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História The Old Girl. - A garota mais bonita do baile.


Escrita por: calliefoster

Notas do Autor


Quem é vivo, sempre aparece, não é mesmo? ahahahaha.
Eu não morri, tampouco a fanfic foi abandonada. Eu sei que é o que parece, mas é que a falta de tempo me obriga a fazer isso. Crescer não é fácil, galerinha. Mas eu irei terminar essa fanfic. Alias, essas!
Enfim, este capítulo é bem jeleninha, e bem engraçadinho mesmo. Eu espero que vocês apreciem, dei meu melhor nele! ♥

— Capítulo dedicado para Najuz1nha. Obrigada pelo apoio contínuo, apesar da demora absurda. ♥

Capítulo 6 - A garota mais bonita do baile.


Fanfic / Fanfiction The Old Girl. - A garota mais bonita do baile.

TEXAS, 2016.

Sábado, 02h23min PM

É realmente estranho o modo em como as roupas no futuro se tornaram mais caras, porém com menos tecido. Quero dizer, o que diabos há na cabeça de quem comprar calças com rasgos semelhantes a consequência de uma briga severa com um grupo de gatos?  

— Eu não irei vestir isso! — Recuso-me enquanto Maya oferece a peça. 

— Cala a boca e pegue isso logo! — A menina lança as calças no ar, e eu pego antes que estas caiam no chão. 

— O que há de bonito nestas coisas furadas e sem vida? É careta — torço o nariz enquanto vejo-a retirar uma camiseta branca de uma arara de roupas. 

Ela para. A face neutra fita-me dos pés à cabeça, e ela permanece calada, até que enfim ri. 

— Tem certeza que quer falar sobre caretice? — As sobrancelhas sobem em direção ao coro cabeludo, ela está obviamente sendo sarcástica. 

Solto o ar com força, revirando os olhos. 

— Quando você irá me respeitar como mãe — resmungo. 

— Quando você tiver a aparência de uma — virando-se para mim após jogar um vestido branco na pilha de roupas em meus braços, ela me guia até o provador. 

[...] 

— Você é a maior cretina de todas — ela morde o sanduíche entre os dedos com força enquanto seus orbes escuros pincelam a saia verde neon a qual admiro.  

Tal xingamento vem decorrente do fato de que, a moda atual não pegou, e Maya não conseguiu me convencer a comprar roupinhas parecidas com as suas. Por fim, entramos numa loja de fantasias a qual possuía um setor inteiro de roupas retrô, onde eu fiz questão comprar peças o suficiente para não precisar mais usar os trajes de Maya. 

— Se acha que eu irei sair com você enquanto estiver vestida nestas porcarias aí, tire o cavalinho da chuva — ela avisa, causando-me surpresa por conta da frase usada. 

— Você usou uma expressão da minha época — fiz biquinho, colocando ambas as mãos no peito em sinal de emoção. 

— Vá se ferrar — o modo como ela fala de boca cheia me faz rir. 

— Beleza, você irá me contar que lance estranho foi aquele com aquela garota bonita, ou... ? — Maya que antes mastigava o alimento, para instantaneamente.  

Ela engole rapidamente, pisca algumas vezes, e então repousa o rosto redondinho dentre as mãos. 

— Por que você não me conta o que houve entre você e Justin no elevador? — Novamente, ela está erguendo as sobrancelhas. 

Noto que ela fugiu do assunto, e aceito o fato de que talvez, ela simplesmente ainda não se sinta segura para me contar do que se trata. 

— Eu apenas o impedir de ter um surto — dou de ombros. — Ele me contou um pouco sobre seus sonhos, e eu o acalmei assim. Ele é incrivelmente humilde e simples. 

A morena a minha frente está com os olhos estreitos agora, e sua face retorcida por uma expressão decorrente de nojo. Só então percebo que estou sorrindo. 

— Eu já lhe falei... 

