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História The Other Man - O Amante - Algo diferente. JARED


Escrita por: natalycosta

Notas do Autor


Olá!
Aqui vai mais um capítulo, e não esperava que conseguisse ser tão rápida! Kkk

Antes que comecem a ler, peço desculpas desde já pelo tamanho. Ficou enorme e acabou sendo necessário que eu o dividisse em duas partes. Fui escrevendo e escrevendo, quando me dei conta já havia passado de cinco mil palavras. Desculpem! Tem leitores que não gostam muito de capítulos compridos e eu procuro respeitar isso.

Como dividi e coloquei somente a metade do capítulo, o próximo será a segunda parte desse e pra não enrolar muito com os acontecimentos importantes que pretendo colocar na história, vou fazer o possível pra não demorar a postar.

Nesse eu fiz com o ponto de vista do Jared, pra que conheçam mais do personagem e também um pouco do seu passado em um pequeno flashback que adicionei em uma parte do capítulo, o que vale bastante pra que entendam melhor a história. (E caso tenham dúvidas, esse capítulo se passa na mesma noite em que conheceu Willa)

Tenham uma boa leitura!

Capítulo 2 - Algo diferente. JARED


O que dizer de uma prostituta quando, além de ter uma péssima habilidade com sexo oral, insiste em me fazer gozar após estendidos e tediosos minutos de um?

Bem, ela não era bem uma prostituta. Na verdade, não passava de uma loira muito bonita e bêbada que dera em cima de mim enquanto estava no bar e agora, de alguma forma, nos encontrávamos dentro de um banheiro e ela me chupava. A música alta que ressonava no lado de fora pela boate soava abafada dentro do minúsculo e quente espaço do cubículo.

Chelsea – ou, seja lá qual fosse o seu nome, considerando o fato de que não me recordo e se bem não me engano, era esse ou algum outro parecido – ergueu a cabeça para mim enquanto segurava o meu pau semiereto com uma das mãos e abriu um sorriso lascivo.

– O que está achando, querido? – indagou ela, evidentemente pois a boca estava cansada e me perguntar isto foi a primeira coisa que lhe passou à cabeça para que conseguisse uma pausa.

Balancei a cabeça e sinalizei para que se levantasse; assim ela fez. Saquei minha carteira de dentro do bolso do blazer e tirei uma quantia em nota, estendendo para ela. Não tinha certeza se era uma prostituta, mas o dinheiro valia pelo menos o seu esforço.

– Ah, qual é, garotão... – ela veio para cima de mim, começando a passar a língua de leve na minha orelha enquanto espalmava as mãos por todo meu peito e ombros. – Tem certeza de que não quer mais? Eu ainda posso fazer você chegar lá... – Disso eu duvidava muito, mas continuei calado. – E eu prometo que engulo tudinho.

Revirei os olhos quando a mulher insistente já começava a beijar meu pescoço, levando a mão atrevida até minha bunda para então apertá-la. Agarrei seu pulso imediatamente. Não ia rolar.

– São poucas as que conseguem esse privilégio, gatinha – falei. – Me fazer gozar. – Expliquei quando parou de me beijar para olhar para mim.

Ela bufou, vendo que eu não iria ceder e se afastando, emburrada.

– Se já sabe disso, então por que...

– Você é gostosa, o álcool muitas vezes me deixa excitado e achei que uma mulher como você daria pro gasto – a interrompi, já esclarecendo tudo. – Mas pelo visto me enganei... – acrescentei baixinho, guardando o dinheiro e a carteira de volta, já que ela não aceitara. Mas ela ouviu.

A boca da loira caiu aberta. Ela claramente ficou ofendida, mas o que eu podia fazer?

Após me lançar um olhar queimando de raiva por intermináveis segundos, a mulher enfim apanhou a bolsa jogada no chão e, resmungando uma série de palavrões direcionados a mim, saiu e bateu a porta da pequena cabine.

Suspirei aliviado. Assim que terminei de fechar o cós e o cinto das calças, meu celular começou a vibrar dentro do blazer. Era Susana.

– Merda. – Praguejei antes de atender. – Oi, Susana.

Nossa, até que enfim você atendeu! – exclamou minha namorada do outro lado da linha. – Por onde esteve o dia todo? Já te liguei um monte de vezes e você nem sinal. Marcamos de almoçar juntos, Jared. Não é a primeira vez que você esquece.

