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História The Olimpians - Livro 3: The Other Side Of Time - Mudanças.


Escrita por: Eucaristia

Notas do Autor


Lembrando que os avisos de postagem do capítulo anterior irão valer para o semestre inteiro.

Aliás, esse capítulo ficou particularmente grande.
Preciso dar algumas boas noticias antes do hiatus para a faculdade:
1 - O próximo capítulo tá meio empacado (eu sei que não parece uma boa noticia), mas é meio que um capítulo intermediário.
2 - Depois do capítulo empacado eu já tenho 3 capítulos prontos para o final do ano (SIM!) e não são capítulos comuns ou intermediários. São capítulos que estão focados na Melindra. SIM! Finalmente eu consegui desenvolver uma parte do arco da Linda na fic (ainda não terminei, mas esses 3 já são alguma coisa) e teremos muita coisa acontecendo quando isso for apresentado (imaginem vocês que até a Nix deu o ar da graça e a Ártemis vai ter uma participação mais que interessante).

Novamente não esqueçam que a fic deve ficar em HIATUS até dezembro e depois eu vou voltar a postar.
Boa leitura.

Capítulo 64 - Mudanças.


Lizandra

10 de Janeiro

Assim que o dia começou eu e Leon encontramos Lilliel, Gray e tia Erza no escritório do tio Eleazar.

Ele não parecia muito cansado para quem havia passado a maior parte do tempo no feriadão bebendo e encrencando com deuses, mas nesses poucos dias eu aprendi que Eleazar é um cara no mínimo diferente.

Por isso eu e Leon apenas sentamos no sofá e esperamos ele começar a falar, como aparentemente era o costume entre os Eucaristia.

—Bom, agora que vocês se juntaram a nós vamos as novidades. –Ele apontou para Erza e Lilli. –Assim que voltarem para Nova York, vocês vão se mudar para um novo apartamento, maior e com mais quartos uma vez que ela vai morar com vocês. –E nesse “ela” Eleazar apontou pra mim. –Além disso, com outra criança a caminho e o trabalho da Erza que ela já disse que não vai deixar são pelo menos dois quartos a mais do que vocês tem no apartamento atual.

Ergui a mão e ele acenou para que eu falasse.

—O quarto do bebê da tia Erza pode ser montado para às vezes a Reira dormir lá?

Tia Erza me encarou.

—Acho que sim, embora eu também ache que ela vai querer ficar na maior parte do tempo com Hera.

—Sim, eu também acho. Mesmo assim quero que ela saiba que pode ter um lugar junto com a gente.

Eleazar pigarreou chamando nossa atenção.

—Sobre a Reira, eu já tinha pensado nisso e ela vai ter um quarto próprio no apartamento.

—Então serão cinco quartos, meu escritório, sala, cozinha e o banheiro. –Tia Erza estava já pensando em alguma outra coisa.

—Três banheiros Erza, eu não faço as coisas pela metade.

Erza chiou.

—Claro que não faz.

—Enfim, além de tudo que a Erza falou e dos três banheiros, o apartamento tem uma varanda e uma área de serviço grande. A garagem tem três vagas e o prédio além do elevador conta com um jardim no terraço. Vocês vão precisar de uma empregada, que já está contratada, e tem um quarto com banheiro para uso exclusivo dela. Esses cômodos não estão incluídos nos que citei antes. –Eleazar nos encarou sério. –A mudança e mobília do novo apartamento serão feitas de acordo com as orientações de vocês. Nada disso é negociável. Se Erza não fosse uma idiota cabeça dura no passado tudo isso já teria sido feito quando ela ficou grávida da Lilliel, mas agora com Liz e outro semideus a caminho, além da Reira e dos namorados das garotas, eu vou fazer as coisas do jeito da nossa família.

Vi tia Erza fazer uma careta o que me fez reagir.

—O que exatamente fazer as coisas do jeito de vocês significa?

—Significa que ele vai nos colocar onde a nossa família esteja próxima o suficiente, mesmo que meu filho por nascer não venha a viver junto nas datas festivas ou até nas datas festivas se eles decidirem contar tudo de uma vez, como no caso da Reira. Significa que para todos os efeitos agora vamos integrar os Eucaristia, mesmo você, uma Zelothya, agora está sob as regras da família.

Eleazar bufou.

—Não apenas as regras, mas a proteção da nossa família. –Ele levantou estufando o peito. –Isso se aplicará aos seus primos, no devido tempo, bem como sua avó e suas tias, que já estão sob os nossos cuidados.

Acabei me levantando surpresa.