— Que xavecar os amigos da filha é nojento — reviro os olhos após completar sua frase. — Eu já sei. Mas eu não estou afim do broto, relaxe. 

— Captou o recado, ótimo — ela me manda um beijinho, logo em seguida tomando da bebida num copo alto e alvo. 

— Mas me conte, esse seu ciúme é decorrente da amizade mesmo, ou é algo a mais? 

— O que? — Ela me encara por um momento, mas logo em seguida, cospe o líquido em sua boca e gargalha. 

— Maya! — Repreendo-a quando me vejo molhada com suco de laranja. 

— Justin e eu? Sem chances, mamãe! Eu nunca poderia namorar alguém que limpou meleca no meu vestido de festa no meu aniversário de 7 anos! — Sua face está acerejada, a risada parece ser algo que ela não consegue segurar. 

Rio junto. 

— Eu falo sério — meus ombros esbarram no seu num ato um tanto carinhoso. — Vocês são muito unidos. 

— Justin é um otário. Sempre foi — embora as palavras sejam rudes, ela parece não ter a intenção. — Nós nos conhecemos no jardim de infância. Eu o defendi quando um garoto mais velho lhe sujou com uma tigela de pudim — ela está mexendo no sorvete, porem posso notar seus olhos brilharem com tal lembrança. — Nós não tínhamos amigos, e os problemas familiares coincidiam. O pai tinha ido embora, a mãe estava com problemas emocionais e bom, eu não estava muito melhor — Maya puxa o ar para os pulmões com força. — No aniversário dele de oito anos, ele convidou a classe toda ainda que todos o tratassem como merda. Fui a única que compareceu, mas ainda assim, ele agiu como se fosse o melhor dia de sua vida, e como se fosse absurdamente grato por me ter ali. Desde então, prometi a mim mesma que jamais o deixaria sozinho. 

— A amizade de vocês é linda — Sorrio. — Fico triste por ter perdido parte disto, mas feliz por saber que teve alguém como ele ao seu lado durante este tempo. 

— Aquele garoto é incrível, por isso sinto tanto ciúme dele. É como se nenhuma garota fosse boa o suficiente para tanta pureza — o modo com sua face parece reluzir ao falar dele não deixa que eu pare de encará-la. 

— Bom...  

— Ah, qual é, Selena! — Ela joga uma de suas batatas fritas em mim. 

— É brincadeira — digo-lhe rindo. 

E mentindo. 

  

Alguns dias depois — Terça-feira   

04h35min PM 

  

Há o sol, há uma brisa suave, e há uma melodia. 

Uma sinfonia de instrumentos que, quando tocados em conjunto, soam como a mais bela harmonia a qual já ouvi.  

Porém não é exatamente nisso em que presto atenção.  

Também há ele.

Mesmo com trajes sociais e uma feição parcialmente séria, ainda soa como a coisa mais graciosa e ingênua a qual já vi. Seu rosto cheio enfeitado com os óculos retangulares tem um tom acerejado, e eu simplesmente não consigo encará-lo sem sorrir. O broto está cheio de vergonha, sei disso pois seus orbes castanhos não param em minha face, assim como suas mãos tremem enquanto seguram minha cintura. 

— Porra, Justin! Faça essa merda direito! — A música parou, Maya está batendo os pés agora. 

— Eu estou tentando, Maya. Estou tentando! — O garoto a minha frente rosna, expondo sua total falta de paciência. 

— Dois para lá, e dois para cá, qual a dificuldade? — A morena bufa. — Eu deveria deixá-lo sofrer na mão dos caras apenas pela sua falta de vontade. 

Bieber revira os olhos. 

A paciência no ambiente é escassa. Fazia mais de duas horas em que Maya tentava ensinar a mim e ao loiro como dançar perfeitamente a valsa, para que não cometêssemos erros no dia do baile de outono. Porém não evoluímos muito, a não ser ao aprendermos a não pisar um no pé do outro ou a rir enquanto nos encaramos. 

