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História The Patient 193 - Capítulo 3


Escrita por: nsbenzo

Notas do Autor


Dessa vez não demorei tanto kk
Boa leitura ♥

Capítulo 3 - Capítulo 3


– Você devia sair um pouco. – Annie sugeriu. – Ficar entre seu apartamento e o hospital não está te fazendo bem.

Fazia mais de seis meses que eu estava tentando me isolar de tudo e todos.

Conhecer Katniss Everdeen havia sido algo intenso demais pra mim, e o fato de ter fugido dela novamente, quando ela precisou retornar ao hospital há cinco meses, me fez ver que seria mais difícil, do que pensei, esquecê-la.

– Eu não quero fazer nada, Annie. Me deixa estudar. – resmunguei, tentando ler o novo artigo sobre Mobilização Neural.

– Eu detesto parecer chata. – ela falou, abaixando a tampa do meu notebook. – Mas ou você sai comigo pra beber alguma coisa, ou eu te deixarei tão irritado, que você precisará me bater. E ai eu chamarei a polícia pra você.

– Por que você é assim, Annie Cresta? – murmurei, cruzando os braços em frente ao peito. – E por que eu te deixei entrar em casa? – fechei os olhos, jogando a cabeça pra trás.

– Porque no fundo você é um idiota solitário. Vamos beber alguma coisa agora, ou eu não respondo por mim. – ameaçou.

Suspirei pesadamente antes de levantar da cadeira e ir em direção ao meu quarto.

Me troquei rapidamente, sem realmente prestar atenção no que vestia.

Ajeitei meus cabelos com gel sem realmente arruma-los.

Analisei pelo espelho, minha barba por fazer.

Quem se importava com aquilo?

Dei de ombros e joguei meu perfume desajeitadamente em meu pescoço e roupa.

– Vamos logo, antes que eu desista. – disse ao voltar até a sala.

– Muito bem, Peeta. Até parece um ser humano. – Annie sorrio e girou a chave de seu carro no dedo. – Pegue sua carteira, bonitão. Eu convido, mas não pago. – disse caminhando até a porta.

Rolei os olhos, pegando minha carteira sobre a mesa, e alcançando meu casaco cinza no encosto do sofá.

O caminho foi silencioso, pelo menos de minha parte, já que Annie, fora do hospital era uma desvairada, que cantava loucamente com a música que tocava em seu carro.

Ela estacionou em frente a um bar, que não parecia tão convidativo, porém eu não retrucaria.

Eu sabia que com Annie não havia discussão.

Entramos e caminhamos até o balcão, enquanto nem prestava atenção nas pessoas que esbarravam em mim.

Long Beach, em plena sexta feira a noite, era disso pra pior.

– Duas vodkas, por favor. – Annie disse ao barman, sentando-se em um dos banquinhos próximos ao balcão.

A acompanhei, sentando-me ao seu lado.

– Finalmente chegaram. – Finnick Odair apareceu abraçando Annie por trás e beijando a curva de seu pescoço.

– Oi, abusado. – ela disse fechando os olhos e sorrindo. – Eu te disse que seria difícil convence-lo a sair. – Annie afirmou abrindo os olhos, e me encarou. – Não me faça essa cara. – acho que ela se referia as minhas sobrancelhas franzidas e olhar acusatório. – Ele é meu peguete, querido.

– Que palavra mais feia de se usar, Cresta. – a voz suave me fez fechar os olhos e torcer para que eu estivesse invisível. – Boa noite, doutor. – Katniss disse com um tom sério. – Interessante nos encontrarmos em um bar, e não em um hospital.

Abri os olhos, mas direcionei meu olhar para o copo de vodka a minha frente.

– Eu não sabia que você viria, Katniss. – Annie comentou. – A culpa só pode ser do Odair. – murmurou.

– Na verdade foi apenas coincidência. – ela respondeu. – Só não consigo distinguir o que o destino quer de mim. – Katniss ficou ao meu lado, e pegou meu copo de vodka. – Espero que não se importe. – disse já bebendo o conteúdo alcóolico.

– Vejo que alguém já bebeu demais. – Finnick disse se referindo a Katniss que já havia tomado toda a vodka de meu copo. – Você não devia estar assistindo sua aula extra?

– Que se dane a aula extra, Finn. – ela colocou o copo vazio a minha frente.

Sinceramente eu acreditava que depois de todo o acontecido, Katniss decidiria mudar sua vida, estudar de verdade e pensaria em seu futuro. Porém, ao vê-la nesse estado eu sabia que algo estava errado.