—Desde quando? –Eleazar pareceu um pouco espantado com minha reação. –Desde quando eles estão sob os seus cuidados?

Ele suspirou.

—Desde que o idiota do seu avô nos fez o favor de morrer e parar de interferir nas nossas tentativas de ajudar. –Eleazar voltou a sentar. –Se dependesse dos Eucaristia sua avó teria feito com Ares o mesmo acordo que sua mãe fez com Hermes e sua família estaria livre daquela doença desde o seu pai.

Meu corpo desmontou na cadeira e senti a mão de Leon segurar a minha.

—É claro que Hermes fez uma jogada arriscada, mas da forma como sua mãe ditou o pedido foi perfeito e as Parcas, bem como os outros deuses, aceitaram que não estariam indo contra o destino já determinado de alguém, mas dando a opção de um futuro muito maior. É claro que eu acho que a Nix já tinha pago uma parte do preço, já que ela tem um certo interesse nas coisas relacionadas ao Kaíros. –E apesar do excesso de informações que Erza dava, eu não podia ignorar o significado por trás de tudo.

—Eu... –Olhei para Leon que me deu um sorriso, o mesmo que sempre me dava quando eu queria um abraço, mas tinha medo e vergonha de pedir, ainda que dessa vez fosse diferente. –Obrigada.

—Não precisa agradecer criança. Apesar de terem se afastado para se multiplicarem, a promessa que os Eucaristia e os Zelothya fizeram foi de sempre cuidarem uns dos outros, por que somos família. –Eleazar parecia mais do que certo sobre suas palavras. –Sempre seremos família, mesmo com nossas diferenças.

Senti as lágrimas rolarem pelo meu rosto.

—Mesmo assim obrigada, você poderiam ter desistido na minha avó, mas tiveram esperança.

—Só pudemos ter esperança por causa da sua mãe, ela nos fez acreditar que os Zelothya ainda tinham salvação. Especialmente quando eu e ela nos encontramos pelos caminhos do tempo, e depois quando ficamos sabendo do pedido dela a Hermes seguido da gravidez dela e do seu nascimento. –Tia Erza deixou uma lágrima rolar dos seus olhos. –Saber que alguém entre os Zelothya não via nenhuma beleza naquela maldição depois de tanto tempo e que sacrificou a chance de imortalidade pelo bem do futuro de outros nos deu a força que precisávamos para continuar esperando seu avô morrer e apoiar seus tios nos seus dias finais.

Acabei sorrindo.

—Mesmo assim, depois de tantos idiotas na família, vocês não tinham obrigação de nada. Então fico feliz que cuidaram de nós como podiam e esperaram o que não podiam controlar.

—O que é bem difícil para os Eucaristia. –Tia Erza soltou de forma sarcástica fazendo Eleazar bufar.

—Qual o problema se eu gosto de ter as coisas sob controle?

—Nenhum, se no caso você não fosse quase um livro de regras papai.

Eleazar bufou novamente.

—Desisto.

Todos acabaram rindo, mesmo eu que ainda chorava.

==========X==========

12 de Janeiro

Foram dois dias de visitas a lojas de moveis e de caixas sendo fechadas no apartamento da Lilli e da tia Erza para depois serem levadas a nossa nova casa.

As minhas coisas estavam na maioria em caixas no porão da Casa Grande no acampamento, então fizemos a viagem naquele dia, a última viagem para a mudança se dar por terminada. Pelo menos a primeira parte.

Como o Mustang da Lilli era muito pequeno, eu ainda não tenho um carro, nem o Leon ou o Gray e o carro da tia Erza não era grande o suficiente, Carlo emprestou a caminhonete dele. Especialmente por que ele e Lana se ofereceram como ajudantes da mudança, mas nem ele ou minha irmã quiseram acompanhar a gente até o acampamento.

Segundo Carlo, como ele mora no prédio ao lado do que vamos morar e Lana deve se mudar em breve para lá, os dois queriam aproveitar o tempo ajudando na mudança para a próxima vez. Embora eu ache que eles só não queriam voltar para o acampamento antes do necessário.

Lilli e Gray também decidiram ficar no apartamento novo limpando e movendo os moveis nos quartos.

Então quando Leon parou a caminhonete na barreira do acampamento e descemos para dar “oi” a Peleu eu pude ver os irmãos de Percy se aproximarem com a comida do nosso dragão.

—Ué, resolveram voltar? –Rigardo parecia um pouco decepcionado em nos ver.

Mesmo assim foi Leon quem respondeu.