— Eu vou tomar alguma coisa, um chá de paciência, talvez... — Após tal frase e minha risada falha, Maya deixa-nos a sós no jardim. 

O garoto se afasta depressa. Eu o observo, desde o momento em que ele chuta um banco, até o instante em que ele repousa seu bumbum sobre o mesmo e simplesmente, suspira. 

— Me desculpe, Lena — eu o ouço dizer quando me sento ao se lado. — Maya está me deixando louco. 

— E você deixou meus dedos roxos! — Tento descontrair lembrando-o de todas as vezes em que pisou em meu pé direito, porém é totalmente falho. — Relaxe, broto! É apenas a primeira aula, não precisa ficar deprê

Desta vez, ainda que não intencionalmente, eu consigo fazê-lo rir. 

— Droga, garota! Só você para dizer estas coisas bregas e mesmo assim, fazer com que eu ache fofo! — O modo como seus olhos brilham quando este me encara faz com que minhas bochechas queimem. — Alias, o que você está usando? — Ele une as sobrancelhas. 

Assim como ele faz, eu encaro minhas vestes; um vestido amarelo, e botas surradas de couro.  

— O que foi? Há algo de errado? — Os olhos de Bieber ficam estalados. 

— Ah, não, não, não! Não há nada de errado! — Ele ri, porem parece ser de nervoso. — É que elas são tão... 

— Normais? — Eu completo, visando o fato que na manhã de hoje, eu vesti as roupas que Maya separara para mim. 

— Sim... — Ele coça a nuca, parece sem graça novamente. — Quero dizer, você está bonita, como sempre! Mas, sei lá... Eu gosto mais das saias, o all stars e do encaracolado natural do seu cabelo — seus dedos deslizam sobre uma mexa do meu cabelo agora liso, e de repente, seus olhos estão sobre minha face. — Você sabe disso. 

— Estou vestido apenas o que Maya pediu — não o encarando, eu dou de ombros. 

— Pois não deveria. O modo como fala, como se veste e como age, são como o reflexo de sua alma, Lena. São quem você é, e é apenas isso o que você tem que ser, mesmo que Maya não goste — Eu nem sequer precisei esforçar-me para olhá-lo, pois o menino já me fizera isso quando seus dedos tocaram meu queixo, e ergueram minha face até que ficasse perfeitamente em seu campo de vista.  

Uma pequena risada escapa dentre meus lábios, decorrente de vergonha, digo que também por gratidão. 

— Então você não irá se importar se eu usar colã e saia de tule cor-de-rosa no baile? — Eu brinco, arqueando as sobrancelhas.  

— Não, porque de qualquer forma, ainda estarei com a garota mais bonita do baile —Ele está sorrindo, e faz isso como se estivesse de frente para a mais bela obra de arte que já vira em toda a sua vida. 

Eu faço o mesmo, porque o que ele acabara de me dizer fora de fato, a coisa mais da hora que alguém já havia me dito em toda a minha vida. 

— Selena!  

A voz masculina chama-me de forma que eu a procure, e desta forma, ache o moreno escorado na porta. 

A face que sempre fora tão doce, está neutra agora, quase como brava.  

— Vá para casa, Justin — Ele apenas diz. 

Nós não o questionamos. O loirinho a minha frente apenas beija-me a bochecha, e então, sai antes que possa fazer o mesmo. 

— O que diabos há com você? — Eu lhe pergunto assim que ultrapasso seu corpo ao adentrar a residência. 

Ele não me responde, apenas me acompanha até o quarto, onde Maya dobra uma pilha de roupas as quais fez-me experimentar pela manhã. 

— Maya — Ele chama, e nem a espera virar-se para para perguntar: — Qual o nome do primeiro bichinho de estimação que você teve? 

— Eu sei lá, Thomas! Já faz tanto tempo — a garota mexe os ombros, desinteressada. 

— Em que ano conheceu Justin? — Eu estou o encarando. 

Por algum motivo, sua face séria faz meu estômago revirar. 

