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História The One - The One: part two


Escrita por: miedoaperderte

Notas do Autor


Eu nem sei como começar a escrever aqui tudo o que os comentários do capítulo anterior geraram em mim. Um MUITO OBRIGADO não é suficiente. Comecei a escrever essa história para mim, apenas como uma maneira de colocar para fora essas ideias que rodam e rodam pela minha mente. Em nenhum momento tive a pretensão de postar e o quando fiz isso, confesso que tive uma pequena (muitíssimo grande) insegurança. A história não se parecia em nada com outras que eu lia por aqui e como não tinha um parâmetro, realmente achei que leriam e pensariam "O que essa menina tem na cabeça? Sério que ela acha que as coisas funcionam assim?", mas me surpreendi muito ao ver que muitas pessoas pensam como eu e as que não pensam, deram uma chance para a história e acabaram se apaixonando por ela assim como eu.
E esse texto saiu maior do que eu imaginava hahahah
Aproveitem esse capítulo. Espero que ele emocione vocês assim como a mim.

BOA LEITURA!!!

Capítulo 29 - The One: part two


Ruggero Pasquarelli

Um silêncio teria predominado no ar se os soluços da Karol por ver nossa filha tão perto de uma arma não estivessem ali presentes. André mantinha a arma firme na nossa direção.

- Ela está em um sono profundo. – balançou Bianca – E nenhum de nós quer que ela acorde. Não é mesmo, meu amor? – fitou Karol e ela continuou com a mesma expressão de medo no rosto. Olhei ao redor e vi a enfermeira que reconhecemos nas imagens das câmeras, amarada em uma cadeira, com o rosto marcado por tapas.

- O que fez com ela? – Karol olhou para ela aterrorizada.

- Ela caiu. Não foi isso, Danna? – continuou com a arma apontada para nós, mas mudou o olhar para ela, que acenou que sim com a cabeça.

- Se você tiver machucado a minha filha eu juro que acabo com a sua raça seu desgraçado. – só de pensar que ele poderia ter feito alguma coisa com Bianca meu estômago se embrulhou.

- Minha filha. – deu mais um sorriso sínico – Que eu fiz com a Karol. Que é fruto do nosso amor.

- Você é um doente. – gritei e ele se aproximou encostou a arma no meu peito.

- André, não faça nada do que pode se arrepender, eu te imploro. – Karol mantinha as duas mãos no peito, tentando conter a angustia de ver nossa bebê ao lado daquele objeto tão perigoso e agora por me ver perto dele também.

- Eu sou doente? Eu? Eu que escrevo cartas para uma morta e falo com ela como se ela pudesse me ouvir? Eu que tenho que tomar remédios para não ter pesadelos durante a noite? – gargalhou – Eu sou homem o suficiente para correr atrás do que é meu sem recorrer a um draminha emocional. Você é o doente que precisa de ajuda para parar de delirar e achar que sua linda namoradinha pode te entender. – Karol tentou encostar em Bianca, mas ele deu alguns passos para trás – Adoraria deixar você encostar nela, amor, mas ainda não é a hora.

- Por favor, André. Ela precisa de mim. Ela deve estar com medo, com fome, com frio. – um soco na boca do estômago doeria menos que ver Karol desesperada, estendendo as mãos na direção dele para tentar pegar nossa filha – Ela precisa de mim.

- E eu preciso de você. Preciso de você comigo, Karol. É por isso que nós estamos aqui. – andou até perto de onde a enfermeira estava e colocou Bianca em uma espécie de bercinho – Mas você me convenceu com seu discurso de mãe. Sempre imaginei nossos filhos correndo pela nossa casa. Com cuidado, você sozinha pode vir até aqui e pegar ela no colo. E não tente fugir. Danna pode te contar o que acontece se tentar fazer isso. – olhamos para a mulher.

- Ele tem um controle que trava todas as portas e janelas. – disse baixo e sem olhar para nós – E tem pessoas lá fora, com armas também.