—Viemos apenas buscar as caixas com as coisas da Liz na Casa Grande. Estamos fazendo a mudança da Lilli e da mãe para a nova casa, assim como a dela. Depois ainda vamos ficar alguns dias longe, fora do estado.

Vi Galatea soltar um lamento.

—Droga.

—O que houve? –Nem sei por que perguntei.

Especialmente diante do sorriso convencido de Rigardo.

—Apostei com ela que vocês não voltariam para ficar no acampamento por algum tempo e como estão voltando apenas para pegar suas coisas significa que não vão ficar por aqui mais do que algumas horas.

—E com isso eu perdi. –Galatea não parecia gostar de admitir aquilo.

Acabei rindo.

—Não se preocupe, outra hora você ganha. Tudo depende dos termos. –E dessa vez ela riu do que falei.

—Realmente, dependendo dos termos eu sempre ganho.

Acabei rindo junto com Leon pela careta que Rigardo fez ao ouvir aquilo.

—Bom, em todo o caso vamos descer para pegar as minhas coisas.

—Tudo bem, o senhor D vai ficar feliz de te ver. –Galatea comentou antes de começar a alimentar Peleu.

Voltamos para a caminhonete e seguimos para a Casa Grande, onde Leon estacionou bem na frente da escada da varanda.

Sorte ou azar demos de cara com Jack sentado na varanda com alguns campistas, felizmente ou não, meu irmão não parecia muito animado na presença dos amigos de sempre. Mas assim que me viu Jack pareceu ficar um pouco mais animado.

—Lizandra! Você voltou. –Ele desceu as escadas muito rápido e Leon se colocou na minha frente já emanando um brilho arroxeado ameaçador. –Oi, Leon. Tudo bem?

Precisei afastar meu namorado um pouco.

—Oi Jack, o que houve?

Ele pareceu um pouco diferente do normal, de algum modo envergonhado.

—Desculpe.

—Pelo quê?

—Por tudo. Todas as maldades e tudo mais. Eu sinto muito.

Olhei ele um pouco surpresa.

—Bom, por mim tudo bem, mas eu não vou mudar a sua condição tão cedo.

Jack parecia em dúvida.

—Sua condição?

—De exilado do chalé.

—Ah, isso. Tudo bem, eu realmente acho que ainda não é hora de voltar. –Ele pareceu um pouco mais aliviado do que eu esperava. –Mesmo assim conversei com Connor e Travis, se bem que estava mais pra pedido de desculpas que conversa. –Ele riu sem humor e voltou a me encarar. –Também queria me desculpar com a Lana, eu... Eu fui um idiota sobre muita coisa com ela.

—Nisso eu concordo. –Jack pareceu se sentir culpado. –Gostar de alguém não significa que essa pessoa deva gostar de você, significa apenas que você quer que essa pessoa seja feliz.

Ele deu um sorriso confuso, como se não soubesse responder.

—Eu não entendo muito desse tipo de coisa. Minha mãe sempre foi muito possessiva e eu nunca fui muito de dividir as coisas, então quando eu vi a Lana a primeira vez... Não sei, só me encantei com ela.

—Compreensível. –Ouvi Leon murmurar e o encarei. –Lana chama a atenção de qualquer um com olhos, nem que seja por cinco segundos.

—Verdade. –Concordei.

—É mesmo, mas eu não consegui lidar com isso. Pra piorar eu me apaixonei por ela e não consegui aceitar nada que veio depois, fosse a fofoca sobre com quem ela dormiu ou que ela é minha meia irmã. Eu só não conseguia aceitar que Lana era inalcançável.

Suspirei um pouco cansada.

—É, mas com isso perdeu uma amiga pra todas as horas.

Ele pareceu ainda mais desolado.

—Eu sei Liz.

Me aproximei de Jack e segurei seu ombro.

—Peça desculpas a Lana quando ela voltar, o que vai demorar. E sobre a sua volta para o chalé, onde você está ficando agora?

—Bom, de alguma forma o Nathan do chalé de Apolo conseguiu um canto pra mim nos estábulos em uma baia que estava livre e limpa com feno o suficiente para que eu fique quente e com uma cama menos desconfortável que as cadeiras da varanda da Casa Grande. Ele também conseguiu que os outros chalés arrumassem alguns cobertores e lençóis velhos para eu usar na cama de feno.

—Bom, eu sempre soube que Nathan era bonzinho demais para a própria segurança, mas isso é bom também. Eu vou demorar para voltar, talvez volte só na primavera.

Jack riu.

—Tudo bem, eu aviso os gêmeos.

—A questão é que só vou rever seu caso sobre o chalé quando eu voltar.

