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História The Only Exception - Capítulo 24


Escrita por: SweetScar

Notas do Autor


Oi, amores! <3
Voltei, gente — de novo. Desculpem pelos TRÊS longos meses sem atualizações. Estava morrendo de saudades de vocês. ❤
Escrevi um capítulo maior dessa vez, só para compensar o tempo que passei sem postar nada. Espero que gostem.

Capítulo 25 - Capítulo 24


Fanfic / Fanfiction The Only Exception - Capítulo 24

ETHAN DANIELS

“Você me tem nas mãos, nem sabe o tamanho do seu poder.”

O toque repetitivo do meu celular é o que me faz acordar cedo na manhã seguinte. Eu abro os olhos, ainda pouco sonolento, e retiro Avery de cima do meu braço com cuidado para não acorda-la, para então conseguir alcançar o telefone sobre a mesa de cabeceira. Atendo a chamada sem ao menos me preocupar em saber quem está me ligando.

— Alô?

— Bom dia, flor do dia. — Ouço uma voz conhecida responder do outro lado.

— Logan. — Eu digo, sonolento. — O que você quer?

— Nada. — Como? — Estava dormindo?

— Claro. O que mais eu estaria fazendo uma hora dessas?

— Como eu vou saber? — Ele ri. — Avery está deitada na mesma cama que você agora?

— O que você quer, Logan? — Pergunto, impaciente.

— Pode vir até a minha casa mais tarde? Tipo, lá pelas oito?

— Da manhã?

— Não, não, não. — Ele diz rapidamente. — Oito da noite.

— Para fazer o quê?

— Preciso da sua ajuda para resolver um... assunto.

— Assunto?

— É, é. Não é nada grave, mas preciso de uma segunda opinião. E de uma terceira também, por isso traga Avery com você.

— Sim, mas...

— Ótimo, beleza. Vejo você daqui a algumas horas.

— Walker... — Começo a dizer, mas paro assim que ouço a ligação ser encerrada.

O que foi isso?

Encaro a tela do celular por três segundos e me pergunto qual é o problema de Logan. Ele não podia esperar até mais tarde para me ligar? Não sei se ele percebeu, mas são apenas 4h47 da manhã. Embora esteja acostumado com as loucuras do meu amigo, às vezes ele me deixa frustrado.

Disposto a dormir de novo, desligo meu celular e o mando de volta para o mesmo lugar em que estava antes. Um pouco cansado, fecho meus olhos, mas um momento depois torno a abri-los. A imagem de Avery me contando sobre tudo aquilo que ouvi ontem à noite me faz perder o sono. Dá para acreditar nisso? Nossos pais tiveram um caso. Descobrir isso foi, definitivamente, um choque para ela e para mim também, afinal quem poderia imaginar uma coisa dessas? Esta vida é estranha e cheia de surpresas.

Mas, pelo menos, Avery parece mais tranquila agora. Ela parece desfrutar bem do seu sono e eu fico feliz que o faça. Ela precisa relaxar, estava bastante nervosa ontem à noite e não era para menos. Ela teve uma infância e tanto, bem diferente da que eu imaginava. Até quatro meses atrás, eu pensava que esta garota era somente a filha de Ryan Thomson, uma idiota mimada e sem escrúpulos, como tantas outras que existem por aí. No final, acho que acabei me surpreendendo: encontrei alguém totalmente fora desse conceito e terminei me apaixonando por ela.

Não consigo dormir depois da onda de pensamentos conflitantes que invadem minha cabeça. Eu fico rolando no colchão até às 6h da manhã, quando junto minhas forças e decido, finalmente, sair da cama. Deixo Avery sozinha e sigo até meu quarto e em seguida, para o banheiro — vou precisar de um longo banho frio para afastar essa minha indisposição matinal.

***

Avery acorda somente uma hora depois. Ela me encontra na cozinha enquanto tento preparar meu próprio café da manhã.

— Hey. — Ela diz, assim que me encontra.

— Oi. — Me ouço dizer. — Você está bem?

— Bem. — Ela responde, simplesmente, enquanto enrola seu cabelo e o prende em um coque. — Faz tempo que você acordou?

— Não muito. — Eu escolho os ombros.

— Humm. — Ela murmura por dois segundos. — O que está fazendo?

Avery para ao meu lado, em frente ao fogão, e olha para dentro de uma das frigideiras sobre o fogo.

