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História The Olimpians - Livro 3: The Other Side Of Time - Nem Tudo O Tempo Cura, Mas Muita Coisa Ele Muda.


Escrita por: Eucaristia

Capítulo 7 - Nem Tudo O Tempo Cura, Mas Muita Coisa Ele Muda.


Apolo

 

Sentia meu corpo todo reagir à proximidade com Teresa.

Nem sempre foi assim.

Quando ela nasceu, eu me sentia encantado com o seu sorriso.

Ela era fofa e inocente, cheia de vida.

Achava que ela era coisa mais importante que o mundo poderia um dia ter gerado e que nunca, nada me faria ficar longe dela.

Ou foi o que pensei até segura-la nos meus braços e o mundo cair na minha cabeça com toda a força que um dia eu poderia suportar.

Pelo menos naquela época eu apenas achava que nada poderia me doer mais do que me manter afastado dela. Ao menos até Teresa crescer e fazer quinze anos, fazendo todo o encanto que tinha por ela se transformar em paixão, amor e desejo me fazendo sentir mais culpado e afasta-la ainda mais de mim.

No fim ela acabou nos braços de Hefésto e agora está chorando por ele na minha frente enquanto meu corpo quer correr abraça-la com força contra o meu peito.

-Eu sinto muito. –Meu peito doía por vê-la ali, daquele jeito. –Juro pelo Stix que nunca quis te causar mal algum, muito menos que Hefésto lhe fizesse aquelas acusações.

O olhar de Teresa era cansado e confuso, o que me fazia ficar preocupado com o que ela poderia dizer.

-Eu não... Tudo bem, eu sei que não foi sua culpa.

-Mesmo assim eu sinto que o que aconteceu foi minha...

-Chega! –O grito me assustou. –Não quero ficar pensando em culpa de quem foi o que. Só esqueça esse assunto e tudo mais, eu não culpo você por isso.

Meus joelhos atingiram o chão e as palavras saíram da minha boca sem que notasse:

-Eu sinto muito. Eu sinto tanto.

-Espero que um dia entenda que não foi sua culpa. –E Teresa não falou mais nada por vários minutos e eu decidi que deveria usar toda a minha determinação em me manter longe dela para sair do quarto sem olhas para trás.

 

==========X==========

 

O que Zeus tinha na cabeça para me mandar para o Hades conversar com Easley?

Principalmente, ele acha que meu tio vai ficar feliz com alguém interrompendo seu tempo livre com Perséfone em pleno outono.

-E foi por isso que ele me mandou aqui. –Ter que explicar que por algum motivo Zeus acha que sou a melhor pessoa para o garoto conversar depois do encontro dele com Hefésto é tão estranho quanto ouvir.

Desviei meu olhar para Teresa, sentada a esquerda de Hades, completamente alheia à minha presença lendo um pergaminho de forma concentrada.

Não falo muito com ela, apenas visitas com algum presente, normalmente uma flor ou livro. Ou para ver como Teresa e o filho estão.

Um dos motivos é para não criar algum com ela por conta da reunião em que Teresa deixou claro que não queria e não aprovava nenhuma ação dos deuses contra Hefésto, por isso Nix ainda não matou meu irmão a pedido de Hades.

O que não quer dizer que Afrodite e Ares não continuem tentados a ter filhos para infernizar Hefésto. Diabos!

Eu estou tentado a propor isso a Afrodite.

Não por que eu ache divertido, mas por que quero deixar Hefésto furioso e irritado com motivo.

Eu ainda estava pensando nisso quando alguém resolveu falar alguma coisa naquele salão mórbido.

-Então, o que acha da ideia de Zeus, Teresa? –Na verdade Perséfone estava mais interessada na conversa que todos os demais, incluindo eu.

Para a minha surpresa, Teresa baixou o pergaminho e me encarou um pouco mais cansada do que me lembrava desde nosso último encontro há alguns anos.

