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História The Olimpians - Livro 3: The Other Side Of Time - Nada É Realmente Tão Bom Que Não Termine Um Dia.


Escrita por: Eucaristia

Capítulo 6 - Nada É Realmente Tão Bom Que Não Termine Um Dia.


Teresa

 

Aproximadamente 255 Anos Atrás.

 

O que os deuses tinham em mente para me fazer ficar ali ameaçando uma denúncia de adultério ou mesmo dizendo que tinham dúvidas quanto à minha relação com Hefésto eu não sabia, mas aquilo parecia estranho.

Mesmo assim eu tive que aceitar ficar ali sendo vigiada por Apolo, o deus que não vai com a minha cara.

Ele nunca chega e aperta minha mão quando nos encontramos. Quase não fala comigo e costuma ser totalmente alheio a minha presença. Além disso, ele parece ter outro motivo que não é me monitorar e muito menos ficar me paquerando para estar cuidando da minha vida.

Parece protetor demais.

Cuidadoso demais.

Bonzinho demais.

Nem parece a pessoa que ouvi dizer que matou o amor de Ártemis.

Isso dá até raiva de olhar.

O deus que se acha não passa de um idiota.

Que raiva que dá pensar que houve uma época que eu admirava a confiança que ouvia dizerem que tinha.

Tem momentos que nem homem ele parece ser.

Aliás, isso foi algo que me deixou um tanto constrangida e com raiva ao mesmo tempo.

Uma das vezes que fugi dele fui para o rio atrás do templo de Hera para mergulhar.

Infelizmente o idiota saiu me procurando e achou por que Hera deu acesso ao templo para me procurar.

Os dois me acharam nadando nua e o idiota teve a cara de pau de dizer: “Somente um doente iria se excitar vendo uma criança nadando nua”.

Depois ainda tive que aguentar o assédio das ninfas as minhas costas enquanto ele me seguia em vigia.

Isso só para começar.

Claro.

 

==========X==========

 

Eu juro que não entendo o que foi que fiz para ficar presa no Olimpo com Apolo na minha cola a menos de uma semana do aniversário do meu filho.

De verdade, nem que eu tivesse esquartejado e jogado os Três Grandes do Tártaro algo incomodo como ficar na companhia de um deus idiota como Apolo poderia ser dado como castigo. Infelizmente acho que qualquer crime que me possa ser atribuído futuramente já está sendo pago.

Diabos.

Nenhum outro deus estava disponível para esse serviço?

-Com dor de cabeça Teresa? Se for isso, posso te dar algumas ervas muito boas para isso. -Apolo era tão irritantemente protetor e preocupado. Eu estava quase certa que ele não era lá muito homem na verdade.

-Só quero dormir um pouco, mas não quero ir para o palácio de Hera há essa hora. -Resmunguei na esperança de que ele parasse de me irritar por alguns segundos pelo menos.

-Tem uma árvore ao lado do palácio de Ártemis que é muito boa para dormir durante o meio da tarde. -Aquilo me surpreendeu.

Eu sabia da tal árvore, só não imaginava que ele também havia pensado nela.

Porém, mesmo surpresa eu não falei absolutamente nada.

Apenas segui até o lugar que ele havia falado e sentei encostada na árvore normalmente.

-Se não se importar vou ficar do outro lado e tirar um cochilo. -Apolo parecia distraído.

-Faça como quiser. -Resmunguei irritada.

Fechei os olhos e nem ao menos notei quando dormi, só sei que afundei no sono de Hypnos como há anos não fazia. Morpheus me deu uma cortina negra sem formas e Ícelos me deixou sem pesadelos. Nem mesmo Oneiros quis me deixar irritada com seus sonhos premonitórios dessa vez, o que pode ser realmente considerado um milagre.

Havia algo que não podia explicar.

Uma paz que me era estranha há muitos anos quando adormeci que poderia ter durado por séculos da minha vida, se não fosse a coisa mais estúpida do mundo ter acontecido.

-O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?! –Aquele grito, que fez o chão do Olimpo literalmente tremer me acordou assustada.

O susto foi tão grande que quando levantei quase dei a volta para o outro lado da árvore, assim como Apolo, o que fez com que desviássemos um do outro aos tropeços. Ambos maldizendo o que quer que fosse que estava acontecendo, pelo menos até descobrirmos que éramos nós.

Quando vi Hefésto parado a poucos metros, com Easley em algum tipo de berço móvel, fiquei tão feliz que me esqueci do som que me fez acordar.

