me deparo com a letra de Francis.

"Moon deixou isto aqui quando foi adotado. E pensei que poderia escrever, já que todas as páginas estavam em branco. Estou sozinho aqui, todos meus amigos encontraram lar. Por que estou sempre sozinho? Amanhã irei para o meu terceiro lar adotivo com a certeza de que serei rejeitado novamente. Na última vez que fui para um lar adotivo fiquei trancado no porão, com frio e fome. Meu pai adotivo saiu para beber e me esqueceu lá durante uma semana. E todos os outros dois foram um desastre, tenho cicatrizes para provar. Ninguém me quer. Ninguém gosta de mim. Sou completamente inútil. Sempre me pergunto o motivo de ainda estar vivo, se sou descartável para todos. Às vezes penso em tirar minha própria vida, mas confesso que tenho medo. E aprendi ultimamente a deixar de se importar, mesmo que machuque. Mantenha um sorriso no rosto e dê a eles a felicidade que almejam. Sempre."

O texto é finalizado e tem páginas e mais páginas. Aquele é o seu diário. Ele escreveu todos seus sentimentos aqui. E lendo isto, meus olhos se enchem de lágrimas. Ele se sentia sozinho, assim como eu me sentia, mesmo com todos meus irmãos ao meu lado. Sempre faltou ele. A peça principal.

Passo para próxima página, mas paro de ler assim que ouço um barulho de sapatos batendo contra o chão. Justin ergue seus olhos do Notebook e olha da porta para mim.

Coloco o diário no lugar e procuro por um lugar para nos escondermos. Justin olha para mim e nós temos a mesma ideia.

Justin joga as coisas da mesa para o chão. Deito meu corpo sobre a mesa e o puxo pela roupa. Seus olhos fazem contato com o meu, enquanto ele se inclina sobre mim para me beijar. Entrelaço minhas pernas em torno de sua cintura e ele aperta minha coxa, fazendo meus lábios se abrirem e sua língua deslizar para dentro.

A pessoa entra. Seja quem for está parado nos assistindo, pois, o único barulho que enche o escritório é o nosso. Nós nos beijamos sem parar, esperando que a pessoa se toque e vá embora.

— O que vocês estão fazendo aqui? A festa é lá fora. — A pessoa pergunta. Nós paramos de nos beijar e seguimos a direção da voz.

Um homem careca e barbudo está de braços cruzados, um tanto incrédulo por nos ver ali.

— Será que dá para você sair? É urgência. — Justin diz com indiferença, apertando minha cintura, pronto para voltar a me beijar.

— Este é o escritório do meu chefe. Estou seguindo regras de não deixar ninguém entrar. Desculpa. — O homem diz irritado.

Justin se ergue, a testa franzida. Seu maxilar pulsa enquanto ele cruza os braços, parecendo maior e mais ameaçador do que já é.

— Espera. Você está olhando para a minha mulher? Eu converso com você como homem e você se aproveita da minha humildade e nem disfarça que está olhando para os seios da minha mulher!? —  Sigo os passos da dança e me cubro, fingindo estar ofendida.

— Eu... desculpa se pareceu, mas eu não estava olhando. — O homem tenta o máximo para não olhar e minha direção, enquanto gagueja nervoso.

— Você acabou de fazer de novo. Quer saber? Eu vou descer e contar para Francis que um de seus empregadinhos me interferiu, após o mesmo ter me deixado subir com a minha esposa! — Justin cospe com raiva, me ajudando a levantar. As sobrancelhas do homem quase alcançam o coro cabeludo enquanto ele gesticula nervoso.

— Desculpa interferir, senhor. Não vai se repetir de novo. Me perdoe. — O segurança sai apressado, fechando a porta.

Nós nos encaramos e sorrindo.

Justin pega o Notebook e joga dentro de uma mochila que encontrou no canto da sala. Ele me puxa para sairmos, mas eu corro para pegar o diário na estante.

— Livro? Sério!?

— É o diário dele. Pode ajudar. — Justin dá de ombros e joga dentro da mochila.

Nós descemos a escada e chegamos até o elevador sem qualquer interrupção. Mas Justin não parece feliz com isso.

— Eu queria que ele nos visse. Seria interessante mandá-lo sangrando de volta para a própria festa. — Justin lamenta.

— Foi melhor desse jeito.

Até que nossos passos diminuem. Francis está encostado no carro de Justin, com um cigarro na mão. Ele apaga o mesmo contra o capô do carro assim que nos vê.

— Não sabia que vocês tinham casado. Parabéns, irmã. Agora, me devolvam a mochila.

— Tudo bem. Aqui está. — Assisto em choque quando Justin tira das costas e estende a mochila. Francis sorri satisfeito e se aproxima para pegar, mas antes que suas mãos alcancem, os braços de Justin vão para trás pegando impulso e acerta com a bolsa em sua cara.

