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História The Olimpians - Livro 3: The Other Side Of Time - Não Duvide Que Deuses Possam Se Surpreender. Esse É Um ...


Escrita por: Eucaristia

Notas do Autor


Titulo completo do capítulo:
Não Duvide Que Deuses Possam Se Surpreender. Esse É Um Desses Momentos.

Capítulo 58 - Não Duvide Que Deuses Possam Se Surpreender. Esse É Um ...


Reyna

 

01 de Janeiro

 

Eu não precisava que qualquer um me avisasse.

Também não fazia questão alguma de que Yue fosse gentil para me acordar.

Não que ele não fosse romântico, só que ele fazia questão de não tomar cuidado para evitar me acordar.

Não que eu estivesse dormindo em todo o caso.

-Pode parar de fingir que não te acordei à uma hora quando fui tomar água, eu meio que quero aproveitar o dia.

Aquilo me fez rir.

Abri os olhos e virei para encarar Yue que me olhava com o mesmo sorriso determinado de algumas horas atrás quando acordamos pela primeira vez.

-Como se você realmente pretendesse sair da minha cama hoje.

Ele deu um sorriso de lado, que prova que Yue realmente pode ser sedutor quando quer, e sentou na cama, me puxando para sentar no seu colo.

-E você faz alguma questão sobre isso?

Entrelacei os dedos da minha mão no cabelo dele e com a outra mão acariciei a barba macia que pouco antes Yue usava para fazer cocegas nas minhas costas.

-Quando eu ligar para isso... –Colei a sua testa na minha sem conseguir conter o sorriso de ansiedade enquanto falava com ele. –Tenha certeza que estou doente e preciso ser internada.

Senti suas mãos apertando meu quadril enquanto o brilho quase selvagem surgia nos seus olhos.

-Muito bom saber que consegue dizer isso depois da noite inteira comigo na sua cama.

Poderia até concordar com ele, mas a manhã estava apenas começando e ainda tínhamos o dia todo pela frente.

 

====================X====================

 

Hylla

 

Eu queria realmente entender o que a minha irmã tem na cabeça oca dela.

Tudo bem, talvez exista a possibilidade de eu estar só um pouco exagerada.

Talvez.

O problema é que faz dias que mandei uma mensagem para ela avisando que viria no primeiro dia do ano até o acampamento romano, afinal, somos irmãs e a lógica diz que precisamos ter algum tempo juntas.

Ainda que Reyna esteja insuportável desde que conheceu aquele deus idiota que não olha para a cara dela e minha irmã não seja nenhuma santa, mesmo que pareça ter abolido de qualquer lista sua a questão homens. Mesmo como passatempo.

Agora, ignorar a própria irmã a ponto de que quase precisei matar os guardas de fronteira por que ela não teve a decência de avisar que eu viria... Por acaso Reyna lembra que podemos ser irmãs, mas eu ainda sou uma rainha?

Se não fosse por aquele outro pretor e a namorada dele, que é realmente uma garota interessante, esse “esquecimento” da Reyna teria virado uma guerra no primeiro dia do ano.

Também foi graças ao pretor Zhang que estou indo, sozinha, sem nenhuma escolta de amazonas ou romanos até a casa pretorial que minha irmã usa e espero que ela tenha uma boa desculpa para que eu não arranque a sua cabeça.

-Por que aquele idiota não fica no Olimpo pelo menos quando preciso realmente falar com ele? –Me virei assustada para a voz irritada que surgiu ao meu lado e me deparei com um deus, literalmente.

-Mas quem diabos...? –Conhecia-o de vista.

Era o irmão daquele deus idiota por quem Reyna se apaixonou.

-Meu nome é Ryuu e não pergunte, estou atrás do imbecil do meu irmão que deve estar espiando a cabeça dura da sua irmã e vou matar ele.

-Ora. Isso é bom. Você mata o idiota do seu irmão e eu a idiota da minha irmã.

-O que ela te fez? –Ele parecia realmente interessado, o que até que era legal, para um homem e, principalmente, um deus.