Uma verdadeira tolice.

Afinal, eu deveria ter reconhecido a voz daquele berro melhor do que qualquer um.

-SUA IMUNDA! ESTAVA COM ELE ESSE TEMPO TODO! ENGANANDO-ME COMO AFRODITE FEZ! –Eu não consegui entender o sentido nas palavras de Hefésto.

Engana-lo com quem?

-DEIXOU O MOLEQUE COMIGO E FICOU AQUI SE ESFREGANDO COM MEU IRMÃO! TRAINDO-ME COMO UMA VERDADEIRA PERDIDA SEM HONRA! NÃO É ATOA QUE AFRODITE GOSTA TANTO DE TI! –Eu ainda tentava entender o que estava acontecendo com Hefésto quando Hera e Ártemis apareceram de dentro do palácio da deusa da Lua, ambas assustadas. –MAS É CLARO QUE MINHA MÃE ESTAVA POR TRÁS DISSO! ATÉ MESMO VOCÊ ME ESFAQUEOU PELAS COSTAS ÁRTEMIS! SÓ PARA QUE SEU IRMÃO LEVASSE A MULHER QUE EU QUERIA PRA CAMA DELE!

E foi quando eu entendi que por qualquer que fosse o motivo, Hefésto achava que eu e Apolo estávamos dormindo juntos.

-Hefésto, não entendo, por que diz que...? –Porém meu protesto nunca foi concluído.

-VOCÊS DORMIAM JUNTOS AGORA MESMO! EU PUDE VER SUAS ENERGIAS FLUÍNDO EM SINCRONIA COMO DOIS AMANTES QUE NEM AO MENOS SE PREOCPAM EM OCULTAR SUA TRAIÇÃO!

-Espera! Energias em sincronia? –Para a minha surpresa, Apolo parecia ainda mais chocado com aquilo que eu. –Eu só estava dormindo na árvore, quando...

-QUANDO FLAGREI VOCÊS DOIS! –Hefésto se voltou furioso na minha direção e, ainda transbordando de poder, apontou a mão na minha direção de modo ameaçador, o que causou uma explosão. O que apenas me assustou ainda mais. –NUNCA MAIS VOLTE A ME PROCURAR SUA QUALQUER! NEM MESMO ME DIRIJA AS SUAS PALAVRAS FALSAS! –E então o susto foi maior ainda quando ele empurrou o berço com rodas de Easley na minha direção com muita força e meu filho só não se machucou por que Apolo correu para segura-lo. –VOCÊ E ESSE BASTARDO QUE SE ENTENDAM COM O VERDADEIRO PAI! E JÁ QUE AQUELAS ILHAS SÃO SUAS PREFERIDAS, FIQUE COM ELAS! NUNCA MAIS QUERO VER O HAWAII OU VOCÊS DOIS! –E então ele sumiu em meio às chamas das suas explosões.

-Espera! –E em meio ao me próprio grito aparatei na sua oficina.

Ou era o que eu esperava, mas na verdade estava na praia, dois metros dentro da água do mar.

Tentei avançar na direção da praia chamando por Hefésto, mas não conseguia ir além de onde a água alcançava.

Ele havia me prendido fora da sua casa.

-Hefésto! Easley precisa de você! Eu preciso de você! Por favor, raciocine por um minuto! Eu nunca teria motivos para te trair! Eu te amo!

Não sei bem como ou por que até hoje tudo isso aconteceu, só sei que aquelas últimas três palavras acabaram com o que poderia ser um dia bom.

A explosão que aconteceu estava vindo à minha direção com tanta força e tanto poder que poderia ter me machucado.

Eu nunca me machucaria com fogo ou lava, por que eles fazer parte de mim como as trevas, a morte e o sangue.

Só que eu não sou a prova de fogo grego...

Então quando o jato de água atingiu a bola de fogo que a explosão mandou na minha direção fiquei tão aliviada quanto assustada.

Hefésto tinha tentado realmente me machucar.

Aquela poderia ter sido a pior parte do meu dia, mas, como dizem os mortais: “desgraça pouca é bobagem”.

Hefésto apareceu na praia ainda irradiando poder e fúria.

-VOCÊ NUNCA ME AMOU SUA VÁDIA! E AQUELE BASTARDO NÃO PRECISA DE MIM! VÁ PEDIR QUE O PAI DELE CUIDE DAQELE ESTORVO! NUNCA ESTIVE TÃO LÚCIDO QUANDO AGORA SUA VAGABUNDA! –Outra explosão veio na minha direção e então...

