História The Olimpians - Livro 3: The Other Side Of Time - Quem Uma Vez Disse Quando em Roma Faça Como os Romanos ...

Frank

02 de Janeiro

Depois que Reyna simplesmente despejou aquela tonelada de novidade capazes de abalar até o Olimpo, minha colega sumiu me deixando com a confusão.

Parte engraçada: eu já sabia alguma coisa sobre aquilo, ou pelo menos Hazel havia me contado que Rayna estava apaixonada por um deus diferente.

Parte irritante: nenhum de nós imaginou que isso terminaria assim, provavelmente nem Reyna, mas isso era outra história.

A primeira coisa que eu tive que lidar foi o desespero de todos os senadores e população de Nova Roma.

A confusão estava ficando tão grande que eu estava vendo a hora que aquele pessoal ia sair no braço e teríamos um banho de sangue sem armas, então fiz a coisa mais maluca que me ocorreu: pulei no meio da arena me transformando em um dragão e rugi para todos.

Eles ficaram tão assustados que pararam na hora, então virei uma águia e voltei para o meu lugar de pretor antes de encarar todos ali.

—Eu sei que estão atordoados e preocupados.

—Atordoados? Reyna é uma deusa agora, ou algo parecido com isso, e não sabemos o que fazer nessa situação ou quem poderia substitui-la. Atordoados é pouco.

Tentei não concordar com aquele senador em nada, mas até que havia alguma razão no que ele dizia, então eu resolvi apelar e olhei para Hazel que, mesmo sem muito animo, tomou a frente.

—Pessoal, vamos simplificar a discussão prévia até amanhã, apenas os senadores ficam, os demais voltem a seus afazeres como se fosse um dia normal, por que para todos os efeitos é um dia normal. –Ela me encarou me deixando ciente de que havia preparado aquele discurso enquanto todo mundo entrava em pânico. –Até todos os detalhes serem esclarecidos não tem nada mais que possamos fazer sobre o assunto no que diz respeito a declarações ou medidas oficiais.

Os soldados e centuriões das Coortes concordaram e apenas os senadores, além dos dois centuriões da Quinta Coorte ficaram no Senado.

Quando isso aconteceu desci até o meio deles com Hazel e começamos a explicar tudo, tudo que sabíamos daquela história.

Quando Reyna se apaixonou, o que sabíamos sobre como as coisas deram errado, o orgulho de ambos (o que pareceu agradar alguns senadores sobre nossa pretora ter sido absolutamente orgulhosa e não procurar o deus), o tempo e o aumento na irritação dela, sua aproximação com Leon e Lana, sua aproximação com Juno/Hera, o laço de parentesco de Yue (especialmente por que ele nunca fala com semideuses), minha desconfiança sobre o por que a coisa toda aconteceu tão de repente (alguma coisa havia mudado, não apenas os dois estarem juntos, mas algo mais).

Quando terminei os senadores pareciam refletir.

—Ela disse que ou achamos outra pretora ou deixamos ela fazer o que quer, mas o que isso quer dizer? –Aquele senador raramente perdia a calma, era um dos mais velhos, mas eu falava pouco com ele, já que Ethan era mais próximo de Reyna para os assuntos de Nova Roma.

—O que posso dizer é que o namorado... Parceiro... Yue! –Suspirei cansado, por que a tarde já estava começando e ainda estávamos ali. –Enfim, ele não é um deus normal que precisa ficar longe de mortais e semideuses, ao menos pelo que Annabeth disse nenhum dos filhos de Teresa ou ela obedecem as mesmas leis dos Olimpianos.

Todos eles pareceram um pouco desconfiados, mas logo Hazel completou.

—Mesmo assim eu tomei a liberdade de avisar Annabeth da reunião para saber se ela poderia falar alguma outra coisa que não sabemos. Só não sei quando ela vai ter tempo de vir aqui.