– Eu sei. – Respondi com um suspiro cansado. Era verdade, eu sempre esquecia. Ou então, quando fazia de propósito, simplesmente deixava o celular no modo silencioso o dia inteiro para que não atendesse suas inúmeras ligações (como exatamente fizera) e por fim sempre arrumava uma desculpa quando a via. – Mas eu posso compensar passando na sua casa hoje à noite – falei. – Podemos jantar juntos. Só vai levar algumas horas para que eu chegue aí, tudo bem?

Tá legal... – respondeu ela sem muito ânimo. – Mas você tem que vir mesmo, Jared. E depois eu quero saber o que te manteve tão ocupado o dia inteiro para que não me atendesse.

– Tudo bem, Susana. Preciso desligar agora.

Não demore, ouviu? – ela fez uma pausa. – Eu te amo.

– Não vou.

Estava muito calor ali dentro, então assim que encerrei a ligação abri a porta e saí da cabine. Dei uma rápida olhada no espelho e fechei alguns botões que a loira tinha aberto de minha camisa, deixando apenas os três de cima.

Quando já estava de volta no bar, fiz sinal para que me atendessem e me acomodei em uma das banquetas altas do pub.

– Uma dose de uísque com gelo, por favor. E traga-me no copo maior – pedi.

– Vou querer o mesmo, Ryan – falou uma jovem mulher que acabara de se sentar ao meu lado. O barman que já começava a se afastar fez um aceno com a cabeça para ela antes de se virar e ir buscar as bebidas. – Olá – saldou com a voz sedutora, chamando ligeiramente minha atenção e fazendo-me olhá-la. – Jared Leto, não é?

– O próprio. E você é...? – indaguei.

– Helena. – Declarou a mulher, que tinha devido interesse no olhar e me visava de cima a baixo. – Helena King, é um prazer.

– Igualmente, Helena – sorri para ela, apertando sua mão estendida para mim acompanhada de um sorriso brilhante no rosto.

Era muito bonita. Tinha cabelos negros, lisos e soltos em volta dos ombros, dando-lhe um ar sexy e selvagem; um belo rosto que carregava traços bem adultos e lhe dava uma aparência de mulher experiente, mais velha. Suas sobrancelhas tinham um formato arqueado e lábios bem desenhados. Ela usava um batom vermelho vinho, um vestido bem comportado até os joelhos e justo ao belo corpo.

O normal e até mesmo adequado de minha parte – como de qualquer outra pessoa –, seria perguntar como sabia quem eu era. Porém, considerando o auge que havia alcançado depois que consegui um papel de tamanho conhecimento para um novo filme, que em pouco tempo estreara mundialmente, não era de surpreender quando me reconheciam a cada lugar que passava ou frequentava, como boates à noite. Quando não era isso era por minha banda, Thirty Seconds To Mars.

– Imagino que não deva vir muito a lugares como este – disse ela. – Reconheceria esse rostinho bonito em qualquer lugar, não seria pra menos em minha boate, uma das casas noturnas mais visitadas em toda Los Angeles.

– Então você é dona daqui?

– Sim – respondeu ela ainda sorrindo. O garçom já vinha com os nossos copos com gelo e uma garrafa de uísque em uma bandeja; ele colocou ambos os copos em cima do pub e começou a enchê-los com a bebida. – É por conta da casa, Ryan.

Tão logo simplesmente assentindo, o rapaz se retirou novamente.

– Eu podia pagar – falei, começando a tomar um gole do uísque gelado. Helena sorriu para mim. Ora, mas essa mulher sempre sorria.

– Disso eu não tenho dúvida, Sr. Leto, mas insisto que aceite minha cortesia. É sua primeira vez aqui?

– Sim.

– Bom, peço que fique à vontade e não se preocupe quanto às bebidas. Afinal, é sempre uma honra receber pessoas como você aqui.

– Obrigado, Helena. Faz tempo que administra o lugar? – puxei assunto.

– Dois anos. Eu e meu marido começamos com tudo, mas ele gerencia uma grande empresa, então deixou a boate por minha conta.

– Entendo. E esse seu marido... Ele está aqui agora? – perguntei e os olhos de Helena brilharam, certamente ao perceber o vago interesse na minha voz. 