Claramente ela ainda se dedicava a bebida, o que me preocupava.

– Por que está fazendo isso? – perguntei, virando a cabeça em sua direção, podendo finalmente contemplar os traços perfeitos de seu rosto.

Katniss analisou-me antes de abrir a boca pra responder.

– Você é mais lindo do que eu me lembrava. Isso me deixa com mais raiva. – Katniss disse passando a mão direita em seus cabelos soltos, parando-a no alto de sua cabeça, enterrando os dedos em seus próprios fios loiros. – Você não devia estar aqui, doutor. – murmurou fechando os olhos. – Te ver apenas complica as coisas.

Katniss encostou seu antebraço sobre o rosto, e franziu as sobrancelhas.

– Você está se sentindo bem? – decidi perguntar, um pouco confuso com sua última frase.

Ela riu, abrindo os olhos e deixando seu braço cair ao lado do corpo. Com a mão esquerda ela ajeitou seus cabelos, jogando-os para o lado direito.

– Eu estou ótima, doutor. Você não vê? – questionou. – Acho que vou dançar. – Katniss disse se afastando em direção a pista de danças.

– O que há com ela, Finnick? – perguntei olhando em direção a ele. – Por que não me contou que ela estava nesse estado?

– Porque essa é a Katniss, Peeta. – ele disse se colocando ao lado de Annie, que bebericava sua vodka em silêncio. – Bom. Pelo menos essa é a Katniss desde os 18 anos. – Finnick encostou no balcão, ficando de frente para a pista de danças. – Sinceramente cheguei a acreditar que ela mudaria depois do acidente, mas eu estava enganado.

Girei no banco para olha-la.

Katniss dançava sozinha, sem parecer se importar com isso.

– E os pais dela? – perguntei.

– Continuam no Texas. – respondeu. – Continua tudo igual na vida dela, Peeta. – Finnick falou. – Ela até tentou frequentar as aulas assim que saiu do hospital, e viver a vida da maneira correta. Mas Katniss pareceu começar a se afundar. Parecia deprimida. – ele suspirou. – Eu tentei ajuda-la, porém, assim que Annie retirou o gesso dela, ela retornou ao que era antes. Eu vi que eu não podia fazer nada. Katniss não queria ajuda. A única coisa que consigo fazer, é ir atrás dela quando necessário.

Fiquei em silêncio, me perguntando porque ela estava agindo daquela forma.

Meus olhos não desgrudaram dela nos minutos que se seguiram, até que notei seu olhar ser direcionado a mim.

Katniss sorrio e voltou até onde eu estava.

– O que tanto olha, doutor? – questionou de frente pra mim.

– Na verdade, estou curioso. – respondi cruzando os braços em frente ao peito. – Por que decidiu continuar a beber? – perguntei direto.

– Porque infelizmente é a única coisa que resta a algumas pessoas, doutor. – disse me analisando dos pés à cabeça.

– Eu preferia que você parasse de me chamar de doutor.

– E por que eu faria isso? É o que você é. O doutor que cuidou de mim. Simples e objetivo. – Katniss sorrio parando os olhos em meu rosto.

– Katniss. Não é assim que funciona as coisas. – a repreendi.

Ela continuou sorrindo, e negou com a cabeça.

– Que perda de tempo. – foram as palavras que Katniss disse de maneira debochada, antes de se aproximar do balcão bem ao meu lado. – Uma garrafa de tequila, por favor. – pediu ao barman, já tirando uma nota de 50 dólares do bolso, e jogando-a sobre o balcão. – Tenham uma boa noite. – ela ergueu a garrafa como se brindasse algo, e caminhou em direção a porta.

– É melhor eu ir atrás dela. – Finnick se manifestou.

– Eu vou. – saí do banco em que eu estava sentado, e a segui rua a fora. – Katniss. – chamei ao vê-la virando a esquina.

– Não estou surpresa de você ter vindo atrás de mim. – falou alto, mas continuou a andar.

A garrafa já estava aberta, enquanto ela bebia grandes goles vez ou outra.

Apertei os passos, ficando ao seu lado.

– Qual é o seu problema? – questionei. – Tudo o que conversamos no hospital, levava a um caminho completamente ao contrário do que você está seguindo agora! – exclamei. – Isso aqui sim é perda de tempo. – disse nervoso, tomando a garrafa de suas mãos.

Katniss parou de andar, fazendo-me parar também. Seus olhos de cores tão única, haviam focado em meu rosto.