—Agora. –Todos olhamos surpresos para a garota loira que não havia envelhecido um único dia desde que seus filhos nasceram a seis anos, ela estava ofegante e parecia confusa quando se aproximou. –Desculpem a demora, mas eu estava com a minha família quando sua mensagem chegou e, mesmo com as crianças tendo passado a noite aos cuidados de Hera e Afrodite, eu tive que lidar com Clarrisse me enchendo de perguntas e o Percy dando uma de irmão mais velho da Reyna querendo ir até o Olimpo tirar satisfação com o Yue. Sorte que a linhagem e os parceiros deles já estavam na mansão ou teria que lidar com Leon e Lana, algo que eu não estou afim de fazer.

—Leon e Lana não estão no acampamento? –Hazel parecia surpresa

—Não mesmo.

—Onde eles foram se não viram para cá? –E eu sabia que a pergunta dela era perigosa.

—Provavelmente transando com seus respectivos parceiros. –Annabeth acabou rindo da própria fala. –Não que Hermes esteja particularmente triste em ter Leon com Lizi e Carlo com Lana, ele parecia até satisfeito.

—Nem quero imaginar o porquê disso? –Deixei escapar.

Mas Annabeth deu a resposta.

—Primeiro que Lana estava procurando Carlo antes mesmo de saber quem ele era a mais de seis anos. Segundo que Leon estava tendo a calma de um monge com a Lizi enquanto esperava ela se abrir com ele e já que, felizmente, Lizandra passou a missão inteira em que foi provocando Lilliel e Gray, os dois fizeram acontecer essa oportunidade.

—Quem é Lilliel? –Ethan perguntou frustrado bagunçando os cabelos castanhos algo que nunca o vi fazer.

—Ela, como Lizandra, é uma parente da Melindra, uma descendente de Kaíros, irmão gêmeo de Cronos e provavelmente a maior prova de que os Olimpianos tem uma família bem interessante. Especialmente quando ele adora os Olimpianos e os Olimpianos o adoram, especialmente Ártemis. –Eu nem mesmo me atrevi a falar, já havia ouvido os boatos sobre Kaíros e Diana, não queria aquela confusão na minha mesa de reuniões, principalmente com aquele sorriso irônico de Annabeth.

—Por que você disse que “em especial” Diana? –Mas Ethan não é o tipo de pessoa que deixa pra lá.

Ela riu daquela pergunta e eu chorei.

—Nada de mais, os dois são perdidamente apaixonados e ele continua tentando convence-la a se casar, mas Ártemis tem resistido bravamente nos últimos cinco ou dez mil anos. –Eu conhecia Annabeth o suficiente para saber que aquela cara era um misto de satisfação pessoal, sadismo e um humor para piadas com problemas alheios adquirido ao longos dos últimos anos. –Mas eu apostei que antes dos meus filhos fazerem maioridade humana os dois casam, Hera e Afrodite adoraram meus cálculos e já começaram a fazer planos sólidos de casamento.

—Tudo bem, eu desisto. –Ethan levantou as mãos em rendição. –Apenas fale do deus, Yue, e a Reyna ou, nesse caso, a parte que não sabemos da história.

E foi o que Annabeth fez, durante uma hora com o maior sorriso sacana do mundo enquanto metade dos senadores parecia a beira de um ataque nervoso.

Começou com uma história de duas irmãs gêmeas que nasceram a mais de cem anos e a paixão que elas despertaram nos filhos gêmeos de Teresa, culminando no trágico fim das duas nas mãos de Hefésto.

Então ela contou sobre Ryuu, o gêmeo mais velho de Yue, e sua parceira reencarnada, Vivian, como eles se reencontraram sem nem mesmo se procurarem e do filho deles, Taylor. Annabeth falou sobre a decisão deles e o tempo que esperaram.

Depois, ela contou sobre como Reyna e Yue se conheceram, as palavras dele para minha amiga, a fuga dela com a ajuda do Nico (aquele garoto é um ótimo irmão postiço), os efeitos da teimosia de Yue no seu corpo (admito que me diverti ao ouvir essa parte), o aumento na irritação de Reyna ano após ano (essa parte eu sofri sem nem saber), até tudo culminar no Natal e os dois se entenderem.

