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História The Olimpians - Livro 3: The Other Side Of Time - The Ocean Lost Crown.


Escrita por: Eucaristia

Notas do Autor


Gente, esse é o último desse fim de semana.
Não culpem o Poseidon por reagir tão mal.
Não culpem muito.
Acho que eu reagiria muito mal no lugar dele.

Capítulo 24 - The Ocean Lost Crown.


Poseidon

 

Aproximadamente 118 Anos Antes de Bloodlines Time.

Ano Aproximado: 1912.

 

Não podia ser real.

Não com isso.

Não agora.

...

Ela podia ter evitado aquilo.

Ela podia ter feito algo.

Eu pedi para ela ajudar.

Eu implorei que ela fizesse algo a respeito da minha filha.

Era culpa dela.

Era culpa de Teresa.

...

-Poseidon, está me ouvindo irmão? –A voz de Hera estava tão distante mesmo que ela estivesse na minha frente.

-Teresa. –O nome escapou antes que eu notasse.

E antes de notar eu estava andando para fora da sala dos tronos, depois eu estava em uma praia correndo na direção da mulher de cabelos vermelhos a poucos metros com uma fúria transbordante.

Ela me viu.

Teresa me viu dois metros antes que meu punho acertasse o seu rosto com toda a força que eu podia usar.

O terremoto que o golpe causou deve ter sido sentido a meio mundo de distância, mas Teresa apenas se levantou como se nada tivesse acontecido, ainda que metade dos seus dentes estivesse faltando e seu maxilar estivesse absurdamente torto.

Só que ela não reagiu e isso me deixou ainda mais irado.

-VOCÊ A MATOU! A MINHA MENINA! A MINHA FILHA! POR SUA CULPA ELA E MEUS NETOS ESTÃO MORTOS!

Mas ela não reagiu.

Nem ao menos notei quando fiz, só sei que acertei o outro lado do rosto de Teresa com tanta força quanto antes.

Dessa vez ela voou vários metros antes de cair rolando e levantando areia para todos os lados como um tiro de canhão humano. O que parou ela foi o impacto com as rochas no outro extremo da praia.

Aproximei-me dela certo de que Teresa iria me acertar destruindo o meu corpo com um golpe, mas tudo que encontrei foi ela parada, esperando sem reação.

O rosto dela estava destruído.

Escoria sangue da sua boca, dos seus olhos, do seu nariz e até mesmo de seu ouvido. Provavelmente eu estourei o seu tímpano com um dos socos, mas tudo que Teresa fazia era permanecer de pé ofegante sem nem mesmo me encarar.

Eu havia quebrado quase todo o seu rosto e ela não reagia.

-POR QUÊ? POR QUE NÃO A AJUDOU? EU TE IMPLOREI PARA FAZER ALGO! EU SEMPRE TE PROTEGI E AMEI COMO MINHA FILHA. ENTÃO ME DIGA, POR QUÊ?

A minha mão já estava a meio caminho do rosto dela quando senti pares de mãos me segurando e puxando para longe dela, enquanto eu via Apolo e Perséfone ampararem Teresa que lentamente se desvencilhou de ambos.

-Irmão, pare. –A voz de Hera me fez voltar à sanidade.

Eu sabia o que estava fazendo e em quem estava batendo, mas a raiva era tanta que não me importei com isso.

-Eu... O que eu... –Queria pedir desculpas a Teresa, mas sabia que de algum modo seria mentira, eu achava que ela era a culpada por aquilo. –Por que ela não falou nada? –Na verdade era a falta de ação dela que mais me irritava.

-Você esmagou o rosto dela. –E apesar da aparência condescendente de Apolo, eu podia sentir sua vontade de me bater até a destruição. –Ela perdeu todos os dentes e o maxilar está quebrado em pelo menos seis pontos diferentes, o osso do nariz foi afundado, as orbitas oculares estão trincadas e ela tem sangramentos internos no crânio todo, além dos dois tímpanos rompidos. –Apolo desviou o olhar para Teresa que andava cambaleante na minha direção contrariando qualquer tentativa de Atena e Ártemis de leva-la para o outro lado. –Se ela fosse mortal iria morrer, mas vou ajudar para que todos os ossos voltem aos lugares certos, só que vai doer mesmo pra ela.