-“Esqueceu” que eu vinha hoje e quase causou uma guerra entre minhas irmãs e os campistas dela. Então eu vou... –Quando ele colocou a mão na minha frente dei um pulo para trás pronta para um ataque.

Porém, ele encarava o prédio da pretoria com um misto de curiosidade e dúvida.

-O que foi?

-Esse lugar... Está protegido pelo me irmão. O campista que quiser entrar, homem ou mulher, vai ficar confuso e dar meia volta achando que não era nada importante por pelo menos quatro horas, o efeito pode afetar a mesma pessoa até quatro vezes no mesmo dia.

-E pra que o seu irmão colocaria algo assim apenas para observar a minha irmã? –Aquilo parecia meio que demais para um cara espiar uma garota.

-Esse é o ponto, não colocaria para isso.

-Então para quê?

-Só consigo pensar em uma coisa, algo típico dos meus pais. –Ele suspirou um pouco cansado. –Segure no meu braço até passarmos pela porta ou vai ser enfeitiçada como os outros.

Apesar de desconfiada não achei que tivesse melhor opção.

-Tudo bem.

Fiz como Ryuu disse e passamos pela porta da pretoria sem maiores problemas, mas o que realmente me incomodou foi na falta de Aurum e Argentum aparecendo na sala na mesma hora.

Aquilo me preocupou mais do que gostaria de admitir.

Pelo menos até os risos e um som vagamente familiar alcançar meus ouvidos.

Ao meu lado Ryuu resmungou um pouco mais que irritado:

-Fala sério Yue.

-O que foi? –Eu não tinha certeza, mas o irmão dele e a minha irmã juntos podia ser algo bom até.

-Vamos conferir se estou certo, mas esteja preparada para tudo. –Algo na voz dele me fez querer, pela primeira vez, ter começado aquela guerra na fronteira do acampamento.

Andamos até os cômodos privados de Reyna e quando conseguimos olhar para dentro do quarto, a uma distância considerável, eu me espantei com o que vi.

Lá estava Reyna, aos risos, sentada sobre a barriga do deus Yue completamente nua e despreocupada enquanto ele estava apoiado nos cotovelos olhando para ela de forma cínica.

A primeira reação veio de Ryuu:

-Era isso que eu estava imaginando.

Ainda um pouco distante ouvi o riso de Reyna preencher o quarto.

-Isso não é sério, vocês não teriam feito isso com Minerva. Ela os mataria por algo assim.

-Nem tanto quando ela já pegou meus pais no ato tentando me conceber.

Os dois riram daquela conversa sem pé nem cabeça e Yue rolou na cama ficando sobre Reyna, o que foi o mais estranho.

-Aliás, acho que estamos perdendo tempo falando disso, não é?

-Não sei. Tenho certeza que tinha algo importante para fazer agora, mas não consigo lembrar ou me importar com o fato de que esqueci o que é...

-Posso entender por que não se importa, eu sou incrível.

A risada de Reyna me fez ter certeza que ela se perguntava o que Yue tinha na cabeça, ou foi o que achei até minha irmã inverter as posições deles.

-Incrível você até pode ser, mas eu ainda sou melhor.

Aquela foi a gota d’água.

-Certo, nem comecem vocês dois ou bato em ambos.

Os dois deram um pulo na cama e Reyna começou a puxar os lençóis para se cobrir, algo que Yue nem mesmo tentou.

-O que está fazendo no meu quarto Hylla? –Ironicamente minha irmã estava vermelha, mas não era de raiva.

-Vim te visitar, como já havia avisado que faria. –Minha resposta fez Yue rir

-Então foi isso que você esqueceu... É algo que deveria te preocupar. –Mas tudo que ele recebeu foi um olhar atravessado de Reyna.

-Não tanto quanto o fato de você não me contar sobre isso Yue, não é mesmo? –Olhei de relance para Ryuu e vi-o literalmente irradiando luz como o Sol. –Que seja, cumpri minha parte e vou viver minha vida. Se encontrar nossa mãe antes de mim avise-a que vou demorar a voltar. –Depois disso ele literalmente sumiu.

E encarei os dois à minha frente.