Por fim descobrimos que Reyna virou imortal por ser o par do Yue e que como o par do Ryuu é a Vivian, uma Linhagem, os quatro estão amarrados no destino. Ou algo do tipo, por que até mesmo pra mim aquela história ficou confusa em excesso. Tinha até alguma coisa sobre Reyna agora ser o contato divino dos romanos, o que quer que isso queira dizer.

Acho que quando a história terminou, com Annabeth dizendo que agora Reyna estava almoçando com os deuses, todos nós ficamos aliviados.

Tudo aquilo era demais para qualquer um conseguir e sentir bem depois de tudo, então quando eu me levantei todos pareceram aliviados, embora eu tenha certeza que ficariam aliviados com qualquer coisa que eu falasse.

—Acho que falo por todos quando digo que não temos o que definir antes da Reyna retornar ao acampamento, então sugiro que tentemos manter o acampamento funcionando normalmente. –Olhei para Annabeth em busca de ajuda e ela bufou.

—Tudo bem, vou dar uma olhada na papelada dela e em cinco minutos eu entrego para você.

Agradeci a ela e me voltei para os senadores.

—Por hora acho que terminamos. Alguma dúvida sobre o que faremos até que Reyna retorne?

Todos negaram e Ethan tomou a frente.

—Vamos fazer como todos os dias, até por que não sabemos o que fazer além disso.

Os senadores saíram junto com os dois centuriões e olhei para Annabeth com medo de perguntar o que precisava.

—Diga logo Zhang. –Como se desse para fugir disso.

—Sabe quando ela volta?

Annabeth deu de ombros enquanto Hazel permanecia no mais absoluto silêncio, como se não quisesse ser notada De algum modo eu entendo bem a minha namorada nesse momento.

—Talvez amanhã, afinal Hera é bem rígida no que diz respeito as responsabilidades de cada um. Ela pode ter exigido o almoço e o dia para a família, mas não deve dar mais tempo do que até amanhã de manhã para que todos voltem, salvo em caso especial, mas isso é outra história.

Suspirei aliviado.

—Bom, acho que isso simplifica meu dia amanhã. –E depois fiz a pergunta que evitei na reunião. –O que sabe sobre a condição divina da Reyna no momento?

—Não muito na verdade. –Ela olhou para a própria mão. –O pouco que sei, e já é mais do que poderia pedir, é que ela não está em uma posição muito diferente da minha. Ela é uma deusa, mas ninguém sabe deusa de que e é provável que fique assim por um tempo, não sei o quanto. –Depois Annabeth me olhou. –Se eu estiver certa, apostaria que Reyna fará a minha função no Acampamento Grego aqui no Romano.

Apertei minhas mãos nos olhos.

—Bom, a previsão podia ser pior. –Resmunguei.

—Nisso eu concordo. –Ouvir Hazel dizer aquilo me fez olha-la. –Acompanhei uma conversa entre Reyna, Lana e Leon a alguns anos, esse resultado é quase bom demais para reclamar.

Annabeth riu.

—Bom, vão descansar por hoje. Deixarei o serviço da Reyna com a papelada em ordem para amanhã tratarem apenas dessa questão.

Ouvir aquilo e ver o sorriso divertido daquela deusa, que ainda era a amiga que eu tanto estimava me fez sorrir.

—Obrigada.

Annabeth apenas aparatou deixando o cheiro de papel e tinta no lugar, enquanto Hazel me abraçava.

—Então, podemos voltar ao nosso descanso de Ano Novo? –Sorri diante daquela proposta da minha namorada.

Me inclinei a beijando e quando nos afastamos segurei a sua mão.

—Acho que podemos tentar.

Saímos do Senado ainda um pouco atordoados e seguimos para a minha casa Pretorial para descansarmos e, se possível, namorar sem precisar evitar uma guerra.

De algum modo conseguimos.