Achei o final da frase de Apolo estranha, como se ele estivesse com raiva de Teresa, o que tecnicamente é impossível.

Eu podia ver Atena e Ártemis desistirem da tarefa de conter Teresa que mesmo quase caindo duas vezes continuou até ficar na minha frente mais uma vez. Ela não moveu um músculo do lugar apenas ficou parada, não me atacou como imaginei que faria.

-O que ela quer? –Encarei os outros deuses, mas tudo que eles fizeram foi desviar o olhar para o outro lado e encarar o nada.

A resposta veio de forma ríspida da pessoa menos provável.

-Ela espera que você a espanque até sentir que toda a sua raiva e a culpa dela pelo que aconteceu passem, é isso que essa criança espera. Como todos os tolos ingênuos ela ainda não aprendeu que vai carregar essa culpa para sempre. –Mas apesar dos modos civilizados e contidos de Kaíros, ele estava irradiando poder como em muito poucas vezes vi acontecer.

Algo que nunca era bom.

-O que você veio fazer aqui? –Aparentemente eu era o único corajoso ou com falta de amor à vida para perguntar.

-Acalmar os ânimos. Vocês estão agitando até mesmo os domínios de Nix com essa confusão toda. Além disso, conseguiram acordar o meu pai, o que não é algo fácil de fazer. –Ele tocou suavemente a cabeça de Teresa. –Durma criança. –No mesmo instante ela pareceu desmontar como um fantoche, Apolo praticamente se materializou para ampara-la.

Quando Kaíros olhou na minha direção eu fiquei com medo.

Ele não é um deus do tempo como o meu pai.

Ele é o deus do tempo dos deuses.

De certa forma, Kaíros é a materialização da eternidade, do tempo que os deuses vão existir. Se ele um dia realmente morrer, provavelmente não vai existir mais salvação para qualquer deus.

-Vá para a sua casa Poseidon. Lamente suas perdas e se prepare, pois tempos difíceis estão por vir. –E com essas palavras, Kaíros sumiu como se nunca tivesse estado ali.

Olhei para Hera em busca de algum apoio.

-O que ele quis dizer com isso? –Por algum motivo que nunca entendi, Hera conseguia entender as palavras de Kaíros como nenhum outro deus, com exceção de Nix, conseguia.

-Que vamos descobrir como a perda de uma Coroa pode nos afetar e o mundo todo. –Ela suspirou cansada e encarou Afrodite ao seu lado. –Temos que avisa-los sobre isso, eles também serão afetados.

Afrodite torceu o nariz e tive a impressão de saber a quem as duas se referiam.

-Odeio ter que falar com ela.

Porém, antes que pudesse confirmar qualquer dúvida todos eles sumiram me deixando sozinho na praia enquanto a carruagem marinha com Anfitrite surgia a metros da areia me esperando.

 

==========X==========

 

Aparatei diretamente na sala dos tronos.

Se alguém fosse me bater, poderíamos fazer isso ali mesmo, mas para a minha surpresa apenas Atena estava lá e ela não parecia animada para uma briga.

Tudo que ela fez foi fechar o livro que tinha em mãos e me encarar por alguns minutos.

-Como se sente? –De algum modo, quando Atena é educada me sinto incomodado.

-Foi apenas dois dias, então não muito diferente. –Mesmo assim, não iria provoca-la.

-Entendo. Precisa de algo?

-Onde Teresa está?

-Ainda com raiva dela? –Ela parecia preocupada agora.

-Está mais para consciência pesada.

Atena deu um sorriso quase imperceptível e abriu o livro novamente.

-Está no palácio de Apolo. Com ordens expressas de não sair sem companhia, o que significa que tem sempre um deus ao lado dela.

-Imagino que eu e Hefésto não fazemos parte da lista, certo?

-Na verdade, você está autorizado a vê-la.

Apesar de surpreso eu apenas consegui sorrir por não ter um alvo no meio da minha cara como Hefésto.

-Obrigado.

-Não agradeça. Apenas tenha calma com ela. Fazer Teresa finalmente aceitar que não podia fazer mais nada sobre sua filha e seus netos, que agora não havia mais nada a ser feito foi no mínimo cansativo. Achei que ela iria se isolar no Hades novamente.

E dizendo isso Atena voltou a ler seu livro como se eu nunca tivesse estado ali e nossa conversa jamais tivesse acontecido.

