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História The Pagossi Fanfic - Dez


Escrita por: pagossifanfic

Capítulo 10 - Dez


- Então quer dizer que você tá pegando o gato do Pigossi?

- Eu não tô pegando ninguém.

- Ah, claro. Beijando sem compromisso seu colega de trabalho, fica melhor assim?

Paolla riu, o vento frio com alguns respingos de chuva entrando pela janela do carro enquanto ela dirigia de volta pra casa.

- Amiga... Posso ser sincera?

- Iiih... lá vem...

Paolla conhecia Bruna muito bem. Sabia que quando ela perguntava daquele jeito era melhor preparar os ouvidos. Eram amigas desde criança, e mesmo quando mudaram de cidade, continuaram mantendo contato. Bruna tinha tirado férias havia uma semana e Paolla a convidou para passar alguns dias na sua casa. Naquele fim de tarde de sexta-feira tinha ido busca-la no aeroporto, e já estavam indo para casa.

- Posso ou não posso? – insistiu, erguendo as sobrancelhas, o que fez Paolla lembrar de um certo alguém.

- Fala logo.

Bruna respirou fundo.

- Vou te dizer, quando você me contou que estava solteira eu pensei: “ai, meu Deus, ela acordou da hipnose!”

Paolla revirou os olhos pra ela, que riu.

- Sério... Mas aí eu pensei que de qualquer forma era um término e pensei “poxa...”, mas agora que eu tô sabendo que você está mais que bem acompanhada...

Bruna começou a aplaudir devagar.

- Adorei – completou.

Paolla não respondeu, continuou dirigindo, dando risada com os comentários da amiga.

- Senti falta desse seu senso de humor.

- Não muda de assunto que eu te conheço. Eu quero saber de tudo e com de-ta-lhes!

Não tinha muito o que contar. No decorrer da semana, eles agiram como se nada demais tivesse acontecido, aproveitavam as cenas como casal para "tirar uma casquinha", mas nunca comentavam nada a respeito. Se falavam normalmente, passavam tempo juntos, riam juntos, compartilhavam histórias.

Paolla se perguntava se ele tinha achado o beijo do último sábado "só mais um beijo", assim como tinha se referido ao primeiro. Ela esperou a semana inteira para que ele comentasse alguma coisa sobre a festinha na casa dela, mas ele não disse uma palavra a respeito. Ela decidiu que também não iria dizer nada, mas no fundo esperava que ele fosse.

Ela não tinha percebido que Marco estava atento a qualquer aproximação dela com o ex-namorado no set, se sentindo grato por ele não ser o diretor das cenas do casal. Não queria admitir para si mesmo que estava morrendo de ciúmes. Ele se considerava tão liberal e tranquilo! Fazia um bom tempo que não se sentia incomodado daquele jeito.

Naquela sexta-feira à tarde, tinha saído para fazer uma trilha de moto, depois de ter gravado durante a manhã. Já era noite quando ele tinha parado em uma padaria perto de casa. Sentiu o celular vibrar no bolso.

Paolla: oi

Ele ficou surpreso.

M: oi

P: então, pigossi, aqui é uma amiga da Paolla. Sou sua fã e quero te conhecer, pode?

Ele não entendeu nada, mas achou graça.

M: vc tá bem?

P: ÓTIMA. Vai vir aqui?

Ele abriu um sorriso. Não estava entendendo nada, mas se aquilo era algum jeito estranho de convidá-lo para uma visita, ele iria. Pagou pelas torradas e saiu, sem antes passar em casa.

 

(...)

 

- Prepara logo essa pipoca, o Pigossi tá vindo. – Bruna disse, entrando na cozinha, onde Paolla procurava onde tinha guardado o milho de pipoca.

Já eram oito horas da noite e elas tinham decidido assistir um filme com pipoca, já que as duas estavam cansadas do dia longo que tinham tido.

Paolla esqueceu o resto da frase e só focou no final.

- Quê?

Bruna riu alto.

- Que bonitinhos... Quem diria, hein... – apoiou o cotovelo no balcão da cozinha, descansando o queixo sobre a mão – Não te vejo apaixonadinha assim há anos!

Paolla a encarava de boca aberta, sem processar as informações.