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Reyna

03 de Janeiro

Foi o segundo dia seguido que acordei cansada.

Eu ainda não entendia bem o que estava acontecendo, mas apostaria todas as minhas fichas que tinha alguma relação com a minha mudança de semideusa para deusa.

Fora isso, hoje eu não havia acordado com metade do peso de Yue sobre o meu corpo, na verdade em algum momento da noite ele havia me colocado sobre o seu corpo e era onde eu ainda estava, com o meu queixo apoiado no peito dele.

Na verdade, Yue ainda dormia profundamente, o que me obrigou a sentar sobre seu corpo e esticar minha mão tocando de leve a sua testa, dessa forma quando ele acordou não me derrubou de onde eu estava.

—Bom dia meu Anjo. –Eu não sei onde ele vê um anjo quando me olha, mas gosto desse apelido.

—Bom dia Luar. –Ele sorriu diante do apelido que dei de provocação.

—Que horas são?

—Provavelmente tarde demais para a costa leste e cedo demais para a costa oeste.

Ele fez uma careta, como da primeira vez que dei essa resposta, no primeiro dia de trabalho oficial que tive depois que começamos a namorar.

—Tradução para “temos que ir para Nova Roma”, acertei?

—Sim, temos.

Yue levantou sentando na cama, o que quase me fez cair, mas ele me segurou junto ao próprio corpo.

—Depois que resolvermos esse problema em Nova Roma, podemos ficar isolados ou você vai precisar trabalhar?

O beijei sem me preocupar em responder antes.

—Vou precisar trabalhar. –Ele pareceu triste. –Mas depois do jantar, até adormecermos, podemos nos isolar. –Ele sorriu. –Mas vou precisar de você ao meu lado, afinal o meu trabalho agora inclui treinar meus novos poderes, o que me leva a perguntar por que estou tão cansada desde que virei imortal?

Yue sorriu.

—Seu corpo e seus poderes estão se adaptando a sua nova condição, afinal você não é uma semideusa que virou uma imortal olimpiana normal, mas uma semideusa que virou uma deusa indeterminada para uma “Coroa” através da ligação com uma “Linhagem”. Duas coisas que já são incomuns separadas, juntas são quase impossíveis.

Me senti desanimar um pouco.

—Tempo de adaptação.

—Considerando a Annabeth a uns seis anos... Entre três e seis meses.

Suspirei.

—Podia ser pior.

—Podia. –Ele concordou.

Me afastei dele e comecei a levantar da cama.

—Onde vai?

—Eu não sei você Luar, mas eu preciso de um banho antes da minha irmã ou alguma deusa derrubar a porta.

Ele sorriu e pulou da cama.

—Então vai ter companhia, Anjo.

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—Quer tomar café?

Olhei para Yue que terminava de vestir a camisa.

Ele estava diferente do normal, quando usava apenas suas roupas de algodão e malha, hoje suas roupas eram um jeans novo com tênis mais novo, camisa social azul claro e uma jaqueta de couro marrom. Até mesmo seus cabelos vermelho quase laranja estavam penteados e alinhados com a barba arrumada.

—Querer eu quero, mas aonde você pensa que vai vestido assim?

—Te acompanhar no acampamento, até por que além do tonto do Zhang, eu tenho certeza que vamos encontrar pelo menos meia dúzia de senadores e não quero ninguém me irritando.

Acabei sorrindo ao ouvir aquilo, mas não pelo motivo certo.

—Então quer impressionar os romanos, que fofo.

Yue pareceu incomodado.

—Vocês, romanos, são bem irritantes quando querem, é capaz de implicarem se aparecer de moletom ou coisa do tipo. –Ele notou o arquear da minha sobrancelha e bufou contrariado estalando os dedos, logo a calça jeans surrada do dia anterior apareceu junto com o tênis de todos os dias, a camisa deu lugar a uma camiseta branca e uma camisa de flanela xadrez azul escura. –Feliz?

O jeito irritado dele me fez rir.

