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História The new Robin Hood - Duas faces


Escrita por: Syre

Capítulo 2 - Duas faces


Está manhã a barbearia de Leonard está quase vazia, se não fosse por um homem lendo jornal no sofá. Lenny trabalha minha barba com cuidado e habilidade. Sua barbearia não é a mais bonita e cara do Queens, mas tem o aconchego de um lar.

— Dia especial? — Ele sorriu, limpando a espuma da lâmina na toalha. Seu chapéu cinza desbotado é uma marca, nunca o vi sem ele. Sardas cobrem seu rosto negro e cansado, sua barba está sempre bem-feita. Ele me lembra meu avô.

— Não. Apenas mais um dia de trabalho. — Tento segurar um sorriso para não ser cortado. Ele sorri novamente, como se soubesse algo que eu não sei.

— Com sorte pode ser uma bela jovem. Pronto. — Leonard me entrega a toalha e eu removo os vestígios de espuma no rosto. Ao ver meu reflexo no espelho, é algo que me agrada, se não fosse pelo corte à cima da sobrancelha.

— Quem sabe?

Alyss Lenz

Eu estou muito atrasada e a indecisão com relação as roupas não é algo bom para a ocasião. A mala antes arrumada, está um caos de roupas pulando para fora.

Quando o mundo está contra você, ele não dá uma pequena folga. O avião demorou a pousar por conta das nuvens, a minha mala foi uma das últimas na esteira e a recepcionista do hotel não conseguia achar minha reserva. Tive que ir a outro hotel que tivesse um quarto livre em cima da hora. O trânsito também não facilitou o táxi a chegar ao seu destino.

Roía as unhas nervosa e sentindo a excitação ao mesmo tempo. Seria meu primeiro apartamento, minha tão sonhada liberdade, cercada por responsabilidades. Eu estava tão animada para sair dos braços do meus pais que não percebi que seria difícil me virar sozinha. Quando você está cercada por cozinheiras, não há qualquer motivo para aprender a cozinhar ou limpar suas próprias coisas sozinhas, mas não deveria ser tão difícil.

Eu já morei em diversos países por volta dos meus vinte e dois anos. Meu pai tinha tido sorte, assim como eu. Meu falecido avô havia trabalhado com garras e dentes para conseguir realizar seu sonho. Sua família não tinha um tostão e ele passou noites em claro trabalhando e estudando, até que conseguiu erguer sua primeira empresa. Apesar de meus irmãos e eu sermos um tanto mimados, meu pai nos ensinou a dar valor a tudo que tínhamos e as pessoas ao redor. Na adolescência ele nos levava a sua empresa e nós tínhamos o mesmo trabalho que os funcionários que estavam começando, assim como o salário. Infelizmente, apenas Aaron - meu irmão mais velho - quis seguir a carreira de nosso pai. Ao total nós somos cinco, por ser minoria e fato de não querer brincar de boneca sozinha, peguei gosto pelos esportes que meus irmãos jogavam, como baseball e basquete, mas o amor que eu levei para a vida foram as artes marciais.

Ao descer do táxi estou de cara com mais um dos belos prédios de Nova York, tentando tocar o céu. Procuro o celular para entrar em contato com o número que o corretor me deu, não sei se devo entrar no prédio ou esperar.

Finalmente consigo alcançar o celular quando alguém toca meu ombro, é quase automático. Em um segundo a mão do homem está torcida para trás de seu corpo e eu estou pronta para derrubá-lo.

— Ótima forma de se apresentar. — O loiro toma um fôlego e tão rápido como eu o ataquei, ele está solto, segurando o braço dolorido. Uma pequena mala está em uma de suas mãos e sua camisa social está amarrota, mas ganham forma em seu corpo musculoso. Seu rosto é perfeito, toda a proporção o deixa mais atraente, como se ele fosse um anjo que caiu na terra por engano. A cicatriz sobre a sobrancelha é prova disso.

— Merda, desculpa! — Seus lábios puxam para cima.

— Está tudo bem. Você tem uma força de se admirar, inclusive. — Ele pede para que eu o acompanhe. Acena para o síndico que está na bancada antes de me guiar ao elevador. Tem um casal com um bebê no carrinho, o corretor se encaixa ao meu lado — Quase me esqueci, me chamo Justin Bieber. E de acordo com o desejo da senhorita, selecionei alguns apartamentos. Não precisa ter pressa para se decidir, escolher o primeiro apartamento é sempre mais difícil. E ao ocorrer qualquer dúvida, basta perguntar.

