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História The Olimpians - Livro 3: The Other Side Of Time - Coisas Inesperadas e Outras Sem Classificação.


Escrita por: Eucaristia

Notas do Autor


Oi, desculpem não ter postado até agora.
Acreditem, estou de férias (duplas do serviço e faculdade), mas isso não significa que eu tive muito tempo ou lembrei de tudo que tinha que fazer (felizmente consegui escrever umas 20 páginas para o me TCC (finalmente!) o que me deu uma baita dor nas mãos).

Apesar disso realmente não tô conseguindo escrever a fic (a sequencia direta pelo menos (e olha que eu tentei)).
Na verdade não tô conseguindo escrever quase nada (nem aqui nem na outra fic ou nas minha autorais, nem sei como parte do TCC saiu), mesmo assim tenho mais um capítulo e meio pronto, vou postar o próximo em seguida.

AVISO SOBRE AS POSTAGENS:
Depois da volta as aulas as postagens vão ficar suspensas (além do TCC e do meu serviço eu acabei ficando de DP o suficiente para fica de tutelada (e uma delas foi por falta...)).
A outra fic também vai ficar suspensa e os capítulos que aparecerem lá serão os que puder durante alguma folga ou deus sabe o que (não sei se terei tempo para alguma coisa).

Enfim, esse capítulo foi divertido e difícil de escrever (especialmente o final).
Espero que gostem.
Boa leitura.

Capítulo 63 - Coisas Inesperadas e Outras Sem Classificação.


Reyna

Assim que Annabeth se materializou vi uma figura familiar as suas costas parecendo um pouco mais triste que o normal e levantei da minha cadeira imediatamente indo ao encontro de Melindra, que não recuou do meu abraço.

—Obrigada por vir e espero que logo sua situação se resolva.

Senti que ela retribuía o meu abraço, mas logo ela se afastou.

—Estou aqui como espectadora para lady Diana e Kaíros, quem sabe para Nix, dependendo do tipo de acordo que ela e meu parente tem.

Acabei rindo.

—Não se preocupe com Nix, acho que é mais fácil o meu acordo com ela cobrir essa parte. –Então reparei em outra coisa. –Por que chamou Ártemis de Diana agora?

—Por que vocês romanos são um pé no saco quando chamamos os deuses pelos nomes gregos e não romanos. –Notei metade dos senadores fazer cara feia enquanto a outra metade parecia querer ter suas armas em mãos, mas Melindra pareceu não ligar.

Tudo que ela fez foi estalar os dedos e uma confortável cadeira de galhos, folhagens, trepadeiras e flores surgiu ao lado da cadeira de Annabeth.

—Vai mesmo usar os poderes de Gaia, Deméter e Perséfone ao mesmo tempo?

—E os de Dionísio, por que eu preciso beber para aguentar uma reunião dessas depois do meu final de ano. –E dizendo isso Melindra sentou fazendo uma taça de vinho aparecer na sua mão.

Ela não se importou em esperar todos sentarem antes de esvaziar a taça pela primeira vez, de muitas, naquela reunião.

—Aparentemente meu irmão ainda é um idiota de marca maior. –Yue comentou distraído. –Muito mais do que eu, o que é bem complicado.

—Ele é. –Melindra respondeu antes de começar a beber a segunda taça.

—Vamos deixar o meu cunhado de lado e começar a reunião. –Conclui sentando na minha cadeira do outro lado de Annabeth.

Yue sentou ao meu lado e os senadores tomaram seus lugares. Frank e Hazel na extremidade oposta da mesa, bem de frente para o meu lugar.

Minha irmã se sentou ao lado do meu namorado, mas parecia que a única coisa que ela sabia fazer era rir. Ou talvez fosse a sua defesa contra a sua falta de poder naquele momento e em tudo que levou até aquele momento, mas o que quer que fosse ela parecia estar usando bem.

Assim que todos estavam sentados Frank respirou fundo e começou a reunião da forma mais simples que pode imaginar.

—Creio que seria o ideal que os senadores fizessem a primeira pergunta, então, quem falará em nome do senado?

Os senadores se entreolharam parecendo em dúvida, até que Ethan pareceu cansado e levantou sob os olhares de surpresa dos demais.