- Exato. Você não vai conseguir. – voltou para onde estava antes e Karol correu até o berço, pegando Bianca no colo.

- Meu amor. – a pequena se mexeu e reconheceu a voz da mãe – Mamãe está aqui. Está tudo bem.

Eu continuei parado onde estava. A mira de André seguia fixa em mim. Eu era como um alvo que ele vinha tentando acertar a muito tempo, e agora estava ali, bem a sua frente, apenas alguns metros dele.

- Olha o que temos aqui. – tirou uma algema do bolso – Perfeita para manter você longe da minha Karol e também para que fique quietinho enquanto estamos aqui. – andou até mim e chutou meus joelhos – As mãos para trás. – eu não tinha outra opção a não ser seguir o que ele dizia. Coloquei as mãos para trás e andei até o lado da enfermeira, sentindo a ponta da arma batendo nas minhas costas.

Estou soando frio. Muito frio. Sei como é ter a terrível sensação de que você pode perder a vida a qualquer segundo. Minhas crises de pânico infelizmente me apresentaram essa cruel experiência. Mas ali não é uma projeção da minha mente medrosa e ansiosa. É algo completamente real.

- O que você quer? – eu não podia mexer as mãos e nem os pés, que estavam presos a cadeira, mas nada me impedia de gritar – Por que está fazendo isso?

- O que eu quero? – olhou Karol de cima a baixo e eu cerrei os dentes – Quero a minha Karol e a minha filha.

- Minha filha.

- E quem te dá tanta certeza disso?

- Ninguém precisa me dar nenhuma certeza para eu saber que você é um doente que não está falando coisa com coisa. É muita ingenuidade sua achar que vou duvidar que Bianca é minha filha.

- Você não sabe de nada. Não sabe do meu amor com a Karol. Não sabe das nossas noites juntos. Não sabe de absolutamente nada. – eu queria levantar daquela cadeira e acabar com ele a socos por estar insinuando aquilo de Karol – Aqui quem sobra é você. – mas eu além de não poder fazer isso, seria errado porque André não estava bem. Ele acreditava nas mentiras que estava dizendo. Seu rosto demonstrava que ele realmente acreditava no conto de que Bianca é filha dele – Nós vamos ser felizes. Eu, o meu amor e nossa filha. – se aproximou dela e a abraçou. Karol ficou imóvel.

- LARGA ELA! – me mexi na cadeira tentando escapar.

- VOCÊ SÓ ABRE A BOCA QUANDO EU MANDAR! – meio até mim e me deu um soco no rosto.

- Ruggero! – Karol tentou se aproximar, mas André virou a arma para ela e meu coração disparou. Ele estava fora de si e qualquer movimento o faria atirar.

- Ele não te merece. Ele não pode te dar o mesmo amor que eu tenho para te dar. Ele nunca vai te amar com toda a intensidade e verdade porque ainda que tente, você não é a única no coração dele. – andou para se aproximar dela, mas ela deu passos para trás, apertando mais Bianca ao seu corpo – Ele sempre vai amar a mãe do filho dele mais que você. – passou o polegar pela bochecha dela – Eu sou quem vai te amar de verdade e vai te dar o que você merece. Ainda que você nunca tenha me dado uma oportunidade, sou eu, Karol, sou eu o cara que vai te fazer feliz.

- Eu sei de cada coisa sobre Ruggero, André. Sei de tudo que possa imaginar. Sei de coisas que até mesmo ele não sabe. E eu te digo que não tem a mínima importância para mim não ser a única no coração dele. E você sabe por que? Porque assim como ele ama Bianca até hoje, sei que por nada no mundo ele deixaria de me amar.

Meus lábios desenharam um leve sorriso ao ouvir isso. E essa era uma das únicas certezas que eu tinha na minha vida. Que enquanto meu coração batesse, eu amaria as duas. Elas são parte de mim. Não existe a menor possibilidade de que algo possa tirar o que sinto por elas daqui de dentro. É muito mais do que só um sentimento. As duas estão em mim, nos meus pensamentos, nas minhas memórias, na minha pele, em cada coisa que eu vejo e em cada música que eu escuto.