– Tudo o que conversamos me levaria a um caminho diferente, se eu tivesse motivos pra isso, seu grande idiota. – jogou as palavras com raiva. – Sabe por que eu não pirei depois da morte do Cato? Não foi por Finnick estar comigo. Foi porque um médico desconhecido havia sentado ao meu lado, e decidiu me ouvir. Me fez acreditar que eu poderia ser alguém na vida. Que eu poderia ser importante pra alguém. – seus olhos brilharam com lágrimas. – E então eu criei esperança. Criei esperança de que eu poderia mudar meu rumo, e que aquele médico seria alguém que me ampararia se eu tropeçasse de novo, porque... – ela parou por poucos segundos, antes de voltar a falar em um tom mais baixo. – ... Porque pela forma que ele falava, eu cheguei a acreditar que ele realmente se importava comigo. – Katniss estendeu as mãos e tomou a garrafa de mim. – Mas eu me enganei. – ela voltou a andar. – O imbecil estava apenas fazendo seu trabalho. E ainda mandou sua colega me dizer que havia sido bom me conhecer, não tendo nem ao menos a coragem de dizer isso ele mesmo.

Meu coração havia se contraído no peito. Eu me importava com ela. Mas a situação era difícil demais, para me manter por perto.

– Katniss. Me escuta. – pedi, segurando-a pelo braço e a puxando para virar pra mim.

Ela parou, me fazendo notar que seus olhos estavam vermelhos, e eu tinha certeza que não era por culpa da bebida.

– Você é muito nova. – foi o que minha cabeça conseguiu formular naquele momento.

Sua boca se abriu, incrédula, o que a fez sacudir o braço pra se soltar do meu toque.

– O que isso significa? Que sou imatura demais pra conviver com você? – perguntou com os olhos brilhando com lágrimas.

– Não. Droga. – passei as mãos por meus cabelos. – Você é nova demais para eu aceitar o fato de que eu estou apaixonado por você. – soltei as palavras, o que pareceu fazê-la congelar no lugar. – É isso, Katniss. São 9 anos de diferença, que no estágio da sua vida, é muita coisa. Sem contar que o alarme do Recursos Humanos do hospital chega a apitar só por eu estar dizendo tudo isso a você. Causaria minha demissão. – respirei devagar. – Por isso preciso me manter longe. Isso não significa que eu não me importe com você. Na verdade me sinto mal por vê-la assim.

Katniss continuou a me olhar.

– Então você tá querendo dizer que depois de acabar de confessar que está apaixonado por mim, você vai embora, e eu vou te ver, só se o destino quiser que a gente se esbarre? – questionou com a voz fria. – Assim como aconteceu hoje?

– Eu não... – comecei a falar, mas parei.

Eu não sabia bem o que eu estava querendo dizer.

Eu a queria, mas o meu lado sensato sempre falava mais alto.

Seus olhos estavam alojados com lágrimas, enquanto seus dedos apertavam a garrafa em sua mão.

– Quer saber? Tudo bem. Quem se importa se eu também estiver apaixonada por você? Eu sou apenas uma estudante imatura que não serve pra um médico com tantos anos de estudo. – Katniss disse, passando os dedos de sua mão livre contra seus olhos, talvez para se livrar do quase choro. – Que se dane tudo isso, Peeta. Eu não ligo. Não preciso de você. – ela disse as últimas palavras com raiva.

– Katniss. – falei seu nome quase em tom de súplica.

– Não quero mais ouvir. – respondeu me dando as costas e voltando a andar.

– Por favor. Você não precisa continuar com sua vida desse jeito. – comecei a segui-la.

– Me deixa em paz, Peeta. – Katniss disse antes de sair correndo para se afastar de mim.

Demorei poucos segundos para assimilar o que estava acontecendo, até decidir correr atrás dela.

Virei a rua que Katniss havia virado, vendo-a atravessa-la há pouquíssimos metros de mim.

Um carro veio em sua direção.

– Katniss! – gritei seu nome, mas já era tarde.

Seu corpo delicado havia sido atingido. Graças ao motorista que parecia atento, o baque havia sido menor do que deveria, já que o mesmo havia freado.

Corri em sua direção, enquanto o homem descia do veículo, colocando as mãos na cabeça em sinal de desespero.

– Ligue para a emergência! – gritei para o motorista, e me agachei ao lado de Katniss.

Eu não podia perde-la dessa forma.

Neguei com a cabeça algumas vezes, como um ato de reprovação comigo mesmo.

O que eu estava pensando em deixa-la ir embora depois de me declarar?

