História The New Selection - Chapter VIII

Summer Evining P. O. V

O sol refletia sobre o meu cabelo, o dia estava particularmente quente, mas muito bonito. Estava sentada sobre a beira do chafariz enquanto Justin contava suas aventuras vividas em algumas batalhas, ou em viagens, meus olhos brilhavam e meu coração dava um grande looping quando o assunto se tratava de esgrima. 

- Precisamos treinar mais uma vez - finalizou, sentando-se ao meu lado. 

- Achei que nunca mais fosse me convidar - confesso.

- Só estava sem tempo - pega minha mão e a leva até sua boca, depositando um beijo. 

- Oh, verdade, esqueci que ainda há outras selecionadas que precisam de atenção e, vez ou outra um agrado a mais - semicerro os olhos. 

- Não entendi. - ponderou, enquanto  me analisava. 

- Eu sei que prometemos nunca mais tocar nesse assunto - umedeço os lábios, obtendo mais tempo para organizar meus pensamentos - Me prometa que não ira contar para ninguém, mas está rolando boatos de que você andou beijando alguém... Você já deixou bem claro que esse é o intuito, e que estamos aqui para isso. Mas, com tudo, não acho certo saírem espalhando para os sete reinos, isso acaba influenciando e desanimando algumas participantes - tipo eu, penso.

- Beijei? - perguntou, confuso. 

- Isso não me interessa, pra falar a verdade, não quero saber. Só gostaria que quando acontecer novamente, você avise a selecionada para ficar quieta.

- Oh, pode deixar que eu avisarei - suas palavras tinham um pouco de divertimento - Mas me sinto na obrigação de enfatizar; não houve uma aproximação a mais, com ninguém, nada fora do padrão e cordialidade imposto pelos bons modos. 

- Hm, sei - o analiso de soslaio - Não é o que estão dizendo por ai.

- Fico feliz em informar que essa pessoa está mentindo, e que infelizmente você e várias outras cairam na mentira.

O encaro minuciosamente, procurando qualquer resquício de hesitação que denunciasse sua mentira. Eram várias hipóteses e variáveis, Justin podia estar mentindo para se livrar, em vista que, se os relatos fossem verídicos me causaria grande incômodo e desapontamento; em contra partida, tem o lado de Jasmine, que facilmente inventaria uma história para se sobre sair e causar inveja em todas, tudo para alimentar seu ego.

- Você está na minha mira, rapaz - falo por fim - Agora preciso ir, irei para uma festa muito requintada, a convite da própria rainha. Acredita? - levanto com ajuda de Justin, que enlaça minha cintura com seu braço. 

- Posso saber onde é essa festa, senhorita? - perguntou, entrando no meu teatro. 

- Creio que não, somente quem é de extrema importância sabe onde é e fora convidado. 

- Acho que ser filho da rainha não justifica e nem me qualifica para o aniversário dela. Não é? 

- Sinto muito, mas não. Quem sabe da próxima. - beijo sua bochecha. 

- Você não tem jeito - inicia uma tortura de cócegas. 

- Isso... é... in-jus.. to - falo pausadamente entre uma respiração e outra. 

- Injusto é o efeito que você tem sobre mim - as cócegas haviam cessado, sua mão sobre minha nuca me alertavam sobre o que vinha a seguir. 

- Justin.. - murmuro. 

- Hm. - responde, sem dar muita importância 

- Preciso ir - o empurro levemente - Tenho que me arrumar para o baile de hoje a noite.

- Certo, eu te acompanho. 

Concordo com a cabeça, de braços entrelaçados caminhamos pelo longo jardim. 

... 

De banho tomado, já estava sentada de frente para a penteadeira enquanto Jenny trabalhava no meu penteado que seria semi preso. Conversávamos alegremente sobre os eventos que aconteciam no castelo e como todos ficavam eufórico, mudando totalmente o aspecto calmo e silêncio.

- É a primeira vez em anos que a rainha comemora o aniversário com um baile - Jen, contava enquanto mantinha a atenção em uma mexa rebelde do meu cabelo - Para ser específica, desde o nascimento do príncipe todas essas comemorações que envolve bastante gente foram cortadas, ou modificadas para algo mais simples e só para os mais chegados a família real.

Ponderei, tentando entender o motivo para tanta privacidade. Provavelmente seja por conta do passado sangrento e massacrador de Auradon, e por medo e cuidado preferiu não expor seu querido filho para o perigo.