—Quer saber como foi que tudo isso aconteceu. Quando começou, como, por que demoraram tantos anos, como se resolveu, que história é essa de a Reyna ser uma deusa e, talvez o mais importante, o que acontece agora?

Encarei Yue que pareceu surpreso de uma forma boa e sorriu.

—A forma como ele colocou a pergunta foi realmente boa.

Acabei concordando com meu namorado e segurei sua mão.

—Foi sim.

Então nós dois respiramos fundo e começamos a conta a nossa história.

Falamos do dia da festa, eu falei de como me apaixonei por Yue no momento em que o vi e ele de como ficou com medo que podia sentir por mim por eu ser a reencarnação do seu amor morto, Elleh. Como esse medo dele me repeliu e o fato de eu ter me afundado no trabalho especialmente depois que Nico sumiu no mundo, me deixando cada vez mais isolada e irritada.

Alguns senadores pareceram ter uma luz interior no motivo de por que eu estive tão irritada nos últimos anos a ponto de quase matar legionários por besteiras como demorar para executar tarefas diárias.

Já Yue teve que contar como a distância começou a afetá-lo fisicamente e como isso se relacionava sempre a mim, ou meu horário de banho, mais especificamente.

Os senadores acabaram rindo, especialmente enquanto eu, Annabeth, Melindra (já um pouco bêbada) e Hylla nos acabávamos de rir. Mesmo Frank e Hazel riam da cara de aborrecimento de Yue, mas mesmo ele parecia achar graça nessa história agora.

Eu contei sobre como minha amizade com os dois gregos ajudou a melhorar meu humor e os senadores pareceram aliviados em saber que ganharam alguns dias de vida com as minas férias e as visitas deles. Também contei sobre as vezes que vi Melindra e da vez que Juno falou comigo, o que surpreendeu mesmo minha irmã.

Então contamos sobre a noite de Natal, deixamos de fora alguns detalhes, mas contamos depois sobre como Yue me explicou o que sentiu quando me viu a primeira vez e o que viu, minha revolta inicial e como resolvemos aquilo. Contamos que passamos até o ano novo sem nos preocuparmos com mais ninguém, até a chegada de Hylla e Ryuu.

Como depois da chegada dos dois acabamos com Kaíros, Ryuu e Vivian no meu quarto em um ritual para transformar nós duas em imortais acompanhado por Nix que, dentre outras coisas, apareceu para cobrar a parte dela do acordo que fizemos.

Depois de umas duas horas contando tudo com os detalhes permitidos terminamos sob os olhares pasmos dos senadores e as risadas bêbedas de Melindra, enquanto Annabeth e Hylla tentavam voltar a respirar direito de tanto rir.

Acho que levou pelo menos uns quinze minutos nessa situação até alguém, que foi o Ethan, se pronunciar.

—Tudo bem, isso respondeu basicamente todas as nossas perguntas, mais ainda não entendi o que vai acontecer agora.

Olhei para Annabeth que acenou confirmando e eu respirei fundo antes de voltar a encarar os senadores.

—Agora eu sou o mesmo que a Annabeth, mas minha função é cuidar dos romanos e ela dos gregos.

—A diferença é que quem vai cuidar de ensinar pra Reyna sobre os poderes sou eu e não minha mãe, apesar que talvez eu precise que Hera ou Afrodite me ajudem às vezes. –Yue comentou um pouco mais concentrado do que eu esperava.

—Ajuda? –Acabei desviando do ponto principal.

—Bom, eu posso ajudar um tanto, mas acho que algumas coisas elas entendem melhor, até por que não sei como os poderes afetaram aspectos da sua fisiologia ou biologia e elas vivem falando que tem coisas que homens não entendem. –Ele parecia aborrecido.

Continuei confusa enquanto Melindra desatou a rir e me virei para encarar Annabeth que tinha um sorriso divertido no rosto.

—Acredite, existem motivos óbvios para eu não ter filhos semideuses. O primeiro é que não quero filhos semideuses, mesmo com o meu namorado, e o segundo é que não durmo com Percy na época em que é normal para eu engravidar. Isso meio que resolve o meu problema, mas não sei até que ponto isso se aplicaria a você.

