– Quer saber? Eu desisti! Podemos voltar para casa agora? – eu já queria dar para trás enquanto Sophia e eu nos infiltrávamos entre a multidão de pessoas dentro de um clube noturno em Hollywood e que havíamos acabado de chegar de táxi.
– Agora que já estamos aqui, é bem tarde para desistir, minha amiga – ela sorria para mim, radiante enquanto passava os olhos por todo o local. Começou a me puxar pelo braço. – Anda, vem, você precisa provar as bebidas desse lugar!
Eu ri enquanto me deixava ser levada por ela. Eu tive que admitir, o lugar era incrível. Gostei especialmente pelo fato de ser grande o bastante a ponto de que não ficasse muito aglomerado de gente, apesar de estar realmente cheio. Diversas luminárias de papel preenchiam boa parte do teto onde se localizava os bares com uma luz fraca e boa parte do chão era revestido de madeira. Sophia e eu fomos até um desses bares e sem delongas um jovem barman com um sorriso simpático no rosto nos atendeu.
– Senhoritas. – Saldou ele. – O que vão querer?
– Bom... – Sophia focalizou o olhar no crachá que estava pendurado na roupa do homem e, abrindo um sorriso para ele, prosseguiu: – Brian. Diga-nos o que tem de melhor aqui?
Com um sorriso ainda maior, ele começou a sugerir vários tipos de bebidas diferentes e que eu não conhecia. Sophia pediu uma delas, interessada, e eu somente um shot comum de vodca.
– E aí, pronta para perder a linha? – indagou ela depois que o barman veio e depositou ambos os copos em cima do pub para logo então enchê-los.
– Vai sonhando! – eu respondi, já pegando meu shot de vodca assim que ele encheu e virando-o em um único gole. – Você sabe que só vim porque insistiu e ouviu muito bem minhas condições quanto a isso.
– Eu sei, nada de homens, blá, blá, blá – zombou ela revirando os olhos. – Mas... – Esvaziou em questão de segundos o seu copo e, colocando-o de volta no balcão e passando as costas da mão sobre os lábios, sorriu e piscou para mim. – Só porque eu as aceitei, não significa que essas regras valem para mim. – Pagou ambas as nossas bebidas ao homem e então se levantou. – Anda, vem, vamos dançar até cansar agora!
– Ah, não, Sophia, eu estou bem aqui. Sério.
Ela bufou e, sem nenhuma cerimônia, me deu um puxão.
– Vem logo!
Fomos até a enorme pista de dança que havia no centro do local, onde pessoas dançavam incessantemente ao som da música contagiante que era tocada pelo DJ. Sophia segurou minhas mãos e começou a mexer o corpo sensualmente, instigando-me a dançar junto com ela e atraindo vários olhares de quem estava ao nosso redor.
– Se solta, Willa! – gritou ela por cima da música. Eu ri, balançando a cabeça negativamente e exclamando de volta:
– Está todo mundo olhando!
Através da luz que piscava incessante e até dificultava um pouco a visão, pude perceber vagamente quando Sophia revirou os olhos para mim.
– Esquece todo mundo!
I feel so close to you right now
It's a force field
I wear my heart upon my sleeve, like a big deal
Your love pours down on me, surrounds me like a waterfall
And there's no stopping us right now
I feel so close to you right now
A música do Calvin Harris preenchia o lugar, e as pessoas simplesmente se deixavam levar incansavelmente pelo ritmo dançante, o que me fez rir e por consequência acabar indo junto também.
– Já pensou em fazer algo totalmente maluco? – Indagou Sophia, do nada, começando a se aproximar de mim.
– Bom... depende do que estiver se referindo – eu respondi a ela, ainda que não entendesse bem aonde queria chegar com isso, e foi então que abriu um sorriso cheio de lascívia para mim, chegando ainda mais para perto. Não tive reação. Quando dei por mim, os lábios da minha melhor amiga já estavam colados nos meus e me devoravam em um beijo que eu só pude acreditar que aconteceu, quando ela se afastou e começou a rir, jogando a cabeça para trás como se também nem acreditasse no que fizera.
– Você me beijou! – eu estava estática.
– Eu sei! – ela ainda ria, e acabou me levando a rir junto também. – Se Peter sonha que fizemos isso!
– Sua doida! E o pior é que nem estamos bêbadas!
Rimos ainda mais e Sophia começou a me puxar para ela, fazendo com que nos levássemos mais ainda pela dança e abrindo um sorrisinho satisfeito ao perceber que boa parte dos olhares ali já se concentrava em nós. Eu estranhamente também estava gostando daquilo.
– Para quem disse que não ia perder a linha, você está indo totalmente pelo caminho contrário, Willa Sterling! – provocou ela.
