~ AUDREY ON ~
Fim do turno. Sexta-feira é um dos piores dias, muita gente vem ao cinema e eu fico hiper cansada, mas hoje não posso nem pensar em ficar cansada. Me arrumei no banheiro do cinema mesmo, estava com preguiça de ir até em casa. Iria fantasiada de Audrey, é claro. Enquanto entrava no carro, B me mandou uma mensagem. "Você não vem?", "Já estou indo" respondi.
Estacionei o carro quase em frente à casa de Brooke e antes descer, ligação de número desconhecido. Atendi.
"O que você quer?"
"Uma viagem!"
"Muito engraçado, o que você quer?" - bufei alto.
"Quem vai fazer a viagem é você, não eu."
"Como assim?"
"Nada de festa para você hoje, parceira!" - ele desligou.
Como assim viagem? Antes de pensar em hipóteses, recebi um endereço. Abri no mapa e era uma pequena rua em Atlanta, umas 4 horas de viagem. Precisava avisar alguém. Kieran foi o primeiro que eu vi. Estava perto da porta.
- Ei, Kieran! - ele me olhou. - Vou ter que fazer uma viagem agora, foi de última hora. Pode avisar B e o resto do pessoal?
- Claro.
- Obrigada!
~ BEATRICCE ON ~
Rodei a casa toda pela terceira vez e ainda não achei Audrey. Será que ela me deu o cano? Mas ela falou que estava vindo. Acabei trombando com Alison.
- Alison?
- Temos que parar de nos encontrar assim. - ela riu e eu não parava de olhar para os lados. - O que foi?
- Não consgio achar a Audrey.
- Ei, relaxa! Ela já deve estar chegando ou mesmo te procurando! - falou estendendo um copo pra mim e eu aceitei por educação.
Quando fui me dar conta, já estavam quase todos da festa reunidos no sofá da varanda bebendo como condenados, rindo por bobeira, falando sobre constragimentos, entre outras coisas. Eu ainda estava sóbria e apesar de todo o divertimento não conseguia parar de pensar na minha mãe. Alison já estava completamente alterada e eu sempre abaixava o meu vestido com medo dela fazer algo. Poxa, só vim com esse vestido curto por causa da Audrey.
Alison me levou pra casa e eu apaguei. Dormi como uma pedra. Acordei com uma dor de cabeça daquelas e minha vista doía muito enquanto eu olhava pro teto. Assim que olhei pra frente, havia um corpo pendurado na lâmpada de teto coberto de sangue. Respirei fundo mas não aguentei, gritei o quanto eu podia e meu pai entrou correndo no quarto.
- O que foi? - ele parecia desesperado e eu apontei para o corpo.
Não tive a coragem de tomar a iniciativa de ver quem era, já que havia um saco na cabeça do corpo. Estava com medo de ser minha mãe. Acho que medo ainda é uma palavra muito fraca para descrever meus sentimentos. Meu pai tirou o saco aos poucos, percebi que ele também estava com medo. Assim que percebi que ele iria tirar de vez, fechei os olhos bem fortes. Respirei fundo antes de abrir e olhei fixamente para o rosto. Apesar de estar completamente sujo de sangue, pude reconhecer o rosto.
- A-Audrey. - gaguejei e meu pai olhou pra mim.
- Filha, eu sinto muito.
Eu me abracei em minhas pernas e chorei livremente, enquanto meu pai ligava para todos os tipos de autoridade. Eu claramente não estava bem. Acho que vou ficar uns anos sem dormir nesse quarto. Queria que tudo aquilo fosse um pesadelo. O mundo estava girando sobre a minha cabeça.
Em menos de uma hora já estavam policiais, detetives, médicos e até bombeiros no meu quarto. Emma, Brooke, Noah e Kieran estavam lá também. Apesar de todos precisarem que eu relatasse algo, preferi sofrer em silêncio. Noah estava em estado de choque; Brooke e Emma não paravam de chorar; Kieran não chorou, mas parecia preocupado.
Brooke e Emma passaram o dia comigo. Eu não conseguia pensar direito, comer ou, sequer, dormir. Elas saíram por um tempo do quarto e recebi uma ligação de número desconhecido. Como se eu não soubesse quem era.
"Como pôde fazer isso com ela? O que ela fez pra você?"
"Você não sabe de nada!"
"Sei que você é doente! Primeiro minha mãe, e agora a Audrey? Você não tem coração!" - desliguei chorando como uma criança.
Fiquei em estado vegetal durante todo o dia. Passei a noite em claro no sofá da sala, olhando para o vazio da parede e pensando em tudo e em nada ao mesmo tempo. Em pensar que eu briguei com ela à uns dias, como eu pude ser tão idiota? O assassino está jogando sujo e eu ainda brigo com ela.
Também não consegui dormir na noite de domingo para segunda. Era aniversário do Kieran e eu realmente não estava no clima de dar parabéns a ele. Só fui para escola porque tinha uma prova a fazer e tinha uma garrafinha de cafeína, grande e cheia o suficiente. Fui toda de preto. Não em questão de luto, mas sim que essa cor me lembra a personalidade da Audrey.
Fui para escola sem olhar para os lados, sem música e sem falar com ninguém. Fui direto à sala de aula, fazer a droga da prova. Não sabia a matéria e nem sobre o que se tratava. Fiz de qualquer jeito só para sair da sala logo. Assim que terminei de pegar uns livros, vi Haley passando e ela cochichou algo enquanto olhava pra mim.
- Desculpa, fala mais alto. Eu não entendi. - cruzei os braços. Ela permaneceu em silêncio - O que? Não tem coragem de dizer?
- Eu disse que a Audrey mereceu. - ela tentou escapar mas eu a puxei pelo braço.
Todos já estavam olhando mas eu não estava nem aí. Quem é ela para falar qualquer coisa da Audrey? Insinuei dar um soco em sua barriga mas alguém segurou o meu braço. Era Noah.
- Me solta, Noah! - o fuzilei com os olhos.
- Você é uma vadia louca! - ela disse enquanto olhava à sua volta e apontava pra mim.
Me soltei das mãos de Noah e a empurrei no chão com tanto ódio que eu a mataria agora mesmo. Dessa vez, Brooke e Emma me puxaram. "Não vale a pena!", elas diziam pra mim e eu me acalmei aos poucos.
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