Achei melhor não tentar mudar a postura dela naquele momento e apenas aparatei para a porta do palácio de Apolo, onde o comitê de boas-vindas era bem interessante, para não dizer assustador.

Estavam todos por ali ou na sala do palácio, esperando ou conversando ou dormindo.

Em todo o caso, os únicos dois que estavam fora de vista eram Apolo e Ártemis, que provavelmente estão ao lado de Teresa.

-Tio Poseidon, tudo bem? –Não deveria me surpreender se Yue ou Easley perguntassem isso, mas o esquentado do Ryuu, o Dragão... Bom, me surpreendeu.

-Sim, eu vim... Bem, ver a sua mãe.

Ele sorriu meio infantil.

-Ela estava dormindo a algumas horas, mas pode ir até o quarto do meu pai. Sabe onde fica?

-Se for onde você e seu irmão nasceram ainda lembro o caminho.

Ryuu se afastou indo até onde Hera estava e sentou ao lado da minha irmã calmamente enquanto eu seguia até o quarto de Apolo no andar superior.

Assim que abri a porta todos ali olharam na minha direção, Ártemis, no entanto, apenas voltou a fazer o mesmo que fazia antes de me ver: ler seu livro, que estranhamente é o mesmo que Atena lia.

Acho que essas duas estão brincando com a minha cara na verdade.

Apolo por outro lado levantou da cama lentamente me encarando e pronto para me bater a qualquer movimento errado.

Resolvi ignora-lo por algum tempo e fui até Teresa que não havia expressado nenhuma reação.

-Como está?

Ela sorriu.

-Até que estou bem. Apolo e Ártemis voltaram todos os meus ossos nos lugares certos e as hemorragias vão sumir sozinhas.

-Sua visão voltou ao normal?

-Estou enxergando como um humano normal.

-Que droga.

-Era pior quando eu era criança e não controlava meus poderes direito.

-E o ouvido? Disseram-me que estourei seus tímpanos.

-Sensíveis. Acho que por isso Zeus não tá soltando raios e trovões a cada dois minutos, o que é algo positivo. Principalmente por que você e Atena fizeram o favor de não brigar hoje.

-Sério?

-Qual é? Todo mundo vê essa tensão sexual não resolvida entre vocês, menos ela... Opa! Engano. Principalmente ela.

-Ela te mata se ouvir algo do tipo.

-Não disse que vocês precisam casar, até por que você já é casado. Mas nada impede de algo como eu e o Apolo, embora ela vá querer ter mais filhos em menos tempo.

Aquilo me fez rir, mas apenas por um minuto.

-Sinto muito por isso, eu estava errado.

-Não exagere. Apesar da sua raiva, havia razão em suas palavras. Eu virei às costas para você e para a sua filha, decidi deixar isso acontecer por que não sou forte o bastante ainda. Algo que uma hora terei que aprender a ser.

-Mesmo que você tenha cometido erros, o que aconteceu foi erro de todos os deuses. –Sentei na beira da cama para poder olhar diretamente nos olhos de Teresa. –Preciso saber o que aconteceu? Você não age da forma como agiu ao se negar ajudar Nathalie com a gestação, até por que, pelo que sei você não é exatamente a pessoa mais egoísta do mundo.

O sorriso triste que ela deu antes de abaixar a cabeça era a resposta que eu precisava, mas mesmo assim Teresa fez questão de dizer aquilo em voz alta.

-Hefésto me procurou depois da nossa última briga...

-Corajoso. Você o mandou voando por mais de dez mil quilômetros com aquele soco. –Infelizmente, meu comentário recebeu um olhar atravessado de Ártemis.

Pelo menos Teresa me ignorou consideravelmente.

-Fiquei cheia de esperança, como uma criança. –Podia ver as lágrimas pingarem do seu queixo. –Claro que eu estava errada. Acho que ele se sentiu incomodado com a minha vida melhorando e eu cada vez mais feliz... Sabe, eu não esperava que ele me pedisse pra voltar, mas pelo menos para convivermos em paz e respeito...

-Ele te ofendeu novamente? –Ela negou balançando a cabeça. –Easley e os gêmeos? –Outra negativa sem palavras. –Teresa, eu ainda não sou adivinho.