-Canção da Lua, vai dar uma volta que minha irmã tem explicações para me dar.

Mas contrariando a minha ideia, Yue riu e levantou despreocupado com o fato de ainda estar sem roupa.

-Yue, coloque roupas, por favor. –Reyna parecia acostumada com aquilo.

-Tudo bem.

E antes de sair do quarto ele já estava com uma bermuda e regata.

Eu e Reyna esperamos um minuto enquanto nos encarávamos, estava curiosa se ela falaria algo, mas no final eu precisei começar:

-Então, como vai começar a me explicar como e quando foi que um deus literalmente passou a dividir a cama com você?

Contra a minha expectativa, ela riu.

-Vai querer a versão longa ou a resumida?

-A que explicar melhor tudo isso.

Reyna suspirou e apontou uma poltrona perto da cama enquanto levantava e pegava o roupão aos pés da cama.

-Bom, essa será uma longa conversa, então sente confortavelmente.

E no final foi a conversa mais longa da minha vida.

Bem como a mais constrangedora.

Sinceramente, acho que nem mesmo uma aula na escola sobre educação sexual poderia ser tão constrangedora.

E esse é o tipo de aula que define constrangimento.

 

====================X====================

 

Vivian

 

Taylor havia acordado cada alma na casa.

Até mesmo Lilliel e Gray que não pareciam dispostos acabaram saindo do quarto e ajudando meu pequeno a tirar Ashlley e Halley da cama. As duas se renderam aos pedidos de Taylor e ajudaram a tirar Lana e Carlo do quarto, depois eles foram atrás de Reynald e Lear.

Duas horas depois a casa inteira estava em festa mais uma vez.

Não que meia dúzia de deuses e meus avós não contassem, mas era diferente de ter pessoas com menos de uma hora de sono festejando de novo.

A festa já havia voltado ao seu auge nas conversas e brincadeiras. O almoço de ano novo já havia terminado e a tarde começava a correr com uma calma típica de um lugar cheio de pessoas cansadas, mas que fariam de tudo para manter o ritmo das comemorações por mais um longo tempo.

Meu filho corria pela sala cheio de energia como se estivesse em um parque de diversões.

Em certo momento ele puxou a barra do vestido de Hera e estendeu os braços na direção da Rainha do Olimpo.

-Colo! –Metade da sala olhou a cena curiosa, mas eu apenas sorri.

Hera foi uma das duas primeiras pessoas a segurar Taylor e ela parecia o adorar desde aquele dia.

-Meu pequeno.

Taylor sorriu quando assim que ela o segurou ganhou um beijo de Hera, em seguida um de Afrodite e depois de Perséfone.

As três ficaram enchendo meu filho de beijos e mimos sentadas no sofá por vários minutos, atraindo olhares de deuses e membros da Linhagem.

Me aproximei para ouvir o que as três falavam com meu pequeno.

-Meu pequeno príncipe está tão lindo com esses olhinhos iluminados que brilham tão vivos. –Afrodite parecia um pouco comigo quando resolvia ficar mimando Taylor.

Ele riu.

-Mamãe sempre diz que o brilho dos meus olhos iluminam o dia dela. –E então ele sorriu, encantador como o pai, o tio e o avô.

Um sorriso digno de Apolo.

Perséfone se derreteu.

-Meu Caos. –Ela pegou ele do colo de Hera e o abraçou apertado. –Como alguém pode ser tão fofo?

Taylor riu de novo e dessa vez Afrodite o pegou no colo e sorrindo divertida.

-Já estou vendo que esse pequeno vai arrasar corações quando crescer. Dezenas deles.

Taylor riu e falou muito sério para uma criança.

-Não quero arrasar dezenas de corações. Não quero arrasar nenhum coração. Vou conquistar apenas um coração para sempre. –Ele se aproximou do ouvido de Afrodite e disse baixinho algo que só eu ouvi: –Igual o papai conquistou o coração da mamãe.

Acabei sorrindo com aquilo o que me fez olhar para a janela.

Foi apenas por um segundo, mas pensei em Ryuu e como queria poder estar com ele, não apenas ter visto a pessoa que eu amo por algumas horas na madrugada sem nem poder toca-lo.