Melindra gargalhou mais alto e eu apenas me conformei com aquilo.

—Bom, isso explica muita coisa. –Queria dizer para Yue que aquilo não explicava nada, mas resolvi deixar quieto.

Me voltei para os senadores que pareciam mais constrangidos do que quando ouviam a nossa história tentando voltar a linha de raciocínio original.

—Bom, quanto a como as coisas vão ficar no que diz respeito a pretoria isso meio que é com o Senado. Se vocês quiserem eu posso continuar como pretora ou posso passar a ocupar um cargo de conselheira assim que vocês escolherem um substituto.

Os senadores voltaram a se encarar, mas novamente quem acabou tomando a frente foi Ethan, isso curiosamente me fez lembrar que ele era um legado de Marte e Vênus, mas se não me engano ele também tem raízes gregas muitas gerações antes da romana, algo como o Frank, mas a raiz grega dele é Atena.

—Sugiro que consideremos substituir Reyna em algum momento, não apenas por nós, mas por ela e a vida que em breve ambos devem construir. No entanto também considero irresponsável retirar Reyna do posto de pretora imediatamente, então acho que o melhor é fazer isso com calma e passarmos a olhar melhor para os legionários nas fileiras das Coortes. Encontramos candidatos, ficamos de olho neles e escolheremos o que melhor se sair com a ajuda da Reyna para a substituição dela na pretoria.

Acabei rindo das palavras sinceras e calculadas de Ethan, mas o principal foi que todos os senadores concordaram como que ele disse e com isso de certa forma a reunião acabou por que logo em seguida os senadores levantaram e vieram na minha direção. Cada um me cumprimentou de alguma forma, a maioria foi mais formal e alguns poucos se arriscaram a apertar a mão de Yue. O único que me abraçou e sorriu feliz para mim, além de se arriscar a abraçar Yue, foi Ethan.

E assim que Ethan se afastou de Yue, ele encarou meu namorado sério.

—Eu vou te dar um aviso, você pode ser um deus Yue, mas se fizer Reyna voltar a sofrer como nos últimos anos ou se magoá-la apenas uma vez eu mesmo vou te dar uma bela de uma surra que nem mesmo outro deus poderia te dar. Essa garota é o mais próximo que eu tenho de uma família e não vai ser você que vou deixar machucá-la.

Eu não fui a única pessoa que achou que Yue fosse fulminar Ethan por aquilo, os senadores que o esperavam e o resto das pessoas, até uma Melindra muito bêbada, acharam isso. Mas de alguma forma tudo que meu namorado fez foi rir alto e abraçar Ehtan de volta.

—Que bom que você se preocupa com ela a esse ponto. Agora sei que posso realmente confiar em você se for preciso.

Dessa vez mesmo eu acabei rindo daquilo.

Então quando Ethan saiu levanto todos os senadores junto com ele, eu me virei para Yue tentando não me sentir menos ansiosa do que estava.

—Então, o que me diz de comermos algo e depois você me ensina a usar meus poderes com a papelada do acampamento?

O sorriso malicioso dele me fez recusar um segundo.

—Eu sei o que quero comer, mas vou ter que deixar para o jantar. No entanto eu aceito almoçar na sua companhia e a ideia dos poderes depois é boa. Antes do jantar podemos até mesmo testar algum outro poder no Campo de Marte.

Ouvi as risadas bêbadas de Melindra e olhei para trás onde Frank e Hazel olhavam para Annabeth analisava a descendente de Kaíros em dúvida.

—O que fazemos com ela? –Acabei perguntando, por que essa garota bêbada no acampamento Romano poderia acabar em problema.

—Estou pensando em manda-la para o Kaíros ou chamar Ártemis, mas não sei qual dos dois seria realmente uma boa opção. –Annabeth parecia até mais preocupada do que eu.

—Por que não chamamos meu irmão pra lidar com a Linda? –Tanto eu como Annie encaramos Yue que encarava Melindra sério.

—Você tá de brincadeira não é mesmo? –Apesar de ter quase certeza que não, precisava perguntar.

—Bom, a melhor chance do Kaíros com a minha tia foi quando Arty ficou bêbada no casamento dos meus pais, por que não tentar ver se a melhor chance da Linda com meu irmão é com ela bêbada?