— Café da manhã. Está servida, senhorita?

— Claro. — Ela ri. — Mas o que é?

— Panquecas de omelete.

— Panquecas de omelete? — Ela arqueia as sobrancelhas. — Não sabia que isso existia.

— Existe agora. — Eu movo os ombros e sigo dizendo: — Okay, você pode esperar sentada ali na mesa. Não gosto que as pessoas me atrapalhem enquanto estou trabalhando. — Falo, sarcasticamente.

— Tudo bem, senhor Daniels. Entendi o recado. — Ela finge uma falsa indignação, porém a mesma logo faz o que pedi e se acomoda em um dos lugares à mesa.

Quinze minutos mais tarde nosso café está pronto. Coloco nossos pratos sobre a mesa e me junto à Avery para comer.

— Ansiosa para provar minha especiaria?

— Bem, não. Na verdade, estou com medo de colocar essa sua comida na minha boca, porque isso está parecendo com qualquer outra coisa, menos com panquecas.

— Como você tem coragem? — Pergunto dramaticamente e em resposta recebo uma alta gargalhada.

— Estou sendo sincera.

— Por favor, não seja.

— Mas eu vou dar uma chance ao seu prato, não se preocupe. Isso não deve ser pior que os biscoitos que preparei para Edward semana passada.

— Isso é bem provável.

— Como pode ter certeza? Você nem mesmo os provou.

— E precisava? — Esta é a minha vez de rir. — Até a água que você gela fica estranha.

— Hahaha. Muito engraçado. — Ela revira os olhos. — Vamos terminar logo com isso. Quero comentar o quão mal cozinheiro você é.

Para a minha felicidade, as panquecas que havia preparado ficam ótimas. Avery fica surpreendida quando percebe que eu também posso mandar bem na cozinha — tudo bem que até mesmo eu fiquei surpreso, elas não ficaram tão boas na última vez que tentei.

— Você merece parabéns. Me surpreendeu. Já estava preparando meu discurso falando sobre você não conseguir diferenciar sal de açúcar.

— Obrigado, Avery. — Digo de forma irônica e nós dois acabamos rindo juntos.

Gosto que Avery esteja bem descontraída esta manhã, pensei que nem mesmo fosse sair de seu quarto hoje, mas olhem para ela agora.

— Uau. — Uma terceira voz enche o cômodo de repente. — Parece que alguém acordou cedo esta manhã para preparar o nosso café.

— Parece que você tem um filho que se preocupa com o seu bem estar. — Sou eu mesmo quem digo.

— É aquele ditado que o seu avô sempre dizia, meu filho, “não fez mais que sua obrigação”.

— Meu Deus! — Avery ri e isso massageia o ego da minha mãe.

— Bom dia, querida. Dormiu bem? — Ela pergunta um segundo depois.

— Dormi, sim. Obrigada.

— Seus olhinhos estão um pouco tristes. Está tudo bem com você? — Insiste Sofia.

Avery e eu fazemos uma discreta troca de olhares e eu sei que ela se sente um pouco hesitante para responder a pergunta da minha mãe.

— Estou bem, não se preocupe. — Avery sorri, docemente. — Acho que um pouco de maquiagem vai me fazer bem.

— Claro. — Diz minha mãe. — Okay, já que está tudo bem, estava pensando em irmos no shopping mais tarde dar uma volta comigo. O que você acha? Quero comprar umas roupas, mas preciso de uma segunda opinião.

— Hum, tudo bem. — Diz Avery, afinal. — Acho que vou gostar de conhecer um pouco mais a cidade. — Para mim, Avery diz: — Você vem com a gente?

— Não, vou precisar sair.

— E para onde você vai?

— Não é para onde eu vou, mas sim, o que vou fazer.

— E o que vai fazer?

— Preciso resolver alguns problemas, provavelmente estarei o dia inteiro fora.

— Ah, sim. — Avery murmura, sem pressa.

— Bem, mas não se preocupe, acho que você e minha mãe vão se divertir bastante, mesmo sem mim.

— Não tenha dúvidas sobre isso. — Minha mãe diz. — Pronta para uma tarde incrível, Avery?

— Claro. — Avery sorri sem hesitar. Ela realmente sabe que está em ótimas mãos.

AVERY THOMSON

— Então, o que você acha?

À tarde, Sofia me leva até uma boutique no shopping para ajudá-la na escolha de um vestido. Ela foi convidada para um casamento que acontecerá dentro de duas semanas e ainda está em dúvida sobre o que irá usar.