– Eu vou cuidar de você, anjo. – sussurrei, sentindo meus olhos acumularem algumas lágrimas. – Você vai ficar bem. – toquei sua bochecha fria, por culpa da noite gelada, com as pontas dos dedos. – Eu prometo.

 

~||~

 

– Oi. – falei com a voz baixa, já que o famoso quarto 193 estava silencioso.

Talvez ela tivesse voltado a dormir.

Pude ver Katniss movimentar a cabeça devagar e parar seu olhar em minha direção.

– Você quem me trouxe pra esse quarto? – perguntou.

– Sim. Me lembrei que você gostava de olhar a janela. – respondi, escondendo as mãos no bolso do meu jaleco.

Ela havia acordado logo, e estava perfeitamente bem, tirando alguns arranhões e pequenos hematomas.

Mas eu só tive coragem de vir visita-la na manhã seguinte.

– É. Eu gosto da vista. – respondeu, olhando em direção a janela, e voltando a me olhar. – Achei que você não apareceria aqui.

– Sou seu médico. Preciso ver como está a saúde dos meus pacientes. – falei prontamente.

Katniss deu um sorriso sem vontade, e encarou o teto por alguns segundos antes de voltar a me olhar.

– Não estou surpresa com sua resposta. – disse me fazendo notar algumas lágrimas em seus olhos. – Mas durante essa noite eu estive pensando sobre ontem.

– Eu também pensei em algumas coisas. – me aproximei de sua cama.

– Você tem razão em tudo o que disse. – falou antes que eu dissesse qualquer outra coisa.

Continuei parado olhando-a, sem ter o que realmente falar.

Eu havia pensado sim. Em como eu estava completamente errado. E como eu a queria comigo.

Eu ignoraria as regras e diria tudo isso a Katniss agora.

Mas seu olhar não me permitiu interrompe-la.

– Eu preciso acertar minha vida. – continuou. – Não posso continuar sendo o que sou hoje. Eu quase morri de novo. São chances que a vida insiste em me dar e eu não posso mais desperdiça-las.

– Sim. Concordo. – falei depois de pigarrear.

– E é por isso que vou voltar para o Texas. – informou.

Pisquei algumas vezes, e abri a boca pra falar, mas a fechei novamente.

Ela estava indo embora?

– Quero me acertar com minha família. Talvez seja isso que me prenda a essa vida conturbada. – Katniss disse encarando suas mãos. – E depois não sei pra onde vou. Tudo vai depender de como eu me sair por lá.

– Acho isso... – comecei a falar, recebendo seu olhar curioso. – Uma boa ideia. – dei um sorriso fraco. – Você tem razão em querer se acertar com eles. Família é algo que devemos cuidar.

– Não esperava que dissesse o contrário, Peeta. – ela suspirou. Ficamos em silêncio por poucos segundos. – Bom. Na verdade eu esperava. – Katniss disse dando um riso fraco. – Quer dizer. Lá no fundo eu gostaria que dissesse.

– Eu não poderia fazer isso, Katniss. É sua família, e a chance de você mudar de vida. Eu só quero o melhor pra você. – disse sincero, curvando-me levemente para ficar perto dela. – O que eu sinto por você me faz querer pensar no seu bem, e não no meu. – sussurrei. – Me perdoe por pensar dessa forma, mas no futuro você vai ver que eu tinha razão. – continuei a falar no mesmo tom. Os olhos atentos de Katniss estavam sobre mim, enquanto ela mordiscava seu lábio inferior. – Eu preciso ir. Logo vão te liberar. – permaneci sussurrando. – Se cuida, anjo. – beijei sua testa demoradamente e me afastei.

– Você... Vai até o aeroporto? Quero dizer... Quando eu for embora. – Katniss disse baixo.

– Claro. Peça ao Finnick para me informar quando você vai. – falei tentando parecer convincente, mas eu sabia que eu não iria.

Eu não suportaria me despedir de verdade de Katniss, sabendo que ela iria para longe e que talvez eu não a veria mais.

Eu tinha a certeza de que deixa-la ir sem estar presente causaria revolta novamente em seu coração, mas eu não via melhor forma de sair de sua vida.

Por isso abri um pequeno sorriso antes de sair do quarto 193, tendo em mente de que nossa história, que nem havia começado, se encerrava de vez, por ali.


Notas Finais


Não me odeiem. Prometo que melhora no próximo kk
É que algumas coisas são necessárias acontecer para dar mais emoção ♥
Obrigada pelo carinho de todos, e por estarem por aqui.
Beijos.


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