Ele sorriu parecendo aliviado.

—Bom, podia ser pior.

—Tudo bem mesmo?

—Tudo Liz. A verdade é que nem estava esperando que você revisse nada, só... Não sei, passei todo o final de ano, desde aquele dia que vi os ferimentos do namorado da Lana, me sentindo um idiota. Não consegui entender como alguém quase morto me bateu daquele jeito e... Acabei implorando uma resposta para a Clarisse.

—Você teve essa coragem toda? –Eu quase olhei atravessado para Leon, mas a verdade é que ele tinha feito uma ótima pergunta.

—Não foi bem coragem, mas sim. –Jack suspirou cansado. –Clarisse me contou essa história sobre Lana estar atrás de uma pessoa em um sonho a anos, um homem misterioso que ela não conhecia. Segundo Clarisse, Lana pediu a Ártemis que a ajudasse a achar o amor leal que ela desejava e de alguma forma não demorou para que os sonhos com o Carlo começassem durando anos. –Jack acabou rindo. –Eu tinha tantas chances com a Lana quanto de ganhar do namorado dela quando ele estiver no auge.

Leon acabou rindo, mas eu apenas apertei um pouco mais o ombro de Jack que me olhou um pouco constrangido.

—Quer um conselho? –Ele assentiu. –Espere e você vai conseguir encontrar a pessoa certa pra você, alguém capaz de te fazer realmente feliz.

Jack sorriu, não de uma forma feliz, mas de um forma conformada com o que tinha ouvido.

—Bom, agora que já atrasei vocês, como posso ajudar para compensar o tempo que tomei?

Olhei Leon que deu de ombros.

—Eu vim pegar minhas coisas que estão no porão já que agora vou ter uma casa fora do acampamento, por isso Carlo emprestou o carro.

Jack olhou para a caminhonete.

—Esse carro é dele?

—É, mesmo que eu não entenda porque um médico tem um carro grande desses. Enfim, o caso é que ele mora no prédio ao lado do meu e está ajudando os outros com a mudança.

Jack deixou uma risada escapar.

—São muitas caixas?

—Acho que eram umas dez ou quinze. –Disse meio distraída.

—Tudo bem, eu ajudo a carregar.

Leon pareceu um pouco intrigado, mas no final nem eu, nem ele poderíamos negar uma ajuda oferecida.

Jack nos acompanhou para dentro da Casa Grande ignorando seus “amigos”, que agora pareciam olha-lo com nojo, e demos de cara com o Senhor D jogando cartas com Quirón.

Assim que me viu o Senhor D abriu um sorriso.

—Lizi, como está? Leon está cuidando de você? E o Archer, está tratando bem a Lilli?

Acabei rindo e fui até Dionísio abraçando-o e dando um beijo em sua bochecha.

—Eu estou ótima tio. Leon e Gray estão sendo maravilhosos conosco então não precisa se preocupar, até por que o senhor viu a quantidade de ameaças que os dois receberam no final do ano. Acho até que o senhor ameaçou cada um duas vezes em cada festa.

Ele riu divertido com a lembrança.

-Verdade, mas nunca vou perder a vontade de ameaça-los. O que me lembra, o que o senhor Cortez faz aqui? –Ele apontou para Jack.

-É Coleman. –Corrigi.

-Tanto faz.

—Jack se ofereceu para ajudar a pegar as caixas no porão. –Dionísio me encarou surpreso. –Vou morar com a Lilliel e a tia Erza agora, então preciso das coisas que deixei guardadas aqui.

O senhor D sorriu.

—Fique à vontade meu anjo.

Me inclinei e dei um beijo na testa dele antes de ir até Leon e Jack que já estavam na porta do porão.

Achei engaçada a cara de Jack ao entrar no porão, por que para um lugar que tinha tudo para ser igual ao sótão a verdade era que o porão era muito mais organizado.

—Caramba. Como esse lugar pode ser tão limpo e organizado? –E no final Jack acabou perguntando.

—Culpa da Liz. –Leon brincou e eu ri. –Sua irmã disse ao Quirón a alguns anos que seria bom ter um lugar preparado para feridos de guerra caso voltássemos a precisar. Ela disse que como o porão estava mais vazio que o sótão era mais fácil de usar, além de ter uma saída para a área externa sem ser a porta pela sala.