- E se ele tivesse uma possibilidade? Se pudesse escolher entre as duas, acha mesmo que ele escolheria você? Que ele desistiria do tal amor dele para ficar com você?

- Ele não precisa responder para que eu sei que a escolha dele seria a Bianca.

- É exatamente isso que estou te dizendo. Ele não escolheria você. – gritou com ela.

- E eu estou te dizendo que pouco me importa isso. Não foi por acaso que as coisas aconteceram dessa maneira. Nada acontece por acaso, André. Eu seria muito feliz se conhecesse Ruggero e Bianca e soubesse da história de amor deles, porque eu conseguiria ver um amor verdadeiro. Eu não sei como as coisas seriam se ela estivesse viva. Não sei como eu estaria hoje. A única coisa que eu sei, é que por algum motivo o destino me colocou na vida de Ruggero e o colocou na minha. Talvez nos seriamos só amigos se Bianca estivesse aqui ou talvez nem tivéssemos nos conhecido, mas você pode ter certeza que ainda assim nós teríamos uma ligação.

- Muito bonito isso que disse, mas não muda absolutamente nada. Porque você é minha. – apertou o braço dela – E você vai ser minha de qualquer maneira. – rasgou um pedaço da blusa.

- NÃO ENCOSTA NELA SEU VERME. – eu já não estava mais me importando se ele tinha uma arma ou não, tudo que eu queria era tirar Karol e a nossa filha das mãos dele.

- JÁ FALEI QUE VOCÊ SÓ ABRE A BOCA QUANDO EU MANDAR! – deu mais um soco, dessa vez diretamente no meu olho, o que me fez pender a cabeça para trás e ter a sensação que tudo ao meu redor estava rodando – Acabou a história de amor bonitinha e cheia de contos de fada. Acabou tudo isso para vocês. Vocês querem ficar juntos? Pois então que fiquem juntos, mas a minha filha vai ficar comigo. – puxou Bianca dos braços de Karol.

- Não. Devolve ela, André. Eu te imploro. – ela caiu ajoelhada no chão – Ela é só um bebê e não tem nada a ver com isso. Eu te rogo que, por favor, não faça nada com ela.

- Você me implora? Eu implorei a você que me desse uma chance de te fazer feliz e você não me ouviu. Porque é que eu teria que te ouvir agora? Essa coisinha preciosa nos meus braços vai ser o meu troféu. Cada vez que eu olhar para ela terei a certeza de que deixei minha marca em você e que vocês estão pagando por com sofrimento por terem me feito sofrer. Vou cuidar e ter certeza de que a minha filha nunca vai saber quem são vocês.

- Não. – ela levantou – Isso não, por favor.

- Vamos ver as outras opções. – andou, mas voltou a apontar a arma para nós – Eu posso ameaçar a nossa querida enfermeira. Uma pobre moça que por falta de sorte veio parar aqui. Você nunca se perdoaria se alguma coisa acontecesse com ela por sua culpa. Mas isso não seria tão forte. Eu também posso te ameaçar, e dizer que se você não está comigo não pode ficar com ninguém. – Bianca começou a chorar – Calminha, filha, vai ficar tudo certo. – balançou ela e andou na minha direção – Ou eu posso atirar agora mesmo nele e acabar de uma vez com tudo isso. Ele não queria encontrar a ex namorada para pedir desculpas por ter sido um covarde e abandonado ela sozinha? Pois então, essa é uma bela chance para fazer isso.

- NÃO! – ela gritou – Eu faço o que você quiser. Eu vou com você para onde você quiser, mas, por favor, não faça nada com ele. Eu vou para onde você quiser se você deixar ele sair daqui agora mesmo com a minha filha.