- O que você fez?

- Nada demais. – Bruna deu de ombros – Tava com seu celular, lembra? Você me deu pra eu ver aquelas fotos lá, blablabla, aí resolvi mandar uma mensagenzinha amiga pelo WhatsApp. Anda logo com essa pipoca! – apressou, indiferente à expressão de espanto da amiga.

- Você surtou???

- Ai, que drama. Eu disse que era uma amiga sua. Ele não respondeu, mas deve vir – Bruna deu de ombros.

Paolla só meneou a cabeça e soltou um riso de nervoso. Será que ele viria?

- Vai, me agradece logo! – Bruna disse, beliscando de brincadeira a barriga da amiga.

 

(...)

 

Quando a campainha tocou, Bruna esboçou um sorriso sugestivo quando Paolla quase pulou do sofá com o susto.

- Você me paga... – prometeu, apontando o dedo para a amiga.

Caminhou até a porta, e ao abrir se deparou com Marco de um jeito que ela nunca tinha visto antes. Ele usava uma jaqueta de couro escura, o cabelo um pouco bagunçado, um sorriso tímido no rosto, e o capacete em uma das mãos enluvadas.

Ele ergueu as sobrancelhas, como sempre fazia, e ela achava um charme.

- Oi?

Engoliu em seco, a voz grave dele a despertando, fazendo-a lembrar que tinha se perdido olhando pra ele, e não tinha o convidado para entrar. Se moveu para o lado, abrindo o caminho.

- Entra...

Quando ele entrou, logo viu a mulher de pele morena sentada no sofá, assistindo os dois. Então tudo se encaixou na cabeça dele.

- A amiga? – ele perguntou, já com um sorriso.

- Em pessoa.

(...)

Quando ele chegou, elas já estavam assistindo a um filme de comédia romântica. Ele não estava entendo muito bem o propósito de sua visita, mas conversou com a amiga de Paolla, respondendo a diversas perguntas enquanto o filme passava e ninguém realmente prestava atenção. Notou que, apesar de arregalar os olhos com algumas das perguntas, Paolla estava interessada em suas respostas, e achou que aquilo por si só valia sua visita.

Quando a pipoca acabou, Bruna se levantou para fazer mais e os deixou a sós na sala. Ficaram em silêncio durante alguns momentos, até que Paolla perguntou:

- Você vem amanhã?

Ela estava sentada ao lado dele, olhando para ele, e quando virou o rosto procurou não olhar muito para os lábios dela, próximos, mas não tão perto. Ali, querendo tanto chegar mais perto, mas mesmo assim tentando ficar longe, ele não tinha como não lembrar da conversa que tinha tido com Leandro no fim de semana.

~

- A pergunta é: Por quê?

Marco desviou o olhar de novo. Leandro continuou falando:

- Não tô conseguindo entender. Se você gosta tanto dela assim, e ela parece te corresponder de alguma forma, por que não tentar?

A resposta era que desde sempre ela era algo fora de seu alcance, e ele tinha aceitado aquilo. Mas depois que se beijaram longe das câmeras, bem ali naquela sala no apartamento dele, pela primeira vez ela pareceu ser possível. Mas ele não queria imaginar coisas demais onde não tinha. Ela nunca tinha contado a ele sobre o término do namoro, e ele se perguntava se ela ainda gostava do ex-namorado. Caso ela ainda gostasse, de que adiantava ele gostar tanto dela assim, se ela o deixaria eventualmente para ficar com outro?

~

- Você chamou o Rogério?

Ele soltou, tentando se manter neutro, sem esboçar a surpresa que sentiu com a pergunta que tinha acabado de fazer. Mas ele já tinha se perguntado aquilo algumas vezes, na dúvida cruel sobre os sentimentos dela.

Ela estranhou a pergunta e se afastou alguns centímetros.

 - Chamei. – respondeu naturalmente e ele enrijeceu o maxilar – E você, vem?

- Você... ainda gosta dele? – perguntou em voz baixa.

Ele precisava saber, não aguentava mais ficar no escuro.

Ela estranhou mais ainda o interesse.

- Por que a pergunta?

- Nada...

Ela resolveu aliviar o clima. Sorriu, confusa.