Agradeço por ele ser um jovem simpático e paciente. Ele me levou a três apartamentos diferente e eu me decidi no quarto.

Ao explorar o apartamento ele se parece muito com o que eu poderia chamar de lar. As cores das paredes são agradáveis, tem um closet espaçoso em meu quarto e um quarto de hóspede para um dos meus irmãos. A cozinha e sala são divididas por uma imensa bancada. As janelas da sala pegam do chão ao teto e é possível ver o sol se pôr por entre os prédios.

Justin parece estar satisfeito por ter me ajudado em meu primeiro apartamento. Ele sorriu espontaneamente pela primeira vez, me acompanhando nos cômodos. Estou encantada e consigo visualizar toda a decoração.

— O prédio tem apenas algumas regras: Sem volume alto e animais. Festas são admitidas, desde que não tenha muitas pessoas e não incomode os vizinhos — Sinto o frio na barriga, minha primeira decisão de muitas.

— Ótimo! — Meus olhos passeiam pela cozinha. Adam me apresentou com talheres fofos de porquinho e Thomas me deu um quadro com uma foto do nosso primeiro pulo de paraquedas. Mal posso esperar para deixar o apartamento com a minha cara.

— Parece que você já se decidiu — Ele lambe os lábios e eu tentou parecer entretida com outra coisa que não seja seus olhos cor de mel.

— Posso me mudar quando?

— Após assinar as papeladas, você terá a chave em uma semana — Ele puxa os papéis da maleta apoiada no balcão e me entrega a caneta.

— Obrigada, por ser paciente — Entrego a ele os papéis após assinar.

— Não foi nada. Quando tudo estiver pronto, irei lhe enviar um e-mail para que você possa buscar sua chave na corretora — Meu coração acelera com a emoção e ele sorri para mim, como se fôssemos velhos amigos.

Justin Bieber

O barco balança em um movimento suave e Formiga está jogado sobre a poltrona, alisando seu penteado Mohawk. Na televisão passa alguma notícia sobre o Robin, relacionado ao roubo da semana passada.

— Você está sendo investigado — Ele abre o pacote que joguei em seu colo e abocanha seu hambúrguer após coçar as partes.

— Alguma novidade?

— Você acha que vai sair impune sempre, não é falastrão?

— Quem usa essa palavra? — Deixo o casaco no cabide.

— O seu cú.

Ignoro Formiga, que parece estar de mau humor. Subo as escadas do barco e Sam está em seu local favorito, sendo iluminado pelas luzes das quatro telas. Empurrou sobre a mesa o café que eu comprei. Ele não me agradece, não faz mínimo esforço para olhar nos meus olhos. Ele está concentrado nas câmeras da cidade.

— Trabalhando logo cedo. — Puxo uma das cadeiras para perto de Sam, sua testa está franzida e ele tem cheiro de suor e perfume, na tentativa de disfarçar o fedor.

— Você está atrasado. — Seus dedos estão frenéticos no teclado. Já estou ocupado com meu uniforme, emendando um buraco.

— O Queens é longe de tudo.

— Claro, o trânsito. — Sam provou seu café, cuspindo tudo na lata de lixo ao lado. Junto com o café — Uma porcaria. E você sabe as regras, sem mulheres dormindo lá. Elas só te atrasam.

Eu quebrava essa regra sempre, mas não era pelo fato de querer. Eu tinha um coração mole demais para expulsar uma mulher dois segundos após transar com ela. A cara que elas fazem, é triste.

Formiga diz que é por isso que as mulheres sempre voltam e me ligam no dia seguinte. Eu estou dando esperança a elas. E eu não queria dar esperanças falsas, eu já vivi isso.

— O que você está fazendo?

— Yakuza está na cidade, trabalhando para alguém com dinheiro o suficiente para pagá-los.

— É ilegal. Eles não são bem-vindos aqui.

— Descobriu isso sozinho ou precisou de ajuda? É óbvio. Formiga ficou por dentro apenas do sistema de apostas, mas eu acho que tem mais. Drogas talvez.