—Então eu peguei o Leon, Gray, Lana, Reynald, Halley, Chris, Clarisse, Connor, Travis, Percy, Rig e Téa e arrastei pra cá. Eles tiraram o lixo e velharia que tinha aqui, levaram uma parte para o sótão e me ajudaram a limpar tudo. –Apontei para as lâmpadas. –Pedi para alguns campistas de Hefésto e Atena trabalharem na parte de iluminação e mobiliário para uma enfermaria. O chalé de Apolo ajudou com muito entusiasmo. –Lembrava claramente daquele pessoal ajudando a construir os móveis nas oficinas.

—Enquanto isso Clarisse colocou o chalé de Ares para ajudar na parte que eles podiam e pintaram todo o porão de branco três vezes para depois passar o verniz de madeira. –Leon adorava lembrar disso. –Sob orientação do chalé de Atena e milagrosamente sem brigas eles também ajudaram a colocar o piso e carregar o peso sempre que era preciso.

—Como todos ajudaram gastamos apenas uma semana em que não tinha quase ninguém no acampamento. –Continuei andando até o fundo um canto onde haviam várias caixas. –Leon conseguiu que todos que podiam ajudar nos chalés do submundo ajudassem e quem conhecia alguém que pudesse arrumar material médico trouxesse o que pudesse. –Parei na frente das caixas e suspirei. –Bom, são essas.

Jack ainda olhava para o resto do espaço mesmo estando ao meu lado.

—Então é por isso que todas as camas médicas estão dobradas e aquelas caixas separadas do lado dos armários de suprimentos vazios.

—Bom, sem guerra e feridos em excesso só desce aqui quem tem que fazer a limpeza ou quando precisamos de algum medicamento que precisamos rápido e tem aqui. –Comentei ainda analisando as caixas, o que chamou a atenção do meu irmão.

—O que houve? –Ele parecia preocupado.

Suspirei.

—Faz um bom tempo que não venho aqui ou olho para essas caixas. –Confessei.

—Mas você as colocou aqui, não foi?

—Não. Ela não colocou. –Leon respirou fundo e pegou as duas primeiras caixas. –Lizi apenas estava na casa dela quando embalamos tudo e colocamos na vã, então ela viu as caixas lá. Quem embalou tudo, trouxe para o acampamento e depois colocou aqui foi eu, Gray, Clarisse, Chris, Reynald, Halley e Lana. –Vi Leon inclinar a cabeça na minha direção e falar daquela forma compreensiva que apenas ele conseguia. –Eu sei que é difícil, mas precisa fazer isso. –Encarei seu rosto que permanecia com a mesma expressão suave que me acordava nas últimas manhãs. –Estou aqui.

Sorri para ele e voltei a encarar as caixas quando vi Jack pegar três caixas.

—Vamos então. –E meu irmão deu um sorriso animado e sincero que nunca vi em seu rosto em todos aqueles anos.

Ver Jack sorrir daquela forma me fez sorrir.

De algum modo ver que justo ele estava ali disposto a ajudar e sendo sincero pela primeira vez em anos me fez ter certeza de que algo bom aconteceria no acampamento. Mesmo que não fosse a solução para todos os idiotas seria algo.

Respirei fundo e peguei duas caixas me virando para os dois.

Jack foi o primeiro a subir as escadas e seguir para fora até a caminhonete, eu e Leon logo atrás. Nós ignoramos o grupo que ainda estava na varanda, meia dúzia de campistas que olhavam para Jack da mesma forma que sempre me olharam, mas não me preocupei por que vi que Rig e Téa estavam sentados sobre o capo da caminhonete.

Acenei para eles que riram e continuaram olhando o horizonte como se nada tivesse acontecido, mas eu sabia que os dois estavam vigiando os campistas que podiam fazer algo de errado.

Voltamos para pegar mais caixas e notei que havia mais de quinze caixas ali, mesmo assim apenas deixamos as caixas na caminhonete e voltamos pegar o que faltava.

—Caramba, tem vinte e cinco caixas aqui. Ainda vamos precisar voltar uma última vez pegar as três que faltam. –Jack já estava rindo da ironia enquanto atravessávamos a sala.

—Bom, eu realmente nunca contei. –Comentei um pouco envergonhada.

—Tudo bem, só fiquei surpreso que você é sempre bem organizada até e não fazia ideia da quantidade de caixas. –Jack comentou um pouco distraído.

Deixamos as caixas do carro e voltamos pegar as que faltavam, assim que retornamos pude ver que havia mais dos antigos amigos de Jack na varanda ou a alguns metros da caminhonete, o que não pareceu muito bom.

—Droga. –Foi o que ouvi Jack resmungar.

—O que houve?

Ele me olhou confuso e mentiu um pouco nervoso.