Ouvi o som de alguém aparatando, mas pensei que fosse um deus retardatário ou mesmo Kaíros voltando de algum lugar da casa. Os deuses sabem que ele parece odiar andar.

-O que faz aqui? –A voz de Teresa parecia um pouco surpresa. –Você sempre diz que isso é coisa de gente velha.

Ouvir aquilo me fez virar e perder o folego ao ver Ryuu parado no meio da sala olhando para os lados procurando algo, o que me fez ficar tensa e pensar em como sair discretamente da sala.

-Nunca achei isso mãe, só precisava de uma mentira pra não vir aqui nos últimos anos. –Ele olhou Kaíros que sorria divertido. –Você sabia disso não é seu deus intrometido de meia-tigela?

Kaíros riu.

-Não tinha certeza, mas ainda bem que acertei.

Ryuu virou mais um pouco e me viu.

O sorriso que ele deu valia por mil vidas e eu sabia que o que quer que acontecesse nunca mais iriamos nos separar depois de hoje.

Meu coração batia acelerado enquanto Ryuu se aproximava e ainda mais forte quando ele me beijou passando o braço em volta da minha cintura, me tirando do chão e eu sei que sorri enquanto nos beijávamos.

Ouvi a risada de três deusas junto com o meu filho e indagações por toda a sala quando precisei afastar Ryuu para respirar.

-Então era ela? –O pai do Ryuu não parecia surpreso com o filho estar apaixonado, mas com quem eu sou.

-Então era ele? –Já meu avô, Eleazar parecia bem chocado.

-Cara, e não é que eu realmente sou tio do moleque. –Gray pareceu menos surpreso do que eu esperava.

-Eu sou avó! –Já a Teresa parecia bem feliz.

-Já não era sem tempo. –Eu me virei assustada ao ouvir aquela voz.

Ártemis estava ao lado de Hera, bem longe de Kaíros e parecia saber exatamente o que acontecia ali.

-Como a senhora veio pra cá? –E Ryuu parecia bem surpreso.

-Kaíros me avisou que você estava aqui e eu cheguei no segundo que beijou a garota. –Ela estava muito calma. –Bem, vou indo.

Ártemis aparatou e vi Melindra atrás de onde a deusa estava sorrindo.

-Parabéns Vivian. Alguém tinha que dar sorte antes das outras duas. Agora eu sou a última.

-Linda, não... –Tentei dizer que aquilo não importava, mas ela me cortou.

-Relaxa. Não estou brava com você e Reyna, só pensando que eu estava na frente e vocês me ultrapassaram.

-Então relaxa também Lind. –Ryuu sorria tão feliz que Melindra sorriu. –Afinal, eu sou seu cunhado e isso só vai melhorar, disso tenho certeza.

Melindra deu um sorriso de lado como quem diz que esperava que ele estivesse certo e aparatou.

Ryuu se afastou um segundo e reparei que o brilho dourado do sol ao seu redor sumiu, foi quando me dei conta que o chão ao meu redor estava forrado de pétalas de flores e algumas ainda estavam presas no meu cabelo ou flutuavam ao meu redor.

Taylor pulou do colo de Afrodite para cima do estofado do sofá e gritou quando Ryuu o pegou nos braços.

-Papai!

-Raio de Sol! –Ryuu abraçou Taylor sob o olhar curioso de Easley do outro lado da sala.

Easley parecia não acreditar no que via e eu entendia isso um pouco, mas queria mesmo era mandar aquele idiota atrás da Melindra, embora soubesse que isso não faria diferença agora.

Pelo menos não hoje.

-Agora eu vou te ver todos os dias? –Meu filho parecia mais animado que antes.

-Todos os dias meu pequeno. –Ryuu me olhou e sorriu. –De hoje em diante nunca mais vou ficar longe de você e da sua mãe. Nunca mais. –Ele esticou a mão e eu segurei, depois ele voltou a olhar para Taylor. –Mas preciso te deixar com Hera um pouco. Tem algo importante que eu e sua mãe precisamos fazer com o Kaíros, mas não podemos te levar.