— Este vestido está ótimo. — Eu digo, enquanto observo ela auto avarliar-se no enorme espelho à nossa frente, próximo aos provadores da loja.

— Tem certeza?

Sofia está usando um longo vestido verde escuro com mangas até os pulsos e detalhes de renda na parte superior. É lindo, tenho que admitir. Mas...

— Sim, mas já que está em dúvida, deveria provar àquele. — Eu aponto para um lindo vestido na vitrine, o qual roubou minha atenção desde que cheguei. — É incrível, não?

— Acha que ele combina comigo?

— Não custa nada experimentá-lo, certo?

— Vocês já se decidiram? — Uma das moças que trabalham no setor da loja interrompe nossa conversa e automaticamente olhamos para ela.

— Bem, não. Ainda estou me decidindo. — Responde Sofia. — Àquele vestido ali, pode trazer um modelo para que eu possa experimentá-lo?

— Claro, senhora. — Responde a atendente cheia de classe. — Me dê um minuto.

Quando ela se vai, Sofia e eu novamente voltamos a ficar a sós.

— Sabe, eu estava pensando, — Sofia diz, — não precisamos voltar para casa agora, que tal irmos almoçar em algum restaurante depois de sairmos daqui?

— Claro, — eu concordo, — seria ótimo.

Quando a atendente volta para nós com o vestido que pedimos, ela o entrega para Sofia e a mesma segue novamente ao provador para trocar-se mais uma vez. Enquanto isso, a moça que trabalha na loja e eu ficamos conversando sobre coisas aleatórias até que Sofia volte.

— Uau. — Eu digo quando Sofia retorna, já usando o vestido que lhe indiquei. — Você está incrível.

— Sério? — Ela questiona, sorridente.

— Sim. — Não hesito em dizer.

Parece que esta roupa foi feita para ela. O vestido marca divinamente o seu corpo e... Nossa, ela está perfeita.

Não me lembro de Isabela vestida tão bem assim, nem mesmo com seu corpo escultural.

— Devo levá-lo?

— Com certeza.

Sofia confirma com a cabeça e sorri para mim. Ela sabe que é este.

Depois de sairmos da loja e da parte interna do shopping, a mãe de Ethan e eu vamos até um luxuoso restaurante não muito distante de onde estávamos. Gosto do ambiente logo de cara, o lugar é super tranquilo e não há uma grande quantidade de pessoas.

Enquanto almoçamos, Sofia e eu conversamos todos os assuntos possíveis. Gosto de conversar com ela, entre nós as coisas fluem tão naturalmente. Não preciso me esforçar para impressioná-la, ela gosta de mim do jeito que sou — bem, pelo menos é o que parece.

— Uau, a comida deste lugar é incrível. — eu comento, depois de experimentar um pouco do frango tailandês que eu pedi.

— Realmente. — Sofia concorda. — Aliás, você recisa provar o petit gateau que eles preparam aqui. Tenho certeza que vai adorar.

— Claro. — Eu digo.

— Então, — Sofia volta a falar meio minuto depois, — o que aconteceu com você ontem?

— O que? — Eu paro. — Como assim?

— Esteve chorando durante a noite, Avery. — Ela diz. — Seus olhos a entregaram esta manhã. Estava triste.

— Eu... — Começo a dizer, mas ela me interrompe.

— Pode me contar o que está havendo, se quiser. Mas não precisa mentir para mim.

— Eu sei. — Admito. — Mas não aconteceu nada demais.

Não quero ter que contar a Sofia que minha mãe e seu ex marido tiveram um caso. Sei que eles não estavam mais juntos naquela época, porém não penso que a situação seja amenizada por conta disso.

— Estou com alguns problemas familiares. — Eu digo, o que não é bem uma mentira. — Mas sei que tudo vai ficar bem no final. Ethan tem me ajudado bastante.

— Você gosta muito dele, não é?

— Demais. — Eu respondo. — É meu melhor amigo e eu o amo.

— O sentimento é recíproco. — Ela diz, sorridente. — Ethan também adora você e, aqui entre nós, sabemos que o quê sentem um pelo outro não se resume apenas à amizade.

A afirmação de Sofia faz meu coração acelerar, porém eu não desminto sua afirmação. Não vai adiantar eu mentir para ela.