Francis fica desnorteado e Justin aproveita essa chance para agarrar seus cabelos e acertar seu rosto contra o capô do carro.

Encaro a cena alarmada. Sem conseguir me mover para fazer algo.

Justin chuta por trás dos joelhos de Francis e o faz ajoelhar. Ainda com a mão em seus cabelos, ele puxa os fios para trás, para que ele olhe em seus olhos.

O rosto do meu irmão é uma visão sangrenta. Mas o sorriso permanece intacto, como se nada fosse capaz de tirá-lo dos lábios.

— Você... — Francis começa com um tom bem-humorado, mas Justin bate com a parte de trás da arma em sua cabeça.

— Ouça bem, seu filho da puta. Você não fala aqui. Eu falo. Você não dita as regras para mim. Eu dito as regras para você. Eu venho sendo paciente, assistindo as merdas que você faz e ouvindo as merdas que você fala. Para ser sincero, não aguento mais fazer nenhuma dessas coisas. Está é sua única e última chance. Pense bem e responda. — Francis pisca os olhos, sínico. Mantendo seu sorriso de lado. Justin segura sua bochecha com força e chacoalha seu rosto. — Você vai deixar essa cidade amanhã e parar de atormentar Alyss? 

Tenho cara de quem faria isso? — Francis diz sem hesitar.

— Resposta errada. — Justin mira a arma na direção de sua cabeça.

— Tenho direito ao meu último pedido?

— Tenho cara de gênio da lâmpada?

— É sério. De homem para homem. É tudo o que eu peço. — Justin olha para mim. Eu concordo, mesmo sem pensar.

— Faça. Seu tempo está acabando.

Francis olha para mim, a maldade esvaindo de seu olhar. Me aproximo.

— Alyss, me perdoa? Eu nunca quis machucar você. Mas é que quando vi você naquela lanchonete todo meu passado veio à tona. E eu senti sua falta. Mas sabia que não poderia ser perdoado. Então fiz coisas que me arrependo para você ir embora. — As lágrimas descem por seu rosto machucado quando ele fecha os olhos e toma uma respiração longa para prosseguir. Seus dedos tremem em torno do tecido da camiseta que ele segura como se fosse sua salvação e seu lábios chacoalhavam também, como quando éramos crianças. — Eu lembro de quando éramos pequenos e inseparáveis. Eu sentia tanta falta disso. Mas eu ainda era o culpado do acidente para vocês. E eu pensei que não poderia esbarrar com você na rua e não sentir dor e saudades. Que eu não poderia voltar a ser seu irmão. Eu amo tanto você. Mas antes de ir, por favor. Me perdoa.

— Não chore, Francis! Eu estou aqui. Podemos consertar as coisas. Sei como tem sido difícil para você viver com tudo isso. Mas ainda podemos recuperar o tempo perdido. Eu te perdoo. — Me agacho segurando seu rosto. Ele me abraça apertado e nós choramos juntos. Eu choro mais quando percebo que não nos abraçamos desde criança e do quanto eu sentia falta disso.

Quando enfim nos separamos, Francis abre um imenso sorriso.

— O bom e velho truque.

— Filho da puta. — Justin chuta sua barriga com ódio.

— Eu não sinto dor quando você me bate. Mas você vai sentir muita dor ainda, porque está se apaixonando pela vadiazinha da minha irmã e ela nunca vai ser sua. E o mesmo serve para ela, porque você sempre vai ser o cachorrinho da sua ex. É só ela jogar um osso que você vai correndo foder com ela. E advinha? Ela também não é sua. Porque você é apenas mais um cachorrinho carente em busca de atenção. 

— Você vai aprender a nunca mais chamar Alyss desta forma e dizer tanta merda como se soubesse de algo além de como infernizar a vida de alguém. — Justin rosna furioso.

Ele agarra o colarinho de Francis e com o punho firme acerta seu rosto repetidas vezes. O sangue jorra, se espalhando pelo chão e manchando a roupa dos dois. Minhas mãos tremem sobre os lábios e eu penso se deveria intervir antes que Justin assassine alguém com seus próprios punhos. E ele gosta disso, dá para ver em seus olhos. É como se ele ganhasse um dólar a cada sangue derramado. Como se sentisse vitorioso a cada gemido de dor segurado. O nariz de Francis estala e ele não emite qualquer som quando o mesmo quebra. Era a coisa mais estranha que eu já tinha visto, ele não parecia capaz de sentir dor ou ao menos se importar com o final que isso levaria. Tudo parecia uma grande peça de teatro em que o gênero era humor.

Seus dentes manchados de sangue se tornaram em um enorme sorriso quando Justin parou de bater. Os nós de seus estavam machucados e seus olhos queimavam em fúria. Nada parecia o emputecer mais do que um deboche disfarçado de sorriso.