Muito cafajeste de minha parte, sei disso, sobretudo considerando que acabara de ouvir que era uma mulher casada. Mas era linda e eu sinceramente não dava a mínima para esse fato, ainda mais quando era evidente o seu olhar lascivo para cima de mim desde que sentara ao meu lado.

Já havia transado com inúmeras mulheres comprometidas, mas nenhuma delas, que me lembre, era casada. Helena poderia ser a primeira e eu já começava a considerar correr o risco.

Porém, o brilho devasso no seu olhar logo sumiu em poucos segundos e ela bufou, falando desanimada:

– Infelizmente ele está sim. Ali, está vendo aquele homem? – fez um aceno com a cabeça para nossa lateral direita, onde havia um pequeno grupo de homens jogando conversa fora, rindo e bebendo não muito longe de onde estávamos.

– Estou. Qual deles é o seu marido?

– Nenhum desses. Quero dizer o que está atrás, olhando diretamente para cá.  

Estreitei minha visão para ver melhor no local que era boa parte iluminado pelo neon. Um pouco atrás dos caras que conversavam e bebiam, estava um homem com aparência de meia-idade, que conversava com um outro homem e não parava de lançar olhares de soslaio para Helena.

Aquele é o seu marido? – perguntei, sem deixar esconder a incredulidade em meu tom de voz.

– Eu sei, difícil de acreditar – Helena riu, tomando um gole do uísque.

Eu a olhei embasbacado, depois olhei de volta para o homem em questão. Era um senhor de idade, que ainda que com aparência conservada e bastante refinada, era evidente para qualquer um que o visse que andava na casa dos 60 anos.

E então eu já entendia tudo. Helena era uma mulher jovem e bela, casada com um homem velho, porém rico, e que não deixava a oportunidade passar quando podia traí-lo com caras mais jovens e, claro, de aparências bem  melhores.

Um sorriso do nada começou a surgir em meus lábios.

– Acho melhor pararmos de olhar – disse ela. – É um velho desconfiado e ciumento. Acredite, não vai querer dar de cara com ele.

– Tenho certeza que não. – Repliquei, desviando minha atenção de volta para ela. – Você é uma mulher linda, sabia disso, Helena? – olhei bem em seus olhos negros ao dizer, e notei no mesmo segundo quando ruborizou, antes de tentar disfarçar ao beber da bebida. – Se me permite, e não considera um insulto que eu diga, nunca imaginaria que era casada com um homem como ele. Mas devo admitir também que é uma moça esperta.

Seus lábios bem adornados pelo batom cor de vinho sensual se alargaram em um sorriso lascivo para mim.

– Obrigado, Sr. Leto, pelo menos é o que a maioria diz.

– Me chame de Jared.

Jared. – Ela repetiu meu nome em um tom forte e provocativo na voz. – E só para que saiba, não considero nem um pouco o que disse como um insulto. Sei muito bem que é a verdade – pousou uma mão em cima da minha coxa, fazendo-me abaixar o olhar para o local e passando a acariciar devagar, suas unhas longas e vermelhas passeando sobre o jeans. Murmurou baixinho: – Quanto ao meu marido, peço que não se preocupe com ele.

Isso me fez soltar um riso abafado.  

– Nem de longe eu me preocuparia com isso, querida – falei, dessa vez fazendo-a rir.

– Sabe, eu gostei de você. Além de muito bonito é incrivelmente seguro de si – oh, ela não fazia ideia. – Quero vê-lo mais vezes, Jared.

Abri um sorrisinho.

– Como eu poderia recusar algo tão intrigante?

– Eu imaginei que não faria – retrucou de modo presunçoso.

– Quando nos encontramos? – indaguei sem enrolações. Helena passou a mão embaixo do decote com seios fartos, tirou dali um pequeno cartão e o entregou para mim. Parecia já ter tudo arquitetado.

– Vou estar sempre aqui nas quartas e nas sextas – disse. – Este é o meu número, para o caso de querer me encontrar mais vezes e em outros lugares que não aqui. Terei que ir agora. – Levantou-se. – Richard não tira os olhos de nós, e eu já estou farta de ter que lidar com aquele velho em brigas idiotas por causa de ciúmes. Na cabeça dele, nos casamos por amor  – revirou os olhos com desprezo. – É um louco.

Eu tive que rir.