Taylor pareceu curioso.

-Mas ainda hoje vocês vão voltar, não é?

-Vamos sim. –Dessa vez a resposta foi minha.

Taylor concordou e Ryuu o deixou com Hera.

Segurei forte a mão de Ryuu enquanto andávamos até Kaíros que parecia saber exatamente o que diríamos.

-Bom, o que posso fazer por vocês?

-Me tornar imortal. –Kaíros sorriu. –Você sempre disse que a Linhagem pode se tornar imortal a qualquer momento, especialmente se for por conta dos nossos companheiros de alma.

-Isso é verdade. Vocês vivem juntos e morrem juntos, as exceções são poucas.

Respirei fundo.

-Então, como eu viro imortal?

Kaíros deu um sorriso realmente perigoso e gargalhou.

-Isso realmente vai ser divertido.

 

====================X====================

 

Hylla

 

-E foi isso que aconteceu na noite de Natal que nos trouxe até hoje.

Eu ainda encarava Reyna na dúvida do que dizer, mas de alguma forma ao mesmo tempo em que estava irritada também estava feliz pelo que ouvia.

-Então toda aquela confusão há alguns anos é por que você é a reencarnação de uma namorada dele que morreu um século atrás e agora que estão juntos deve ser pra sempre.

-Essa parte eu não ligo. –Acho que ela percebeu que eu não tinha entendido aquela afirmação. –Olha só. Yue não sentia por Elleh o que sente por mim, são coisas diferentes mesmo que sejamos a mesma alma.

-Agora eu fiquei confusa. –Reyna parecia um pouco em dúvida do que diria. –Abre logo essa boca.

-Segundo Yue quando estava com Elleh ele queria protege-la, cuidar dela, e comigo... Yue diz que é como descrever uma briga. Ele quer me proteger, mas quer me provocar, cuidar de mim e me desafiar, como se estivéssemos no limite de uma briga. Não sei se faz sentido para outras pessoas, mas eu entendo. É como me sinto com ele.

-Quer quebrar a cara dele por ser atencioso e beija-lo ao mesmo tempo? –Eu não sabia se realmente queria aquela resposta.

-Sim. É irritante quando ele é atencioso, mas tem algo que me faz querer isso mais vezes. É tão estranho pensar nisso.

-Nem tanto. –Ou nada estranho dependendo do ponto de vista. –Você sempre foi diferente de algum modo e de alguma forma esse tipo de relacionamento é o que mais se encaixa com a sua personalidade.

-Espero que isso seja um elogio Hylla.

-Espera nada. Quase me fez começar uma guerra na fronteira do seu acampamento por que estava com aquele deus, perdeu o direito de exigir algo.

-Você sabe ser irritante.

-Sou sua irmã mais velha, então é minha função ser irritante às vezes. Conforme-se.

Acho que Reyna até pretendia retrucar minha afirmação quando duas pessoas aparataram no meio do quarto.

Uma delas era Ryuu e a outra uma mulher de cabelos castanhos e olhos verdes, talvez da idade da Reyna, parecendo agitada.

Mas apenas o deus falou um tanto irritado:

-Onde está o imbecil do meu irmão?

-Cozinha. –Em outra situação eu riria da forma sincronizada e imediata que minha resposta saiu com a de Reyna.

Ryuu virou para a mulher.

-Espere aqui, por favor. Vou buscar o idiota.

-Tudo bem, eu aproveito para começar a explicar tudo para a Reyna. –A mulher se afastou dele vindo à nossa direção e assim que sentou disse calmamente. –Dê um soco nele por mim.

Ryuu riu e antes de sair disse calmamente.

-Vou dar é uma surra.

A garota sentou na cama como se não fosse nada demais e encarou Reyna parecendo olhar para alguém inferior.

-Então, você é a outra. Acho que entendo por que Melindra parecia um pouco irritada com Easley, mas eu estou bem irritada com você e o Yue também. Nunca vi gente tão enrolada pra se acertar e transar de uma vez.

Ok.

Não era que ela se sentisse superior, mas puta da vida mesmo.