—Nada, só achei que tinha pisado em alguma coisa.

Jack desconversou se apressando em arrumar as caixas novas enquanto Leon colocava algumas menores no banco traseiro meu irmão começou a passar as cordas de um lado a outro da caçamba muito mais concentrado do que o normal.

Notei alguns sussurros e cochichos dirigidos a Jack, o tipo de coisa que eu estava muito acostumada a ouvir contra mim por anos. Também vi que Rigardo e Galatea me encaravam na direção oposta daquele grupo, como se me chamassem, então resolvi ir falar com eles.

—Tudo bem, podem me dizer o que diabos está acontecendo aqui?

Os dois trocaram um olhar de “ela precisa saber” e voltaram a me encarar.

—Depois que vocês partiram o Jack ficou mal. Ele estava se sentindo tão humilhado e perdido que simplesmente ficou sentado no arsenal por todo o dia e a noite. –Rigardo parecia um pouco tenso.

—Ele estava sem nenhum agasalho e mesmo com o clima controlado do acampamento ainda faz frio aqui no inverno. Ele tomou muita friagem e ficou doente, muito mal mesmo. Pegou uma infecção de pulmão e os machucados inflamaram, Jack delirava de tanta febre. Nathan precisou montar uma mini equipe para tratar dele vinte e quatro horas por dia por uma semana. –Já Galatea apesar de tudo parecia calma e relaxada.

—Quando Jack acordou ele chorava sem parar e pedia desculpas pra todo mundo, ninguém entendeu ao certo o que aconteceu. Depois disso ele falou com o Nathan, com o Chris e com a Clarisse, mas ninguém conseguiu saber ao certo o que foi falado. –Rig desviou o olhar com um claro brilho de fúria para a multidão de campistas idiotas.

—O fato é que depois disso Nathan ajudou Jack a arrumar um lugar e Clarisse ajudou a deixar a baia não congelante. Além disso Chris cuidou de deixar bem claro para pessoas como a Drew que se alguém fizer algo vagamente parecido com o que faziam com você contra o Jack, ele iria recordar os tempos em que era do exército de Cronos no que diz respeito a tortura. –O sorriso sádico no rosto de Téa era o tipo de coisa que me fazia lembrar por que as pessoas tinham medo dela.

—Depois disso Jack passou a simplesmente ser uma pessoa descente, na falta de uma palavra melhor. –Rigardo ainda encarava a multidão as minhas costas de forma ameaçadora. –Ele tá ajudando no chalé de Hermes, mesmo sem poder ficar lá. Ajuda o Nathan no que pode e obedece tanto Clarisse como Chris sem questionar. Sem falar que não só pediu desculpa a todos com quem já foi um idiota como cortou relação com os campistas que... bom, parou de falar com os idiotas como a Drew.

—Aliás ele terminou aquele namoro dele com ela e agora a Drew simplesmente odeia o Jack com todas as forças. E isso por que o Jack apenas disse que não podia mais ficar com ela, que o namoro deles não fazia bem a nenhum dos dois. –Galatea me encarou um pouco cansada. –Ele disse que os dois não estavam juntos por que gostavam um do outro, mas por que não gostavam das mesmas pessoas. Drew xingou Jack e tentou mata-lo jogando tudo que achou ao alcance nele.

—Nossa. –Eu estava mesmo muito surpresa com tudo aquilo. –Eu pedi para o Connor e o Travis me avisarem de qualquer coisa fora do normal, por que não me ligaram?

—Pedido da Clarisse, ela disse que se responsabilizava pela situação médica do Jack e depois ele mesmo pediu que não te incomodássemos. Queríamos te ligar e pedir para você rever a situação do Jack sobre o chalé, mas ele nos proibiu e disse que ainda não era hora de voltar. –Rigardo não parecia muito feliz com aquilo e eu sabia que não era apenas por que ele ainda olhava da mesma forma para os campistas as minhas costas.

—Quando encurralamos Jack e perguntamos o motivo ele apenas disse que ainda não merecia, que ainda era um idiota. Eu perguntei se ele estava falando da Lana e tudo que Jack fez foi mudar de assunto. –Galatea sentou no chão um pouco contrariada. –Acho que ele não vai aceitar voltar ao chalé antes de se desculpar com ela.

Encarei Galatea que parecia realmente cansada.

—Você está bem?

Ela riu e bocejou um pouco sonolenta.

—Passei a noite acordada cuidando dos meus sobrinhos e dos filhos da Clarisse para que os casais pudessem ter uma noite juntos.

—E o Rigardo não te ajudou?

Os dois riram.