Então eu não estava mais na água da praia, estava sob ela a vários quilômetros do lugar que era minha casa.

Tudo o que eu via era Poseidon e Anfitrite vindo à minha direção apressado, me abraçando enquanto lágrimas descontroladas saiam dos meus olhos e se fundiam com a água salgada do mar.

O grito que escapou da minha garganta fez todo o palácio tremer até as profundezas do Hades e o salão dos tronos no Olimpo. Eu podia sentir todo o mundo e o Tártaro tremerem com o poder que fluía do meu corpo de forma violenta.

Não vi quando lancei Poseidon e Anfitrite para longe ou mesmo quando as colunas do palácio começaram a ruir, mas quando o teto não tinha mais como ser sustentado tudo desmoronou na minha cabeça e eu desejei por um misero instante, mesmo sabendo que não era possível, morrer ou voltar no tempo.

Depois tudo ficou pesado e doloroso demais para que me lembrasse dos detalhes, mas o suficiente para saber que ainda estava perfeitamente viva.

 

==========X==========

 

A primeira coisa que tomei consciência foi da dor.

A dor aguda que atingia minha cabeça, meus olhos, meu pescoço, meus braços e pernas, meu estomago e, principalmente, meu peito.

A segunda foram as vozes ao meu lado.

-Como Apolo foi? –A voz maternal de Hera soava cansada.

-Do mesmo jeito, Hefésto tentou mata-lo. Poseidon cuidou para que nada de grave acontecesse, além do que já aconteceu, mas meu marido se recusa a ouvir qualquer um. –Fosse impressão pela dor ou não, Afrodite parecia cansada de um modo que duvido que ela já tenha experimentado antes.

-Por que ele não nos escuta? Meu irmão além de feio agora ficou completamente burro e tapado? –É claro que meu avô não poderia ser mais gentil ou educado do que isso mesmo como Marte em uma hora dessas.

Aquilo me fez reagir.

-Ele não é burro Marte, você deveria saber disso. –E apesar da dor que eu sentia, as palavras saíram facilmente da minha boca, da mesma forma como a luz não parecia mais forte que o normal quando abri meus olhos. –O que aconteceu? –E pelo olhar deles eu sabia que não gostaria da resposta.

-Do começo, você destruiu o palácio de Poseidon e Anfitrite. Ainda estamos avaliando os danos, mortos e feridos. –Não me surpreendia que Hera fosse direta e não me poupasse dos meus erros.

Ela era gentil e maternal, por isso mesmo severa e dura quando precisava.

-Levamos dois dias para conseguir te tirar de lá. –A novidade era Afrodite agindo da mesma forma. –Você conseguiu quebrar todos os ossos divinos do seu corpo e arrebentou metade dos seus órgãos internos, especialmente os do lado direito. Ainda bem que Apolo e Ártemis concordaram em fazer um tratamento conjunto para te reestabelecer rápido, mesmo assim você ficou quase um mês desacordada. –Acabei entendendo o porquê da deusa do amor estar tão irritadiça e quase mais mal-humorada que Hera.

-Prosérpina está cuidando de Easley durante esse tempo e Ares me “pediu” para ficar no lugar dele até que você esteja completamente bem, parece que ele quer tempo para planejar o que vai fazer com Vulcano e precisa ficar isolado para isso. –Já Marte parecia estranhamente relaxado ao falar de sua outra parte, algo que era assustador, por que significa que ambos estão de acordo com algo.

-Na verdade o fato de que você consegue fazer isso sem se recolher já é bem assustador. –Confessei.

Eu não me dava particularmente bem com os deuses quando estavam em suas versões romanas, mas não era como se fossemos inimigos também.

-Compreendo. Vou avisar Júpiter, Netuno e Plutão que acordou, os três parecem ter feito um acordo com suas partes gregas até você acordar. Se cuide criança. –E apesar do tom rígido aquelas palavras eram tudo que eu precisava para saber que ele estava tão ou mais preocupado comigo quando Ares.

E duas vezes mais irritado com Hefésto.

Levantei sentando na cama afastada dos travesseiros que me mantinham apoiada.

-O que Apolo está tentando falar com Hefésto? Acho que o estrago que ele nem tentou fazer já foi o suficiente. –Eu sabia que a culpa não era de Apolo, mas mesmo assim as palavras saíram amargas da minha boca.