– Você disse quatro semanas de liberdade, não é? – eu retruquei, sorrindo e começando a passar as mãos em meu próprio corpo enquanto me deixava envolver ainda mais pelo ritmo.
– É assim que se fala, garota!
Nem ao menos me dei conta com o tempo que se estendeu após isso. Eu rebolei, mexi meus cabelos e provoquei como há muito não fazia antes. Pelo visto só precisava de um empurrãozinho para que me deixasse entregar, sem me importar com quem estivesse ao meu redor e foi exatamente o que fiz. Dancei até sentir o suor escorrer em meu corpo e os meus pés ficarem dormentes. Senti-me tão enérgica e viva que foi impossível não amar aquilo.
– Tá legal! – falei ofegante, um bom tempo depois. – Eu acho que vou dar um tempo agora! – Sophia somente assentiu enquanto sorria para um homem de mãos fortes que no mesmo instante a segurou na cintura por trás e já começaram a pegar o ritmo de uma nova música que começava a tocar.
Eu ri, perguntando-me de onde ela tirava tanta energia. Só bastou o tempo que passei ali e o meu corpo já estava completamente exausto e eu não conseguia nem respirar direito, arfante. Sophia não parecia estar nem perto disso.
Foi quando eu me virei que senti meu sorriso instintivamente desmanchar. Meus olhos arregalaram e, se minhas batidas antes já estavam aceleradas, agora ficaram ainda mais e achei que fosse enfartar ali mesmo.
– Só pode ser brincadeira. – Murmurei para mim mesma, meu peito subindo e descendo pela respiração que já estava descompassada.
Ah, não. Aqueles mesmos olhos azuis... sim, aqueles malditos olhos que não saíram da minha cabeça ainda que eu mais desejasse desde a última vez que os vi, agora me fitavam entre toda aquela multidão de gente, de forma que nem isso tornasse impossível que eu estivesse bem no seu campo de visão e seu olhar estivesse diretamente no meu.
Droga. Era a mim que ele via. Ninguém mais ali. Pelo menos foi isso o que senti ao constatar a fome que seus olhos transmitiam ao passar lentamente por cada parte do meu corpo suado.
Eu engoli em seco. Não podia acreditar no que via, e a vergonha veio como um baque ao perceber que evidentemente aquele homem me assistia o tempo todo enquanto eu dançava feito uma louca inconsequente e completamente alheia ao mundo.
Mas como ele podia estar ali? Logo no mesmo local que eu? Não podia ser uma simples coincidência, podia?
Afastei qualquer pergunta que vinha à minha cabeça, e, como se não o houvesse percebido, desviei o olhar e saí dali, imediatamente me direcionando para o bar mais distante que tivesse. Enquanto caminhava, senti uma sede absurda por álcool.
Parei em frente ao balcão do bar e logo pedi um shot de tequila e limão. Suspirei e afastei todo meu cabelo suado que grudava na minha testa e têmpora, rapidamente armando todo ele em um coque.
Não demorou muito e...
– Pelo visto se divertiu bastante com a sua amiga. – Os pelos da minha nuca se arrepiaram ao ouvir a voz conhecida soar bem do meu lado. O homem que me olhava, imediatamente sorriu quando me virei e também olhei para ele. – Willa, não é?
– Sim. – Respondi. – E você é Jared Leto.
Céus. Seria possível que estivesse ainda mais bonito que da última vez que o vi? Eu realmente tentei não olhá-lo de cima a baixo, mas foi inevitável. Ele também não só percebia o meu olhar, como o retribuía da mesma forma, e isso me fez sentir tão estranhamente quente que uma onda de alívio me invadiu quando o barman enfim chegou com minha bebida e tive que desviar o olhar.
– Fico feliz que tenha se lembrado, e mais ainda por encontrá-la aqui – disse ele. – Está acompanhada?
– Sim. Minha amiga e eu viemos juntas.
– Só as duas?
Assenti, o rosto de Jared assumindo uma expressão surpresa, mas que logo foi substituída por um sorriso, quase imperceptível, mas que ainda assim percebi.
– Por quê? – perguntei e ele somente deu de ombros.
– Apenas curiosidade.
Seu olhar ainda varria o meu corpo e isso me deixou um tanto tensa, perguntando-me se havia algo de errado. Será que estava vulgar, o vestido muito curto ou minha aparência desarrumada demais?
Agradeci quando o barman já saía para atender outro e em um movimento rápido virei o shot, pegando o limão e pondo-o na boca no segundo seguinte.
Fiz uma careta, pelo álcool forte que descera a minha garganta mesclado ao gosto ligeiramente forte do limão. Jared sorriu para mim.
– Não parece estar acostumada com isso – comentou ele.