– É melhor não abusar muito de sua desconfiança, logo ele poderá ver que tem muitos motivos para isso – eu disse, bebendo do uísque.

– Sou bastante cautelosa quanto isso – Helena sorriu.

– Disso eu não tenho dúvida – ergui o meu copo, como em um brinde. – Foi um prazer conhecê-la, Helena. Agradeço pelo drinque, apesar de realmente não ter sido necessário.

– Sempre que quiser, querido – deu-me uma piscadela e saiu, caminhando sensualmente com seus saltos enormes e finos para onde seu marido estava.

Aquela sim era o que eu poderia chamar de mulher perigosa, desafiadora e persuasiva, pensei com um sorriso nos lábios. Exatamente o tipo pelo qual eu me deliciava com prazeres pecaminosos e devassos em uma cama.

Já fazia um longo tempo que eu seguia minha vida dessa maneira: transar com qualquer uma que me satisfizesse pelo momento e depois simplesmente despachá-la para fora. Meu tempo como homem fiel a uma só mulher já se fora há muitos anos.

Claro que por vezes começava algo sério com algumas. Há três meses eu já estava com Susana, por exemplo. Começamos a somente ficar no início, até que quando vi que gostava de sua companhia resolvi tornar tudo entre nós oficial.

Isso não era por que a amava, longe disso, claro que não. Gostava de ter algo fixo na minha vida às vezes, como se leva numa rotina comum de um casal. É diferente quando você simplesmente transa pelo prazer do momento e depois tudo acaba ali, sem aquela mesma mulher para estar com você a qualquer hora que desejar. Tinha Susana para isso e me sentia satisfeito.

E então, apesar de todas as minhas traições e vida libertina que levava com diversas mulheres diferentes pelas suas costas, era nisso que eu procurava pensar para que não me sentisse culpado: que se tinha uma coisa que eu preservava e pretendia manter por um bom tempo, seria o meu relacionamento com ela.

Eu a considerava, acima de tudo, e gostava de tê-la ao meu lado. Com o tempo, quando me cansasse, simplesmente romperia com tudo e seria assim com qualquer outra que passasse pelo meu caminho após ela. Até que, claro, chegasse uma que, de acordo com meu irmão Shannon, para mim seria a “certa”. E se chegasse. O que eu duvidava muito, porque, se essa mulher existia em alguma parte do mundo, eu ainda não a havia encontrado. E não esperava que acontecesse tão cedo.

Após pedir mais um drinque, e insistir ao chato do barman que me deixasse pagar com meu dinheiro, apesar da ordem de Helena, varri meus olhos pelo local.

Era uma casa noturna bastante sofisticada, e constatei exatamente o que ela dissera sobre ser uma das mais visitadas de Los Angeles, ao ver que o lugar estava demasiadamente cheio de gente e ainda não era muito tarde da noite. Passei meus olhos por cada parte do local. Estava cheio de mulheres lindas e claro, sentia boa parte dos olhares delas em mim. 

Acendi o visor do meu celular a fim de ver a hora e havia duas ligações perdidas de Susana. Ainda estava cedo, pensei, tinha tempo para me divertir um pouco e ela podia esperar.

Continuei minha caça silenciosa com o olhar, à procura de algo que me agradasse. Foquei minha atenção em uma delas; a moça já estava de olho e quando percebeu, abriu um sorrisinho e me jogou uma piscadela. Eu ri. Era inacreditável. Elas comiam na minha mão e eu não fazia o mínimo esforço para isso.

Era uma mulher muito bonita: alta, pele morena, corpo escultural e estava sozinha, segurando apenas um copo com bebida e praticamente me comia com os olhos. Era linda, porém nada que me surpreendesse.

Ao ver a forma como ela me olhava e sorria, cheia de lascívia e sensualidade, lembrei-me da loira que me chupava dentro do banheiro há não muitos minutos atrás e pensei que, se fosse até ela, era certo de que não seria diferente.

Era sempre assim: vinha uma atrás da outra, eu as levava para a cama e no final nunca me satisfazia ou sentia-me melhor. Tinham todas a mesma essência repetitiva e superficial de sempre. Eu queria algo diferente. Não precisava ser extraordinário e que me arrebatasse, mas diferente.