Nem mesmo Frank e Hazel fizeram questão de esconder o quanto aquela ideia poderia dar muito errado, já eu encarei Annabeth.

—Chame o Kaíros. Para o bem ou para o mal ele deve conseguir lidar com ela melhor do que Ártemis no que diz respeito ao idiota.

Annabeth se preparou para chamar Kaíros, mas antes que ela terminasse ele apareceu na nossa frente.

—Eu ouvi meu nome sendo sussurrado e achei melhor verificar o que... –Então ele encarou Melindra e suspirou. –Linda...

—Kaíros! –E com a voz embriagada Melindra pulou sobre o seu ancestral. –Me leva pra casa.

Vi o rosto de Kaíros se entristecer diante daquelas palavras.

—Tem certeza que quer ir para casa minha menina?

Melindra apenas afundou o rosto no peito de Kaírs.

—Me leva pra casa.

Ele suspirou um pouco triste.

—Tudo bem, vamos para a sua casa.

Os dois aparataram em meio a uma distorção parecida com um espelho quebrado e encarei Yue que parecia um pouco preocupado.

—A casa dela?

Ele pareceu um pouco incomodado.

—Desconfio que pela idade da Melindra seja na Turquia, o lugar que ela nasceu.

—Turquia?

—Acho que ou as margens do rio Vermelho ou onde ficava Constantinopla, mas não tenho certeza e não apostaria que mesmo a Melindra tenha certeza absoluta. A casa da família dela deixou de existir a muito tempo.

Eu entendia como ela se sentia, mas mesmo assim não havia qualquer coisa que pudesse fazer por Melindra, então eu apenas segurei a mão de Yue que me olhou um pouco curioso.

—Vamos almoçar.

Ele sorriu.

—Vamos.

====================X====================

Kaíros

Assim que vi o estado de Melindra no Senado de Nova Roma eu soube que ela não estava bem o suficiente para ver Ártemis ou as outras caçadoras, mas não achei a ideia dela de ir para a casa muito boa.

Mesmo assim, se era onde ela queria ir eu a levaria.

Então, assim que aparatamos em uma colina a poucos quilômetros do rio, mas ainda longe o suficiente da cidade Linda pulou dos meus braços e se deixou cair no chão.

A verdade é que ela não era orgulhosa, na verdade nunca foi.

Melindra sempre foi uma criança frágil e me espantava que ela tivesse tido forças para chegar tão longe quanto chegou, ter toda a paciência e determinação que teve em mil e quinhentos anos.

Mas agora estava ela, a garota que havia se tornado tão impetuosa, maliciosa e teimosa estava completamente bêbada e a beira do choro histérico que apenas a morte de Zöe havia trazido em muitos anos.

Algo que mesmo eu não vi acontecer muitas vezes.

Eu não vi Linda chorar quando seus pais morreram.

Na verdade ela pareceu quase aliviada quando ambos adoeceram e morreram como todos os mortais.

Eles haviam-na amaldiçoado pela escolha de buscar um futuro maior do que a sua vida naquela época poderia ser e Linda não escondeu o quanto se sentia triste pela falta de compreensão que qualquer um dos dois tinha quanto ao que ela buscava. Algo que os dois não sabiam que haviam encontrado ao se casarem por sua própria escolha, mesmo que ignorassem o significado.

Eu não a vi chorar quando o irmão mais velho morreu, já com uma boa idade para a época.

Os dois nunca se deram bem o suficiente para se importarem um com o outro, o que não melhorou quando Linda se recusou a casar com o cunhado de Malik logo depois de me encontrar. A situação piorou quando Melindra se juntou a Caçada e passou a visita-los apenas raramente já como uma caçadora completa.

Não vi Melindra chorar quando enterrou os sobrinhos que morreram relativamente jovens e sem deixar herdeiros homens.

Não a vi chorar quando enterrou as sobrinhas-netas, já idosas.

Não vi lágrimas quando a linhagem de seu irmão se dividiu e voltou a juntar o meu sangue as outras duas ramificações das quais derivaram, dando um fim a linha direta de sua família.

Passariam mais de treze séculos antes que eu visse Melindra chorar por alguém.