— Vejo como vocês olham um ao outro. Não sei se sabe disso, Avery, mas seus olhos brilham quando encontram os de Ethan. — Meu coração está disparado e eu não sei o que dizer. — O mesmo acontece com Ethan. Ele parece tão envolvido por você. Não sei porque estão perdendo tempo. Deveriam viver este amor que guardam dentro de si. Afinal de contas, o que iriam perder?

***

Passo o restante do dia pensando nas palavras de Sofia. O que eu poderia perder se começasse um romance com Ethan? Nada. Mas e se no fim não déssemos certo, nossa amizade iria por água abaixo? Com certeza. E eu não quero ter que perdê-lo totalmente. Ethan Daniels tem sido meu tudo estes últimos meses — e eu não estou disposta a acabar com o que temos.

ETHAN DANIELS

Eu passo o dia inteiro longe de casa, quando retorno já é noite. Encontro Avery e minha mãe conversando na sala, porém mal falo com elas e sigo em direção ao meu quarto. Preciso tomar um banho e esfriar um pouco minha cabeça.

Entro debaixo do chuveiro e deixo que a água leve consigo todas as minhas frustrações. Eu estive dirigindo durante horas e todo o meu corpo está cansado. Andei pensando em Avery o dia inteiro. Eu não consigo tirá-la fora de minha cabeça e isso me assusta. O fato de nossos pais também terem tido um caso começou a me assustar. Minha mente está uma bagunça e eu quero organizar tudo aqui dentro antes que as coisas se compliquem ainda mais.

Depois que saio do banho, não sinto vontade de jantar. Estou sem apetite, mesmo sem ter comido nada o dia inteiro. Agora, tudo o que sinto vontade de fazer é dormir e não acordar nunca mais.

***

Estou deitado em minha cama, encarando o teto há uma hora, quando desvio o olhar e vejo o relógio sobre a mesa de cabeceira marcar 20h15. De imediato eu recordo a ligação que recebi de Logan esta manhã e me lembro que prometi a ele que estaria em sua casa às oito da noite. No entanto, não tenho a mínima vontade de sair de casa. Na verdade, eu prefiro qualquer coisa a isso.

Não querendo ter que ir até Logan, pego meu celular para ligar para ele e inventar que aconteceu uma emergência. Infelizmente, aquele idiota não atende e eu me vejo obrigado a abandonar minha casa para ir até lá.

Saio da cama, pego uma camisa social branca e um jeans preto no guarda-roupa e me visto rapidamente. Enquanto estou terminando de abotoar os botões da minha camisa, ouço alguém bater a porta do quarto e autorizo, seja quem for, entrar.

— Ethan.

— Oi. — Eu digo. É Avery.

— Ué, você vai sair de novo? — Ela pergunta, sentando-se na beirada da minha cabeça.

— Sim. — Eu termino de abotoar minha camisa e lanço para ela um olhar direto. — Algum problema?

— Claro que não. — Ela responde, um pouco atingida. — Foi apenas uma curiosidade. Mas para onde você está indo?

— À casa de Logan. Ele disse que precisa me ver com urgência.

— A esta hora?

— São apenas oito horas, Avery. Não precisa dar uma de minha mãe, vou estar de volta mais cedo do que você pensa.

— Hum. — Vejo as sobrancelhas dela subirem e descerem em questão de maio segundo. — E onde esteve o dia todo?

— Por aí. — Eu escolho os ombros e desvio meus olhos dos seus. — Por que o interrogatório?

— Não é um interrogatório! — Ela protesta. — É difícil você dizer para mim onde esteve?

É mais difícil do que você pensa, — quero dizer, mas acabo escolhendo ficar em silêncio.

— Desculpe, mas não lhe devo satisfações sobre minha vida.

Ok. Isso saiu mais seco do que deveria. Vejo Avery franzir o cenho e sua expressão, de repente, se torna confusa.

— Eu não... — Ela começa a dizer, mas eu a interrompo.

— Tudo bem. — Digo, ainda sem emoção. — Estou indo agora. Vejo você amanhã, ok? Talvez já esteja dormindo quando eu voltar.

— Oh, sim. — Ela responde, intimidada. — Até amanhã, então.

Eu dou para ela um simples aceno com a cabeça como resposta e saio do quarto. Enquanto estou me dirigindo até a porta de entrada do apartamento, me sinto um completo idiota por ter tratado ela de maneira tão rude. Ela não tem culpa de nada — ao contrário, é a pessoa mais inocente em toda escola. Talvez eu devesse voltar lá para convidá-la para ir comigo até Logan. Afinal, Logan também a convidou, não foi?