- Atira em mim de uma vez. – falei, contradizendo o que Karol disse – Deixa elas saírem e acaba comigo. Não sou eu o seu grande problema? Então, aqui está a grande chance de se livrar de mim. – eu não sairia dali sem as duas. Se fosse para sair apenas com uma delas, era melhor que ele fizesse isso.

Uma vez eu superei. Com dificuldade, com muita dor, depois de muito tempo, mas eu superei. Duas vezes eu não aguentaria.

- Se você der mais um passo para perto dele eu nunca vou te perdoar. – Karol correu e se colocou na minha frente – Eu vou com você. E se realmente me conhece, sabe que estou falando a verdade. – olhou nos olhos dele, que pareceu concordar – Mas deixa eu me despedir deles. E solta essa moça porque você já fez mal demais a ela. São as únicas coisas que eu te peço.

- É assim que se fala, meu amor. – passou os dedos pelo rosto dela – As chaves das algemas estão no meu bolso. Solte eles. – indicou – Você vai esperar as minhas ordens para ir embora. – disse à moça – E você, não vai resolver bancar o herói porque alguém covarde como você nunca conseguiria fazer isso. – passou a mão pela parte da pele dela descoberta devido ao rasgo que ele fez – Agora sim estamos nos entendendo, amor.

Respirei fundo e não respondi. Não tinha porque responder. Não tinha o que responder.

Custava a acreditar que aquilo estava acontecendo e sabia que não haveria chance de convencer Karol a fazer outra coisa. Eu estava sem nenhuma força para resistir. Era como se uma máquina tivesse sugado qualquer energia que eu tinha e tivesse restado apenas um Ruggero vazio.

De relance vi a enfermeira se afastar e André fazer o mesmo depois de entregar Bianca a Karol, sem deixar de nos ter como alvo da sua arma. Ela balançou nossa filha por um tempo até que ela se acalmasse e em seguida andou até mim.

Abracei as duas com força e minhas lágrimas se misturaram as de Karol quando nossos lábios se tocaram. Encostamos nossas testas e eu não conseguia acreditar que aquele era o nosso fim.

- Você não precisa fazer isso. – sussurrei de olhos fechados.

- Eu tenho que fazer isso. – fez o mesmo – Por você e por ela. – olhei a pequena bebê entre nós.

- Eu não vou aguentar, meu amor. Não posso te perder mais uma vez. – a frase saiu de mim sem que eu nem percebesse.

- Você nunca vai me perder, Ruggero. Eu sempre vou estar no seu coração. – levou a mão que não segurava Bianca até meu peito – Enquanto nosso amor estiver vivo aqui dentro, eu vou estar com você e você vai estar comigo, independente de estarmos juntos eu não.

- Mas eu não posso sem você. Não vou conseguir passar por isso.

- Você vai conseguir. Você é forte, Ruggero. Você vai cuidar da nossa filha e dar a ela todo amor que você tem. Você, ela e Matteo vão ser felizes. Quero que me prometa que vocês vão ser felizes.

- Eu não posso fazer isso. O máximo que eu farei sem você é, mais uma vez, sobreviver. Não confio nele, meu amor. Não sei o que ele pode te fazer. – apertei ela ainda mais a mim, com cuidado para não machucar Bianca Helena – E ela precisa de você. Ela precisa de uma mãe para quando dê os primeiros passinhos, para quando o primeiro dente esteja por nascer e para o dia que disser a primeira palavra. Eu preciso de uma companheira em todos esses momentos porque não há nada mais doloroso que passar cada uma dessas coisas sozinho, sem ter ninguém para compartilhar. – me lembrei de cada noite que passei sozinho com Matteo e de quando cada uma das coisas que citei aconteceu com ele. Eu só soube chorar na época e faria o mesmo agora se não tivesse ela ao meu lado – Você não é um objeto para que ele tenha sua posse. Não posso te deixar sozinha com um doente como ele. – aproximei minha boca do seu ouvido – Quando eu contar três, você vai correr para o lado oposto do que ele está e se esconder atrás da escada.