— O que eu fiz para você? — Finalmente pergunto. Secando as lágrimas. Justin olha para mim, desapontado por me ver tentar mais uma vez. Mas ele deixa Francis responder.

— Jura? Você nunca ligou para mim. Fica enganando a si mesma, dizendo que sente saudades minhas. Mas você nunca se importou comigo. Anos passaram e você nunca me procurou. Nem que fosse um e-mail ou uma pesquisada por mim no Google. Você estava pouco se fodendo se eu me encontrava em caixão ou não. Então, Alyss. Eu vou ter certeza de que você chore de noite. Vou ter certeza de que você passe a me odiar cada vez mais. E sinta dor, tanto física quanto sentimental. Irei ter certeza de que você tenha medo de mim e serei a primeira coisa que você pensa quando acorda ofegante, mas também a última quando você olha várias vezes para o escuro com medo de me ver. Irei vigiar cada passo seu, e irei amar o modo como você se sente vigiada e perseguida. E no final do dia, você vai desejar ter uma máquina do tempo, para poder concertar as coisas. Entretanto, já vai ser tarde demais.

Justin puxa a gola da camisa de Francis, aproximando seu rosto do dele. O maldito sorriso ainda estava lá, enquanto Justin deixava suas palavras saírem por entre os dentes serrados:

— Sabe por que ela não se importa com você? Ou por que nenhum dos seus irmãos se importam com você? Você é exatamente como uma merda presa nos sapatos. Ninguém liga para você, ninguém gosta de você, todos só te dão atenção porque você é a porra de um incômodo. E depois você perde toda a atenção, porque a merda sai do sapato depois que passamos o pé na grama. Você é nojento e doente. Não tem coração. Nunca vai saber o que é ser amado e ter pessoas que te amam. Nunca vai ter alguém que cuide de você quando estiver doente ou que chore no seu enterro. Sabe porquê? Porque todos estarão comemorando. E ela não vai precisar de uma máquina do tempo, porque mortos não fazem nada do que você citou.

Francis afasta a mão de Justin e concerta a gola.

— Eu gostei bastante da diversão. Minha noite estava sendo bem monótona. Mas como preciso acordar cedo amanhã, é melhor vocês irem para casa. Lembrando que tem câmeras espalhadas pela garagem e se eu levar um tiro na cabeça ou não voltar para dentro do meu apartamento daqui a trinta minutos, a polícia será acionada e cara de vocês estarão estampadas em todos os jornais. Tenham uma boa noite. — Francis se ergue, limpando a poeira dos joelhos e cuspindo sangue no chão. Ele estala o pescoço e dá um passo à frente. Justin não o impede. O segundo passo. Nada. Até que Justin o derruba com um chute nas costas no terceiro passo. Pela primeira vez, vejo o sorriso de Francis abalar. Justin vira seu corpo e atinge sua cabeça contra o chão. De novo. E de novo. E dá última vez tão forte que eu chego a pensar que o crânio de Francis partiu ao meio e o mesmo vai morrer a qualquer minuto. Francis fica totalmente zonzo. Seus lábios abrem buscando pelo ar. Sua mão tremula alcança a parte de trás da cabeça e ele espreme os olhos com a dor.

— Se você é o pesadelo, eu posso ser o verdadeiro inferno. Mantenha os olhos abertos, Francis. Porque se você mexer com quem eu amo de novo, não vai demorar muito para eu acabar o que comecei. — Sem misericórdia, Justin crava sua faca no meio da barriga de Francis. Os olhos de Francis arregalam, enquanto suas mãos molhadas se sangue tentam alcançar a faca e puxar para longe.

Pego a mochila e coloco nas costas. Me sentindo mil vezes pior por querer me ajoelhar e ajudar meu irmão. Quando eu iria parar de me importar?

Justin me puxa para um abraço forte. Não tinha notado, as eu estava chorando. Ele pressiona minha cabeça contra o seu peito, enquanto beija meus cabelos repetidas vezes.

— Nós precisamos ir agora, Ivy. — Ele segura minha mão trêmula e eu não consigo sequer olhar para trás mais uma vez.

Justin destranca a porta do carro para mim, quando um barulho de tiro se faz ser ouvido. Tão próximo que eu poderia ter ficado surda. Prendo a respiração enquanto me viro rapidamente para ver quem foi atingido. Justin olha para Francis, enquanto sua mão pressiona a perna cheia de sangue. Francis sorri segurando a arma.

Ele se prepara para o próximo tiro, mas eu puxo a arma da cintura de Justin. Miro e atiro.

Solto o ar que venho segurado por tanto tempo. Porque ele finalmente parou de sorrir.


Notas Finais




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