— Foi em dois mil e sei... Dois mil e set... — A garota abana a cabeça rapidamente. — Foi no jardim de infância. 

Tommy pressiona o maxilar, ato o qual realiza quando a tensão toma conta de si. Há algo em suas mãos, e o modo como seus dedos tremem quando ele checa o papel novamente, faz com que eu prenda o ar em meus pulmões. 

— Maya — a voz do menino parece estar perdendo a força. — Como se chama a pessoa que nos criou? 

— Porque está me fazendo este tipo de pergunta? — Ela não o encara, tenta se concentrar em dobra as peças de roupa a qual usávamos. 

— Como ela se chama, Maya? E o que ela era nossa? — O pé dele está estralando no chão. 

— Qual foi, Thomas? Interrogatório, agora? Me deixa em paz! — Jogando a peça de roupa a qual dobrava em cima da cama, a morena se afasta de nós. 

Thomas ri, porem obviamente não por algo cômico. 

— Você não lembra, não é? — Ele bagunça os próprios cabelos. — Claro que não! E sabe por quê? Porque estamos sumindo. 

— Qual é! — Desdenha a menina, que está de costas para ele. 

Eu analiso ambos os corpos presentes no cômodo. A tensão presente faz minhas mãos tremerem, pois sinto que o que virá depois me atingirá de uma forma a qual não irei gostar. 

— Você sabia que há uma caixa em nosso sótão apenas com lembranças do vovô? Aliás, você tinha conhecimento que a teoria do espaço-tempo estava lá? — Bingo, aí está. 

— O quê? — Deixo com que a pequena frase escape num suspiro só. 

— Thomas... —  A garota repreende o irmão num rosnado só. 

O rapaz puxa a tal folha, e após puxar o ar para os pulmões com força, resolve recitá-la. 

"[...] se o indivíduo habitua-se a realidade a qual visita, consequentemente, passa a fazer parte dela, de modo que todas seus atos, lembranças, registros, dentre outros detalhes, simplesmente sumam aos poucos dentre as eras, até que não reste mais uma partícula sequer do que um dia foi sua época real." —  Sinto meus olhos arderem conforme eu os arregalo, minha cabeça doí de forma que não acontecia desde o dia em que vim parar em tal realidade; a face de Thomas está vermelha. — Nós somos consequência de atos de Selena, Maya. Se ela não os faz, logo, não existiremos! 

— Cale a boca — virando-se para ele, a menina parece controlar-se para não realizar tal ato com as próprias mãos. 

— Maya, precisamos mandar Selena para casa. 

— Ela está em casa — os ombros da menina sobem e desce, num ato de desinteresse. 

— Para de ser sínica. Não é necessário ser um gênio da ciência para saber que os atos de Selena aqui, a levaram a repensar suas atitudes quando voltar para casa — Ele está nervoso, mal percebe que tal frase toca mais a mim do que a irmã. 

— E daí? — Maya vira-se para ele num giro só, suspirando com impaciência. 

— E daí que...  Se eu repensar e não realizar os atos que os trouxeram até aqui, a realidade de vocês será alterada, provavelmente de um jeito ruim — concluo, encarando-a debaixo após refletir sobre aquilo que Thomas acabara de dizer.  

— Ótimo! — Ela ergue os braços, gesticulando. — Então apenas não entre naquele no dia 3 de julho de 2002. 

E inesperadamente, ela atravessa a saída e fecha a porta com brutalidade. 

— Acha que está teoria é real?  — Eu o pergunto quando o rapaz se senta ao meu lado. 

— Eu tenho certeza, Lena — ele sorri, mas logicamente não por alegria. — Porem é óbvio que o que você descobriu aqui irá interferir em como você irá prosseguir com sua vida quando voltar para casa. Ou você acha que ainda pode se casar com Jesy depois que soube que ele nos deixou? 

— Não — engulo a saliva com dificuldade. — Eu simplesmente não conseguirei olhá-lo com os mesmos olhos. 

