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História The Olimpians - Livro 3: The Other Side Of Time - Consciência.


Escrita por: Eucaristia

Capítulo 41 - Consciência.


Hefésto

 

01 de Julho

 

Aquilo não fazia sentido.

Nunca fez.

Teresa sempre dizendo que me amava, mas não parecia conseguir sair do lado de Apolo.

Como odeio os dois por isso.

-Quer parar de malhar esse ferro sem necessidade droga. Estou fazendo um trabalho delicado aqui.

A voz de Easley me assustou.

Tinha me esquecido que ele estava na oficina hoje.

-Por que resolveu fazer isso aqui? Pensei que tinha a sua própria forja no Hades.

-Eu tenho uma forja particular no Hades, pai. Mas foi você que me chamou para passar o fim de semana aqui, então se cansou avisa que eu vou embora.

Não falei nada.

Easley não era a pessoa que mais me odiava, mas nem de longe era a que mais gostava de mim.

De algum modo eu sei que faço por merecer esse tratamento dele.

Mais de cem anos renegando ele como filho realmente não me dão muito crédito.

-Então, como está a sua mãe e o marido dela?

-Bem, ainda em clima de lua de mel. A biblioteca passou a semana sendo área de perigo biológico, mas isso nem é tão estranho assim. Eles querem ter filhos e parecem empenhados nisso.

Deixei o martelo cair no chão.

-Mais filhos? O que sua mãe tem na cabeça?

-Normalmente não muita coisa além de quase tudo que jogam em cima dela, mas a ideia parece legal. Ela sempre quis ter mais filhos, só acho que minha mãe em algum momento perdeu a coragem de ter filhos um atrás do outro.

Não entendia o que Easley queria dizer.

Ele parecia gostar da ideia de dividir Teresa com mais crianças, de que seria apenas mais um e não o filho dela.

-Por que você quer ter mais irmãos?

Dessa vez ele parou o que estava fazendo e me encarou.

-Por que é legal ter irmãos.

-Não vejo onde.

-Bom, não sei se ter irmãos da minha idade seria legal, por que os gêmeos são uns sessenta anos mais novos. Mas eu ajudei a criar os dois e sempre adorei ter os dois por perto para ensinar o que eu sabia ou para eles me ensinarem coisas que não aprendi quando criança, como fazer pegadinhas. Além disso, gosto de ter uma família grande e barulhenta algumas vezes, outras vezes gosto do fato deles respeitarem meu espaço ou até mesmo de quando não respeitam. Às vezes eles me animam e em outras me metem em encrenca, mas é legal.

Fiquei observando Easley dizer aquilo ainda muito confuso para entender.

-Sempre quis ter irmãos?

-Minha mãe sempre quis ter uma família grande e sempre falava que quando voltasse com o senhor me daria vários irmãos e irmãs. Claro que no final nem tudo acontece como esperamos, mas tio Apolo parece que não se importa em fazer todas as vontades da minha mãe, embora ele tenha implorado para ela ter os gêmeos.

-Ele realmente pediu para ela? Achei que isso era história.

-Não, é verdade. –Ele virou para voltar ao trabalho antes de terminar de falar. –Primeiro os seis meses mais infernais da minha vida, já que os dois estavam mais irritados e impossíveis que de costume. Depois que você terminou de chutar aminha mãe e ela aceitou o pedido do meu tio os dois começaram a se atracar em qualquer lugar que fosse possível, mesmo depois de descobrirem que ela estava grávida. Admito que teve momentos engraçados nesse caos todo.

Fiquei olhando Easley mexer na peça delicada sobre o balcão, hora apertando um parafuso ou polindo uma haste de ligação com calma e habilidade que mesmo a mim faltava em alguns momentos.

Em um momento ele percebeu que uma das peças precisava ser moldada com outras medidas, mas apenas levantou de onde estava esquentando-a com a mão para em seguida mergulhar na água e malhar o ferro com as mãos até estar pronto na medida certa. Easley voltou à peça que montava e terminou de encaixar a nova peça no lugar, para em seguida segurar o objeto suspenso no ar: um mobile de berço com animais marinhos.

-Esse era o último.

-Uma peça infantil? Pra quem é isso? –Eu não conseguia entender a serventia daquilo.

-É um presente para Zöe. Já tinha entregado o do Charlie, da Silena e do Luke, então faltava o da Zöe. Em todo o caso tenho algumas peças para entregar a tia Ártemis nos próximos dias e um pedido do Hades para a Perséfone, depois disso a Hera quer me encomendar algo e Afrodite também. Sem falar que o Ryuu meteu na cabeça de me cobrar um favor antigo esses dias, mas isso é simples, já que ele parece querer algo simples.