—Ajudar ele ajudou, mas meu dia ontem foi puxado e como acabei não dormindo nada só consegui ficar mais cansada.

—Isso e o fato de que ela não conseguiu dormir no turno dela durante a noite e eu dormi as cinco horas do meu turno. –Rigardo confessou sem problema.

Acabei rindo.

—Tudo bem. –Suspirei diante da perspectiva de deixar Jack naquela situação.

Ele podia não ter sido um bom irmão, mas estava se esforçando e eu sabia disso por que estava atenta as suas palavras, ações e reações. Estava usando meus poderes para saber se ele mentia ou não quando falava algo e sabia que ele estava tentando.

Não seria fácil para Jack mudar por completo e o mais difícil ainda estava por vir ao encarar Lana novamente.

Ainda assim não havia nada que eu pudesse fazer agora, nem mesmo colocar Jack de volta no chalé, o que poderia ser ruim pra ele tanto quanto continuar no estábulo. Não, Jack sabia que ainda não estava pronto para voltar, não apenas por si, mas pelos outros. Ele ainda tinha muito o que provar para eles e até para si mesmo antes de poder reivindicar seu lugar ali, ele sabia disso melhor do que qualquer outro e não me deixaria aliviar a barra por causa dos campistas que antes eram seus “amigos”.

Se eu o deixasse voltar ao chalé era bem capaz de Jack entender aquilo como piedade e não como ajuda. Ele se sentiria ainda mais humilhado do que antes e não acho que isso lhe faria bem. Pelo menos não depois de já ter tido o seu orgulho esmagado por tantas vezes seguidas por Carlo e Lana naqueles dois dias.

Respirei fundo encarando Rig e Téa.

—Tudo bem, podem me fazer um favor? –Ambos concordaram. –Continuem de olho nele e peçam para a Clarisse fazer o mesmo, não deixem ele ser alvo dos idiotas ou de vingança. Por mais idiota que Jack tenha sido no passado eu espero que essa mudança dele continue e seja boa, que eu tenha o irmão que eu e Lana sempre esperamos ter quando conhecemos ele.

Os dois concordaram e saíram na direção da multidão enquanto eu via a figura de Clarisse se aproximar de mim sorridente.

—Lizi, que bom te ver. –Ela me abraçou com força e eu retribui o abraço. –Aconteceu tanta coisa desde que você saiu.

Acabei rindo.

—Aconteceu muita coisa por lá também, mas isso eu quero te contar com calma outra hora. –Ela me olhou preocupada. –Fiquei sabendo do Jack.

—Então os dois te contaram. –Ela suspirou cansada. –Ele não queria que contássemos, mas eu ia te contar assim que voltasse.

—Tudo bem, eu só queria te pedir o mesmo que pedi ao Rig e a Téa, para ficar de olho no Jack e não deixar pegarem ele de bode expiatório agora que ele tá realmente tentando mudar.

Clarisse sorriu.

—Posso continuar fazendo isso.

—Valeu Clarisse.

—Mas não vai mesmo me contar nada sobre o seu namoro com o Leon? Tipo, eu mereço saber pelo menos se rolou alguma coisa ou vocês estão enrolando.

Senti meu rosto esquentar e acabei rindo.

—Tem rolado muita coisa na minha cama Clarisse, mas a gente conversa quando eu voltar.

—Por que Lizi? Eu fiquei curiosa agora com esse “muita coisa”.

—Estou fazendo minha mudança para a casa da Lilli e o carro do Carlo é emprestado.

Clarisse fez uma careta.

—Tudo bem, dessa vez eu concordo. Mas na próxima quero os detalhes sórdidos também.

Acabei rindo.

—A gente conversa quando eu voltar. Agora preciso ver o que o Jack e o Leon estão fazendo ali.

Clarisse concordou, mas acabou me acompanhando até a caminhonete onde pude ver que as caixas menores e algumas grandes estavam nos bancos de trás e o resto das caixas na caçamba amarrados e com uma lona de proteção por cima.

—Nós terminamos aqui Lizi. –Jack comentou distraído. –Agora é só seguirem viagem conforme seus planos ou continuarem aqui. –Ele riu da cara que Leon fez diante daquela frase.

—O que houve enquanto eu estava longe?

—Tirei um pouco de sarro do seu namorado e ele acabou deixando escapar que queria voltar a ficar sozinho com você, daí eu chamei meu cunhado de tarado e ele ficou emburrado. –Notei que Leon bufou diante daquela conversa. –Depois eu brinquei que seria uma pena se vocês acabassem ficando por aqui.

