História The Opposite - I believe in you

POV LAUREN

 

  

  Sabe aquela sensação de estar começando a realmente se apaixonar por alguém? Quando somente ver a pessoa é suficiente pra alegrar seu dia inteiro? Ou quando ela está triste você fica triste também? Você acaba tomando as emoções da pessoa para si, e é isso que está acontecendo comigo nesse exato instante. Camila e eu estamos em meu carro, ela quase pulando as janelas de tanto nervosismo e eu ultrapassando todos os sinais pra poder chegar rápido ao hospital. Depois de um trajeto de 15 minutos - o que na realidade demora meia hora - chegamos ao hospital. Antes mesmo de estacionar o carro, Camila desce as pressas dele, me fazendo deixá-lo de qualquer jeito no estacionamento do hospital. Saímos correndo em direção à ele e logo na porta nos deparamos com uma secretária atrás de uma enorme mesa redonda de mármore. Camila é mais rápida que eu e já vai logo perguntando ofegante:

 

  

  - Sofia... Sofia Cabello, onde está?

  

  

  - Só um momento, vou verificar. - Depois do que pareceu um século digitando atrás de seu computador a mulher de aparência mais velha e cabelos grisalhos nos pede pra aguardarmos sentadas. -Mas... antes disso, para aguardar a paciente aqui, precisam ter algum tipo de parentesco com ela, seja direto ou indireto. Vocês são o que de Sofia Cabello? - a mulher pergunta e me encara com olhos como se dissessem " Se ferrou, você não é parente". No começo me senti como a única pessoa a qual ela disse isso, mas logo percebi que com certeza ela dá esse olhar pra muitos " intrusos " no hospital.  

 

  

  - Eu sou a irmã mais velha, Camila Cabello. E ela é... ela é minha namorada, Lauren Jauregui. - olhei com tanta surpresa pra ela que achei que meus olhos sairiam do rosto. A secretária teve a mesma reação.  

 

  

  - Poi...pois bem, podem aguardar nas cadeiras aqui ao lado que já vamos informá-las sobre alguma coisa. 

 

 

  Ainda olhando meio perplexa pra Camila, vou andando ao seu lado até sentarmos nas cadeiras provenientes para as pessoas aguardarem no hospital. Camila se senta e imediatamente começa a balançar as pernas sem parar um segundo sequer. Após alguns minutos, esse balançar começa a me incomodar, e coloco minhas mãos em sua coxa e empurro pra baixo fazendo com que ela pare de balançá-las e passa a me olhar com aqueles malditos olhos castanhos capazes de hipnotizar qualquer um que olhe pra eles.

 

  

  - O que foi?  

 

  

  - Fica calma, vai dar tudo certo. Eu to aqui para o que você precisar. - digo tentando passar um pouco de confiança para minha pequena. Peraí... minha? 

 

  

  - Parentes de Sofia Cabello? - um homem de aparentemente 40 anos aparece na sala com roupas brancas e jaleco da mesma cor. Com certeza era o médico. Eu e Camila já estávamos de pé a essa altura. - Ela é o que de vocês meninas? - o homem pergunta de uma maneira simpática. 

 

  

  - Ela é minha irmã doutor. - Camila rapidamente responde. 

 

  

  - Pois bem. Sua irmã está no quarto em observação. O acidente com a van que sua irmã estava causou apenas um sangramento que rapidamente revertemos. É provável que amanhã mesmo sua irmã leve alta. - Camila solta um suspiro de alívio enquanto eu sorrio. 

 

  

  - E quando poderemos vê-la doutor? - foi minha vez de perguntar. 

 

  

  - Bom, no momento vocês não podem vê-la pois ainda está na área dos internados em observação. Provavelmente vai ser transferida somente amanhã cedo. A alta sairá pela tarde. Mais alguma pergunta meninas? 