E foi então que a vi. Linda. Maravilhosamente perfeita sentada em uma banqueta de um bar em outra extremidade do que eu estava, mas que me permitia vê-la e apreciá-la perfeitamente. Perguntei-me se já estava ali antes, e se sim, como não a notei, pois era o tipo exato de mulher que ganharia minha atenção em qualquer lugar que marcasse presença e eu estivesse nele.

Ora, seria impossível se qualquer um ali próximo não a notasse, pensei de imediato, pois era linda demais. Sem falar que sorria de forma que encantasse qualquer homem que a olhasse, se divertindo enquanto entornava uma bebida atrás da outra ao lado de uma outra mulher e mais dois rapazes que praticamente as babavam.

A outra, ruiva, era atenta e já estava de olho em um deles. Porém a que eu observava em questão parecia tão alheia a tudo que não fazia nada além de beber descontraída e dar risadas por algum motivo que eu me corroía para saber.

Tinha cabelos escuros, completamente sedosos e longos até um pouco abaixo das costelas; pele clara, de um branco quase pálido ao ponto de nem aparentar apreciar ou sair muito à luz do dia. Um corpo magro, porém curvilíneo, com pernas bem torneadas à vista pelo vestido demasiado curto e justo que usava.

Eu fiquei louco somente de olhar. Precisava conhecê-la. E iria.

Esvaziei o copo com a bebida em um único gole e o deixei sobre o balcão, sinalizando para o barman para que viesse e eu lhe pedisse mais um. Ele me entregou a bebida, porém se recusou a receber a grana que lhe estendi como pagamento, tanto da bebida que pedi quando Helena se sentara ao meu lado, quanto dos mais dois copos após essa.

Eu insisti e insisti para que ele aceitasse o dinheiro, mas o homem não se mostrava convencido, o que me irritou além da conta.

– Mas que droga! – esbravejei. – Será que dá pra pegar essa porra?

– Mas a Sra. King...

– Não importa o que ela disse. Eu não gosto que paguem as coisas para mim quando sei muito bem que posso fazê-lo, nem muito menos quando me oferecem de graça quando não há nenhum motivo aparente para isso. Aceite a porra da grana!

O homem tomou o dinheiro da minha mão, seu rosto em uma expressão contrariada e raivosa. Eu ignorei, peguei a bebida que ele me trouxera e saí dali, caminhando em direção aonde exatamente eu queria.

Mas só bastou que me virasse, e ela não estava mais lá. Porra. Aonde tinha ido parar? 

Olhei ao redor, meus olhos passando por cada parte do local à procura da mulher que há nem dez minutos atrás eu tinha certeza de que vira.

– Impossível. – Murmurei, franzindo o cenho irritado ao ver que ela não estava em nenhum lugar.

– Leto, você por aqui. Procurando algo?

Olhei para onde vinha a familiar voz masculina.

E minha irritação só fez aumentar.

– Peter. – Respirei fundo. – O que faz aqui?

– Era o que eu iria perguntar, amigo. Que coincidência nos encontrarmos, não é mesmo?

Amigo.

– É. – Respondi seco.

– Está ocupado com algo? Indo embora?

– Estava procurando uma pessoa. – Estava e você atrapalhou, tive vontade de responder.

– Entendo. Uma mulher, aposto. Está sempre à procura de mulheres.

Por incrível que pareça, eu sorri com a ironia. Apesar de muito tempo sem a afinidade de anos atrás, Peter ainda me conhecia.

Era um ex-amigo de longa data. Chamo de ex-amigo pelo fato que ocorrera há cinco anos, quando transei com sua noiva, ele descobrira no dia seguinte e isso mudara não só a forma que me via, como qualquer laço que tínhamos um com o outro se desfizera completamente.

Conhecendo a mim mesmo, sabia muito bem, com toda a certeza, que não seria capaz de trair um amigo, sobretudo sendo um tão achegado como Peter me era. Mas a questão de tudo era que sua querida noiva não passara de uma vadia louca, que enquanto se fizera de santa e apaixonadinha na frente do meu amigo, traíra-o pelas costas com outros.

Peter gerenciava e administrava uma empresa de grande nome e negócios em Los Angeles; era rico e bem sucedido, obviamente, e a todo o tempo eu tentara alertá-lo sobre a cobra que Melissa era e que só estivera com ele por interesse. O idiota estivera tão cego de amor que não me dera ouvidos. Eu não insisti.