Analiso meu cabelo, que já estava pronto e maravilhosamente feito. Agora Jenny se prendia a minha maquiagem, que preferi dar evidência aos olhos. Após longos minutos, cabelo e maquiagem estavam prontos, com ajuda o vestido de tom coral desliza pelo meu corpo, calço os saltos de boneca e finalmente estou pronta. 

Caminho até o enorme espelho, analisando-me e observando os detalhes do vestido; seu busto era colado e o corte em coração, era rendado tampando meus ombros e uma parte das costas, deixando a outra mais ao centro nua. 

- Está estonteante. 

- Obrigada, Jen. 

Com ajuda da minha querida amiga, Jenny, saio do meu quarto encontrando Pepper que usava um vestido azul tiffany rodado, igual  uma princesa. 

- Está linda -  a elogio.

- Você também - entrelaça seu braço ao meu - Vamos? 

- Vamos. 

As aulas de Ruby começaram a surtir efeito, minha postura havia melhorado e minhas pernas não ficavam mais bambas quando usava salto. Com cuidado triplicado descemos a escadaria, como sempre, todas estavam enfileiradas. Fiquei na fileira atrás de Aurora, enquanto Pepper ficou na outra atrás de Anne. 

- Acho que nunca vou me acostumar com isso - sussurro para mim mesma. 

- Fique calma, tudo vai dar certo - a morena de cabelos curtos, diz sorrindo. 

Agradeço com um largo sorriso. 

O salão onde aconteceria o baile de comemoração do aniversário da rainha, seria próximo a onde era gravado O Jornal. Fomos escoltadas por cinco guardas até o local, que estava todo iluminado por pequenas lampadas que davam a impressão de ser estrelas, deixando tudo elegante e romântico. Uma enorme porta nos separava de onde acontecia a festa, Ruby nos instruiu que iríamos ser anunciadas e para isso, precisariamos entrar uma de cada vez. 

Como de costume fomos arrumadas por ordem alfabética, odiava esse método já que só me deixava mais ansiosa e apreensiva. Chegando a minha vez rezei para tudo quanto é santo, pedindo que me ajudasse a não cometer qualquer erro. 

- Senhorita Summer Evining, província Auradon. - um homem com um terno branco, ao lado da porta nos anunciava para todos que nos encaravam com curiosidade. 

Minha respiração parou por alguns segundos quando vi a escadaria que precisaria descer, meu histórico não era um dos melhores, dou uma lufada de ar e desço cautelosamente os degraus lembrando das aulas, cabeça erguida, postura, sorriso. Quando dou por mim, já estava no último degrau e graças ao bom Deus tudo ocorreu bem.

Estava ao lado da mesa de petiscos bebericando uma bebida que tinha gosto de mel, enquanto observava de longe Ryan e Audrey conversarem, pareciam entretidos e bem envolvidos no assunto, é divertido imaginar um diálogo entre eles. 

O baile estava animado e muito bem decorado, lustres de cristais eram dispostos ao longo do salão e mais a cima lampadas iguais a de fora davam a impressão que estavamos a céu aberto, alguns tecidos desciam do teto onde alguns dançarinos faziam a sua arte de acrobacia, não esperaria menos da rainha Destiny. 

- Ryan e eu estavamos te procurando - Pepper chega do nada, tocando meu ombro e me tirando do devaneio - E adivinha, meu primeiro palpite foi na mesa dos docinhos. 

- Tcharam - ergo as mãos para o alto - Me acharam.

- Sem graça - Ry finalmente se pronuncia. 

Mostro a língua, logo depois olho para os lados para ver se alguém viu a cena. Ryan gargalhou, de certo havia se lembrado de quando nos conhecemos. 

- O que você quer, querido? 

- Só queria cumprimentar minha doce, amável e educada amiga.

- Sinto lhe informar, mas acredito que ela já tenha ido embora. Vai ter que se contentar comigo, estúpida, igmorante e rancorosa... porem, sua amiga. - abro um sorriso sinico. 

- Essa garota não tem jeito - aponta para mim, enquanto seu olhar estava preso em Pepper.

- Engraçado, já me disseram isso hoje - dou de ombros. 

- O que nos resta é aceitar - responde, rindo. 

- Mudando de assunto, o baile não seria aberto para as famílias das selecionadas? - observo todos ao meu redor. 

- Sim, mas devido a alguns ataques recentes decidiram que era melhor não tumultuar - Ryan nos explica - Pelo que eu entendi, vão fazer um dia especial para as famílias. 