— Aí está! Isso já é um puta problema, porque se você não se relacionar com ele, logo Maya e eu não existiremos — apreensivo, ele ergue seu tronco e move-se até a janela.  

— Meu Deus! — enterro os dedos dentre os cabelos, puxando-os levemente ao sentir a informação dissolver-se em minha mente.  

— Nós temos que achar o vovô — repentinamente, ele diz. — Somente ele pode nos dar respostas concretas ou levá-la de volta. 

— Eu ainda não entendo como ele pôde sumir assim. Quero dizer, não é a cara dele deixar tudo para trás, muito menos a da minha mãe — há uma bagunça em minha mente, e o esforço psicológico faz minha cabeça doer. 

— Perder a única filha não é algo fácil, Selena. 

Faço careta para ele. 

— E deixar os netos para trás, é? — Ergo as sobrancelhas, solta um riso irônico logo em seguida. — Ele simplesmente tomou doril quando vocês mais precisavam dele, Thomas. Da mesma forma que Jesy fez. 

— Não seja tão radical — ele repousa ambas as mãos sobre meus ombros, mas a forma como me levanto de repente o assusta. 

— Eu não estou sendo radical, estou sendo realista! — Meu tom de voz sobe. 

De repente, estou com raiva, pois de alguma forma, tal linha de raciocínio não havia me atingido ainda. Porem agora que o fez, o sentimento de fervor em meu peito preenche grande parte da saudade a qual tenho de meu pai, e decido de imediato que irei confrontá-la quando o achá-lo. 

— De qualquer forma, precisamos dele.  

— Talvez não exatamente dele... 

— Hein? 

— Durante grande parte do tempo em que meu pai estava preso naquele porão, ele estava com Bailey Allen. Ele era nosso vizinho e seu melhor amigo. 

— Eu o conheço! Quando era criança, ele furava minhas bolas de basquete — rio. — Ele não mora mais aqui ao lado, não sei exatamente o porquê, mas sua neta sim. 

— Nós temos que saber onde ele está, porque se há alguém que pode ter informações do meu pai ou até do túnel, essa pessoa é Bailey Allen. 

Ele segura-me pelos ombros — Evellyn Allen é nossa esperança. 

08h39min PM 

Atravesso o jardim florido com cuidado, encarando as flores dentre meus pés e perguntando-me porque tais criaturas foram plantadas de um jeito tão irresponsável. Na entrada da casa há uma cadeira de balanço a qual reconheço, e sinto-me incapaz de não chegar perto da mesma. Tocando-a com as pontas dos dedos, eu fecho os olhos. E de repente, lá está, o meu eu pequenino pendendo para frente e para trás enquanto o tio Bailey toca gaita, papai cantarola e mamãe joga conversa fora com nossa vizinha. Sinto um calor no peito, e embora seja uma sensação prazerosa, as lágrimas se acumulam nas extremidades de meus olhos. 

— Com licença — a voz repentina faz-me prender o ar com força. — Posso te ajudar? 

A mulher de cabelos escuros tem as sobrancelhas bem-feitas unidas, visivelmente intrigada. Eu até me esqueço que estou sem respirar, porque quando o faço, acabo por tossir. 

— Desculpe — sorrio, mas ela permanece séria. — Estou procurando por Evellyn Allen. 

— Sou eu — ela dá um passo à frente, estendendo-me a mão.  

— Oh, olá! — Aperto sua mão. — Meu nome é Se... rena.  

Ela une as sobrancelhas e por conta do nervosismo, eu acabo deixando que um riso escape dentre meus lábios. 

— Como posso ajudá-la, Serena? — Evellyn cruza os braços. 

— Eu estou procurando por Bailey Allen — desta vez as sobrancelhas da mulher sobem em direção ao coro cabeludo. — Preciso de informações sobre Robert Gomez, e creio que somente ele pode me ajudar. 