-Agradeceria se pudesse falar com ele. Na verdade, fui eu que pedi a Zeus que mandasse você para fazer isso, por que Easley não quer me ouvir... Parece que Hefésto disse algo a ele que irritou meu filho e não sei o que fazer agora. –Teresa levantou do seu trono e desceu os degraus que a separavam de mim. –Easley precisa de alguém que não seja completamente amável com ele, mas que também saiba ser assim... Ele precisa de algum tipo de figura paterna e, por mais estranho que pareça você parece ser a pessoa certa para isso.

-Acho que você precisa rever seus conceitos sobre figura paternal. Estou longe de ter qualquer tipo de familiaridade com essa situação e se duvidar é só perguntar para os meus filhos, gregos e romanos. –Não me sentia orgulhoso de admitir isso, mas era a verdade.

-Eu sei disso. Mesmo assim, preciso que tente conversar com ele um pouco. –Ela suspirou cansada. –Tente e se não conseguir nada eu agradeço mesmo assim.

Em algum canto da minha mente eu me sentia feliz pela confiança não merecida, mas a única coisa clara nos meus pensamentos era a ideia que o agradecimento perfeito seria Teresa tirar a roupa e isso me fez perguntar o que precisava para sair daquele lugar.

-Onde Easley está?

-Nas tumbas flamejantes. Ele vai leva-lo até lá. –Teresa apontou para um esqueleto que trajava roupas de um jovem e se afastou. –Pelo menos até a entrada.

Concordei e segui o jovem morto pelos campos de punição, passando por espectros que me olhavam de forma inquisidora, o que não é de se estranhar quando o deus do sol está caminhando pelo submundo.

Levou uns vinte minutos de caminhada com o esqueleto e mais cinco com o responsável pelos mortos das tumbas flamejantes, mas eu encontrei Easley deitado sobre um tumulo.

Suas roupas pareciam chamuscadas e seus cabelos vermelhos dançavam com a intensidade das chamas que vinham de onde um morto parecia se debater sob a pedra na qual estava deitado. E ele estava visivelmente chateado.

-Então, o filho da Teresa vem passar o tempo em um cemitério quando quer ficar longe da mãe... Deveria trocar de tática, sabia?

Easley levantou assustado ao me ouvir, como se eu fosse a última pessoa que ele esperava realmente ver ali.

-Apolo? Como entrou aqui?

Aquilo me fez rir e sentar no mesmo tumulo que ele estava, isso fez Easley sentar ao meu lado.

-Acho que Hades me deixou entrar quando sua mãe pediu a Zeus que eu viesse falar com você. Por alguma razão muito louca ela acha que eu seria um tipo de figura paterna pra você, embora ache que a sua mãe perdeu o juízo por pensar algo do tipo.

-Então você veio defender a minha mãe. –Ele parecia irritado agora.

-Não lembro quando foi a última vez que Teresa fez algo errado para precisar ser defendida, exceto por ter fugido do acampamento algumas vezes. Se bem que nenhum deus ficava muito bravo com ela de verdade, menos eu. Sempre ficava irritado com essa mania dela de fugir.

-Ela só fez isso até meu tio morrer Apolo, não é por isso que estou bravo com ela. –Por algum motivo ele parecia mais bem humorado agora

-Mesmo? Por que então?

-Eu fui falar com Hefésto. –Ele parecia um pouco triste com admitir isso.

-Tudo bem, muitas pessoas precisam falar com seu pai às vezes.

-Ele não é meu pai! –A forma como ele falou aquilo me assustou. –Pelo menos é o que ele afirma.

-É. Hefésto enfiou essa ideia na cabeça anos atrás, mas não faço ideia de quem além dele possa ser seu pai.

-Você. –Aquilo me fez encarar o garoto que tinha nos olhos, antigamente de um azul escuro profundo, um reflexo de profunda escuridão muito similar aos de Teresa. –Ele disse que você é meu pai e que minha mãe o enganou.