-As ofensas dele relacionadas com Easley eu apenas bato nele, isso não é exatamente o mais grave que ele me fez. Na verdade, não foi diretamente contra mim ou os meninos, mas não deixa de ser.

-O que ele fez?

-Os gêmeos se apaixonaram por irmãs mortais, duas meninas que viviam na Inglaterra, sabia?

-Viviam?

-Hefésto tem ficado um pouco mais irracional nos últimos anos tio, pelo menos com os gêmeos. –Apesar da breve interferência, Ártemis continuava sem tirar os olhos do livro.

-Ele fez questão de que eu chegasse lá a tempo de ver os meninos tentando recuperar pelo menos os corpos das duas e serem jogados para trás com força... Sabe o que ele disse quando perguntei pra que fazer aquilo? –Ela apenas levantou o rosto e com uma expressão de dor respondeu a própria pergunta. –Ele disse que qualquer sofrimento que pudesse causar aos dois seria nada perto do que realmente queria fazer com eles e depois destruiu os corpos das duas meninas... Elas não tinham mais do que dezesseis anos e os meninos estavam todos os dias lá como se precisassem dos trocados do serviço só para ficar perto das duas e cuidar delas...

-O que você fez Teresa? –No entanto ela não respondeu.

-Ela fez o enterro de alma das duas e levou ambas para os Elíseos, Hades não questionou por que as meninas eram realmente boas pessoas. –Me virei surpreso ao ver Easley entrando no quarto. –Era tudo que ela realmente poderia fazer por elas e pelos meus irmãos.

-Os dois aceitaram isso? –Agora eu estava preocupado com os garotos.

-Foi à primeira morte importante para os dois, mas eles ficaram mais preocupados com a reação da mamãe.

-Então os dois ainda não tiveram tempo de processar as mortes.

-É, e depois com o que aconteceu com o senhor e... Enfim, eles ainda não absorveram o que Hefésto fez, não posso nem dizer que imagino como isso vai ser quando acontecer. Considerando que o Ryuu já não vai com a cara dele... Não posso dizer que me sentirei um filho ruim se tirar os poderes dele por algumas horas, já o Yue... Não faço ideia de como ele pode reagir.

-A verdade é que tenho mais medo da reação de Yue que a do Ryuu. –Ártemis fechou o livro e me encarou. –Ryuu é intenso o tempo todo, quando ele sente algo externa de uma vez e é provável que agora nem mesmo tenha mais à vontade de reagir, por que já deve ter feito isso no mesmo instante que aconteceu. Mas, Yue... Ele é contido em praticamente tudo, como eu. Ele ainda não reagiu à perda e tenho medo do que isso pode causar... –Ela levantou da cadeira em que estava e seguiu até a porta sem olhar para ninguém. –Vou até Hera, preciso falar com Kaíros.

Assim que achei que ela estava longe o bastante suspirei cansado.

-Ela realmente está preocupada se precisa falar com Kaíros. –Comentei sentando no lugar que Ártemis estava antes. –Só fico curioso como são os acordos que eles fecham quando ela pede a ajuda dele.

Uma risada divertida escapou dos três e encarei-os a procura de uma resposta.

-Desculpe tio, mas essa não é uma resposta que o senhor pode ter agora ou uma que vai gostar... –Porém, a breve hesitação de Easley apenas conduziu a outra risada. –Mentira, o senhor vai adorar a resposta, mas Ártemis mata a gente se contarmos o que eles usam de moeda de troca.

-Eu sei que não é nada que coloque os votos dela em perigo, mas acho que prefiro não atrair a ira dela tão cedo assim e como um dia ela vai casar com ele, posso esperar.

-Para quem tem esperado Atena sair de cima do muro todos esses séculos, vai ser bem fácil esperar até saber o que eles colocam em jogo nesses acordos. Até por que, acho que você nunca vai imaginar o que é. –Teresa tinha um sorriso divertido e verdadeiro pela primeira vez desde que entrei no quarto.

-O quê? Vai dizer que eles fazem contratos sobre lugares em que vão transar quando ele convencer ela a casar?

O silêncio sepulcral que reinou no quarto pelo minuto seguinte foi toda a resposta que eu não precisei ter.

-Ok. Vamos fazer de conta que eu não sei disso.

É claro que depois dessa frase os três caíram na gargalhada.

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-

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Continua...



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