-Ele tem tentado explicar para Hefésto que não tocou em você, que vocês apenas decidiram tirar “una sesta” na mesma árvore. Mas parece que meu marido cabeça de bigorna não vai aceitar isso nos próximos dois ou três milênios sem uma surra. –Saber que Afrodite tinha essa previsão apenas fez meu peito doer ainda mais. –Desculpe criança, não queria te fazer sofrer mais. –Seu suspiro foi pesado. –Apenas, é a triste verdade.

As lágrimas surgiram tão rápido que não pude nem mesmo sonhar em conte-las, mas a dor em meu peito era tão grande, que o choro ficou preso na minha garganta.

Hera e Afrodite pareciam mais preocupadas que o normal.

-O que eu faço agora? O que vou fazer agora que ele me deixou como se fosse outra mortal qualquer para ele se divertir? –O choro preso na minha garganta começou a sair, por que havia mais coisas para me assombrar. –Ele acha que Easley não é filho dele. Como ele pode dizer isso? Eu nunca dormi com qualquer um antes ou depois dele, como ele pode duvidar disso?

Os braços de Hera e Afrodite envolveram meu corpo em um abraço cuidadoso.

-Nós sabemos disso Teresa, nunca duvidaríamos de você. Poderíamos duvidar de Anfitrite ou Deméter ou Afrodite, até de Perséfone, mas não de você. –Eu achei um pouco de graça no que Hera disse.

-Infelizmente tenho que concordar com Hera. Além das deusas castas e de Hera poderíamos duvidar de qualquer outra deusa, menos você, mas Hefésto não vê assim. –As palavras de Afrodite me acalmaram de uma forma estranha.

Senti meu peito apertado, porém mais leve.

De alguma forma, eu me sentia um pouco melhor, ao menos o suficiente para pensar com clareza nas coisas que precisava fazer de imediato.

-Vou ficar no Hades, construirei um lugar para viver com Easley lá. Creio que no final a verdade é que não há lugar como o lar para curar certas feridas e dar tempo ao tempo. –Me surpreendi ainda mais com a calma e tranquilidade que aquelas palavras fluíram da minha boca.

-Não quer ficar no Olimpo? –Hera me olhou um pouco preocupada.

-Não. Posso vir aqui às vezes, mas acho que é melhor ficar lá. No final, é o lugar a que pertenço. Sempre foi. –Dizer isso em voz alta era confirmar algo de que andei fugindo por vários anos, talvez minha vida toda.

-E o Hawaii? Vai ficar com o lugar já que Hefésto abandonou? –Apesar de não parecer, Afrodite tinha várias perguntas naquela frase.

-Não sei. Se Hefésto realmente baniu Easley, como me baniu dos seus domínios, esse pode seu o último lugar para meu filho ter contato com o que sobrou do pai... Não sei se um dia ele vai voltar atrás e reivindicar seus direitos sobre aquele lugar...

-Hades já conseguiu uma confirmação oficial de que aqueles lugar e seus vulcões são seus, dele na verdade. Ele disse que independente de qualquer coisa que Hefésto fale, Easley tem direito a ter um lugar como aquele sem que precise brigar com o pai e como já tinha acontecido todo aquilo... –Afrodite deixou o resto em suspenso, mas entendi que os deuses concordaram e confirmaram a troca de poderes para o lugar em meu nome e de Easley, mesmo que o dono aparente fosse meu avô.

Concordei com aquilo em um aceno de cabeça, o bastante para deixar ambas preocupadas, mas não por tempo o bastante antes do próximo susto.

A porta abriu e Apolo entrou visivelmente machucado, com a cabeça e o braço direito enfaixados, assim como as roupas sujas de fuligem e ainda um pouco molhadas.

Ele me encarou sentindo-se visivelmente culpado por várias coisas.

-Posso conversar com Teresa por alguns minutos? Não preciso que saiam, apenas que me permitam jogar um feitiço para que não ouçam o que irei falar.

Vi as duas trocarem um olhar curioso e depois encararem Apolo com um sorriso gentil.

-Fique à vontade querido. –E depois da autorização de Hera, Apolo fez um movimento com as mãos.

Quando ele voltou a me encarar toda a certeza que achei ter de querer mata-lo sumiu tão rápido quanto havia surgido.

Ele acima de tudo e todos parecia tão culpado e triste que finalmente me convenci de que a distância dele sempre foi para o meu bem.

Ainda que eu não entendesse o motivo para isso.

E eu soube que nunca poderia realmente odiá-lo.

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-

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Continua...



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