Ela fica um instante quieta. Seus orbes escuros sobem, descem, os lábios carnudos entornando-se num biquinho. Posso sentir toda sua desconfiança como um nó em minha garganta que me força a engolir mesmo que não haja saliva. 

— Do que exatamente se trata? — A morena já não soa tão séria, porem seus olhos ainda me sondam precisamente. 

— É sobre Maya Blake. A garota está muito doente, e por isso, não possui muito tempo — os olhos dela se arregalam de tal forma que eu sou obrigada a pressionar os lábios para não rir. — Ela quer toda a família por perto, e eu, como sua prima, estou tentando ajudá-la a encontrar o avô. 

Evellyn cobre a boca com ambas as mãos. Está visivelmente chocada, e me sinto mal por ter vontade de rachar o bico ainda que tal situação seja uma verdadeira mentira. 

Posso até imaginar a treta que Maya irá armar quando souber o que inventei a seu respeito. 

— Céus! Que tristeza, é uma menina tão nova! — Eu apenas aceno com a cabeça, ousando apresentar uma face sofrida. — Bom, acredito que meu pai e o senhor Gomez ainda mantenham contato, sim! Mas não sei como poderei te ajudar, sendo que ele se desfez de seu telefone. 

— Oh... — Abaixando o olhar, eu enceno tristeza antes de encará-la novamente e prosseguir: — Eu seria invasiva demais se eu o visitasse? — Evellyn estreita os olhos, não sei se ela está pensativa ou mais uma vez, desconfiada. — Eu não quero estressá-lo, só... Não quero decepcionar Maya nessa situação tão difícil. 

— Ah, querida. Sinto muito, mas papai está morando em Cleveland agora, em nossa casinha de veraneio — enquanto a mulher aperta os lábios finos, sorrio. 

O lugar citado por Evellyn não é algo incomum para mim. Uma bela casinha de frente para uma praia de areia alva e água cristalina. Um verdadeiro paraíso o qual visitei em minhas últimas férias de verão, a alguns meses. Ou melhor, a vinte nove anos. 

E sem que sequer imaginasse, Evellyn Allen acabara de me dar o meu ponto de partida. 

— Beleza! Muito obrigada, senhorita Allen!  

Deixando-a só com toda a pena a qual eu lhe fiz sentir de Maya, eu fujo rapidamente antes que esta me faça mais perguntas ou eu simplesmente me esqueça de todo o plano o qual armo para finalmente, descobrir como voltar para casa. 

[...] 

— Nós precisamos ir para Cleveland! — Minha voz mistura-se ao estrondo que a porta faz em contato com a parede quando a abro brutalmente. 

Thomas está me encarando agora. Os olhos num tom bonito de azul estalados como se este estivesse à frente de uma assombração.  

— Hein? — Ele resmunga enquanto franze o nariz; rio. 

Aproximo-me do rapaz, puxando-o para fora do conforto dos lençóis nos quais ele está embalado. 

— É onde Bailey Allen mora atualmente. Evellyn disse que ele com certeza sabe onde o papai está — largando-o, eu corro até seu armário e resgato uma mala de mão azul, nas qual coloco algumas camisetas suas.  

— Ei, vamos com calma, Lena — Ele está próximo a mim agora, literalmente impedindo-me de continuar a encher a mala. 

— Calma? — Solto um riso, mas com certeza, não há nada de engraçado na situação. — Nós não temos tempo, Tommy.  

— Escute, talvez estejamos errados. Quero dizer, você nem sequer sabia da existência deste tal túnel até alguns dias atrás, quem dirá os efeitos que ele trará — arregalo os olhos. 

Estou assustada com tamanha insanidade repentina.  

— Ah, cale a boca! Nós queríamos alguma informação sobre o túnel, e agora que temos, iremos simplesmente passar por cima dela? — há uma incógnita em sua face, mas está soa como algo proposital. — Nós podemos arriscar, Thomas.

— Nós não podemos ir para Cleveland agora, Selena! — Assim, ele me dá as costas e torna a deitar-se entre os lençóis. 