 

  

  - Não, nenhuma. Obrigado doutor. - disse a ele, que me respondeu com um sorriso. Ele se virou e começou a andar, quando se virou novamente para nós. - A propósito, formam um lindo casal. - piscou o olho e foi embora novamente. Estava com as bochechas coradas pelo elogio dele, quando a súbita realidade bateu, percebendo que não éramos um casal. Vejo Camila andar em direção à uma mulher um pouco mais velha, mas de aparência muito bela e conservada. Cabelos castanhos e mesmas feições de Camila. Com certeza era sua mãe. A latina abraça a mais velha e conta sobre a situação de sua irmã para ela, que agora está com o rosto mais sereno e tranquilo. Vou me aproximando das duas e solto um sorriso nervoso quando os olhos castanhos da mãe se fixam em mim. 

 

  

  - Mãe, essa é a Lauren. Ela que me trouxe até aqui. Lauren, essa é minha mãe, Sinu.

 

  

  - É um enorme prazer conhecê-la, senhora Cabello. 

 

  

  - Sem o "senhora" Lauren, somente Sinu está ótimo. É um prazer conhecer você também. Obrigado por trazer minha filha. 

 

  

  - Sem problemas Sinu. - ela solta um sorriso satisfeito pelo modo como lhe chamei. Sinu boceja durante alguns segundos, me permitindo perceber suas marcas de cansaço. Provavelmente por conta do trabalho e horas mal dormidas.

 

  

  - Mãe, vai pra casa descansar. É aqui do lado mesmo, qualquer coisa eu te ligo. Sofi só vai ir pro quarto amanhã, de qualquer forma.

 

  

  - Não posso deixar você sozinha no hospital mi hija. E também não posso deixar Sofi sem ninguém aqui. - Camila fica desapontada por não convencer sua mãe de ir descansar.

 

  

  - Eu fico com Camila, dona Sinu. Vá para casa descansar um pouco. 

 

  

  - Vou abusar muito de você Lauren. Não posso fazer isso. 

 

  

  - Faço questão.  - digo de maneira firme. Sinu concorda com a cabeça e diz: 

 

  

  - Se é assim, eu vou mesmo. Hija, qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, você me liga, ok? 

 

 

  - Certo Mama. Te ligo sim. 

 

  Sinu se despede de nós duas e dá um beijo na testa da filha antes de sair pela porta do hospital. Camila e eu retornamos aos nossos assentos e ela me olha de uma forma agradecida.

 

  

  - Obrigado por isso. - a encaro durante alguns minutos, ou horas, não faço a menor idéia. 

 

  

  - Sem problemas. - ela abre um sorriso lindo e logo depois boceja bem alto, claramente ela está cansada. - Ei, enconsta um pouco aqui em mim, tenta tirar um cochilo. 

 

  

  - Está querendo se aproveitar de mim Jauregui?! - diz ela em um tom sarcástico.

  

  

  - As melhores oportunidades surgem nos momentos mais inesperados. - digo a ela com um sorriso de canto. Camila me olha incrédula e depois solta um sorriso fraco. Ela finalmente se dá por vencida e encosta sua cabeça em meu ombro, fazendo com que meus braços automaticamente abracem seu corpo.  

 

 

POV CAMILA

 

 

  Vou abrindo os olhos calmamente e piscando um pouco pra me adaptar a forte luz que vem do corredor. Me mexo um pouco e sinto firmes e aconchegantes braços me abraçando. Olho pra cima e encaro um par de olhos verdes clarinhos me olhando com atenção. Sorrio pra ela que sorri de volta e digo:

 

  

  - Quando tempo eu dormi? 

 

  

  - Umas duas horas mais ou menos. - arregalo os olhos e levanto de supetão dos braços dela, me arrependendo imediatamente por conta da falta de calor. - O que foi? - ela me pergunta preocupada.

  

 

  - Nada, é só que eu dormi demais e abusei demais de você. Me desculpe. 