Ele colocou o mobile dentro de uma caixa de madeira decorada com flores aquáticas que invocou e fechou com calma, amarrou uma fita rosa e colocou a caixa em um embrulho branco. Depois estalou os dedos e tudo sumiu, provavelmente para a casa de Percy no acampamento ou para a sala de Annabeth no Olimpo ou no Hades.

-Acho que os outros deuses abusam demais da sua boa vontade. Você não cobra nada deles? –Parecia que era bem isso que meu filho deixava acontecer.

Mas tudo que ele fez foi rir e se apoiar no balcão antes de invocar uma garrafa de água.

-Não preciso. Os mobiles de berço são presentes que decidi fazer, o pedido de tia Ártemis já foi pago há algum tempo e ela vai me trazer materiais para outras peças que quero fazer, Hades vai disponibilizar materiais únicos e me dar algo depois. Hera e Afrodite vivem me dando algum presente ou me levando para algum lugar que é incrível, já o Ryuu está cobrando um favor pendente.

Típico de filho de Apolo cobrar favores dos outros irmãos.

-Vocês tem esse tipo de coisa entre irmãos?

-Algumas vezes. Eu não sou santo e tenho meus momentos nas pegadinhas que fazemos com os outros deuses e às vezes eles limpam a minha barra se a coisa sai do controle. Vamos dizer que não tenho talento para arrumar os imprevistos das minhas pegadinhas e no lugar de Dionísio quem acabou com uma lata de piche com penas na cabeça foi Atena.

Hein?

-Espera. Aquilo foi sua ideia?

Ele levantou as duas mãos.

-Culpado.

-Por que fez isso com Atena?

-O alvo original era Dionísio, não Atena. Só demos o azar de ela aparecer antes dele.

Não sabia o que era pior, saber que Easley iria fazer algo para o irmão por que errou ou fato dele ter errado em um projeto.

-Resolveu o erro do projeto pelo menos?

-Não errei no projeto, só não posso controlar o fator humano.

Ele parecia tão calmo que me irritou.

-Que seja. –Joguei o martelo em um canto e encarei Easley. –Vai fazer alguma outra peça?

Ele me encarou nada surpreso e estalou os dedos arrumando o balcão em que tinha trabalho, sumindo com as peças que tinha trazido e repondo o que pegou do meu estoque.

-Tudo bem, estou indo. Foi bom passar um tempo com você, Hefésto.

E antes que pudesse voltar atrás do que tinha falado, Easley aparatou para outro lugar longe da minha casa.

 

==========X==========

 

30 de Julho

 

Eu não estava nem um pouco a fim de encontrar Apolo ou Teresa, mas não podia entrar no Hades e queria falar com Easley, que estava trancado lá há alguns dias.

Semanas na verdade.

E era por isso que eu estava há horas parado na frente do palácio do meu irmão Apolo, esperando que ele aparecesse.

Imaginei que acabaria esperando por mais uns dois dias ali na frente quando a porta abriu na hora do almoço e Teresa saiu puxando Apolo pela mão, completamente animada até me ver e assumir sua nova postura agressiva.

-O que está fazendo aqui? –Mas a pergunta raivosa veio de Apolo.

Eu realmente não sei por que achei que isso seria simples.

-Preciso falar com Easley, mas ele está trancado no Hades há algumas semanas.

Dessa vez a reação de Teresa não foi só uma cara feia.

Ela se moveu bem rápido e me deu um tapa forte.

-O que disse pro meu filho dessa vez seu idiota?

Pronto.

Começou a série de ofensas e acusações, mesmo que eu mereça.

-Nosso filho. Esqueceu?

Mas a risada seca e irônica era uma resposta melhor do que poderia pedir.

-Engraçado, pensei que você ainda duvidava da paternidade dele quando fica bravo comigo. Ou estou enganada?

Levantei um tanto já ciente que ela não me daria uma chance.

-Tudo bem. É, eu faço isso às vezes ainda. Mas pode deixar isso de lado por hora?

No entanto, tudo que ela fez foi cruzar os braços de forma levemente superior a mim e me encarar com certo nojo.

-Depende, pra que?

Teresa realmente estava muito irritada comigo.

-Quero conversar com ele. Reagi mal a uma conversa nossa e... Enfim, pode falar a ele que quero conversar?