A Reyna tá ferrada com essa garota, mas acho que ela não se deu conta disso ainda.

-Quem é você?

-Bom, você tem duas cunhadas. Uma é a Melindra, que acredito que já conheceu, e a outra sou eu, Vivian Eucaristia. –Dessa vez o sorriso da garota realmente era de superioridade. –Eu sou parente da Lizandra e, desde antes do Natal, Leon e Lana entraram para a família com Gray.

Reyna pareceu surpresa.

-Lana achou o “Cara” dela?

-É o Carlo, meu primo direto, como a Lilliel, namorada do Gray. A Liz é uma parente distante, como a Melindra.

Reyna pulou da poltrona e eu fiquei assustada com a reação da minha irmã.

-Você é descendente do Kaíros?

-Alguém fez a lição de casa.

-Yue me contou sobre ela a alguns dias quando comentei que ela gosta do Easley. Ele já sabia, mas ficou surpreso que nos conhecíamos.

Vivian levantou e encarou minha irmã como se pudesse enfrentar Reyna e vencer.

E eu sabia que era verdade.

Por que foi que não comecei aquela guerra na fronteira?

 

====================X====================

 

Reyna

 

Engoli em seco quando Vivian levantou e me encarou.

Eu lembro que Yue falou que mesmo os mais fracos da Linhagem eram perigosos em níveis divinos e eu não queria pagar para ver.

-Tudo bem. Por que vieram aqui então?

Vivian sorriu.

-Eu preciso me tornar imortal. O problema é que preciso de você e do Yue junto com o Ryuu para fazer isso.

-Eu não sei se isso soou bem. –Eu queria saber por que Hylla ainda estava aqui, mas acho que ela não conseguia levantar para fugir da presença ameaçadora de Vivian.

-Kaíros faz muito isso. –Eu só podia imaginar que o que a garota falava era verdade.

-Quem é Kaíros afinal? –Por que Hylla não podia ficar quieta?

-Irmão gêmeo de Cronos, meu ancestral e deus do tempo dos deuses. Basicamente se ele não existisse não haveria imortalidade.

-Puta que pariu!

Dessa vez eu tinha que concordar com Hylla, mas primeiro o que era urgente: Vivian e a sua conversa sobre imortalidade.

-Tudo bem, mas o que eu tenho a ver com essa história de imortalidade?

Vivian voltou a sentar na cama um pouco irritada.

-Nada se meu companheiro não tivesse um irmão gêmeo, mas como ele tem eu só vou me tornar imortal se te puxar junto. –Eu acho que estava muito surpresa quando ela me olhou. –Não que esse já não fosse seu destino.

-Meu destino? Como assim?

-Sério que você nunca se questionou por que esses galgos ficam te seguindo e tentando proteger de tudo?

-Nunca encontrei nada sobre eles e os dois parecem um pouco com autômatos. Eu só pensei que talvez não fosse comum ou que eles tem vontade própria.

Ela riu.

-Bom, isso eles tem. Na verdade me pergunto como Kaíros nunca notou o que eles podem ser, não que eu tenha certeza.

-Espera! –Eu não tinha certeza, mas... –Você sabe o que são os meus galgos?

Ela levantou e no segundo seguinte Aurum e Argentum apareceram ao meu lado encarando Vivian curiosos.

-Olá garotos.

Ela estendeu a mão na direção dos dois, mas não os tocou, ao contrário disso um fio de fumaça preta escapou dos meus galgos e se enrolaram na mão dela, que cheirou aquilo como se fosse um perfume.

Vivian riu novamente.

-Não era à toa que Kaíros não sabia o que eles são.

-E você sabe? –Perguntei mais por medo do que por querer saber.

-Agora faço alguma ideia.

-Então?

Ela me encarou.

-Quando morremos a cem anos, nossos corpos foram destruídos por Hefésto e Teresa fez nosso enterro de alma, nos levando para os Elíseos. –Aquela parte da história eu já conhecia. –O fato é que não ficaríamos ali para sempre, só até nossa próxima encarnação e quando isso aconteceu, décadas depois, eu fui levada por Kaíros para ser reencarnada em alguém da Linhagem em algum momento futuro. –Viviam voltou a sentar na cama e me encarar. –Ele não achou a sua alma para fazer o mesmo e ajudar na parte simples da história, até por que Kaíros não sabia se para você isso seria possível.