Até que, em uma noite, ela chegara em meu apartamento sozinha e não perdera mais tempo para que entregasse o jogo logo de uma vez, afinal, sabia muito bem sobre minha conversa com Peter e que eu a acusara para ele de ser quem realmente era. Uma vadia oportunista, como eu mesmo lhe dissera e não poupei palavras.

No início, Melissa começara se dissimulando de vítima, perguntando como eu tivera a coragem de fazer aquilo. Que na verdade estivera louco por ela durante todo aquele tempo e morria de ciúmes e inveja ao vê-la com meu melhor amigo.

Eu não reagi, apenas a observara impassível e com repulsa no olhar, sabendo que tudo não passava de um joguinho de atuação. Constatei exatamente o correto quando Melissa começara a rir em meio ao seu discurso de pobre coitada e revelara a cobra que realmente era.

– Ah, pelo amor de Deus! – ela começara, revirando os olhos impaciente e já entrando de uma vez em meu apartamento sem que eu consentisse. – Vamos acabar logo com isso – dissera em um murmúrio, segurando na gola de minha camisa e aproximando nossos rostos.

– Você é louca – eu disse friamente.

– Completamente, querido – abrira um sorriso diabólico. – Sou louca desde quando coloquei meus olhos em você pela primeira vez. Você me deixa assim. Excitada e faminta.

– Vai embora, Melissa. Não queira que eu faça uma besteira.

– Ah, você não sabe o quanto eu quero isso.

Eu perdi o fio de paciência que me restara e a empurrei com violência contra a porta, fazendo-a se fechar com um estrondo. Só servira para que Melissa começasse a rir que nem uma psicótica e então me puxar para ainda mais perto.

– O que você quer, sua vadia? – perguntei com ódio.

– Você. Eu quero você, Jared. Inteirinho – enlaçara a perna fina e comprida em minha volta e começara a se esfregar em mim, no meu pau, que por puro instinto e não desejo, começara a se enrijecer. – Você é tão gostoso. Bem mais do que Peter.

– Se está achando que vou cair no seu joguinho está muito enganada.

– Qual é, Jared? Você me come com o olhar a cada vez que me ver e acha que sou tão burra que não percebo?

Soltei-a bruscamente e me afastei.

– Vai embora da minha casa agora. – Falei baixo, porém claro. – Eu não quero você aqui, nem que esteja na presença de Peter, ouviu bem? Amanhã mesmo vou ter uma conversa séria com ele.

– Como se ele fosse acre...

– Vai embora, Melissa!

– Não. Não vou!

Fiquei fora de mim e a agarrei furioso pelos braços. Melissa me olhara com certo temor por alguns segundos, mas logo seu olhar de víbora venenosa retornara e então falara com firmeza:

– Não vou até você provar que me quer.

– Eu não a quero.

– Mentira! – gritara. Eu ainda agarrava firmemente seus braços, enterrando meus dedos dolorosamente na pele. Melissa se contorcera levemente, pela dor que meu aperto lhe provocava, mas eu não dava a mínima.

Olhava-a com desprezo.

– Não sei como Peter pôde ter sido tão cego.

– Me solta.

– Ah, agora você quer que eu te solte? – sorri com ironia.

– Sim, eu quero! Me solta agora! – começara a se debater descontrolada, até que depois de um tempo, soltei-a. – Você é que escolhe, Jared. – Foi se afastando até a porta, com a respiração acelerada e de frente a mim. – Se quer que eu vá, tudo bem, eu vou. Mas acredite, vai se arrepender de ter me feito ir.

– Ah, é? E o que você vai fazer?

– Simples. Digo para ele que fez isso! – abrira um sorriso doentio nos lábios, levara a mão até a alça esquerda da blusa, e com um único puxão forte rasgara o tecido até a parte dos seios. – Posso ir lá agora mesmo. Digo que me pegou à força, me forçou a transar com você e pelo quanto que resisti, rasgou toda minha roupa e me violentou pelo simples fato de que eu não o queria.

– Peter nunca acreditaria num absurdo desses.

– Quer arriscar?

– Você é mesmo louca.

Ela rira.

– Em momento algum eu afirmei o contrário.

Eu fiquei calado, apenas observando-a, meu maxilar trincado e olhar em chamas de raiva.

Melissa começara a se aproximar novamente. Àquela altura, eu já concluíra que ela não iria desistir.