Mas tudo que Teresa fez foi me dar as costas e se colocar ao lado de Apolo que me encarava com raiva ainda quando a segurou pela cintura.

-Até a noite ele deve aparecer, mas não sei se vai demorar. –Teresa nem mesmo se virou para me falar isso. –Não seja mais imbecil que de costume.

Meu irmão desviou o olhar para ela e os dois aparataram em um clarão dourado.

Decidi ir até o café na via principal para esperar Easley, que provavelmente me faria esperar por várias horas como forma de punição.

Ele podia ser bem parecido com a Teresa e o Hades nesses momentos.

 

==========X==========

 

A tarde já estava terminando e o café começava a se preparar para o turno da noite.

Seis horas ali estava me deixando mais do que irritado, só que a culpa era minha pelo visto e por isso tinha que esperar meu filho ter a vontade de aparecer.

Estava mais cansado e irritado que o normal quando Easley chegou e sentou-se à mesa parecendo bem relaxado usando bermuda, camiseta regata e chinelos.

-Ficou parado na porta do palácio do Apolo à toa, eu estava em uma praia no sul com a Afrodite e a Hera. Se tivesse procurado Zeus não teria perdido tanto tempo. –Mas antes que eu pudesse reagir ele virou para a garçonete. –Por favor, me traga um chá gelado de menta e limão.

Além de a ninfa ficar vermelha de vergonha ainda tive que ver meu filho achar graça na situação.

-Então não estava trancado no Hades há quanto tempo? –Tentei parece calmo.

-Umas duas semanas. As duas resolveram que queriam uma folga e me chamaram para ir junto, meus irmãos foram chamados também. Mas o Ryuu parece ocupado esses dias e o Yue tá antissocial mais uma vez, então nem pensaram em aceitar.

Ele parecia muito mais tranquilo e receptivo do que eu imaginei ser possível.

Me concentrei em tomar um gole do cappuccino que tinha pedido antes de falar algo.

-Então não ficou bravo comigo?

De algum modo Easley conseguiu rir.

-Não exatamente. Você não é um cara simpático ou animado, então eu apenas vou embora quando você fica irritado ou insuportável e te ignoro por um tempo. –Ele pegou o chá que a ninfa tinha acabado de colocar na mesa. –Mas me surpreende você preocupado com isso.

-E me surpreende você me chamar de insuportável com essa facilidade.

-Todos têm momentos insuportáveis, incluindo eu.

-Quem te ensinou isso? Apolo ou Hera?

-Ártemis.

Aquilo era novo.

-Passou muito tempo com ela?

-Às vezes. Ela sempre gostou de me manter ocupado para não pensar nos problemas da nossa família e sempre deu certo.

-E ela aproveitava para conversar com você sobre a vida?

-Engraçado não é mesmo?

Fiquei olhando para Easley calmamente admirar os jardins, o céu, comer uma torrada com queijo e tomar mais do chá gelado antes de voltar a me encarar.

De algum modo eu sabia que ele tinha algo para me dizer.

-Vai me explicar por que agiu daquele jeito ou vou precisar acreditar nos outros deuses quando dizem que você é um idiota sem tamanho?

-Seja mais especifico quanto ao que eu fiz e com quem.

Mas tudo que recebi foi um olhar do tipo “Fala sério” enquanto ele cruzava os braços.

-Minha mãe, invadir o Hades e ataca-la daquele jeito. Preciso ser mais especifico?

Tentei não parecer mais confuso do que realmente me sentia sobre aquela pergunta e por onde começar.

-Eu já sabia que sua mãe não me amava há décadas. –Easley pareceu surpreso, assim como eu a primeira vez que notei isso há uns cem anos. –Foi quando me dei conta disso que acabei fazendo aquilo com seus irmãos.

-Não espere que isso me faça melhorar o que penso sobre o que fez, mesmo que segundo Kaíros isso tenha sido parte do destino dos dois.

-Já ouvi essa história ridícula algumas vezes, mas não é isso. –Notei que Easley parecia bem surpreso com a forma que falei de Kaíros e decidi continuar o que tinha que falar. –Eu pretendia falar com a sua mãe naquela época, não para voltar com ela de cara, mas para me desculpar por tudo e quem sabe voltarmos a ficar juntos. Foi quando notei que a situação em que nós tínhamos parado nunca seria possível com ela e Apolo. –Encarei-o sabendo que minha pergunta soaria estranha. –Já imaginou como seria se sua mãe um dia tivesse um caso com um mortal sendo casada com Apolo? Ou mesmo naquela época?