— Preciso de mais informações para prosseguir. Como vai a vigilância?

— Checando os pontos cegos na câmera. Você pediu por algo leve hoje, então eu tenho algo para você.

— Que é...

— A filha de um dos maiores empresários está na cidade, o tipo patricinha. Eu achei um ponto cego na rua, há um bueiro e trancei os caminhos da passagem subterrânea até a sua moto, que vai estar cinco quadras dali. Vai ser mole, se ela acionar a polícia, eles nem vão saber de onde surgiu.

— Você sabe que eu não gosto disso, Sam. Além de mulheres serem escandalosas, o simples fato de ser filha de alguém importante não quer dizer que ela tenha muita grana.

— Você sabe aquele cara triste lá embaixo? Ele tem uma semana para quitar o aluguel do apartamento ou será despejado.

— E o dinheiro da semana passada?

— Você pagou um dos melhores advogados para ajudar a filha daquela moça. Comprou milhares de cobertores para distribuir, além de uma cesta básica para cada um. Você deu um ótimo piano para aquele garoto, além de já deixar pago um ano de aula. Você ajudou cerca de cinquenta moradores com o aluguel. Além de ter dado passe livre para quem quisesse comer pizza por sua conta... Me recordo também do berço, os matérias para as crianças e...

— Eu entendi, sem dinheiro. Quanto é o aluguel? Talvez eu possa usar o meu salário.

— Você não recebeu ainda, Justin. Nós estamos sem sabão em pó e os armários só tem teia, sem comida.

— Porra. Quem é a vítima? — Não gosto disso, mas preciso fazer o necessário.

Alyss Lenz. Ela chegou em Nova York faz duas semanas. — Solto a respiração e coço o pescoço.

— Não poderia ficar melhor...

Alyss Lenz

Estou esperando Thomas pacientemente na sala de espera. As paredes brancas são claras demais para quem acordou a tão pouco tempo. As fotos que eu tirei de crianças brincando no parque me faz sorrir e traz o frio na barriga à tona ao mesmo tempo.

Eu tenho uma nova mensagem de uma velha amiga da faculdade. Falando assim até parece que frequentei a faculdade há anos atrás, mas nós nos separamos por poucos meses.

Ela me enviou uma foto de seu anel de noivado e eu só consigo pensar no homem que já amei.

Thomas aparece no corredor, com um sorriso iluminado. Ele fica lindo de jaleco. Seus cabelos morenos e longos estão presos no topo da cabeça em um coque. Sua pele bronzeada diz muito ele. O seu amor pelo surf e as calmarias da onda quebrando na areia. Ele pode ser o que você desejar, agitado, mas também calmo.

— Mesmo fazendo isso por cinco anos seguidos, eu quase choro ao pegar uma coisinha dessas. — Tommy descansa o braço em meu ombro e exibe sua foto segurando um dos bebês que ele trouxe ao mundo.

— Você é sensível, querido. Chorou ao ver sua irmã receber um diploma.

— Não me culpe, eu pensei que nunca iria ver esse momento chegar.

Nós paramos o táxi e ele aproveita para remover o seu jaleco. O ajudo a dobrar as mangas da camisa social.

— Qual será o destino de hoje?

— Uma luta ilegal de rua.

— Excelente, estou animada para parar atrás das grades — Brinquei.

(...)

A luta está acontecendo e Thomas foi buscar uma bebida para nós. Um homem de cabelo cacheado e seu amigo de penteado punk parecem estar me observando. Não sei se é paranoia, mas eu os vi no carro que estava seguindo nosso táxi. Agora estou com medo do que pode acontecer, e o sangue derramado no tatame improvisado não me entretêm mais. O meu passatempo favorito é ver o quão próximo Thomas está na multidão.

O homem gigante é derrubado no tatame, o seu oponente parece magro e frágil, mas é mais ágil do que ele poderia imaginar. A multidão grita, os que perderam aposta xingam e os vencedores comemoram.

Eles ainda estão atrás de mim. Posso sentir o olhar queimando a minha pele, ou é devido ao simples fato de eu estar abraçada no casaco, quando a temperatura está ambiente.

Thomas me entrega a bebida e não precisa de muito tempo para perceber que estou desconfortável. Nunca me preocupei com sangue, mas agora ele remexe com o meu estômago de um modo insuportável.