Acabei rindo por que na mesma hora Leon fez sinal para Jack ir se ferrar e Clarisse caiu na gargalhada.

—Tudo bem meninos, eu realmente gosto de ter vocês se aproximando, mas tenho que ir pra casa arrumar ou pelo menos começar a arrumar as coisas com a tia e a Lilli. –Os dois riram e acenei para Leon que foi se despedir de Clarisse, Rigardo e Galatea me deixando com Jack. –Eles me contaram.

Ele fez uma careta.

—Claro que contaram.

—Não os culpe, eu entendi por que você pediu que eles mantivessem segredo. Então fique tranquilo, tudo que pedi a eles foi para continuarem a fazer o que já estão fazendo e acho que isso vai te dar o espaço que precisa.

Jack corou parecendo mais envergonhado do que jamais o vi.

—Valeu Lizi.

Ele esticou a mão e eu retribuí aquele pequeno gesto.

—Se cuida Jack.

—Você também.

Rigardo e Galatea acenaram da varanda da Casa Grande e logo entraram, me deixando com Clarisse ao lado do carro.

—Bom, eu tenho que ir.

—Então vai lá, mas não esquece de voltar.

—Não vou.

Ela me abraçou e depois sem nem falar nada seguiu para a Casa Grande, enquanto Jack já havia sumido das vistas.

Entrei na caminhonete e suspirei um pouco cansada.

—Ele foi incrivelmente sincero. –Leon comentou quando deu a partida. –Nunca imaginei que veria Jack ser como ele foi hoje. –Ele engatou a marcha e acelerou enquanto subíamos a colina, só diminuindo um pouco ao passarmos por Peleu. –Acho que ainda não estou acreditando que era o mesmo Jack que foi um idiota por sete anos.

—Quase oito. –Comentei distraída antes de rir. –Realmente tem pessoas que só enxergam a vida quando levam um tombo feio.

Leon riu.

—Bom, agora temos coisas para pensar.

Acabei sorrindo.

—Tipo o quê?

Ele virou o rosto na minha direção por um segundo com um sorriso que eu tinha aprendido muito bem a entender nas últimas semanas.

—Tipo deixar o seu quarto pronto ou vamos ter que dormir na sala e isso não está nos meus planos.

Acabei rindo muito daquele comentário.

==========X==========

—Pronto, por hoje acho que podemos descansar.

Vi Leon se jogar na minha cama recém arrumada com a toalha na cintura.

—E por que está com essa toalha molhada em cima do meu colchão novo?

—Preguiça de me vestir só para tirar a roupa depois. –Ele parecia bem certo do que dizia. –Afinal já jantamos.

—Acho que eu andei comendo muita pizza no final de ano.

—Pra mim você está ótima, isso se seu comentário tiver relação com questões de peso.

Olhei para Leon que ainda estava largado sobre a cama com os olhos fechados.

Andei até ele e subi na cama sentando sobre a sua barriga, o que o fez abrir os olhos e me encarar.

—O que foi? –Ele parecia surpreso.

—Para a pessoa que estava falando agora mesmo de tirar roupa, você parece que está com muito sono para qualquer coisa.

Leon riu.

—Na verdade estou mesmo cansado.

Me inclinei dando um beijo rápido nele.

—Então tire essa toalha molhada do meu colchão novo e vamos dormir.

Ele concordou e levantou pegando um short na mala, depois deitou e esperou que eu fizesse o mesmo. Assim que deitei Leon me puxou para seus braços e suspirou.

—O que foi? –Perguntei sentindo seu peito se mover contra as minhas costas a cada respiração.

—Gosto disso.

—O que?

—Dormir com você nos meus braços. –Ele estava sonolento. –Teve uma época que cheguei a pensar que isso nunca aconteceria.

—E você gosta disso por que?

Uma risada lenta escapou dele.

—Eu te amo, por isso... Por que é bom te sentir perto de mim... Por que quero sempre te proteger... Até nos seus sonhos.

Eu não precisava perguntar mais nada para saber que ele dormia profundamente, muito menos me preocupar.

A verdade é que eu gostava de dormir abraçada a Leon tanto quanto ele e as razões eram realmente parecidas.

Acabei sorrindo e adormeci sentindo o calor suave que emanava do corpo dele junto ao meu.

Continua...


Notas Finais


Eu comentei (não lembro onde) que o Jack teria uma pequena história para ser contada sobre o que aconteceu depois que foi expulso do chalé.
Se tudo der certo ele deve aparecer no futuro e vamos ver a sua evolução ou não (o que acham mais provável?).


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