— Está a afim de vir comigo, Avery? — Pergunto, depois de retornar ao quarto.

Encontro-a do mesmo jeito que a deixei. A expressão confusa ainda está lá estampada em seu rosto.

— Ir com você até a casa de Logan? — Ela pergunta.

— Sim.

— Claro, tudo bem. — Ela responde, finalmente. — Apenas me deixe vestir algo mais apresentável.

— Ok, mas seja rápida.

— Eu serei.

***

Nós entramos na rua da casa de Logan às 20h50. Há vários carros estacionados próximos a calçada e eu tenho problema para encontrar um local para deixar o meu carro.

— É normal esta rua ter tantos carros assim? — Avery questiona, depois que finalmente encontro um lugar para estacionar.

— Não, deve estar acontecendo alguma festa pelas proximidades.

— Oh, sim. — Ela responde e começa a se livrar do sinto de segurança.

Nós saímos do carro juntos e enquanto caminhamos em direção à casa de Logan, me amaldiçoo por ter deixado ela trocar de roupa — estes malditos jeans que ela está usando me deixando louco. E eu me sinto culpado por olhar para ela com tanto desejo.

— Aqui. — Eu coloco minhas mãos sobre os ombros dela e a guio para o lado, para a entrada da casa de Walker.

Assim que chegamos à porta, eu ergo meu braço para tocar a campainha e espero um pouco até ser atendido. Do lado de fora, tudo parece tranquilo, não há barulho algum e se eu bem conheço Logan, esta é uma atitude suspeita.

Depois que a porta é finalmente aberta, tudo acontece muito rápido — primeiro há escuridão, depois uma luz é acesa e tudo o que escuto é uma multidão gritando “surpresa”. Surgem, então, ovações, saudações e mais gritos.

Não acredito no que estou vendo.

— E aí, cara! — Logan aparece do nada em minha frente e eu sinto vontade de bater nele. — Bem-vindo de volta.

— E aí, Logan. — Eu digo, tentando disfarçar toda a raiva que estou sentindo agora.

— Surpreso? — Ele pergunta, sorridente.

— Claro, bem surpreso.

— E olha só quem também está aqui. — Ele se dirige a Avery e ela sorri. — Tudo bem?

— Claro. — Ela responde e vejo Logan avançar para abraçá-la.

Vejo ele sussurrar algo no ouvido dela e me sinto um pouco enciumado. Estou prestes a puxar ela de volta para mim, mas antes que o faça, um grupo de caras que jogava comigo no time se aproxima e eu me vejo cumprimentando todos.

— E aí, cara. Quanto tempo! — Josh McCartney diz, depois de bater em minhas costas e socar meu ombro.

— Pois é. Aprontaram muito sem mim?

— Você nem imagina. — É Derrick Montgomery quem diz e suas palavras são seguidas por uma longa onda de gargalhadas.

Vejo eles se apresentarem para Avery também e sou forçado a fingir que não percebo seus olhares maldosos sobre o corpo dela. Sei que não deveria sentir ciumes, mas, aqui entre nós, estou quase tirando minha camisa e dando-a para Avery amarrar em volta da cintura.

Mas, infelizmente, não tenho o direito de fazer isso.

Minutos mais tarde, quando eu finalmente consigo puxar ela para o canto para ficarmos a sós, eu me desculpo por toda a algazarra que Logan nos fez passar.

— Não se preocupe. — Ela diz, encolhendo os ombros. — É seu amigo, está feliz com a sua volta e só quis fazer uma surpresa.

— Logan é um idiota. — Eu murmuro. — Disse para ele que não queria uma festa.

É quase estranho ouvir isso saindo da minha boca. Até pouco tempo atrás, eu não sabia viver sem elas.

— Tudo bem, amigos são assim mesmos. Idiotas.

Eu sorrio.

— Indireta recebida com sucesso. — Eu digo e isso a faz sorrir.

— Hey, Ethan! — Austin, outro cara do time, grita do primeiro andar. — Temos uma surpresa para você. Pode vir até aqui, cara?

Eu faço um sinal para que ele espere e me viro para Avery. Talvez este seja o momento certo para me distrair um pouco — preciso levar meus pensamentos para longe desta garota, do contrário eu vou enlouquecer.