Meu amigo dá de ombros, segurando a minha mão, me conduzindo para longe da multidão. E por incrível que pareça, consigo ouvir o passo dos homens atrás de nós.

Justin Bieber

O porteiro não se preocupou em me deixar passar, ele sabe o meu emprego e não se preocupa com o que eu estou prestes a fazer.

Um andar antes do apartamento que estivesse dias atrás, tem uma pequena sala para produtos de faxina. Empurro o carrinho para bloquear a porta e abro minha mala, sacando meu uniforme e em seguida meu arco. Este é um diferenciado, cabe em pequenos lugares. Levo um tempo para encaixar as peças e em seguida para colocar a corda.

Não acho que eu vá usar ele, a garota não parece perigosa, além de estar aproveitando uma doce luta ilegal com o namorado. Ela sabe se divertir. Se prevenir nunca é demais, dentro do prédio é seguro, mas sempre à o lado de fora.

Já preparado, uso as escadas para avançar o próximo andar e uso a minha chave cópia. Peguei está na corretora, dizendo que minha cliente tinha perdido a sua.

O apartamento está totalmente diferente, sem o vazio e o eco costumeiro. Me sinto mal por isso, ela não parece o tipo de garota que é.

Talvez eu devolva o que eu peguei um dia, mas por ora, preciso ajudar meu companheiro.

Alyss Lenz

— Eu sinto muito mesmo! — Me desculpo pela milésima vez, os sapatos de couro antes brilhante, agora está coberto de vômito e eu não sei onde enfiar minha cabeça.

— Está tudo bem, Alyss. Mas você deveria ter me dito que não estava se sentindo bem, antes que eu enfiasse um maldito cachorro quente de rua em sua goela abaixo — Thomas usou sua camisa para limpar o meu rosto e eu estava me sentindo mais péssima ainda. Eu abri a porta do apartamento, me sentindo envergonhada demais para me lamentar novamente.

Thomas deixa os sapatos no canto da sala e eu prometo que irei lhe comprar novos, ele diz que é bobeira e que precisa apenas ser limpo.

Tommy remove a camisa também suja e se joga no sofá. O seu time de basquete do coração está prestes a joga e ele está tão animado que esquece o que eu lhe fiz passar.

Removo meus saltos e faço um coque, indo em direção ao meu quarto para jogar a roupa no cesto e tomar um longo banho. Tudo ocorre muito rápido, meu peito é pressionado contra a parede e alguém mantém meus pulsos presos. Está escuro e minha perna fraqueja. Penso em gritar por Thomas, mas alguém tapa a minha boca. Me debato, tentando usar um dos golpes que aprendi frequentando tantas aulas, mas agora elas foram apagadas da minha mente.

— O que você quer?

— Eu preciso que você se mantenha calma e em silêncio. Feche os olhos e conte até vinte — A voz abafada me parece conhecida.

— Eu não sou estúpida, não vou contar os segundos da minha morte.

— Sua inteligência é notável, mas não é bom desobedecer alguém que está armado. Eu vou repetir de novo e espero ser ouvido — Seu peito toca as minhas costas, se me concentrar posso sentir sua respiração. É suave, ele está calmo, como se a situação fosse normal.

— O simples fato da minha família ser rica não significa que eu tenha herdado algo, Arqueiro.

— Shh — Sua pegada vacila, ele está relaxado. Não sou mais um perigo para ele.

— Não faça 'Sh' para mim.

Torço o braço me livrando do seu aperto, enterro um chute no meio de suas pernas e ele tropeça, pego de surpresa. Ele move sua faca em uma ameaça e eu consigo puxar a sua capa. Ele usa uma máscara e poderia ser o fim de tudo, mas sua cicatriz a cima da sobrancelha está visível.

Algo cai do lado de fora e me distraí, a luz do quarto liga e Thomas está ao meu lado, olhando para um corte circular no vidro. E enquanto ele tem dúvidas de como o buraco foi parar ali, eu estou tentando entender se não estou alucinando. A voz e a cicatriz. Ele era ágil e desapareceu como um fantasma.

Me aproximo da janela e ele não está esparramado no chão, muito menos correndo. Ele apenas desapareceu, como um dente de leão ao ser assoprado.

Não poderia ser possível. Eu descobri a identidade de Robin Hood.


Notas Finais




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