-E o que isso quer dizer? Por que me dizer que seu ancestral não me levou por um ou outro motivo não vai me fazer entender nada.

-Realmente. Mas vai fazer quando eu te disser quem foi que te tirou dos Elíseos.

-E quem foi? Hades?

-Quase, Nix.

Senti o que o ambiente ficou muito mais frio do que deveria e então eu basicamente desabei na poltrona.

-Como é? Aliás como pode dizer isso? Você não lembra da nossa vida passada para isso.

-Lembrar eu não lembro, mas eu pesquiso pelo tempo às vezes. E eu posso ver um pouco da sua alma, da sua energia. Além disso, eu sou ligada a Perséfone e posso sentir certos cheiros, assim como tenho algumas habilidades que ela tem como rainha de Hades. Não que os poderes que eu tenho da Linhagem não ajudem, mas os dela são mais complexos. –Vivian voltou a levantar e andar pelo meu quarto. –O fato é que eu não sabia disso na época, nem Kaíros, mas faz sentido que um deus mais influente que ele tenha sido o responsável por te “encaminhar” para essa vida.

-E o que Nix fez ao me “encaminhar”? Não é como se uma deusa do tipo dela saísse por ai fazendo favores ou coisa do tipo.

-Isso é verdade. –Vivian pegou o meu Aegis sobre a cômoda do outro lado do quarto. –Devo admitir que essa parte ainda me intriga, especialmente por que não sei o que ela te propôs ou você pediu, mas esse é o tipo de coisa que me faz ter certeza que não é um caso comum. –Ela dizia isso com o manto ainda em mãos.

-Mas você tem uma teoria, não é mesmo? –Eu sabia que ela tinha uma e agora eu queria saber.

Vivian voltou até onde estava e me encarou.

-Você prometeu algo para ela em troca do que queria: ficar com Yue. –Não sei se aquilo era algo bom de saber.

-Consegue imaginar o que prometi para uma deusa como Nix?

-Existem algumas coisas nas quais ela tem interesse em particular como inferniza o romance de Kaíros e Ártemis ou manipular o destino, melhor ainda se puder juntar os dois em um só.

Senti minha garganta seca, mas Hylla reagiu diferente.

-Romance de Ártemis? Com o seu ancestral?

Aquilo me fez reagir.

-Longa história, muitos pedidos, milhares de recusas e um vestido de casamento resumem a história. –Assim que terminei de falar me dei conta que fiz besteira, especialmente com o sorriso de Vivian. –Yue me contou sobre isso quando falou de Kaíros. –Vivian deu de ombros. –O que acha que eu prometi afinal?

-Os dois.

-E o que eu tenho a ver com o seu ancestral?

-Com Kaíros eu não sei, mas com os planos de Nix para casar Ártemis e Kaíros já é outra história, mas além disso podem ter outras ramificações com base nos deuses que você atraiu.

-O que tem de mais na minha relação com Yue sendo que segundo você vim pra cá por ele?

-Não falei Coroa, falei deuses. Ou acha que aquele Aegis é um presente comum? –Eu nem respondi, sempre soube que não era algo comum. –Os galgos, se eu estiver certa, são como pequenos guardiões e uma forma dela manter os olhos em você, o que é simples uma vez que possuem uma ligação com a sua alma. Se eles demoraram a aparecer era por que estavam se tornando maduros e prontos para serem seus protetores. –Viviam sentou na cama. –Isso e o fato de que você sempre esteve destinada a ser imortal nessa vida.

Fechei os olhos por um momento antes de voltar a encarar Vivian.

-Eu me identificar em conversar com Hera, assim como Liz não é coincidência, não é? –Ela apenas assentiu negativamente. –Nem mesmo o fato de que conquistei o Aegis ou a minha força.

Eu me sentia uma trapaceira agora, como se tudo que conquistei fosse uma farsa e acho que Vivian percebeu isso.