—Bom, agora eu reconheço meu namorado, mas arruma esse cabelo. –Yue riu passando as mãos no cabelo e desarrumando um pouco. –Agora vamos, estou aceitando a sua proposta de café da manhã.

Ele riu, mas segurou minha mão e me beijou antes de sairmos do quarto.

Assim que entramos na cozinha vi minha irmã junto com Ártemis, Hera e Afrodite no que parecia uma cena curiosa em que as duas deusas mais velhas olhavam para a mais nova em meio a algum tipo de piada e minha irmã parecia dividida entre morrer de rir (por que Ártemis a mataria se risse) ou continuar com a cara de riso congelado por mais tempo.

Por fim, Hylla riu quando Afrodite fez o único comentário capaz de causar surpresa até mesmo em quem havia acabado de chegar.

—Tudo bem, eu vou adiantar os planos do casamento da Arty ou, na velocidade que vocês estão, vamos conseguir fazer isso só depois que seus filhos com Kaíros nascerem.

Felizmente para a minha irmã, Hera conseguia rir mais do que qualquer outra pessoa, enquanto Ártemis parecia mais constrangida do que irritada.

—Eu achei que ele não contaria isso a ninguém, aquele meu sobrinho linguarudo.

Sentei na mesa com Yue, ambos ainda perdidos em como meio àquela conversa enquanto ele mostrava a hora, nove da manhã, e continuamos a ouvir o que havia acontecido.

—Minha querida, ou Afrodite faz isso, ou no seu próximo porre você vai para a cama com o Kaíros, por que aquele deus não é santo, acredite em mim. –Porre? Deuses ficam de porre? –Especialmente, explique novamente por que teve a brilhante ideia de beber como uma condenada no casamento do seu irmão? Ou melhor, acha que não era óbvio que você queria beijar Kaíros? Não que beijar seja a única coisa que quer fazer com ele, não é mesmo?

Vi Ártemis corar e desviar o olhar para o outro lado do mundo antes de falar alguma coisa.

—Eu estava bêbada, tinha tomado quatro garrafas da adega especial do Dionísio, é claro que eu ia fazer algo estupido como beijar Kaíros se ele aparecesse na minha frente. –Ela encarou Hera. –E sobre as outras coisas que podem ter passado pela minha cabeça, acredite, eu estava bêbada o suficiente para elas não terem sido pensadas.

—O que é uma pena, diga-se de passagem. –Todos encararam Afrodite. –O que? Se ela tivesse pensado nisso, o coitado do Kaíros talvez ainda não estivesse esperando.

Todos nós rimos.

—Eu realmente preciso que Ryuu me conte essa história. –Ouvi Yue comentar.

Ele recebeu um olhar atravessado de Ártemis e um conselho sábio de Hera.

—Apenas depois de resolver as coisas que sua namorada deixou em aberto em Roma e longe dos olhos da sua tia.

—Entendemos.

—E levem a Hylla ou Ártemis vai realmente arrumar um bode expiatório dessa vez.

Todos acabaram rindo, até mesmo a minha irmã, que deveria estar com medo de rir da cara de uma deusa, mas no final deu tudo certo.

Pelo menos no café da manhã.

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Assim que aparatamos na minha parte da pretoria (e nunca pensei que ter o espaço de uma casa fosse tão bom até pouco tempo atrás) Hylla começou a verificar se estava inteira.

Ela ainda não acreditava que eu poderia fazer a aparatação de três pessoas, não que eu pudesse culpa-la uma vez que a ideia de Yue me pegou de surpresa.

Mesmo assim não apenas chegamos inteiros, como por ser começo do ano e as festas e as atividades estarem parcialmente suspensas até o quinto dia do ano, não havia problema o fato de ser sete horas e não ter muitas pessoas acordadas.

Pelo menos eu sabia que não poderia contar com a minha irmã sendo solidária de uma forma descente.

—Vocês dois se cuidem e nada de começar a se agarrar, vou buscar o Zhang nem que tenha que arranca-lo da cama.