A primeira vez que vi foi quando Hefésto matou as meninas por quem Ryuu e Yue estavam apaixonados. Sempre pensei que ou ela previa o que isso causaria a seu futuro ou já imaginava as duas como suas futuras irmãs para chegar a chorar suas mortes.

A segunda vez foi na morte da filha de Poseidon. Nathalie morreu ao dar à luz a seus filhos que também morreram, mas como ela acompanhou os esforços dos deuses, mesmo que a distância, isso não me pareceu estranho.

E então, Zöe morreu e eu pensei que Melindra sozinha destruiria o mundo em sua dor, tamanho era o sofrimento que ela experimentava pela primeira vez.

Para Linda, que até aquele dia nunca perderá ninguém a quem era realmente ligada, alguém que realmente se importava com ela e com quem ela se importava, perder Zöe foi tão doloroso que eu realmente pensei que a minha criança se quebraria e nunca mais seria capaz de se levantar.

Mesmo assim ela levantou, completamente trincada e tão frágil que pensei que a mais leve brisa terminaria de quebra-la, mas ela permaneceu firme onde estava, mesmo com sua sanidade cada dia mais instável.

Linda permaneceu firme durante a luta contra Cronos e como uma rocha aceitou que talvez morresse sem ter a pequena parte de felicidade no amor que buscará todos aqueles anos. Ela sobreviveu ao fim do mundo e continuou esperando, vendo uma nova Coroa surgir e apoiando a mãe da pessoa que ela ama.

Quando a crise passou e Easley parecia mais próximo de tomar uma boa atitude o garoto simplesmente pareceu ficar mais recluso e então veio o incidente entre Teresa e Hefésto.

Vi Melindra chorar de felicidade ao saber do casamento de Teresa e Apolo, mas seu rosto ficou lívido quando contei sobre o como a decisão foi tomada e Linda apenas levantou saindo de onde estávamos parecendo mais transtornada do que o normal.

O casamento de Teresa e Apolo passou, o que de alguma forma pareceu fazer bem para Linda, que pode conversar com Ryuu sobre Easley, mas isso não durou tanto quanto eu ou Ártemis gostaríamos. Easley parecia sentir ciúme de Linda com Ryuu, mesmo que isso fosse algo idiota para qualquer um que os visse juntos.

Então o tempo passou e Easley nunca chegou perto de se aproximar de Linda, o que para ela foi mais do que doloroso.

Melindra se aproximou de Reyna o quanto pode sem interferir em nada e ficou de olho em Vivian para mim, enquanto sem saber também cuidava de Lana ao vigiar Lizi para mim.

Mas agora, enquanto finalmente via a situação de Reyna e Yue se resolver, o que resolveu a situação de Ryuu e Vivian, eu podia ver que Melindra não suportava mais aquilo. Sua vida e sua espera haviam se tornado a sua maldição, por que sua esperança estava desaparecendo aos poucos nos últimos anos.

Eu queria poder dizer para ela que isso iria terminar em breve e que finalmente Linda teria o que sempre sonhou: o amor e a família que buscou por tantos séculos.

Quando eu conheci Melindra vi que ela queria muitas coisas.

Um amor.

Família.

Amigos.

Companheiros de vida.

Filhos.

Netos.

De muitas formas Linda conseguiu uma família e companheiros de vida na Caçada, mas para alguém que quando menina viu tantos horrores, conheceu o próprio destino se tivesse optado pelo que era mais fácil e como poderia ser pelo caminho mais difícil... Ela sempre soube que esperar poderia ser inútil, mas era certeza que se acabasse casando na sua época não teria um bom marido, não teria filhos, seria muito mais infeliz do que foi nos últimos séculos e morreria cedo.

Por isso ela escolheu esperar.

Então, enquanto ela era corroída pela dor, eu apenas fiquei ali vendo aquela menina frágil chorar lágrimas de sangue que ao tocarem o chão tornavam a areia negra e desintegravam as rochas.

Ela não aguentaria muito mais tempo, mas mesmo que Linda saísse da Caçada ela ainda viveria muitos séculos.

Senti a presença de uma pessoa ao meu lado e suspirei um pouco cansado.