— Eu vou até lá. — Eu digo para ela. — Procure algo para beber e enturme-se, Avery. Ok?

Ela balança a cabeça de forma positiva, porém eu consigo ver hesitação em seus olhos. Entretanto colocar um espaço entre nós é o certo a se fazer — me distanciar dela é o que eu preciso. Mesmo que esta decisão não seja por livre e espontânea vontade.

AVERY THOMSON

“ — Se enturme, Avery. ” — Acho que essa foi uma das frases que eu mais odiei ter que ouvir.

Não me conhece mais, Ethan? Eu sou a anti-social aqui, se esqueceu. Comunicação não é o meu forte. Queria que Daniels estivesse aqui para me ouvir dizer isso, mas é tarde demais, eu já o perdi na multidão e não existem rastros seus. Maldita a hora em que disse que o acompanharia até aqui — eu deveria estar em casa com Sofia, assistindo algum seriado ou ouvindo músicas antigas. Porém, vejam só onde eu estou — culpa de Logan também, ele não tinha nada para fazer, não? A grama do jardim está alta.

Respire e expire, Avery.

Talvez eu só devesse ir embora.

— Hey, você. — Uma voz feminina chama minha atenção. — Tudo bem?

Parada a poucos passos atrás de mim, encontro uma garota desconhecida me encarando. Seus olhos são cinzas e eu sinto um arrepio correr por mim quando olho para dentro deles. O sorrisinho sinistro em seu rosto também me assusta.

— Oi. — Eu respondo, séria.

— Como você se chama?

— Avery. — A resposta escapa dos meus lábios automaticamente.

— Bonito. — Ela comenta. — Me chamo Suzan. — Penso em estender minha mão para cumprimentá-la, mas responder com um aceno de cabeça parece ser mais seguro. — Então, de onde conhece Ethan?

— Faculdade.

— Vocês estudam juntos?

— Sim.

— Está namorando com ele?

— Eu... — Não sei porque ainda estou respondendo essa menina. — Não. Mas, para que quer saber?

— Curiosidade. — Ela é sempre assim tão curta?

— Okay, tudo bem. — Eu digo. — Olha, eu preciso fazer uma ligação, então se me der licença...

Não espero uma resposta dela para poder sair correndo dali. Que garota estranha, eu realmente prefiro ficar sozinha agora...

O lado de fora da casa de Logan parece mais confortável que o interior dela. Decido ir até o jardim para ficar um pouco sozinha e encontro um lugar perfeito para curtir minha solidão — um balanço de madeira próximo a um canteiro de flores. Caminho até lá e fico feliz por não ver pessoas ao meu redor.

Meus pés ainda alcançam o chão depois que me acomodo e fico grata por conseguir mover o balanço sem precisar fazer esforços. O ar frio do outono bate em meu rosto enquanto estou ali e puxo as mangas do meu suéter para cobrir um pouco de minhas mãos. O céu está nublado e mentalmente eu imploro a Deus para que não comece a chover. Não quero ter que voltar lá dentro.

Me puxando para fora de meus devaneios, sinto meu celular vibrar no bolso do jeans azul escuro que estou usando e imediatamente o tiro para atender.

É Isabela. Preocupação toma conta de mim, algo grave deve estar acontecendo, se não ela nunca ligaria para mim.

— Alô?

— Avery? — Sua voz séria e controlada responde do outro lado da linha.

— Sim, Isabela, sou eu. O que houve?

— Preciso conversar com você. — Ela diz. Não há barulho no local em que ela está, possivelmente deve estar sozinha.

— Comigo?

— Sim.

— Tudo bem, pode falar.

— É sobre Edward, seu irmão. — Ok, não deve ser nada tão horrendo, dois dias atrás estive conversando com Edward e ele estava bem.

— O que tem ele?

— Sabe que ele não aparece em casa faz meses, certo?

— Sei, sim.

— Então, queria saber se durante este período meu filho entrou em contato com você.

— Por que Edward entraria em contato comigo, Isabela? — Eu pergunto, tentando soar o mais convincente possível. — Sabe que ele e eu não temos nos dado muito bem.

— Avery, já se passaram quase sete meses que Edward não dá sinais de vida. — Sua voz é profunda e triste, quase toca a parte sensível que há em mim. — Estou preocupada com o que pode ter acontecido a ele.

Meu Deus. Será que faço bem em esconder a verdade dela?