Segurei Hylla.

—Não faça isso, a namorada dorme com ele.

Mas tudo que ela fez foi sorrir cinicamente.

—Bom, eu tenho que me divertir um pouco com a cara dos dois em algum momento, não é mesmo?

E antes que eu pudesse falar alguma coisa Hylla simplesmente saiu pronta para constranger alguém, algo que ela parece realmente amar desde que chegou ao acampamento.

Deve ser algo sobre ser uma comandante que não está conseguindo controlar nada, mas pode pelo menos pegar no pé dos outros.

Senti a mão de Yue no meu ombro e o vi sorrindo de uma forma divertida.

—Não sei de quem tenho mais pena, sua irmã se sentindo perdida ou dos dois que ela foi infernizar.

Acabei rindo.

—Que tal de nós, que ainda temos um longo dia pela frente?

Ele fez uma careta e se inclinou me beijando.

—Então vamos começar.

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Assim que acordei pensei que tudo estaria bem.

Hazel dormia profundamente ao meu lado como se não tivéssemos tido problemas e mesmo eu estava tranquilo ao pensar no meu dia.

Pelo menos até uma das amazonas passar pela porta do meu quarto acompanhada de Hylla, que tinha um sorriso sádico que me gelou a espinha.

—Acorda pra cuspir Zhang!

O grito dela foi tão alto que Hazel pulou do meu lado puxando a espada do lado da cama e quase acertando a amazona sem nome, mas felizmente a garota era rápida o suficiente para parar a espada e não pareceu levar aquilo para o lado pessoal.

—Mas que droga Hylla! Perdeu o juízo?

Mas tudo que aquela rainha amazona fez foi rir como se a pergunta fosse desnecessária.

—Ainda não. –Ela virou na direção da porta para sair. –Reyna e Yue acabaram de chegar comigo, sugiro que levantem e se arrumem para qualquer tipo de reunião ou coisa do tipo, por que se aqueles dois ficarem sem supervisão por mais de cinco minutos vão é pra cama.

Eu já estava desanimando com a ideia quando Reyna passou pela porta contrariada deixando o tal deus em algum lugar da minha sala de estar.

—Sai logo daqui peste. –Reyna encarou por um secundo meu rosto e o de Hazel. –Desculpa, ela tá um pouco frustrada com tudo que tem acontecido. Assim que puderem podemos fazer qualquer reunião necessária para o senado ou para os membros do conselho.

—Tudo bem. –Notei que Reyna parecia um pouco ansiosa. –Pode esperar a gente no senado mesmo. –Ela deu um sorriso discreto. –E parabéns. –Comentei quando ela saia do quarto e a vi ficar vermelha de vergonha.

Ouvi uma risada baixa e encarei Hazel que levantou da cama assim que ficamos sozinhos.

—Ela parece ótima em comparação com os últimos seis anos, mas a Hylla não pareceu nada bem.

Dessa vez eu ri.

—A Hylla tá como todos nós, tentando lidar com essa loucura toda e equilibrar as coisas como pode. Já a Reyna parece que não tá nem um pouco preocupada com mais nada.

—Deve ser por causa do Yue na cama dela.

Encarei minha namorada surpreso demais para poder falar qualquer coisa.

—Vou fazer de conta que não ouvi isso.

Mas tudo que ela fez foi rir e me jogar um travesseiro na cara.

==========X==========

Assim que saímos da pretoria vi dois dos senadores do dia anterior me esperando na porta com Hylla a poucos metros acompanhada de duas amazonas.

—Conseguiu falar com Reyna? –Notei que Ethan parecia um pouco mais ansios que o normal.

Suspirei.

—Vamos encontra-la no Senado para conversar. Apenas os senadores, Hylla e as duas amazonas, os membros do conselho, os dois Centuriões da Quinta Coorte e Annabeth que já foi notificada por Hazel que vamos fazer a reunião.

Ethan e o outro senador pareceram mais tensos.

—E ela já foi pra lá?