Mas a primeira reação de Easley foi rir.

-Além do fato de isso ser quase impossível? Não posso nem mesmo sonhar.

-Pois eu sei como seria esse cenário. –Vi Easley me encarar duvidando que tinha falado. –Apolo ficaria com ciúmes, os dois iriam brigar, depois de alguns dias sem se falar Apolo iria procurar sua mãe e perguntar por que aquele mortal em especifico, Teresa daria uma resposta variada e seu tio iria rir de tudo, os dois fariam as pazes na cama e seria como se nada tivesse acontecido. –Notei que ele não parecia duvidar da minha hipótese, mesmo com a pouca chance daquela situação acontecer. –Apolo jamais acusaria Teresa de uma traição infundada e ela não esconderia dele se isso acontecesse ou ele diria que os filhos são de outro homem.

-Afinal o que isso tem a ver com a minha pergunta? –Acho que ele puxou a minha falta de paciência para escutar histórias.

-Foi quando me dei conta de que nunca tive uma chance com a sua mãe, pelo menos não uma chance depois do que fiz. Se tivesse voltado com a sua mãe quando Apolo quis ter filhos com ela, Teresa acabaria voltando para ele por que eu não sou do tipo compreensivo e romântico ou mesmo atencioso que seu tio. Isso me deixou irado na época e eu me senti usado, mesmo que a culpa não fosse dela e foi por isso que fiz aquilo com seus irmãos. A diferença era que naquela época sua mãe ainda não sabia que tinha deixado de me amar.

-Mas dessa vez ela sabia, não é?

Não havia emoção na forma como Easley falava e eu não esperava que tivesse.

Mais do que os outros deuses, sei o quanto minhas alterações de humor são perigosas.

-Eu achei que reagiria melhor. Mas depois de tanto tempo com ela ainda acreditando que me amava, achei que poderia conseguir algo, uma chance pelo menos.

-Mas a minha mãe percebeu, mesmo antes de saber por que e você ficou irado novamente, não é?

-Tá mais pra ganancioso e orgulhoso dessa vez.

-Claro que estava.

-Não estou dizendo que foi certo e nem que estou arrependido ou que agi por impulso, pelo contrário, eu pensei antes de ir ao Hades.

-Imagino. Quis machucar ela fisicamente dessa vez, já que dá outra vez machucar meus irmãos não pareceu o bastante.

-Eu sempre tento fazer meus projetos funcionarem corretamente, mesmo que nesses casos com a sua mãe o fator que causa o erro seja eu mesmo. –Mas tudo que Easley fez foi arquear a sobrancelha. –Não vou me desculpar dizendo que me arrependo, seria muito mais hipocrisia do que parece e não vou dizer que voltaria atrás do que fiz quando abandonei sua mãe, não seria verdade.

-Então tudo que tem para me falar é que não mudou nada nesses anos todos? –Ele parecia irritado comigo.

-Não. Eu mudei algumas coisas. Tenho que admitir, por exemplo, que sua mãe e Apolo devem ficar juntos para sempre, mesmo que ele continue traindo ela. Teresa provavelmente vai continuar a me odiar por muito tempo, assim como os seus irmãos, mas acho que por menos tempo que alguns deuses já me odiaram ou odeiam. Mas essa não é a questão sobre o que eu fiz, só que o fato é que eu não sou o tipo de deus que muda fácil, nunca vou ser e ainda devo fazer coisas bem idiotas com relação a sua mãe, é quem eu sou.

Easley terminou de beber seu chá e me encarou um tanto mais mal-humorado que o normal.

-O que está dizendo é que você é um babaca e eu sou seu filho, então sou igual, não é?

-Como? Espera, de onde saiu essa ideia ridícula?

-Se não é o que quis dizer é o que entendi. –Easley levantou e deixou dois dracmas na mesa. –Valeu pelo café, papai. –E como se cuspisse veneno, ele aparatou sem me deixar terminar de falar.

-Droga.

Havia tentado arrumar um erro e parece que só piorei tudo.

Não tenho vocação para essa coisa de ser pai pelo visto.

-

-

-

Continua...


Notas Finais


-O Hefésto é um idiota.
Fato.
Pelo menos quando se trata da Teresa, isso é um fato consumado.
Ele é idiota em outras situações parecidas, mas isso vocês vão entender mais pra frente.
A verdade é que com relação à Teresa ele não tem meio termo, é amor ou ódio e ele vai colher o que plantou um dia.
Em todo o caso ele é um bom deus, não exatamente um ser sociável ou razoável.


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