– Acredite, eu já estive há um bom tempo atrás! – respondi, rindo. – Mas hoje vou manter o controle. Minha amiga insistiu para que viéssemos e até que um pouquinho de descontração não faz mal de vez em quando.
– Suponho que a amiga que se refere é a ruiva que você beijava.
Eu procurava o dinheiro para pagar a bebida dentro de minha bolsinha de corrente e de repente me senti congelar. Merda, ele viu aquilo?
Olhei para Jared e sua expressão estava bem tranquila, ainda com um meio sorriso nos lábios.
– Oh, me Desculpe! Eu não quis ser inconveniente! – disse ao de repente parecer se dar conta do meu claro desconforto.
– Tudo bem. – Eu respondi baixo. – E sim, é ela. – Franzi o cenho, um sorriso involuntário aparecendo em meus lábios. – Estava nos observando o tempo todo?
Jared deu de ombros, como se a resposta fosse óbvia.
– Duas mulheres absolutamente lindas dançando juntas e ainda daquela forma em uma pista de dança? Para ser sincero eu acho bem improvável que tenham chamado somente minha atenção.
O meu rosto corou e desviei o olhar, torcendo para que não houvesse percebido.
– Me fale sobre você, Willa?
Eu ri.
– Não há muito que lhe interesse saber.
– Vamos lá, eu tenho certeza que isso não é verdade. Tenho pensado em dar um jeito de vê-la novamente desde a última vez que a vi, e olha só que coincidência! – sorriu largamente. – Essa é a segunda vez que a vejo e logo quando mais ansiava para que acontecesse. Não quero desperdiçar a melhor chance que tenho de conhecê-la. Sério.
Sua sinceridade súbita me pegou de surpresa. Eu não sabia como responder.
– Ahn...
– Vamos fazer assim – interrompeu-me. – Você, com toda a certeza não tem muito o que dizer agora, e é compreensível, já que mal me conhece e não seria muito sensato falar tanto sobre si mesma para um estranho que só viu duas vezes em uma boate e de repente já está todo interessado em saber. Então devíamos marcar de nos encontrarmos uma outra vez, em um lugar mais tranquilo.
– Você é amigo do meu namorado. Não deveria ver problemas, certo? – eu respondi, dando de ombros. Então sorri amigavelmente, acrescentando: – E parece ser um cara legal.
Meu Deus. Eu realmente disse isso? Ok, acho que o álcool já estava começando a fazer efeito.
– Ótimo! – ficando sério e chegando um pouco mais para perto, indagou: – Sendo assim... quer ir neste lugar agora?
– Lugar?
– Sim. Sem barulho, e que dê pra conversar mais à vontade.
– O que aconteceu com o "Podemos nos encontrar uma outra vez"?
– E podemos! – retrucou. – Mas isso não significa que não posso aproveitar o tempo que temos agora.
Eu lancei meu olhar para a pista de dança, indecisa. Eu não conseguia ver Sophia no meio de tanta gente, mas considerando que ainda não havia voltado, devia ainda estar distraída com o homem que se roçava nela e ela parecia adorar enquanto eu me afastava.
– Não se preocupe com sua amiga. Ela deve ainda estar com meu irmão.
Franzi o cenho.
– Seu irmão?
Ele riu.
– Viu? Eu falei sério quando disse que não chamaram somente minha atenção. Shannon ficou doido ao ver as duas dançando e não pensou duas vezes antes de se infiltrar no meio. Pena para ele que você resolveu sair!
Isso me fez sorri.
– Se o seu irmão é o mesmo homem que eu vi há minutos atrás, então com toda certeza Sophia deve estar adorando!
– Ele ia gostar de saber que você acha isso! – disse e levantou-se, logo me estendendo a mão. – Você vem?
Ele percebeu que eu hesitava e, sem esperar que dissesse algo, segurou minha mão e me olhou sério.
– É só uma volta – disse. Com um sorriso que começava a se abrir lentamente, acrescentou: – Eu não mordo.
Pela forma como me olhava, eu realmente duvidava que não. Mas somente engoli em seco, sentindo minha boca ficar seca. Quando dei por mim, já assentia devagar e respondia:
– T-tudo bem...
O sorriso dele cresceu ainda mais e meu coração acelerou as batidas ao me dar conta do quão ficava ainda mais bonito quando sorria largo, exibindo os dentes brancos. Quando dei por mim, já estava sendo conduzida por Jared para fora do local, meu coração dando saltos sem parar, um misto de medo, ansiedade e nervosismo me invadindo.
Mas ainda assim, não dei para trás. Foi quando chegamos a um corredor meio escurecido, com escadas que parecia levar à saída dos fundos, que percebi em um súbito que...
Estava gostando daquilo.
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