 

  

  - Não precisa se desculpar, foi um prazer. - ela me solta um daqueles sorrisos de lado cafajeste que eu amo. Lauren então pega um adesivo do bolso e cola lentamente em sua nuca, cobrindo com o cabelo depois. Minha curiosidade fala mais alto e lhe pergunto: 

 

  

  - O que é isso Lauren?

  

 

  - O que? O adesivo? - faço um aceno leve de cabeça confirmando. - É adesivo pra parar de fumar. To tentando parar com essa merda, mas é bem difícil. - olho pra ela e vejo que suas mãos estão tremendo um pouco, as seguro entre as minhas lhe passando firmeza e digo: 

 

  

  - Eu tô muito orgulhosa de você. Eu sei que é difícil, mas eu também to aqui pra te ajudar. - ela me olha com carinho e eu faço a mesma coisa com ela. É como se o mundo tivesse parado e só existisse eu e ela naquela sala de espera da UTI do hospital. De repente, escuto um pigarro e me viro vendo o médico de mais cedo. 

 

  

  - Oi de novo meninas. Gostaria de informar a vocês que daqui a mais ou menos 2 horas Sofia irá para seu quarto, aí já poderão visitá-la. 

 

  

  - Que notícia ótima! Obrigada Doutor. - digo e ele sorri acenando com a cabeça enquanto saía. 

 

  

  - Eh... Camila. - Lauren me chama meio receosa. Arqueio as sobrancelhas em curiosidade pelo que ela ia dizer e pelo motivo de estar falando com receio. - Como ainda faltam algumas horas pra sua irmã chegar ao quarto, vamos comer alguma coisa? - olho pra ela com uma cara desacreditada, de uma maneira positiva, mas surpresa pelo fato do convite. Mas Lauren não interpreta da mesma maneira. - Lógico se você quiser, claro, eu só te chamei porque... a gente já tá há um tempo aqui, e pelo que eu me lembre... - calo sua boca com um pequeno selinho que a deixa com uma cara de surpresa e depois ela sorri.  

 

  

  - Claro que eu quero! - me levanto da cadeira e estendo a mão. - Vamos? - Lauren parece sair de seu transe e se levanta rapidamente entrelaçando nossos dedos. Vamos caminhando calmamente em direção a cantina do hospital. A verdade é que eu iria pra qualquer lugar que ela me convidasse. Nesses últimos momentos que passamos juntas pude ver uma nova Lauren. Mais atenciosa, carinhosa, preocupada e responsável, e confesso que estou gostando muito dessa nova versão. Não sei o que a fez mudar, mas lhe fez muito bem. Mas é claro que a pose de "Bad Girl" ainda está lá, o que só me faz sentir mais atraída por ela, tanto fisicamente quanto pela sua nova personalidade. Chegamos em um pequeno estabelecimento que vinha a ser a lanchonete do hospital. Uma mulher simpática nos atende e escolhemos nosso lanche com poucas opções, já que era uma cantina de hospital. Lauren paga tudo, apesar de muita relutância de minha parte, pega minha bandeja e a dela e nos guia pra fora do estabelecimento, revelando um pequeno jardim com um banco de pedra escondido nele e luzes fracas iluminando-o.

 

  

  - Como conhece esse lugar? - lhe pergunto enquanto mordo meu salgado. Só agora percebo que estou com muita fome. 

 

  

  - Já vim muito aqui no passado. Minha mãe ficou doente quando eu era muito nova, e sempre que eu ficava triste em alguma visita, meu pai me trazia aqui. Ele trabalhava aqui, na verdade. Eu sempre vinha nesse jardim, até o dia que minha mãe morreu. - ela diz com uma voz pesada e sofrida, mostrando que não é um assunto fácil pra ela. Acaricio sua mão devagar e respondo: 

 

  

  - Eu sinto muito mesmo você ter que passar por tudo isso. - ela me olha com um olhar de agradecimento, apesar de ter muito pesar nele também. Após isso, começamos a conversar sobre assuntos mais leves, e Lauren me fazia rir sempre que tinha chance. Como por exemplo, me contando de suas confusões com Vero.