- O que? – seu sussurro foi quase inaudível.

- Faça o que eu disse. Corra e se esconda. Ele não vai atirar em você. Proteja nossa filha. – voltei a olhar para ela e beijei seus lábios mais uma vez – Eu te amo e vou te amar para sempre.

- Ruggero n... – antes que ela pudesse falar eu comecei a contar.

- Um, dois, três. – ela fez o que eu disse e correu com nossa filha no colo o mais rápido que pode e eu corri na direção de André, derrubando ele no chão.

Era arriscado, mas era a única chance que eu tinha de salvar a minha família.

- Acha que estou brincando? – falou tentando puxar a arma, que agora estava na minha mão. Eu fazia toda força possível para conseguir tirá-la totalmente das mãos dele.

- Não. E é por isso mesmo que estou fazendo isso. Porque não sei o que você é capaz de fazer. – tentei bater nele com a outra mão, mas não sei de que maneira ele conseguiu girar e colocar o peso do corpo em cima de mim.

- Então é bom você saber que em alguns segundos vais estar novamente com a sua amada. – tentou mais uma vez puxar a arma, mas a mantive em minhas mãos – No final você até deveria estar me agradecendo por te fazer esse grande favor. E eu, eu vou aproveitar o resto dos meus dias e noites ao lado da minha Karol.

- Você não vai encostar um dedo sequer nela. - respirei com dificuldade. Uma das mãos dele estava me sufocando e estava difícil demais manter o resquício de força que me restava.

- Tenha uma boa viajem de encontro a sua Bianca, Ruggero. – André puxou toda arma da minha mão e eu só fui capaz de empurrar ela para um lado qualquer antes do barulho de tiro ecoar pela enorme sala sem nenhum móvel.

- RUGGERO! NÃOOOOO! – ouvi o grito desesperado de Karol e fechei os olhos sentindo minhas mãos amolecerem e agora sim, soltarem por completo a arma.

 

Karol Sevilla

Uma dor insuportável surgiu no meu peito assim que ouvi o barulho do tiro. Segurei Bianca com cuidado e me certifiquei que ela não tinha acordado. Meu corpo tremia por inteiro. Eu não estava pronta para sair de trás daquela escada e olhar. A enfermeira que tinha se escondido ali junto a mim me olhou com pânico nos olhos. Nenhum barulho vinha da sala. Nada. Nem vozes e nem passos eram ouvidos. Lá fora sim havia barulho. Uma troca de tiros entre os homens que André contratou e a policia.

Olhei minha filha dormindo serena em meus braços e pensei em cada coisa que já vivemos até aqui. Desde o momento em que conheci Ruggero no hospital. Nosso primeiro beijo, a primeira vez que Matteo me chamou de mãe, nosso casamento, todos os problemas que passamos, as dificuldades, os medos, cada uma das coisas que conseguimos superar preencheu a minha mente e reunindo uma força que eu não sabia de onde veio, respirei fundo e caminhei de olhos fechados até um ponto onde conseguiria ver o que aconteceu.

Levei as mãos até onde estaria meu amuleto da sorte se eu não tivesse colocado ele no balão junto às cartas para Bianca. Ainda que o amuleto não esteja comigo, eu sempre mentalizo que ele está e que a dona dele, aquela menina que o entregou a mim muitos anos atrás, de alguma forma está me ajudando.

Ouvi a porta sendo aberta, vidros sendo quebrados e pessoas entrando. Abri os olhos e encarei a realidade.

- Meu amor. – corri até Ruggero que estava caído no chão com a roupa cheia de sangue – Meu amor, fala comigo. – abaixei-me ao lado dele e ele abriu os olhos.

- Meu amor. – ele respondeu enquanto policiais mexiam em André que estava caído ao lado dele, com a arma na mão. Levantou o tronco e passou os braços ao meu redor, beijando meu rosto.

- Eu achei que você...- não consegui falar – Eu pensei que tinha te perdido. – meus olhos se encheram de lágrimas.