— Ele deve estar bem, Isabela. Sabe que Edward está acostumado a passar meses e mais meses fora de casa.

— Você não...

— Não tenho notícias dele, na verdade, faz anos desde a última vez em que o vi.

— Me diga por que não consigo acreditar em você.

Eu gelo.

— Não sou responsável por sua desconfiança, Isabela. — Eu digo, impaciente. — O que acha, que estou escondendo de você o paradeiro do meu irmão?

— Isso não me surpreenderia vindo de você.

— Escute, acho que está buscando informações com a pessoa errada. Ligue para a polícia ou para uma agência de detetives, quem sabe eles possam te ajudar?

— Precisa amadurecer, Avery.

— Você me dizendo isso, Isabela? — Eu questiono. — Até parece ironia. — Posso ouvir sua respiração pesada daqui. — Escute, não quero discutir com você, se perguntar sobre Edward era tudo o que queria, já lhe disse tudo o que eu sei, então podemos terminar por aqui.

Um longo silêncio se instala em nossa conversa e logo em seguida vejo a chamada ser encerrada. Contra minha vontade, um aperto se instala em meu peito? Será que eu fiz certo em não contar a verdade para ela? Alguém me disse uma vez que separar a mãe de um filho é um dos piores castigos que existem. Mas o que eu posso fazer? Foi Edward que pediu por isso. Ele não quer falar com ela, com certeza porque também está machucado — Isabela também foi capaz de machucar seu próprio filho. Nem sei se deveria denominá-la como uma mãe.

Sentada em meu lugar, penso se deveria ligar para Edward e informar que sua mãe está preocupada. Talvez ele, por livre e espontânea vontade, acabe contatando ela de volta. Quem sabe eles até façam as pazes — Edward tem um coração duro, mas nunca se sabe, não é?

Entretida, olhando para a tela do meu celular, questionando se deveria ou não ligar para Edward, não percebo que alguém se aproxima do lugar onde estou. Quando eu escuto os passos da pessoa sobre a grama do jardim, ela já está perto demais.

— Boa noite.

A voz rouca de um rapaz desconhecido faz eu desviar a atenção da tela do meu celular para olhar para frente. Um arrepio corre pela minha espinha e sou tomada pelo sentimento de medo. Ele está vestido de preto, tipo, quase totalmente — jeans escuro, jaqueta escura, botas escuras e eu mal consigo ver seu rosto por conta da falta de iluminação.

Meu corpo estremece. Acho que agora é o momento certo para correr, mas como vou conseguir fazer isso com as pernas inteiramente adormecidas?

— Ok. Péssima noite, então?

— Escute, eu tenho spray de pimenta aqui comigo, então nem ouse se aproximar. — Eu digo, finalmente conseguindo me pôr de pé.

Ele sorri.

— Pratica artes marciais também? — Ele caçoa.

— Não duvide. — Eu digo, afastando-me para o lado.

— Ok, tudo bem, não se preocupe. — Ele parece se divertir com a situação. — Não acho que vai precisar executar seus golpes em mim hoje.

Desviando seu olhar de mim, ele caminha até o balanço e toma o lugar que antes era ocupado por mim.

— Ninguém mandou você se levantar. — Ele comenta, como se fosse capaz de ler meus pensamentos.

Sua imagem fica mais nítida quando ele troca de lugar. Agora consigo ver seu rosto com mais claridade e tenho que dizer — ele é lindo. Me lembra até um pouco de Ethan, mas seus olhos não são os mesmos.

— Não precisa se preocupar, estou voltando lá para dentro. — Juntando coragem, dou as costas ao desconhecido e começo a traçar um caminho de volta a casa de Logan.

— Você não parece estar curtindo a festa, por que vai voltar lá?

Sua voz me faz parar. Depois de uns segundos pensando se deveria ou não responder a ele, viro-me em sua direção e pergunto:

— Quem foi que disse que eu não estou gostando?

— Você nem precisa dizer, estar estampado no seu rosto. — Ele responde como se fosse óbvio. — É fácil ler suas expressões, mesmo que tente disfarçá-las.

— Ok, que tipo de criatura é você, capaz de ver no escuro?

Ele sorri novamente, desta vez um pouco mais alto.

— Eu vi você lá dentro com Ethan. — Ele me responde. — E depois com Suzan.

— Suzan?

— A garota que se apresentou a você há meia hora. Notei que ficou com medo dela.