- Tá com ciúmes?

- Eu? – ele voltou a olhar pra ela – Por quê?

- Não sei – ela pressionou os lábios – Por quê?

- Nada... – ela notou que ele parecia confuso, alguma coisa aparentemente o incomodando.

Ela suspirou.

- Vai me responder se vai vir ou tem mais perguntas? – ela perguntou em tom de brincadeira, mas sabia que tinha alguma coisa ali que ela não estava entendendo.

Ele voltou a olhar para ela.

- Por que você terminou com ele?

Ela não esperava a pergunta. A memória lhe veio à mente:

~

Era uma sexta-feira como aquela, e Rogério estava sentado no sofá ao lado dela. Eles tinham acabado de conversar e estavam em silêncio havia alguns segundos.

- Paolla, e o Marco? – Rogério perguntou, com calma.

Ela franziu a testa.

- Já cogitou que vocês podem ter alguma coisa?

Ela já tinha visto tantos comentários na internet, na rua, mas o último lugar que esperaria escutar aquilo era da boca do ex-namorado, logo depois de terem terminado.

- Não, nunca cogitei.

Ele riu.

- Não entendi. – ela disse.

- Calma, não quis ofender. Só espera um pouco os próximos capítulos...

Depois daquela conversa peculiar logo de manhã, eles foram juntos para o estúdio e ela combinou de ajuda-lo a arrumar suas coisas quando voltassem, já que ela teria poucas cenas para gravar naquele dia. Eles riram da situação e da leveza dos dois diante de tudo.

Eles tinham uma relação amigável, se davam muito bem. Quando começaram o relacionamento ele era exatamente o que ela queria no momento: alguém maduro, com quem pudesse partilhar seus momentos sem cobrança, sem briguinhas bobas. Ele representava estabilidade, a tranquilidade e seriedade que ela buscava na vida. Com o tempo, a amizade prevaleceu mais do que qualquer outro sentimento. Eles sabiam disso, até que enfim resolveram conversar a respeito e foi tudo tão tranquilo como sempre foi. Ninguém ergueu a voz, eles não se magoaram, apenas assumiram juntos que a decisão era o melhor que poderiam fazer.

Já era noite quando ele foi embora.

Já era noite e ela ainda não tinha esquecido as palavras que ele tinha dito de manhã: “Já cogitou que vocês podem ter alguma coisa?” Mais estranho ainda era que de tudo o que conversaram, era nisso que ela estava pensando.

Continuou pensando nas palavras e lembrando do colega de cena. Ela sorria pensando nele, e quando se deu conta disso sentiu o coração acelerar um pouco. Era possível que ela estivesse gostando dele e não tivesse se dado conta? E que piada seria, ela descobrindo isso a partir do comentário do ex-namorado!

Continuou pensando sobre aquilo durante o sábado inteiro até resolver testar. Mandou uma mensagem para Marco:

P: Disponível para conversar e um bom vinho?

Ele sempre demorava para responder, era como se esquecesse do celular. Mas naquele dia, tudo pareceu tão certo que ele respondeu minutos depois.

M: Sim

E lá estava o coração saltando de alegria.

P: Algum lugar de preferência?

M: Desculpa, sem humor pra sair hoje

Ela ficou confusa, soltou o ar que prendia, desanimada. Mas o celular vibrou em seguida.

M: Pode ser aqui?

Um sorriso se espalhou por seus lábios enquanto ela pensava em alguma roupa para vestir.

~

- Se você não quiser falar, tudo bem... – ele disse, a olhando nos olhos, procurando a resposta.

- Não teve motivos. A gente conversou e nós decidimos que seria melhor assim.

Ela respondia tudo com tanta clareza e naturalidade que o surpreendeu.

- E você tem lidado bem com isso?

- Sim. Por que você tá me perguntando sobre essas coisas? – ela perguntou com a testa franzida, impaciente.

- Porque você...

- Chegou a pipoca! – Bruna interrompeu, sem perceber o clima de estranheza no ar.

Paolla passou o resto do filme sem entender o motivo de tantas perguntas.

Marco passou o resto do filme pensando que talvez, quem sabe, ele não tivesse motivos para sentir tanto ciúme.



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