- Ainda temos muito para viver, meu amor. – olhou fundo em meus olhos – Nossa história tem sim um final feliz. – encostamos nossos lábios e ficamos alguns longos segundos com eles pressionados – Esse garotinha ainda vai ter muitas coisas que contar ao pai e a mãe quando chegar da escola. – beijou a cabeça dela, que abriu os olhinhos devagar – Bom dia, meu amor. Papai e mamãe estão aqui com você. – sorriu para ela e voltou a sorrir para mim.

- Nunca mais na sua vida se atreva a se arriscar dessa maneira, ouviu bem. – encarei seus olhos castanhos, também marejados.

- Eu me arriscaria mil vezes mais para salvar você. Porque eu te escolheria. – sorriu e eu não entendi o que ele quis dizer.

- Eu sei, meu amor. Você já me escolheu há muito tempo. – passei a mão por seu rosto.

- Não, Karol. Eu escolheria você e não Bianca. – demorei alguns segundos para processar o que ele havia dito – Eu amo Bianca com todas as forças, mas você é o meu grande amor. Porque sinto que ao te amar, posso também amar ela. – deixei as lágrimas escorrerem pelo meu rosto e encostei nossas testas – Você é o meu destino, Karol. A única.

Mantemo-nos abraçados por algum tempo, não sei dizer quanto. Era tudo que precisávamos naquele momento.

Passei Bianca para o colo dele. Rugge precisava sentir a nossa filha e que ela estava bem. Que tudo o que ele fez valeu a pena e ela estava a salvo.

Olhei para o chão. Policiais e médicos estavam parados ao lado dele. Ele estava respirando, dava para perceber isso ainda que seus olhos estivessem fechados. O tiro atingiu a perna direita e o chão estava manchado de sangue.

Era triste. Muito triste ver que nossa amizade acabou daquela maneira. Que o relacionamento tão bonito que construímos na adolescência se transformou em uma obsessão tão doentia e que gerou marcas tão negativas em nós dois. Eu queria um outro final para essa história. Queria estar compartilhando com ele minhas felicidades e que ele pudesse encontrar alguém que o completasse como eu encontrei.

Mas o destino prega algumas peças e faz algumas coisas que não conseguimos entender. Nem todos os finais são absolutamente felizes. Alguns finais felizes também têm suas marcas tristes e suas cicatrizes. Algumas dessas cicatrizes conseguem ser curadas e outras simplesmente devem ser esquecidas.

Minha maior marca de toda essa história ainda é pequena demais para entender tudo o que acontece ao redor dela.

No meio de tudo isso, de todas as coisas, de tudo que possa ter acontecido, eu olho para Ruggero ninando Bianca e entendo que o aperto no peito que senti no dia do aniversário do Matteo, horas antes de nos conhecermos, não foi por acaso. Foi o destino querendo me avisar de alguma coisa. Foi o mundo querendo me preparar para tudo isso e me alertando. Foi quase uma forma de dizer: ei, Karol, você é a única.

E Bianca, onde quer que você esteja, obrigada por ser parte dessa história.


Notas Finais


E ai?
O que me dizem?
No capítulo passado eu falei que eu nunca havia dito que o final seria feliz, mas eu também nunca disse que ele seria triste, vocês tiraram as próprias conclusões sobre esse assunto hahahah
Agora nos resta apenas o epílogo.
Obrigada por me acompanharem por todo esse tempo nessa linda história de amor. Não existe outra coisa que defina essa história além de amor. E uma história como essa não poderia terminar de forma trágica, não depois deles terem superado tantas coisas.
Hoje, mais que nunca, quero saber a opinião de vocês. De cada um de vocês. Leitores que comentam todos os capítulos, oi. Leitores fantasmas, oi também. Comentem aqui e se quiserem lá no twitter @aboutlutteo
Ainda falta um. Nossa despedida não é aqui, então eu ainda posso dizer, nos vemos <3


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