– Você não vai me deixar fazer isso, vai? – mordera o lábio inferior e chegara para mais perto, o rosto ficando bem próximo do meu e fizera questão de abrir mais a blusa, deixando à vista seus chamativos seios. – Estragar uma amizade de tanto tempo dessa maneira... Você sabe que tenho Peter nas mãos. Ele acreditaria assim que lhe dissesse...

Não a deixei terminar e, em um ímpeto, puxei-a para mim. Melissa não perdera tempo e colocara ambas as pernas em volta do meu quadril, para que a segurasse em meus braços. Mas eu não o fiz. Agarrei sua cintura e a empurrei com força até que as costas batessem contra a parede, então tomei sua boca violentamente. Se era isso o que queria, então era o que iria ter, pensei enquanto a beijava com fúria.

– Aaaah – ela gemia sem parar, enquanto eu descia meus lábios para seu pescoço, mordia e chupava sem nenhuma dó. – Você é tão selvagem, Jared... exatamente do jeito que imaginei.

– Cale a boca – rosnei, já arregaçando sua saia até a altura da cintura e rasgando de uma vez sua calcinha. – Você vai ter o que deseja, sua vadiazinha. Mas escute bem o que vou lhe dizer... Amanhã mesmo eu a quero longe daqui. Longe!

Falei com todo o ódio que seria capaz de transmitir em palavras. Mas se aquilo servira para surtir algum efeito em Melissa, o que fizera só foi deixá-la ainda mais excitada, pois arquejava e gemia ainda mais alto, implorando para que a fodesse logo de uma vez.

E foi o que fiz. Ali. Contra aquela parede mesmo e com força.

Não queria que pensasse que fazia porque a queria. Apesar de me despertar um tesão involuntário ao sentir que era tão apertada e quente enquanto a penetrava, não queria que fosse mais do que uma obrigação para mim.

E aquela não fora a única vez naquela noite. Não sei o que me dera, mas a fodi e fodi de todas as maneiras possíveis. Quanto mais fazia, mais Melissa choramingava e implorava por mais. E assim fora contra a parede da sala de estar, sofá, corredores, quarto.

E tudo o que eu sentira a todo o tempo não passara de desprezo. Tendo-a somente como uma vadia qualquer que somente usaria da forma que quisesse naquela noite, mas que descartaria no dia seguinte. Era isso que ela merecia.

No entanto, nada ocorrera como o planejado. Na manhã seguinte, enquanto eu dormia, Melissa tirara uma sessão de fotos minha e sua completamente nus e agarrada a mim em minha cama. E então enviara para Peter.

Não sei que tipo de gênio ruim aquela mulher problemática possuía, mas foi o que fizera. Pela primeira vez, a briga que Peter e eu tivemos fora feia e nos causara vários hematomas, o que o fez me odiar, principalmente pelo fato ocorrido, claro, e nunca mais fomos os mesmos de antes.

Eu costumava vê-lo em diversas ocasiões, mesmo após o que aconteceu. Frequentávamos a maioria dos mesmos lugares, e quando eu ou ele chegávamos a nos aproximar e trocar palavras, sempre resultava em xingamentos ou socos na cara dados e retribuídos. 

Nunca havia ato gentil da parte de ambos, e se sim, era puro cinismo e provocação, o que levava-nos ao mesmo motivo pelo qual começamos com tudo e um – quero dizer, os dois, pois nunca fomos covardes o suficiente a ponto de fugirmos de uma briga – terminasse machucado.

Sobre Melissa, ela fora embora. Ainda bem, pensei, pois juro que não responderia por mim mesmo e já teria acabado com ela.

À essa altura, com certeza já se casara com algum homem rico e igualmente cego que a sustentava. Mas eu não dava a mínima para isso. Era uma mulher desprezível para mim e a última coisa que queria era algum tipo de contato ou mínima informação sobre como ou onde levava sua vida insignificante.

         

Peter ainda me olhava, esperando uma resposta. Afastei qualquer lembrança daquela noite que vinha à minha cabeça e, tornando a olhá-lo sério e com a mesma frieza de sempre, falei:

– Já faz um bom tempo que não nos esbarramos em qualquer lugar assim. Da última vez que aconteceu, nos enfrentamos em outra briga e tivemos que ser expulsos do local. Não quero me sujeitar a isso novamente. Se me der licença...