-Acreditou nele? –Eu sabia que Easley era um garoto esperto, muito embora chegar aos doze anos sem um pai fosse algo realmente difícil para qualquer menino.

-Não. Se fosse verdade que você e minha mãe já dormiram juntos acho que eu teria um pai de criação pelo menos. Afinal, você é completamente apaixonado pela minha mãe.

De alguma forma eu acabei rindo quando ele falou aquilo.

Um imortal de doze anos já havia notado o que a mãe dele não faz nem ideia e o que venho escondendo dela há uns trinta anos.

Ironia chega a ser apelido para isso.

-É tão óbvio assim?

-Depois de quase dez anos vendo você babar por ela escondido? Sim.

-Se sabe que nunca toquei na sua mãe e que Hefésto mentiu da mesma forma como o fato de que não sou seu pai, por que está bravo com sua mãe? –De algum modo acho que estou fazendo o que Teresa precisava o que é bem esquisito.

Easley se encolheu e curvo os ombros em sinal de culpa.

-Não estou bravo com a minha mãe, só... Não quero que ela saiba o que Hefésto me falou. –Ele desviou ainda mais o rosto da minha visão. –Ela vai chorar se souber. –E a voz embargada dele me fez notar que ele estava chorando.

-E o que Hefésto te falou que te deixou assim? –Ele sacudiu a cabeça dizendo que não iria falar. –Eu juro pelo Stix que não vou contar para a sua mãe e nem para o Hades, só não posso fazer isso quanto a Hera e Afrodite.

Um riso curto escapou dele quando citei as duas e Easley virou o rosto na minha direção, as lágrimas já secas pelo calor do fogo.

-A chamou de vagabunda e vadia. Depois me chamou de bastardo, indesejado, filho de uma prostituta... Eu quis mata-lo quando ouvi isso. –Apesar de saber que não era a primeira vez que Hefésto dizia aquelas coisas, normalmente era para Teresa, não para Easley.

Eu já achava que meu irmão não estava muito lucido ao ofender e dizer essas coisas para Teresa quando se encontravam no Olimpo, mas falar isso para uma criança era além dos limites, ainda mais sendo o filho dele. Mesmo que meu irmão negasse, a semelhança física e as habilidades naturais do garoto deixavam claro como água de quem ele era filho.

Afaguei os cabelos dele bagunçando os fios mais que antes.

-Sabe Easley, eu não posso dizer que um dia seu pai vai entender o tamanho da burrada que fez e insiste em manter, mas espero que você e sua mãe sejam felizes.

-Queria que você fosse meu pai de verdade.

Um riso triste me escapou.

-Eu também. Mas posso ser seu amigo, seu tio e até o cara que te põe de castigo quando necessário.

-Isso parece à descrição de um pai.

-Parece não é?

Nós dois rimos daquilo.

-Tio. Posso pedir uma coisa?

-Além de permissão para me chamar de tio?

Aquilo o fez rir de forma divertida.

-Promete que vai tentar, pelo menos um pouco conquistar a minha mãe?

Olhei para ele assustado.

-Easley, sua mãe ama seu pai e quer voltar com ele. Não posso lutar contra os desejos dela.

-Tio, não seja idiota. Eu conheço a minha mãe e ela está aos poucos afastando meu pai, só não percebe. Ela não o chama mais de amor, só de amante. E eu quero alguém que faça ela feliz, mas não é meu pai depois de tudo que ele já fez minha mãe passar.

Encarei-o em dúvida de como alguém tão novo podia ser tão preocupado com a mãe, não que ela fosse tão velha assim.

-Não vou te prometer nada Easley, mas se sua mãe me der uma chance um dia eu vou aceitar e tentar fazê-la feliz. Tudo bem pra você?

-É melhor que nada, tio.

Acabei rindo daquele apelido novo.

Easley gargalhou da minha cara e concordou em voltar comigo para o palácio de Hades.

Só Teresa estava lá quando chegamos, mas pareceu aliviada pelo fato de que Easley estava tratando ela normalmente.