— Não fiquei com medo dela. — Eu protesto.

— Assustada é a palavra certa? — Ele parece gostar de se divertir às minhas custas. — Suzan não morde, você precisa saber. Ela só é um pouco... intrigante.

— Oh, sim, obrigada, esta sua notícia foi bem relevante. — Murmuro com ironia.

— Ela é amiga de Bárbara, provavelmente foi mandada para tirar informações de você.

— Quem é Bárbara e que informações ela estava querendo ouvir? — Eu cruzo os braços, impassível.

— Bárbara é a ex-namorada de Ethan. Ela nunca se conformou com o final do relacionamento e esta noite, provavelmente, vai querer tentar algo com ele. Mandou Suzan interrogar você para descobrir se estavam tendo ou não um caso. — Ele explica, tranquilamente. — Você disse que não, ela recebeu o recado, percebeu que você não é uma ameaça e seguiu com o plano.

Meu corpo estremece. Ele está falando sério?

— Eu sou capaz de apostar com você que ambos estão em algum quarto lá em cima, se comendo. Literalmente.

Minha respiração se descontrola um pouco e eu sinto o sangue fervendo em minhas veias.

Respire e expire, Avery...

— Puta merda! — O estranho pragueja. — Acho que não deveria ter dito isso. Você gosta dele, não é?

— Claro que não! — Eu respondo.

— Está morrendo de ciúmes.

— Claro que não. — Novamente eu lhe dou as costas e saio caminhando.

— Claro que sim! — Ouço seus passos vindo atrás de mim. — Senão não estaria tão alterada.

— Não estou alterada.

— Caramba, Avery, desculpa. É sério!

— Não sei porque está se desculpando, não tem culpa de nada.

— Não deveria sair por aí falando tudo o que penso. Você sabe, Ethan pode rejeitá-la.

— Danem-se eles. — Eu digo, incapaz de controlar minha língua. — Posso saber como descobriu meu nome?

— Ouvi você conversando com Suzan, esqueceu?

Dane-se Suzan também.

— Espera aí. — Ele se adianta um pouco e pára bem em minha frente, me impedindo de seguir adiante. — Fica calma.

— Já estou calma. — Eu digo, pisando forte sobre o chão.

— Pode esquecer tudo o que me ouviu dizer até aqui? Quero começar de novo.

— Você pode, por favor, me deixar passar?

— Apresente-se para mim.

— Você já sabe quem eu sou.

— Muito prazer, Avery. Me chamo Brandon.

— Prazer, Brandon. — Eu murmuro, sarcástica. — Agora saia da minha frente. Preciso dizer a Ethan que estou indo para casa.

Cedendo ao meu pedido, ele finalmente libera o caminho e me deixa passar — aparentemente, ele também pára de me seguir, pois também não ouço mais seus passos.

Estou a poucos metros da entrada da casa de Logan quando uma cena me faz parar. Meu coração praticamente se quebra em mil pedaços quando vejo Ethan aos beijos com uma garota em frente à residência. Suas mãos estão abraçando forte a cintura dela e a própria está praticamente usando suas mãos para tocar em seu corpo tudo o que for possível.

Sinto meus olhos arderem e já posso prever as lágrimas descendo descontroladas por meu rosto. Ethan e a tal garota mal percebem minha presença ali — uns dez metros de distância nos separam, mas ainda assim...

— Avery. — Uma mão fria repousa em meu ombro e eu a coloco para longe de mim.

— Você venceria a aposta se tivesse feito-a, Brandon. — Eu digo. — Eles estão se comendo. Literalmente.

— Quer ir para casa? — Sua voz é baixa, mas ele está parado ao meu lado, então é fácil entendê-lo.

— É isso o que eu vou fazer agora.

— Precisa de uma carona até lá?

— Não, não. — Eu digo, limpando em meu rosto o trajeto feito pela primeira lágrima. — Posso me virar sozinha.

— Tem certeza?

— Claro. — Eu respondo, longo me empurrando para longe dali.

Tudo o que eu quero agora é voltar para casa. Para minha casa.


Notas Finais


Voltei aqui só pra pedir desculpas mais uma vez.
Vão me perdoar, né? 🌚

Ps: A última parte narrada por Ethan pode ter ficado um pouco confusa, mas ignorem isso — foi proposital. Tudo vai ser esclarecido no próximo capítulo, que já está em andamento.

Vejo vocês em breve. ❤


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