  

 

  - É serio Camila! Pare de rir! - ela diz com uma voz risonha e um sorriso no rosto. 

 

  

  - Desculpa Lauren, mas o cachorro realmente podia ter mordido a sua bunda e não a de Vero. - rio mais ainda com a cara de falso indignamento que ela faz. Após alguns minutos terminamos de comer e ela coloca as bandejas no chão. Olho fixamente em seus olhos e me aproximo mais dela. 

  

  

  -  Lauren. - a chamo baixinho, mesmo sabendo que já possuo sua total atenção. - Muito obrigada por hoje, foi uma noite maravilhosa, mesmo. Desde a tatuagem até sua companhia aqui comigo no hospital. 

  

 

  Seus olhos tomam uma tonalidade mais escura, e ela me puxa pela cintura, me fazendo ficar a milimentros de seu rosto. Prendo o ar.

 

 

  -   Já disse que não precisa agradecer Camila. Foi meu prazer, sempre vai ser. - ela diz em uma tonalidade seria, me passando a segurança que eu precisava. - Será que eu ainda posso voltar atrás um pouquinho? 

  

 

  - Não entendi. 

 

  

  - Posso voltar atras na nossa aposta? - ela pergunta me olhando séria, e fico desapontada e surpresa.  

 

  

  - Bo... Bom eh... Pode ma...mas achei que você tinha dito que...bom... - me perco totalmente e tendo me afastar dela, mas ela me segura com firmeza e não saio do lugar. 

 

  

  -   Me deixe terminar. Posso te pedir mais uma coisa em troca da aposta? -receosamente respondo que sim, com medo de que tudo que Lauren fez e falou nas últimas horas foram mentira e ela realmente ainda quisesse transar comigo. - Me da um beijo? - ela pergunta e olha imediatamente pros meus lábios, e volta para meus olhos esperando a resposta. Solto um suspiro de alívio por saber que a Lauren dessa noite ainda está ali, e eu apenas afirmo com a cabeça positivamente, fazendo ela se aproximar mais e ficar realmente a um suspiro de encontrar meus lábios. - Olha, eu sei que eu não sou nenhum príncipe encantado, então se você quiser ir embora, pode ir. Mas fique sabendo que se você ficar, se você quiser ficar Camila, eu vou fazer de tudo pra que você seja minha. - Ela susurra e eu só vou absorvendo cada palavra linda vinda de sua boca. " Já sou sua idiota!" queria responder, mas simplesmente colo nossas bocas e o tempo parece parar. No começo, foi apenas um roçar de lábios cuidadoso e carinhoso. Não demorou pra Lauren pedir passagem com a ponta deu sua língua e eu prontamente deixar. Quando nossas línguas se encontraram foi como se tivesse acontecido a paz mundial. Com habilidade Lauren moveu sua língua sobre a minha, mordeu meu lábio inferior, enquanto me puxava fortemente pela cintura. Meu Deus, que pegada! Não me fiz de rogada e chupei lentamente sua língua, escutando um baixo gemido dela. Com o tempo fomos ficando sem ar, e terminamos o beijo com vários selinhos. Nos afastamos centímetros e ficamos nos encarando um bom tempo. Eu não sei o que vai ser daqui pra frente com ela, mas que foi o melhor beijo da minha vida, isso eu tenho certeza. E que eu quero cada vez mais Lauren, não tinha dúvida.

 

  -  Eu prometo que vou tentar ser uma pessoa melhor Camila. Melhor pra você. - ela susurra olhando no fundo dos meus olhos enquanto faz um carinho de leve em minha bochecha. Inclino a cabeça pra desfrutar ao máximo.

 

  - Eu acredito em você Lauren.