– Posso lhe garantir que não vai acontecer – Peter colocou a mão em meu peito e me fez recuar alguns passos até que voltasse para sua frente. Eu agarrei seu pulso com firmeza e o joguei com brutalidade para longe. Ele sorriu. – Você pode acreditar ou não, Jared, mas eu estou querendo me redimir. Talvez possamos começar novamente.

Eu franzi o cenho, demonstrando uma irritação além do comum.

Só podia ser brincadeira. Depois de tanto tempo nutrindo um ódio quase que mortal por mim, ele do nada resolvera que superara tudo e então chegava para mim assim, sorrindo como se fôssemos amigos e ainda com esse papinho de recomeço?

– Com licença, Peter – falei firme, não queria ficar ali e ter que ouvir mais, ou então lhe acertaria um soco bem no osso do nariz. – Não tenho tempo para isso.

– Qual é, Leto? – ele tocou no meu ombro. Meu maxilar travou.

Passei a contar até dez em mente para que tirasse aquela maldita mão dali ou não responderia por mim e definitivamente lhe acertaria o soco. Ou pior.

– É tão difícil assim acreditar que eu tenha superado o que aconteceu e agora queira me redimir? – tirou a mão. Respirando de maneira trêmula, cheguei à conclusão de que nunca tive tanto autocontrole.

– Você teve a sua chance de conseguir isso, não teve? Ou vai dizer que não lembra? – perguntei cinicamente. – Depois que aquela vadia armou tudo aquilo e lhe enviara as fotos, eu tentei lhe explicar tudo. O que ela fizera quando chegou a minha casa e como me persuadiu para que transássemos contra minha vontade. Mas você acreditou em uma palavra que eu disse, Peter? Ou ao menos ouviu? – aproximei-me dele e o olhei firme nos olhos. – Não. Ao invés disso preferiu me enfrentar, cego de cólera e ciúmes, e com isso jogar tantos anos de amizade no lixo. Como se não valesse de nada.

Ele me fitou seriamente por alguns segundos, e então disse:

– Estou com uma pessoa agora.

– Eu não dou a mínima para isso – fui bem frio.

– Depois que Melissa fizera aquilo e fora embora da minha vida – prosseguiu, ignorando-me –, eu passei um longo tempo sem me envolver com mulher alguma. Não foi nada fácil passar pelo que passei.

– Ora, pare com isso. Estou quase sentindo pena de você. – Caçoei no meu melhor tom desdenhoso.

– Mas então eu conheci uma mulher incrível – prosseguiu mesmo assim, e perguntei-me se estava testando minha paciência, pois se queria que chegasse ao limite, estava conseguindo. – Ela é diferente de qualquer outra.

– Inclusive Melissa? – indaguei irônico. – Eu duvido. Você pensava o mesmo quando estava com ela. Tão cego que não via a verdadeira face de víbora que aquela mulher possuía quando ficava claro para qualquer um que a visse. – Soltei uma risada de puro cinismo. – Não me surpreenderia se por acaso soubesse que essa que está com você agora te cegou da mesma maneira. Você é rico, e é somente o que importa para elas, Peter. Não o que você é, mas o que você tem. São todas assim.

– Com Willa é diferente.

Eu ri.

– Vai me dizer que está apaixonado?

– Sim – respondeu sério.  

– O amor é coisa para pessoas fracas e que se deixam ser dominadas. Já vi que pra você entender isso precisa se foder mais vezes, porque da última vez com Melissa não funcionou.

Minha intenção de atingi-lo com minhas palavras foi bem sucedida, pois Peter já estava preparado para avançar em cima de mim, quando uma mulher desconhecida do nada apareceu ao seu lado. Ele não pensou duas vezes antes de abraçá-la pela cintura e dar um beijo forte em sua boca bem na minha frente.

Eu observei tudo impassível. Foi somente quando ela se virou para mim e olhei para seu rosto, que minha guarda baixou completamente.

Não podia acreditar que, a linda mulher que há minutos atrás eu observava que nem um louco obsessivo, era a namorada de Peter.


Notas Finais


É isso. Espero que tenham gostado!

A propósito muito obrigada aos que favoritaram e que deixaram um comentário no capítulo passado. Isso conta bastante, gente!

Beijos e até o próximo <3


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