-Bom, mas não muda o seu mérito nisso tudo.

-Que mérito? Trapaceei minha vida toda com esses esquemas de Nix.

-Não mesmo. Nix nunca seria tão boazinha assim. –Encarei minha cunhada em dúvida. –Olha, você pode ter aceitado que ela determinasse certas coisas, mas no final o acordo foi a menor parte da barganha. Se eu lembro bem de como a Nix é você foi entregue a Belona não muito depois da deusa da Noite ligar sua alma a dos galgos e ela escolheu uma deusa romana para te aproximar de Hera. Os romanos tem uma ligação especial com a deusa da família, mas também por que isso te afastaria de Hefésto e te custou a conquistar a confiança de Atena quando a hora chegou, mas quando o fez a deusa estava feliz em te abençoar. O que Nix fez foi te entregar para a deusa certa para nascer do ser certo e ter o preparo certo para ser forte. Se você tivesse fraquejado um segundo antes de nascer tudo teria se perdido, por isso acredite quando digo que Nix fez muito, mas nem tudo.

-Então o que Nix fez afinal? –Vivian pareceu precisar pensar.

-O mesmo que Kaíros sempre faz, preparou a mesa de jogo e deixou as cartas certas saírem para um bom jogar ou que mesmo que as cartas fossem ruins o jogador fosse bom o suficiente de blefe para enganar todo o resto da mesa.

-Ela apostou?

-Não seria a primeira vez.

-Cara, o que eu ainda tô fazendo aqui? –Encarei Hylla sentada na poltrona. –Que foi? Minha pergunta é válida.

-Você só tá curiosa. –E Vivian nem ligou de responder.

-E agora o que eu tenho que fazer? –Vivian me olhou curiosa. –Você disse que precisa de mim para ser imortal, o que tenho que fazer?

Vivian deu um sorriso divertido na mesma hora que um homem estranho e muito bonito que surgiu atrás dela. Ele tinha pele cor te bronze, seu cabelo mudava do preto para o branco e seus olhos sempre oscilavam de cor.

-Se tornar imortal.

-Como é que é? –Olhei surpresa para a porta de onde Yue, ao lado do irmão, parecia mais do que surpreso.

-Isso é sério? –Minha irmã parecia não acreditar.

-Kaíros não tem motivos para mentir.

-Então ele é o Kaíros? –Apontei para o homem atrás de Vivian.

-Sim minha querida, ele é, mas imagino que não lembre de mim.

E quando eu achei que mais nada poderia tornar meu quarto um ambiente potencialmente complicado aquela mulher simplesmente saiu das sombras. A pele pálida como marfim e olhos negros como se nunca tivessem visto luz, o ar ficou frio e as sombras ao redor dela a vestiam como uma rainha imponente e ameaçadora.

O nome escapou da minha boca em um sussurro:

-Nix.

-Mas o que diabos...

E se algo me preocupou ali foi que Kaíros parecia ao mesmo tempo assustado e surpreso.

É, acho que meu dia acaba de...

Quer saber, deixa pra lá.

-

-

-

Continua...


Notas Finais


*Galatea Smith: Smith é um nome que eu na verdade escolhi aleatório, por assim dizer. Já Galatea também vem da série Claymore. Nesse caso uma personagem bem sarcástica e irônica em vários momentos do mangá, mas que não deixa de ser um tanto amável em outros. No mangá, Galatea é bonita, mas quando abre mão da sua vaidade e transforma sua aparência de acordo com seu poder pode derrotar inimigos sem problemas.

*Rigardo Wolf: Wolf foi escolhido por que eu queria um nome que lembrasse algo relacionado a noite nas mitologias europeias, como um lobo. Já Rigardo veio, novamente, do mangá Claymore. No mangá o personagem é um tipo de vilão, mas é honrado em muitos sentidos ao ponto de quando perdeu para o homem que era seu inimigo jurar lealdade a este mesmo ainda o odiando. Escolhi esse nome para representar a ferocidade oculta de Rigardo em uma personalidade normalmente calma e serena.


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