- Entendo - suspiro, dando-me por vencida.

Achei que veria meus avós, porém ficaria para outro dia. Me despeço dos meus amigos e vou para o centro do salão, onde rei e rainha dariam início ao baile com uma valsa. Já se formava um enorme círculo em volta do casal, que se mantinham juntos e de mãos dadas esperando o tempo certo para começar. 

Do outro lado Justin os encarava, -vestindo um smoking preto e com seu cabelo pefeitamente alinhado em um topete- com expectativa e orgulho, era quase palpável seu carinho por ambos. Fui pega pelo seu olhar amendoado, dou um breve sorriso constrangida e desvio o olhar, voltando a atenção para a dança que acabara de começar; rainha Destiny parecia flutuar com o seu vestido caramelo, rodopiavam ao longo do circulo, rei Aaron comandava a dança perfeitamente. 

- Agora, o príncipe irá escolher uma de suas selecionadas para dançar junto ao rei e a rainha - fala o homem que havia nos anunciado.

Procuro Justin no mesmo lugar que o havia visto minutos atrás, não o encontrando, rodo os olhos, minhas experiências anteriores já me deixaram preparada para o ver dançar com outras selecionadas, era sempre assim; eu crio expectativas, Justin escolhe Jasmine, sempre acabo decepcionada. Mas hoje não seria assim, não ficaria para ver a cena dos dois dançando. 

Viro lentamente para não chamar atenção, e dar o que falar, quando me viro totalmente me deparo com dois olhos castanhos. 

- Posso saber para onde a senhorita vai? - questiona, esticando sua mão. 

- Para lugar nenhum - meu coração batia acelerado. 

- Daria a honra de dançar comigo? - sua voz era baixa e excitante. 

Não encontro palavras, não consiguia lembrar do meu próprio nome principalmente pela atenção em excesso que estavamos recebendo, balanço a cabeça. 

Calmamente me leva até o centro da roda, onde o rei e rainha nos esperavam com um sorriso caloroso, os cumprimento com uma reverência e me posiciono ao lado da rainha ficando frente a frente com Justin.

Uma de suas mãos sustentava a minha no ar, enquanto a outra se prendia em minha cintura, minha mão livre segurava a saia do vestido. Meus olhos verdes se perdiam no mar caramelado de Justin, e um sorriso bobo nos meus lábios denunciava minha alegria, uma música suave e melodiosa começou a ser tocada dando início a nossa dança. Justin me guiava calmamente, era como se já tivéssemos dançado várias e varias vezes quando na verdade, era a nossa primeira dança juntos. Nossos corpos colados, respiração sincronizada, olhares trocados, seu cheiro amadeirado inebriante, pequenos detalhes que eram importantes para tornar tudo um momento importante. 

Soltando sua mão de minha cintuda me rodopia várias vezes, por um malagre divino não enrolo meus pés ou tropeço, voltando a colocar nossos corpos deposita um beijo rápido sobre a minha testa, puxou-me pela cintura fazendo com que apoiasse minha cabeça em seu ombro, sua respiração baixa em meu ouvido refletia em pequenos espamos de arrepido pelo meu corpo. 

- Você está maravilhosa - comenta, baixinho. 

- Obrigada - sussurro - Você também está lindo - sinto minha bochecha esquentar dando graças por ele não poder ver meu rosto.

Dançamos calmamente embalados pelo ritmo lento da música, algumas palavras eram trocadas ao decorrer, ficamos ali durante umas quatro músicas apenas aproveitando a presença e o toque um do outro. Nos separamos lentamente, Justin deu um beijo casto sobre as costas de minha mão. 

- Espero ter a honra de conduzi-la novamente - seu olhar tinha um brilho de malícia. 

- Quem sabe - deixo as palavras no ar, enquanto volto para o meu lugar. 

Grande maioria encarava, provavelmente curiosos para saber o porque de ter dançado aproximadamente cinco músicas com o príncipe, mas aquilo já não me incomodava, sabia que para ter Justin era necessário saber conviver com a sua vida exposta e sendo comentada por todos.

Sinto leves puxões na saia do meu vetido, olho para baixo curiosa para saber o que ou quem era o culpado. Jazmyn com seus olhos brilhando, e seu vestido lilás rodado lhe dava o ar de um pequeno anjo, abaixo-me a sua altura e toco a ponta do seu nariz. 