Ela nem mesmo perguntou o que havia conversado com o garoto, apenas me agradeceu e eu parti o mais rápido que pude daquele lugar.

Precisava do máximo possível de distância de Teresa ou poderia realmente fazer algo muito idiota como agarra-la.

Mesmo assim aquela não foi a última vez que ajudei Teresa com alguma coisa relacionado a Easley ou ao trabalho dela no Hades nos anos que se seguiram.

Acho que aquele momento foi o começo.

 

==========X==========

 

-Por que não fala com ela de uma vez? Você é ótimo em propor uma noite de sexo para as mulheres e esquecer que elas existem depois.

-E claro que ouvir minha irmã gêmea mais velha, uma das donzelas do Olimpo, dizer isso tudo é tão normal quanto à ideia de propor um absurdo desses para Teresa a essa altura da vida dela. Obrigado pela lição Ártemis. –E para a minha surpresa, Ártemis conseguiu rir daquilo, ainda que eu não entendesse o motivo exato.

Mesmo assim continuei fazendo de conta que tentava ler o pergaminho na minha mão.

-Não se faça de santo Apolo. Quantos anos faz desde que ficaste encantado por ela, quarenta e cinco?

-Se essa for à idade dela, sim.

-O que significa que fazem trinta anos desde que sentiste desejo por ela a primeira vez e vinte e cinco desde que Hefésto foi o perfeito canalha ao abandona-la, correto?

Abaixei o pergaminho já ciente que Ártemis não calaria sua boca tão cedo.

Pelo menos não depois de se encontrar com Kaíros no último solstício.

-O que pretende com tudo isso, irmãzinha?

-Não sei, só não quero pensar naquele ser impossível.

-Lamento dizer que como seu irmão, que sofre de um mal parecido isso é tecnicamente impossível. O período que menos pensei na Teresa foi quando ela estava com Hefésto e mesmo assim pensava nela todos os dias. –Falar aquilo não mudaria nada, nem na minha vida e nem da de Ártemis, mas servia de tema para aquela conversa maluca.

-E por que não faz algo agora?

-Pode tentar adivinhar o motivo, afinal, não é muito diferente do seu.

-Sério? –Não sabia se Ártemis estava sendo debochada ou sincera.

Eu só sabia o que ela estava pensando: “Apolo não pode estar com medo de Teresa, é ilógico. Muito mais que eu com medo de Kaíros”.

Claro que Ártemis jamais iria admitir isso em voz alta, mas eu sabia que ela pensava isso agora. Era um dos nossos poucos vínculos de gêmeos.

-Teresa passou no Olimpo hoje para falar com Hera, ouvi dizer que Easley se encontrou com Hefésto há uma semana. –Apesar de não saber da visita de Teresa, eu não posso negar que já sabia do resto. –Como você e ele conversam bastante imagino que já sabia disso, mas Teresa descobriu ontem, isso se minha fonte estiver certa.

-Pensei que não gostasse de saber da vida alheia. –Ainda que fosse legal saber que Ártemis tem interesse nesse tipo de assunto.

-Na verdade, Atena tem se saído muito bem nessa função. Se tia Afrodite desistir de cuidar da vida alheia já temos uma substituta a altura para o cargo. Mas, o que realmente queria te dizer é que procurei saber onde Teresa foi depois de falar com Hera e descobri que ela foi para um rochedo a beira mar na Escócia. Por que não vai falar com ela pelo menos para ajudá-la a desabafar.

Encarei Ártemis na dúvida do que ela realmente queria dizer com aquilo, mas, como quase sempre, isso se mostrou inútil.

Assim como a lógica de que não havia razão para ir conversar com Teresa algo que ela já havia discutido com Hera.

-Acho que isso pode pelo menos me distrair.

-Aproveite.

E antes que eu pudesse responder minha irmã aparatou me deixando sozinho para ir até Teresa.

Uma viagem que eu jurava que seria completamente inútil.

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Continua...



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