—Ela não vai querer voltar agora. –Comentei.

—Eu sei, mas queria ver pessoalmente. –Hera não parecia, mas se importava com Linda.

—Ela não pode continuar assim. –Confessei aquilo para ela por que poucos me entenderiam como Hera.

—Eu sei Kaíros. Eu queria poder fazer algo. Juro que queria.

—Só quem pode decidir o que fazer é ela ou o Easley, nós só podemos esperar.

Hera suspirou vencida.

—Eu vou esperar que isso se resolva logo. Até mais Kaíros.

—Até Hera.

E então ela aparatou me deixando com Melindra que não conseguiu parar de chorar por quase uma hora antes de simplesmente ficar observando o horizonte por mais meia hora e finalmente levantar sem dizer uma única palavra, vindo na minha direção até ficar ao meu lado, olhando para o que quer que fosse as minhas costas.

—Eu estive pensando nas palavras de Hefésto.

Tentei não ficar com raiva do ferreiro.

—Por isso estava bebendo?

—Também. Todo o resto ajudou a querer ficar bêbada por alguns minutos.

—E então?

—Quanto tempo eu ainda viveria se saísse da Caçada?

—No mínimo cinco séculos, mas pode chegar a mil anos.

Ela riu sem humor.

—Que sorte a minha.

Coloquei minha mão no seu ombro e ela finalmente me olhou.

—Você viveu muito, aprendeu a usar mais poderes e dons do que qualquer geração antes ou mesmo depois do seu nascimento jamais conseguiu. Os Eucaristia usam muitos dons em grupo, mas nem mesmo todos os poderes de Eleazar, que é de longe o mais poderoso, conseguem se equiparar aos seus.

Ela desviou o olhar.

—Eu sei.

Forcei ela a me olhar novamente.

—Não, não sabe. Você se acostumou tanto aos seus poderes que não percebe mais o quanto isso te faz única. Você poderia passar dez anos entre os humanos sem se alimentar, beber ou dormir e não mudaria nada no seu corpo ou poderes. Melindra, você já está no nível de um deus a séculos, você se alimenta de energia a séculos e nunca percebeu. A única coisa que te mantem mortal é que você não quer proclamar sua divindade, por que diferente dos Eucaristia ou da Reyna você não precisa mais de mim ou de qualquer outra intervenção para se tornar imortal.

Melindra afastou minha mão do seu ombro e me olhou assustada.

—Desde quando você sabe disso?

—A mais de trezentos anos.

Ela pareceu ainda mais transtornada.

—Isso foi antes da Teresa nascer.

—Eu sei.

—Por que não me contou antes?

—De que isso seria útil?

Melindra se calou e sentou em uma rocha.

—Não seria.

Me aproximei dela e sentei ao seu lado.

—Lamento não ter contado, mas isso não mudaria nada agora e nem na época.

—Isso é verdade.

Olhei para o horizonte aonde não havia sol, apenas as estrelas.

—Lembro do dia que você nasceu, as estrelas brilhavam com tanta força que cheguei a pensar que você nasceria divina e não mortal.

Ela riu.

—Minha mãe uma vez me disse sobre isso e que esperava algo grandioso para mim, foi a única vez que ela pareceu realmente se importar comigo.

Abracei Melindra pelo ombro.

—Do jeito torto deles, seus pais te amavam.

—Não, eles amavam as possibilidades que eu trouxe. É diferente.

—Mas eu sempre te amei minha criança.

—Eu sei. Você sempre foi como um pai para mim. Já Ártemis sempre foi algo entre uma mãe e uma irmã.

E apesar de saber que essa era uma afirmação triste, fez meu coração se encher de uma felicidade dolorosa.

Olhei para o céu e pedi para qualquer deus que pudesse me ouvir fazer com que minha criança encontrasse sua felicidade.

Continua...


Notas Finais


Estou ao mesmo tempo tão animada e tão desesperada para chegar na parte da Melindra que acho que isso pode ou não estar me bloqueando.
Se bem que essa não é a única causa do meu desespero.
PS: Se alguém ai for uma alma rica e caridosa querendo distribuir dinheiro (tipo um milhão de reais), me manda uma MP que eu passo o número da conta no banco.


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