Largando os braços nas laterais do corpo, eu solto o ar com força, frustrada. 

— Qual é! — Aproximando-me, engancho meus dedos no tecido fino e o puxo de Thomas enquanto este o puxa de volta, formando um tipo de treta entra nós. — Nós não podemos ir voando? Por teletransporte? Sei lá! Eu não conheço os veículos atuais! Vamos lá, Tommy. Eu não conseguirei sossegar sem resolver isso. Podemos fazer um bate e volta

— Desculpe, Lena. Mas não podemos fazer isso. Pelo menos não agora. Maya e eu finalmente temos a nossa mãe de volta, não seria justo conosco deixá-la ir tão cedo. 

Enquanto o moreno tomba seu corpo para o lado direito, e simplesmente se aninha para cochilar, eu o observo em completo choque. 

O egoísmo tanto de Maya quanto de Thomas é insano. Algo que se for levado a diante, será destrutivo não somente para mim, mas principalmente para eles e todos aqueles que estão sendo afetados com a minha vinda a uma realidade a qual não me pertence. 

Deixando o quarto em passo silenciosos, eu não me abato após a negação.  

Eu sempre tive um defeito e um qualidade de extrema importância que, quando unidos, eles são de fato, muito úteis; teimosia e o poder da persuasão. 

E qual seria a melhor vitima se não um garoto que se veste de castor nas horas vagas, tem pavor a elevadores e uma queda por garotas com um estilo vintage? 

[...] 

— Selena? — Ele está contraluz, mas tenho certeza de sua expressão carrancuda. 

Eu aceno para que ele desça, e rapidamente ele o faz. A luz da varanda é acessa, e após a porta da frente ser empurrada, lá está ele usando trajes de dormi num tom azul e chinelo de veludo. Até acabo por me distrair com tamanha graça. 

— Está tudo bem? São 11 horas da noite — ele olha ao redor, parece estranhar ver-me desacompanhada. 

Eu puxo o ar para os pulmões com força. 

— Eu preciso de você. 

— Precisa? — A forma como ele engole a saliva após gaguejar faz-me rir. 

— Preciso — seguro-o pelos ombros, olhando-o nos olhos. — Escute, há algo que eu preciso muito fazer, e a sua ajuda é essencial. 

O garoto sonda-me por um momento, a boca entreaberta e os olhos claros estreitos de uma forma graciosa. 

— Onde está Maya e Thomas? E o é tão importante que te faz vir a minha casa as onze da noite? — Justin cruza os braços, está visivelmente desconfiado. 

— Pare de ser tão desconfiado — resmungo ofendida. — Maya está fula, tá legal? E Thomas é um maricas. 

A face séria de Bieber desmancha-se num sorriso após ver-me fazer um biquinho, algo decorrente da minha falta de paciência. 

— Certo, Lena. Do que precisa?  

— Preciso que você vá comigo até o Cleveland — digo-lhe com o rosto carrancudo. 

— Cleveland? — Ele me encara com os olhos estalados. — Selena, são 7 horas de viagem. 

— Eu sei, eu sei. Por isso achei que saindo agora, poderíamos chegar lá pela manhã — o rapaz baixa o olhar, parece temer dizer-me um não. — Escute, eu não quero te prejudicar, mas Maya e Thomas me deixaram na mão, e eu realmente preciso fazer isso o mais rápido possível. Só não queria ir sozinha, e bom... Não sei dirigir. 

— Eu te ajudaria, Lena, mas tenho aula amanhã — sua desculpa faz-me bufar. 

Encarando-o, posso ver refletido em seu rosto que ele está tentado a me acompanhar, porém o fato de ter que fugir das regras parece brecá-lo. Por causa disso, eu reviro os olhos. 

— Ah, qual é, Bieber! Pare de agir como um maricas e embarque nessa! Vai ser da hora! — Estou balançando-o pelos ombros, seus olhos saltados fazem-me rir. — Uma falta não fará nem cócegas em seu histórico perfeito. 