- Olá - a cumprimento. 

- Oi Summer - responde sorrindo, mas logo depois uma expressão séria toma seu rosto. 

- Aconteceu alguma coisa? - questiono. 

- É o Jaxon, não estou o achando, falou que ia no banheiro e não voltou até agora - sua boca formava um pequeno bico. 

- Faz tempo que ele foi? 

- Sim, ele não demora tanto - responde olhando para os lados - Eu pediria ajuda para mamãe, ou até mesmo para Justin, mas todos estão ocupados. 

- Tudo bem, vamos procura-lo pelo salão, se não o acharmos iremos em direção aos banheiros. 

Seguro a pequena mão de Jasmyn, e saio em busca do pequeno Jax, muito provavel que esteja pregando uma peça na irmã. Após varias voltas no salão,  e procurar diversas vezes no banheiro, decidimos ir para fora. A temperatura havia caido, e fortes rajadas de ventos nos atingiam fazendo meu cabelo voar loucamente atrapalhando minha visão, por sorte o vestido de Jazy era de mangas compridas a impedindo de passar tanto frio como eu. 

- Jaxon - grito seu nome, olhando para o extenso jardim. 

- Jax - Jazy o grita também, sua voz estava embargada pelo choro preso. 

- Jazmyn, volte para dentro - abaixo a sua frente - Vou continuar a procurar seu irmão. 

- Não, não vou te deixar sozinha. 

- Não vou estar sozinha, daqui a pouco eu e seu irmão estaremos de volta. 

Concorda com a cabeça meio contrariada, volta correndo para o salão olhando algumas vezes para trás, a observo até entrar e a porta ser fechada. Olho para os lados estranhando não ter nenhum guarda por perto, continuo minha busca pelo pequeno herdeiro, torcendo para que seja apenas uma de suas brincadeiras.

Meu coração se alivia quando o vejo ao longe, bem mais para frente, próximo a uma pequena floresta, início uma corrida que era dificultada pelo forte vento e o longo vestido, ao me aproximar vejo que o alívio veio cedo de mais. 

Jaxon estava sendo segurado por um homem, que estava todo de preto e se camuflava com a escuridão. 

- Quem é você? - pergunto firme. 

- Ora, ora se não é uma das selecionadas - a voz grossa e rouca do homem me faz estremecer e recuar brevemente. 

- O que você está fazendo com ele? - aumento minha voz - Onde estão os guardas? 

- Só estavamos conversando - solta uma gargalhada - Ah os guardas... Vamos dizer que eu dei uma pequena folga para eles. 

Meu corpo se arrepia com suas palavras, ele só podia ser mais um dos rebeldes, e para piorar estava fazendo Jaxon de refém. 

- Solte ele - ordeno. 

E mais uma vez sua gargalhada monstruosa toma conta. 

- Quem você pensa que é? - a risada é cortada bruscamente, agora uma feição de raiva dominava seu rosto. 

O analisando com mais cuidado, era possível notar um reflexo prata em sua mão, o objeto estava próximo ao pescoço de Jax. Engulo em seco ao constatar que aquilo era uma faca. 

- Por favor - imploro - Ele é apenas uma criança, me leve em seu lugar. 

O homem parecia analisar minha proposta, o silêncio acentua meu embaraço e aquela faca me deixa terrivelmente desconfortável. 

- Serei mais útil do que uma criança. 

Agora seus olhos subiam e desciam pelo meu corpo, desconfortavelmente troco o peso de um pé para o outro, os arrepios na espinha e minhas pernas bambas não ajudavam. Os olhos deles brilham de uma forma estranha, eu não sei bem o que pensar, meus instintos gritam para que eu fique alerta. 

Barulhos de coisas sendo quebradas e alguns gritos chamam nossa atenção, os barulhos vinham do castelo e em segundos várias pessoas com roupas pretas e mascaradas saem correndo pelo jardim. 

- Vamos, cabeção - um dos rebeldes gritam, aparentemente para o homem que esta a minha frente. 

Em segundos, tudo acontece muito rápido, o homem larga a criança no chão e me coloca em seu ombro enquanto sai correndo. Minha última visão é de Jaxon nos olhando assustado e logo despois correndo em disparada para onde ocorria o baile. 

Em meio a correria e trocas de tiros, entre os rebeldes e os guardas que ressurgiram, bato a cabeça em um tronco de árvore, minha visão começa a desfocar e ficar turva até que tudo se apague.