—Sim, acho até que foi com Yue junto, já que ele também deve estar na reunião. –Tentei não pensar em quão problemático poderia ser ter aquele deus na reunião.

Ouvi a risada de Hylla.

—Bom, ele vai estar lá, disso eu tenho certeza.

Tentei não me preocupar com o que Hylla disse, mas a cara dos senadores não era muito boa também.

Então mesmo um pouco a contra gosto todos respiramos fundo e seguimos o caminho do Senado de Nova Roma para lidar com aqueles dois.

O silêncio no caminho foi completo.

Quando entrei e vi Reyna sentada na cadeira de pretora rindo como se alguém que não víamos conversasse com ela tive certeza que aquela seria uma reunião no mínimo louca.

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Reyna

Assim que chegamos ao Senado, que ainda estava vazio, sentei na minha cadeira, por que até que os romanos se decidissem eu ainda sou a pretora mais velha.

Fiquei vendo Yue andar pelo Senado por alguns minutos, invisível dos poucos que ali já estavam ou que chegavam. Ele logo veio até a minha cadeira e sentou confortavelmente nos degraus apoiando a cabeça nas minhas pernas.

Enterrei meus dedos nos seus cabelos alisando os fios ruivos.

—O que foi? Parece preocupado.

Yue puxou uma parte da túnica que eu vestia por cima do short e camiseta deixando minha perna exposta até meu joelho.

—Não gosto dessas reuniões.

—Que reuniões?

—Coisas chatas como as reuniões do Solstício no Olimpo.

Acabei rindo.

—Tudo bem, isso é normal.

Ele depositou um beijo no meu joelho e acabei sorrindo mais.

Voltei a alisar o cabelo dele enquanto uma pergunta a toa me escapou.

—Todos vocês são ruivos, não é mesmo?

Ele me deu um meio sorriso.

—Não se preocupe, as minhas irmãs são a prova de que cabelos ruivos são mais do que um charme especial da nossa família. –E deu outro beijo no mesmo lugar.

—Sabe, não precisa se esforçar para me seduzir.

—Sei disso, mas é irresistível.

Eu estava pronta para retrucar a provocação dele quando uma voz familiar me chamou atenção.

—Reyna, com quem está falando? –Encarei a figura alta de Ethan a frente do grupo ao lado de Frank e Hylla.

Eu gosto desse senador, ele é uma boa pessoa.

—Oi Ethan. –Ouvi Yue rosnar baixinho e acabei sorrindo. –Desculpe a confusão ontem, mas as coisas acabaram correndo de forma estranha até pra mim. –Yue abraçou minhas pernas de forma possessiva. –E eu estava falando com o ciumento aqui. –Apontei para Yue que bufou contrariado se tornando visível para o grupo de Senadores.

Todos pareceram surpresos, especialmente quando Yue levantou a cabeça os fuzilando com um olhar claro de “mantenham distancia dela ou morram”, o que me pareceu um pouco exagerado.

Como nenhum dos dois lados parecia disposto a começar a conversar eu precisei fazer isso.

—Yue não é muito de conviver com os semideuses em geral, então peguem leve. –Encarei Yue que sorria vitorioso. –E você não dê uma de criança mimada e colabore.

Ele bufou contrariado enquanto Hylla começava a gargalhar.

Levantei da cadeira e Yue me seguiu até a mesa preparada para a reunião mais informal com os senadores.

Todos pareciam tensos.

Assim que tomei um lugar na grande mesa de debate, com Yue ao meu lado, notei que todos ainda pareciam esperar outra pessoa.

—Está faltando alguém? –Fiquei confusa com a demora deles.

—Não mais. –Me virei na direção da voz familiar e encarei Annabeth que sorria. –Desculpem o atraso e meus parabéns Reyna, já era hora de vocês se acertarem.

Não pude deixar de sorrir.

Annabeth é uma das poucas pessoas que confio e tê-la aqui agora é pelo menos um pouco reconfortante.

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—

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Continua...