— Selena... 

— Por favor! — Torno a implorar. — É algo importante, mas tão importante que pode afetar não somente a mim, mas a Maya e Thomas também. 

Minha voz suave parece amaciá-lo, e os olhos estreitos possuídos pela desconfiança relaxam juntamente com seus ombros que caem com um suspiro. 

— Nós temos que estar de volta até o horário de saída do colégio — sua reposta positiva embora num tom imponente faz-me feliz a ponto de saltar em seus braços. 

O garoto abriga-me de imediato, e posso ouvi-lo respirar fundo quando o aperto contra mim. O frio deixa-nos a sós, como se fossemos imunes a seu efeito negativo, porém ainda me sinto arrepiada com seu perfume. 

— Nós vamos precisar pegar o carango de Thomas emprestado — digo-lhe ao pé do ouvido. 

Rapidamente, o menino segura-me pela cintura e afasta-me o suficiente para que eu posso ver sua expressão claramente descrente. 

— Eu não roubar o carro do Tommy, Selena — ele move a cabeça rapidamente. 

— Eu disse algo sobre roubar? — Estreito os olhos para ele. 

O menino abre e fecha a boca algumas vezes, fazendo-me rir com o modo simples o qual ele fica sem graça. 

Justin usa pijama e chinelos fofos, eu não estou diferente. Porém, desta forma combinamos, e desta forma fomos. Após o loiro recuperar sua carteira de motorista e um mapa do Texas o qual ele tinha guardado, nós caminhamos pelo meio-fio e brincamos com o formato engraçado da lua. Quando estávamos na porta de minha casa, eu entrei sozinha e somente de meias, subi até o quarto de Thomas tentando ser a mais sorrateira possível. Eu o vi pender para um lado, para o outro, e até mesmo erguer o bumbum para cima, mas este nem sequer suspirara quando surrupiei as chaves de sua escrivaninha. 

— Não acredito que você me convenceu a sair da cidade ás onze da noite com o carro roubado de meu amigo — eu posso ouvi-los dizer quando seu pé afunda no acelerador. 

— Roubado, não! Apenas emprestado — Eu belisco seu braço, corrigindo-o. 

Meus dedos alcançam o rádio, e de uma forma assustadora e um tanto cômica, há uma música de minha época tocando. 

 Doces sonhos são feitos disso 

Quem sou eu para discordar? 

Eu viajei pelo mundo e pelos sete mares 

Todo mundo está procurando alguma coisa 

  

— Veja só, temos até trilha sonora! — Balanço minha cabeça para lá e para cá, meus cabelos em minha face.  

— Que ironia — Justin encara as minhas roupas, depois minha face, e ao entendê-lo eu rio junto com ele. — Garota das antigas... Espero que você não me ferre. 

— Relaxe, broto! — Eu encaixo a chave na ignição, encarando-o em seguida. — Apenas aceite que este será o rolê mais maneiro de sua vida e aproveite!

Segurando-lhe pelas laterais do rosto, eu lhe puxo e lhe beijo na bochecha. E ele sorri, acelerando em seguida como se o meu toque fosse o ponto de partida de algo que eu tenho certeza que será memorável. 

  


Notas Finais


Sim! O próximo capítulo será inteirinho sobre a viajem entre Justin e Selena, e os sentimentos que a aventura irá aflorar DE VEZ!
Eu não lhes darei prazo, mas como será algo mais fofinho e romântico, acredito que não demorarei, porque estou muito nessa vibe hahahaha.
Enfim, espero que tenham apreciado. Eu irei responder os comentários do capítulo anterior o mais breve possível, então peço que interajam aqui para que eu os responda também ♥
Por hoje, é só. Para quem lê "O segurança", me esperem, porque o próximo capítulo está vindo. E é O capítulo, se preparem. E pra quem não lê, eu sugiro que vá dar uma olhadinha rsrsrs.
É isso, beijinhos filhas


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